Mercado imobiliário
Entre as incertezas do mercado imobiliário surge a questão: haverá bolha imobiliária no Brasil?
Por Michel Mello
A economia brasileira avança a passos largos, o que é bastante positivo para os setores da construção civil, mercado imobiliário e das matérias-primas da construção. Este movimento amplo é em parte resultado do estímulo econômico que deriva dos programas de crédito do governo federal, como o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), linhas de crédito e financiamento habitacional e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC I e II).
No caso dos mercados imobiliários, existe uma forte tendência ao superaquecimento desse setor, com imóveis apresentando alta nos preços – seja para a compra, venda ou locação. Entre os fatores que provocam a alta do setor estão presentes o aumento da renda média da população brasileira, em particular nas classes B e C.

Eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 tendem a encarecer ainda mais o valor de imóveis, novos, na planta ou ainda nas edificações já existentes. De todo esse frenesi e especulação surge uma ponderação interessante: o Brasil corre o risco de sofrer uma bolha do mercado imobiliário?
Durante o ano de 2009, a economia americana entrou em uma das piores crises de sua história, com a crise dos títulos podres das hipotecas dos imóveis nos EUA. Essa crise dos subprimes é comparada a da quebra da bolsa em 1929, período conhecido como “Grande Depressão Americana”.
Bolha americana
As bolhas têm origem em um comportamento humano chamado de Efeito de Manada (Schiller, 2007). Essa teoria diz que mesmo pessoas racionais podem ser levadas, pelo próprio comportamento de manada, a tomarem decisões erradas. Chama-se a isso de decidir erroneamente por contaminação. E é exatamente o caso americano.
Em especial os preços das ações ou dos imóveis subiram nos mercados americanos e isso teve grande repercussão pública. A mídia noticiou toda a questão, com histórias de pessoas que ganharam muito dinheiro em pouco tempo. Logo, houve uma procura por um tipo de lucro a partir de imóveis, mas além da capacidade do setor em se autorregular.
Porém, o Efeito Manada requer condições econômicas favoráveis ao seu desenvolvimento. Esse é o caso da recente economia americana, que teve um afrouxamento das normas de regulação imobiliárias, empréstimos em larga escala feitos para pessoas que não tinham condições de pagar e mecanismos de incentivo do crédito imobiliário.
Os ativos chamados de podres e que foram atrelados a taxas flutuantes de juros chegaram a 25% do total de investimentos no mercado americano no ano de 2006. Por outro lado, o sistema de securitização que estava amarrado às hipotecas não conseguiu regularizar toda a demanda de pagamentos e em função da inadimplência os fundos do tipo subprime se tornaram o estopim da crise financeira.
Bolha imobiliária no Brasil
Como identificar se o novo ciclo de expansão imobiliária é uma bolha ou não? A resposta a essa questão e a necessidade por certezas em um mercado tão incerto como é o caso do mercado imobiliário brasileiro levou a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) a encomendar a MB Associados um estudo sobre a existência de bolha no mercado imobiliário brasileiro. O estudo ficou pronto em julho de 2010 e aponta as principais tendências e perspectivas para o setor.
É com base neste estudo que a Abecip avalia a sua tomada de decisões. De acordo com o estudo, não existem séries históricas de preços de imóveis no Brasil. Isso dificulta bastante a compilação de dados, pois a análise do relatório foi feita de forma indireta.
O relatório destaca a atual trajetória sustentável e sem riscos da economia brasileira. Daí surge uma perspectiva de continuidade de crescimento da economia nos próximos anos, com projeção do PIB entre 4,5% a 5% até o ano de 2015. Também, não há sinal de mudança na política econômica. Uma garantia reside no Sistema de Informações de Crédito do Banco Central do Brasil.

O estudo aponta que é muito remota a possibilidade de o Brasil criar uma bolha imobiliária. O presidente da Abecip, Luiz Antonio França, afirma: “todo país que teve esse problema sofreu um processo de desregulamentação financeira, o que não está ocorrendo por aqui”. Ele ainda ressalta que uma das principais razões que justificam a não existência de uma bolha imobiliária no Brasil é a solidez dos bancos e da macroeconomia brasileira além de:
• Não há desregulamentação financeira;
• A classe média apresenta forte expansão de renda;
• Imóveis produzidos serão vendidos para pessoas com capacidade de pagamento;
• Não há aumento de preço sem fundamento, ou seja, os preços não se movem apenas em função do preço futuro;
• Ainda que o preço do imóvel valorizasse 11% ao ano, assim como nos Estados Unidos pré-crise financeira, a renda brasileira suporta esse reajuste de preços, porque o aumento dos valores de imóveis é fundamentado.
O relatório do estudo sugere que não parece haver sinais claros de que haja uma bolha nesse momento na economia brasileira. Entretanto, não quer dizer que não possamos tê-la um dia. O descontrole de crédito imobiliário aliado a uma conjuntura macro que permita alta liquidez em um mercado de ativos que não os títulos do governo poderiam levar a um crescimento de preços ainda mais forte do que visto atualmente”.
Entrevistado
Luiz Antonio França
Currículo
- Presidente da Abecip.
- Conselheiro da Confederação Nacional da Instituições Financeiras (CNF).
- Conselheiro na Companhia Brasileira de Securitização (Cibrasec).
- Diretor do Comitê Executivo de Negócios da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
- Membro da Competitividade da Cadeira Produtiva da Construção Civil.
- MDIC e Membro do Conselho Estadual de Habitação de São Paulo.
- Diretor Gerente do Banco Itaú desde 1995.
- Diretor de Crédito Imobiliário.
- Foi diretor do Credit Lyonnais Securities Corporate Finance (Nova York - USA)
Contato: franca@abecip.org.br
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Tilt-up e suas múltiplas vantagens
Pré-moldado garante a racionalização construtiva e economia de tempo e custos
Por Michel Mello

O Tilt-up é o sistema construtivo mais amplamente utilizado entre os pré-moldados na América do Norte, chegando a 15 % do total das obras industriais. Esse sistema de pré-moldado é feito a partir de concreto no local da obra. Após nivelar o piso a laser, são moldadas as paredes em concreto em formas horizontais com qualquer desenho de estrutura ou texturas. Podem ser incorporados vãos para portas e janelas e ainda é possível adicionar detalhes técnicos de acabamento. Quando atingem a resistência necessária, as estruturas são içadas por guindastes e colocadas nos blocos das fundações.
No Brasil, essa tecnologia foi importada pela construtora Walter Torres Jr. no ano de 1993, diretamente dos EUA. Essa técnica ainda precisa ser mais bem difundida para ser empregada em escala industrial e, atualmente, apenas cinco construtoras empregam esse método de construção. O sistema apresenta muitas vantagens, entre elas está a grande economia de materiais e mão de obra, além do tempo reduzido de construção.
Esse método de construção surgiu e 1906, nos EUA. Seu nome tem origem na palavra inclinar que em inglês é “tilt”. Ao levantar as paredes pré-moldadas, em concreto armado, é necessário içá-las com a ajuda de guindastes, que a partir da base da construção – piso – levam as paredes pré-moldadas até o seu local definitivo no canteiro de obras. Esse processo todo que é chamado de Tilt-up, e que compreende da fase de concretagem até o levantamento das paredes, tem em média a duração de quatro a cinco semanas.
Racionalização construtiva
As construções em Tilt-up são racionalizadas e proporcionam mais qualidade e agilidade às edificações. Nesse sistema, as paredes são pré-moldadas in loco, a partir de uma base de concreto sobre um piso industrial, que é polido e nivelado a laser. Depois de atingir a resistência necessária, os painéis Tilt-up são alçados até sua posição e escorados.
Após a conclusão da montagem da estrutura, é feito o travamento da porção superior dos painéis. Com isso, são removidas as escoras da fase de montagem.
Esse sistema é totalmente executado no canteiro de obras e emprega a mão de obra local. Daí, não há a incidência de ICMS, IPI ou quaisquer outros custos envolvidos, como, por exemplo, transporte. Isso torna o sistema Tilt-up bastante competitivo, ao ser comparado a outros sistemas pré-fabricados.
Vantagens

Francisco Oggi é consultor e especialista em sistema construtivo Tilt-up no Brasil. Ele destaca as características dos pré-moldados: “as vantagens são inúmeras e, depois de um século de existência, a construção com pré-moldados é altamente competitiva e certas obras seriam impossíveis de serem executadas se não fosse o pré-moldado”, enfatiza Oggi.
• Baixo custo;
• Baixa manutenção;
• Durabilidade;
• Segurança;
• Baixo custo dos seguros; e
• Velocidade na construção.
O consultor destaca que o sistema é indicado para quaisquer tipologias, não há restrição técnica de uso, no entanto, é preciso apenas avaliar as condições e especificações de cada projeto. Atualmente, podem ser construídos prédios de até 30 andares. Mas, a tecnologia de paredes de concreto dosado em central não para por aí. Novidades são criadas diariamente. E nos Estados Unidos existe uma associação responsável pelo desenvolvimento e divulgação do sistema Tilt-up, é a Tilt-Up Concrete Association (TCA).
Oggi acredita que apenas por falta de informação e da acomodação da engenharia brasileira não seja mais utilizado esse sistema. “Nossa engenharia está baseada na ausência total de inovação e de assumir responsabilidades. Estamos passando por um período de crise humanística e o engenheiro está voltado a pilotar planilhas de controle ao invés de praticar engenharia”, lamenta.
Ele também destaca que a evolução dos materiais e processos de produção em Tilt-up. “A tendência é utilizar concretos cada vez mais resistentes e permitir a produção de peças cada vez mais esbeltas, propiciando edificações mais arrojadas e esteticamente mais agradáveis e mais duráveis também”, finaliza.
Entrevistado
Francisco Pedro Oggi
Currículo
- Engenheiro civil pela Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie.
- Curso Tilt-up Técnicas Especiais de Execução pela Tilt-up Concrete Association – TCA/USA.
- Especialização FIB – Master Course – Projeto de Estruturas Pré-Moldadas FIB-ABCIC.
- Curso Projeto e Execução de Estruturas de Concreto pela PINI – São Paulo.
Contato: francisco@emporiodopremoldado.com.br
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Direito Ambiental no canteiro de obras
A adequação à legislação ambiental necessita de estudos e planejamento, caso contrário, as obras podem ficar paradas
Por Michel Mello
O Direito Ambiental é um ramo do direito que trata da proteção do meio ambiente a partir das relações humanas. Sua base está calcada na Constituição Federal e em normatizações e regulações específicas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estabelecem os critérios legais a serem seguidos. Uma das preocupações do direito ambiental está na adequação das construtoras e das variadas tipologias da construção e empreendimentos, desde sua fase de planejamento e canteiro de obras, até a fase final do empreendimento.
Quem é quem
O órgão superior é o Conselho de Governo que elabora as políticas públicas para o meio ambiente. Através do Conama são definidas as políticas e normatizações do setor. Quem centraliza as atividades é o Ministério do Meio Ambiente (MMA). E através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é que são executadas as ações de regulamentação e fiscalização em nível federal. A responsabilidade seccional de execução de programas, projetos e fiscalização cabe às entidades estaduais de proteção do meio ambiente. Os órgãos locais, como as entidades municipais são responsáveis pelo controle e fiscalização nas respectivas jurisdições.
Licenças ambientais
Antes de iniciar qualquer empreendimento é importante fazer o devido licenciamento ambiental. Efetuar o credenciamento junto aos órgãos responsáveis e adequar o empreendimento às normatizações. Isso compreende a obtenção da Licença Prévia (LP); da Licença de Instalação (LI); e Licença de Operação (LO) ou da Licença Corretiva (LC). Descritas a baixo:
- LP: concedida na fase de planejamento da iniciativa ou atividade. Define a viabilidade ambiental do empreendimento. Tem validade de quatro anos.
- LI: instrumento que autoriza a instalação do empreendimento ou atividade. Tem validade de seis anos.
- LO: autoriza a operação da atividade ou empreendimento. Validade de até seis anos.
Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF)
O local de instalação de um canteiro de obras deve sempre ocorrer distante de Unidades de Conservação, definidas pela lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), em local onde se dispensa ou minimiza a intervenção na vegetação nativa. O que reduz o potencial de impacto ambiental. A instalação e a operação do canteiro de obras sem o uso de recursos hídricos ou corpos d’água, também simplifica os procedimentos de licenciamento ambiental.

O advogado, especialista em direito ambiental, Marcelo Buzaglo, considera que: “as maiores dificuldades residem em alguns excessos na interpretação da legislação ambiental, criando-se exigências indevidas que não decorrem da lei, mas de atos inferiores ou mesmo da imaginação de alguns dos atores envolvidos”. A seguir sua entrevista para o Massa Cinzenta:
Quais as maiores dificuldades das empresas privadas e indústrias em obter as licenças ambientais para as obras e como isso pode refrear o crescimento econômico?
Marcelo Buzaglo: Há as dificuldades de aparelhamento dos órgãos ambientais que contribuem muito para a demora na outorga das licenças, uma vez que faltam profissionais das áreas técnicas e infraestrutura de um modo geral. Ainda, há um profundo receio dos técnicos destes órgãos de outorgar as licenças, pois, não raro, os mesmos sofrem ameaças de responder a processos judiciais por conta disso. Certamente, esses e outros fatores atrapalham em muito o crescimento econômico, já que a demora na outorga das licenças acaba atrasando a realização de obras e atividades importantes para o desenvolvimento do país. Como se sabe, a legislação brasileira em vigor exige – acertadamente, aliás – que as atividades potencialmente causadoras de impactos ambientais se sujeitem ao licenciamento ambiental.
Que aspectos da legislação ambiental devem ser considerados na construção de empreendimentos de grande porte?
MB: Exigências como a realização de estudos prévios de impacto ambiental e de vizinhança, a análise da existência de espaços territoriais ambientalmente protegidos, dentre outras, devem ser consideradas para toda e qualquer atividade de grande porte.
O que recomenda para que os novos empreendimentos não sejam paralisados em virtude do não atendimento às leis ambientais?
MB: Não há outro meio senão a observância rigorosa de todas as normas legais que regulam a matéria. Outra medida preventiva interessante é buscar conversar com os atores envolvidos, especialmente o Ministério Público para evitar a surpresa de uma ação judicial futura.
O que destaca como exemplo positivo em termos de legislação ambiental?
MB: A legislação ambiental brasileira é uma das mais avançadas do mundo. Há alguns equívocos, mas, no geral, ela é boa e consegue compatibilizar a necessidade de crescimento econômico com a proteção ao meio ambiente. Se tivesse que destacar apenas um exemplo positivo, salientaria a exigência de estudo de impacto ambiental para obras e atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente, pois é um meio de se atingir o desenvolvimento sustentável.
E o que destaca de negativo?
MB: O excesso de normas inferiores à lei, como Decretos, Resoluções, Instruções Normativas e Portarias, que deveriam servir apenas para regular aquela e acabam criando obrigações indevidas.
Entrevistado
Marcelo Buzaglo Dantas
Currículo
- Professor de Direito Ambiental consultor jurídico na área ambiental.
- Presidente da Comissão do Meio Ambiente da OAB/SC.
- Comissão do Meio Ambiente da OAB/SC, de que participa desde 1997.
- Especialista em Direito Processual Civil, mestre e doutorando em Direitos Difusos e Coletivos.
- É autor e coordenador de cinco obras na área do Direito Ambiental, tendo ainda publicado mais de 40 artigos em livros e revistas especializadas, no Brasil e no exterior.
Contato: marcelo@buzaglodantas.adv.br
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Cobogós remodelados
Pesquisa aponta novas possibilidades para o elemento vazado como isolamento acústico
Por: Michel Mello

Um dos componentes bastante conhecidos da construção civil, o elemento vazado, ganha uma nova versão. É o que apresenta o estudo da arquiteta Bianca Carla Dantas de Araújo que oferece novas propriedades e possibilidades para o uso do elemento vazado. A pesquisa foi realizada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade do Estado de São Paulo (USP), e teve a orientação do professor Sylvio R. Bistafa, da USP.
Para Bianca, “a proposta foi o desenvolvimento de um elemento vazado acústico como componente aliado à acústica arquitetônica para projetos em climas quentes e úmidos”, explica a pesquisadora. Os elementos vazados, também conhecidos popularmente como “cobogós”, são blocos feitos a partir de diferentes materiais como argamassa de concreto, argamassa de cimento e areia, cerâmica, madeira ou vidro. São usados para iluminar e ventilar ambientes fechados. Seu uso é mais difundido em locais de clima quente e no Brasil é bastante comum na região nordeste.

O que a pesquisa da arquiteta Bianca introduziu foram mudanças na forma dos blocos. Foi essa alteração que permitiu um maior isolamento acústico. Para Bianca, “a pesquisa apresenta uma nova discussão sobre a dicotomia do conforto acústico e aberturas na arquitetura, pois revela uma porcentagem significativa de área aberta (12%) em uma fachada com atenuação acústica em algumas frequências (37 dB em 800 Hz)”. O resultado em termos de isolamento foi semelhante àquele proporcionado por paredes de alvenaria. O detalhe é que o material utilizado é o mesmo dos elementos vazados comuns, argamassa de cimento e areia, na medida de 1:5 partes.
Cobogó
“Esse produto alia questões técnicas, culturais e econômicas que foram preservadas da referência já existente, incluindo o controle dos ruídos como mais uma propriedade, além da minoração da radiação solar, iluminação e ventilação natural”, complementa Bianca.
O nome comercial dos elementos vazados que tem origem nas iniciais dos sobrenomes dos engenheiros que desenvolveram essa inovação: Coimbra, Boeckmann e Góis. Também pode ser encontrado com o nome de Combogó em algumas regiões do país.
Os “cobogós” são elementos vazados, normalmente produzidos na forma de blocos e com tamanho de 15 x 20 centímetros. Podem ter forma regular ou não. Apresentam uma grande diversidade de modelos e materiais em sua composição.
A inovação
A inovação consta de uma modificação na forma do desenho dos blocos, o que dificulta a passagem de ondas sonoras e cria isolamento acústico. Os blocos tiveram seu formato alterado, foram criados pequenos desvios para a passagem do ar, de modo a dificultar a propagação das ondas sonoras.
Para essa pesquisa, os cobogós que foram testados são produzidos em argamassa de cimento e areia. Essa composição foi a que apresentou melhor desempenho identificado para as médias e altas faixas sonoras. Quando submetido a uma faixa sonora de 800 hertz, o bloco vazado registrou uma redução máxima de 37 decibéis.
Produção
A produção do elemento vazado procurou utilizar os materiais mais simples disponíveis no mercado. Com isso, se reduziu os custos dos testes, o que facilita sua futura utilização e produção em escala industrial. Essa pesquisa deve prosseguir a partir do emprego de novos materiais na produção dos elementos vazados. A pesquisadora enfatiza que “a pesquisa irá avançar no sentido de aprimorar a atenuação em baixas frequências, e a permeabilidade à ventilação natural, além da iluminação natural”.
Existe a possibilidade de produzir blocos de elementos vazados a partir de outros materiais. O novo modelo de elemento está em fase de registro de patente, depois do qual será analisada a viabilização da produção em escala industrial.
“A metodologia utilizada foi baseada na norma internacional ISO (ISO 140-5), a qual determina, através de medições in situ, o cálculo da Diferença Padronizada de Nível. Além da simulação de desempenho de ventilação natural em Computational Fluid Dynamics (CFD) que revelou uma aceleração dentro do bloco e a manutenção da característica de elemento vazado”.
Entrevistada:
Bianca Carla Dantas de Araújo
>> Currículo
- Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
- Mestra em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP).
- Doutoranda do programa de pós-graduação em tecnologia da arquitetura da FAUUSP.
- Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Conforto Ambiental, além de licenciamento ambiental de empreendimentos, atuando principalmente nos seguintes temas: conforto ambiental, tratamento acústico, meio ambiente.
Contato: dantasbianca@gmail.com
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Redes sociais
Veja como manter a privacidade nas comunidades virtuais e a forma adequada de utilizá-las a seu favor
Por: Marina Pastore
Antes utilizadas apenas para entretenimento, as redes sociais serviam para entrar em contato com os amigos e também para “investigar” a vida alheia. Mas, este cenário mudou e o Facebook, Twitter e Orkut também passaram a ser alvo dos empregadores e profissionais de RH, que utilizam estes sites para analisar os perfis de possíveis candidatos ou até mesmo para monitorar seus funcionários.

Muitas pessoas podem considerar como uma invasão de privacidade ter seu perfil pesquisado pelas empresas. No entanto, para o coach e vice-presidente da Top Executives Net, rede social focada no segmento corporativo, Octavio Pitaluga Neto, não se trata disso. “Foi o próprio usuário que postou o conteúdo. As pessoas têm a opção de deixar as informações como privadas, mas se escolheram deixar públicas, elas estão sujeitas a isso”, afirma.
“A liberdade de expressão está garantida pela Constituição Federal, mas o excesso da liberdade de expressão é punido tanto pelo Código Civil como pelo Código Penal. Podemos publicar o que pensamos, mas respondemos pelo que postamos”, adverte Patricia Peck Pinheiro, advogada especialista em Direito Digital autora do livro “Direito Digital”.
Tropeços virtuais
Cometer uma gafe na internet muitas vezes pode custar caro. No caso de candidatos a uma vaga de emprego, por exemplo, ter uma comunidade que diz “odeio trabalhar” ou postar fotos comprometedoras em sua página da internet podem minar as chances de ser contratado ou até mesmo de participar de um processo seletivo.
E quem já está empregado também não escapa de ser monitorado. Criticar a empresa em que se está trabalhando, falar mal de colegas ou clientes e o excesso de exposição da imagem são alguns dos problemas que podem gerar demissão por justa causa.

“Hoje as empresas estão mais rigorosas, com aplicação de ética e princípios de governança corporativa. E algo publicado na internet se torna de conhecimento público, não dá mais para fazer ‘vista grossa’ e o envolvido quase sempre perde o emprego”, diz a advogada.
Pitaluga apresenta uma solução para evitar que as empresas se envolvam em escândalos cibernéticos por conta de atitudes dos funcionários: definir um líder-coach especializado em redes de relacionamento e realizar um treinamento com a equipe. Segundo ele, a Companhia pode orientá-los sobre como se apresentar nas redes sociais.
Utilizando as redes sociais a seu favor
Para conseguir bons resultados no campo profissional nas redes sociais, Pitaluga sugere adotar um posicionamento claro na internet, sendo criterioso e seletivo. É preciso ter em mente quem você é, o que faz de bom e oferece de valor. Se a intenção é arranjar um emprego ou alavancar a carreira, é aconselhável focar o conteúdo das comunidades virtuais no trabalho, evitando expor a vida pessoal.
Caso o profissional queira impressionar possíveis recrutadores através de seu perfil on-line, o coach apresenta algumas sugestões:
- manter uma rede de contatos razoável (quanto mais, melhor), pois estes candidatos podem representar uma oportunidade de negócio para a empresa;
- colocar informações sobre a atividade profissional que exerce;
- evitar a divulgação de material que possa prejudicá-lo, tais como brincadeiras e fotos comprometedoras.
Redes sociais para “turbinar” sua carreira ou a empresa:
LinkedIn: é uma rede social direcionada para contatos profissionais. O perfil do usuário traz informações sobre seus conhecimentos e realizações na carreira. Para as empresas, pode representar uma boa oportunidade para recrutar funcionários ou para entrar em contato com clientes e fornecedores de serviços.
Indica: assim como o LinkedIn, é uma rede de contatos profissionais, porém oferece a possibilidade de usuários indicarem pessoas para concorrer às vagas das empresas. Também pode recompensar os “indicadores” que fizerem boas recomendações. O grande benefício deste site para as organizações é que ele permite anunciar vagas, aplicar testes on-line e fazer uma pré-seleção dos candidatos.
Viadeo: permite anunciar vagas, encontrar clientes e especialistas no setor, além de propiciar o encontro com antigos colegas de trabalho ou de escola.
Twitter: o microblog permite postar apenas mensagens com até 140 caracteres. Cada vez mais as empresas têm utilizado esta ferramenta para fazer contato direto com os clientes. Os profissionais também podem fazer o uso do site para divulgar seu trabalho e suas ideias.
Facebook e Orkut: são os dois sites que mais reúnem usuários brasileiros. O intuito principal é o de trocar mensagens entre amigos. Embora não tenham caráter profissional, é bom ser cuidadoso com as informações postadas nestas redes sociais, pois um recrutador pode estar de olho nelas. As empresas, por sua vez, podem utilizar estas comunidades virtuais para divulgar seus produtos e serviços.
Entrevistados:
Octavio Pitaluga Neto
- Vice-presidente da rede de relacionamento Top Executives Net, focada no segmento corporativo.
- Coach internacional de negócios, palestrante, treinador, business networker.
- Colunista do Clube do Vendedor (http://www.clubedovendedor.com.br).
- Atuou como diretor do Ecademy, plataforma de business networking para o Brasil e América Latina.
- Trabalhou na Grupo Tele2 Europe, 3C Communications, Seara Alimentos (Grupo Cargill) e Kanematsu do Brasil.
- Possui MBA/MBI pela RSM Erasmus University (Holanda) e especialização em Comércio Exterior pela UFRJ/ECEX.
Contato: http://www.topexecutivesnet.com
Patricia Peck Pinheiro
- Advogada especialista em Direito Digital, sócia fundadora do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados (PPP Advogados).
- Formada pela Universidade de São Paulo, com especialização em negócios pela Harvard Business School, MBA em marketing pela Madia Marketing School.
- É autora do livro “Direito Digital”, co-autora do audiolivro e do pocket book "Direito Digital no Dia-a-Dia", e também co-autora do audiobook “Eleições Digitais”.
- Colunista do Conta Corrente da Globonews, do IDG Now e articulista do Valor Econômico, Revista Visão Jurídica, Revista Partner Sales, entre outros.
- Ministra aulas na pós-graduação do Senac-SP, Impacta, IBTA, Fatec-SP, assim como realiza treinamentos in company para diversas empresas.
Contato: www.pppadvogados.com.br
Leia mais sobre o assunto e saiba como as empresas de construção civil utilizam a internet.
Link: http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/a-insercao-digital-das-empresas-de-construcao-civil/
Interatividade
O que você acha das empresas que utilizam as redes sociais para recrutar profissionais? O uso das redes de relacionamento pelos funcionários pode atrapalhar as organizações?
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A Norma Técnica de Desempenho ABNT NBR 15.575 em discussão
Construtoras pedem maior prazo de adequação à Norma de Desempenho para edificações habitacionais de até cinco pavimentos
Michel Mello
A Norma Técnica de Desempenho para edificações habitacionais de até cinco pavimentos –ABNT NBR 15.575 – Partes 1 a 6 – foi publicada no dia 12 de maio de 2008 e entrou em vigor em 12 de maio de 2010. Mas, ainda hoje é motivo de muita polêmica no setor da construção civil. O Item 1.2 do escopo da norma determina que ela não se aplica a projetos protocolados nos órgãos competentes até seis meses após a data da entrada em vigor. Portanto, a validade real é no dia 12 de novembro de 2010, quando todos os projetos protocolados devem obedecer ao que determina a NBR 15.575: 2008. Uma questão que chama atenção é o pedido de prorrogação do prazo para a validade desta norma, solicitado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC junto ao Comitê Brasileiro da Construção Civil – CB - 02 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
O objetivo da norma é estabelecer critérios de desempenho para atender às exigências dos usuários de edifícios habitacionais, independentemente da maneira como a obra foi construída, atender, bem como, definir critérios mínimos para materiais em termos de desempenho acústico, térmico, de iluminação, hidráulica, dentre outros, além das características técnicas de pisos e coberturas em edificações de até cinco pavimentos. E essa parcela da construção inclui, desde os programas habitacionais de moradias populares como o Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV, do governo federal, até edifícios com cinco pavimentos, o que engloba as diferentes classes sociais e as diversas tipologias da construção. Além disso, a NBR 15.575 inclui um mecanismo de rastreabilidade para a construção, que permite, em casos de falhas de materiais ou estruturas, indicar e determinar responsabilidades.
No embate em prol da qualidade das edificações, estão de um lado as construtoras, representadas pela CBIC e sindicatos da construção civil, que argumentam que precisam de mais tempo para adequação à norma e citam o aumento de custos para construção. Incluindo a sobretaxação do valor de obras junto ao Tribunal de Contas da União – TCU. Já a ABNT, pretende validar a norma e realizar alterações pontuais em termos necessários.
Posição da ABNT

O superintendente do CB-02 da ABNT, Carlos Borges, afirma que: “todas as normas técnicas têm por objetivo melhorar a qualidade das obras, regular o mercado e atender ao consumidor de imóveis quanto as suas necessidades. As normas são um meio para que este objetivo seja atingido, mas não são absolutas e perfeitas e podem eventualmente existir tecnologias não normatizadas que também atendam aos mesmos objetivos”. O superintende garante que: “A atualização das normas técnicas não acompanha a velocidade das mudanças tecnológicas e é legítimo que em algumas situações possam ser utilizadas soluções não normatizadas, desde que haja comprovação sobre sua eficácia. Quanto mais rapidamente as normas forem atualizadas, menor será esta defasagem, daí a necessidade de uma mudança permanente”, completa. Confira a entrevista completa.
Existem questões sobre o desempenho acústico, térmico e de iluminação, além das características técnicas do piso em edificações de até cinco pavimentos que precisam de mudanças e maior discussão. É o que alega o setor da construção civil. Em sua opinião, a ABNT NBR 15575 perturba as construtoras?
ABNT: A norma foi publicada em 12 de maio de 2008 e teve dois anos de carência para que o setor da construção civil se preparasse para atendê-la. Isto não aconteceu na prática e, com a vigência da norma, agora há uma preocupação do mercado quanto à dificuldade de atender aos requisitos de desempenho e o aumento de custo decorrente de sua aplicação. Acho que a norma precisa de revisão, de discussão, sem dúvida e poderia até ter a sua vigência adiada, mas de nada adianta isso acontecer se não houver um comprometimento setorial de mudança verdadeira na forma de conceber, projetar e executar as edificações para o desempenho.
Haverá prorrogação de prazo para a entrada em vigor da ABNT NBR 15.575?
ABNT: Será feito um pleito para a ABNT neste sentido e entendo que seja sensato adiar o prazo de vigência por certo período.
Há um argumento que essa norma pode impactar as construções, sobretaxando as obras pelos TCUs e, inclusive, trazendo impactos ao PMCMV. Isso realmente pode acontecer? Existem medidas para contrabalançar esse efeito?
ABNT: Grande parte da Norma de Desempenho, mais de 80%, significa simplesmente atender a normas técnicas já vigentes. Ela remete a 157 normas prescritivas existentes e para quem já as atende, o impacto nos custos é pequeno. Durante o processo de elaboração da NBR 15.575, se procurou definir níveis de desempenho compatíveis com a realidade técnico-econômica brasileira, mas existe uma abertura para revisar aquilo que eventualmente esteja exagerado ou tecnicamente difícil de ser atendido. Como ninguém ainda aplicou integralmente a norma, há muita desinformação e muita gente reclamando mais pelo medo do desconhecido do que propriamente por entender o que está sendo cobrado. De qualquer forma, a decisão de atender a norma é uma decisão da empresa e não do departamento de engenharia, pois os empreendimentos precisam ser concebidos desde a fase inicial para o desempenho. Uma obrigação do incorporador é identificar riscos previsíveis na época do projeto e caracterizar as condições do entorno, como o nível de ruído externo, clima, insolação, contaminações etc. Precisamos ter uma visão global da construção e não pensar apenas no custo da construção.
Posição das construtoras

Georgia Grace Bernardes, consultora especialista da CBIC, órgão de classe que representa as construtoras, argumenta em razão da prorrogação e esclarece na entrevista a seguir.
Qual a razão do pedido de prorrogação da data de entrada em vigor da ABNT NBR 15575?
CBIC: A cadeia produtiva da construção vem se reunindo sistematicamente para discutir as implicações da exigibilidade da norma e reconhece o importante avanço que o documento traz. Contudo, faltam informações técnicas (resultados de ensaios) de desempenho dos materiais e sistemas construtivos por parte dos fabricantes. O que inviabiliza a elaboração de novos projetos baseados em desempenho, já que o número de laboratórios capacitados é muito pequeno no país. Logo, existe a necessidade de investir em desenvolvimento e inovação de produtos e isso gera uma preocupação com o aumento de custos das obras. A isso se soma a necessidade de aprimorar o conceito vida útil de projeto e as responsabilidades decorrentes. Com isso, desenha-se um contexto de mercado ainda não preparado para atender a NBR 15575.
Quais pontos da norma geram mais dúvidas?
CBIC: Com relação ao desempenho acústico, há dúvidas sobre isolamento de janelas, portas externas, lajes e pisos. Já o desempenho térmico necessita de maior clareza nas metodologias de ensaio. O desempenho de iluminação, o coeficiente de atrito do piso e a vida útil do projeto que precisam de mais esclarecimentos também.
As mudanças geradas pela NBR 15575 podem aumentar os custos de programas habitacionais como PMCMV?
CBIC: Com certeza. Um exemplo disso é que hoje no mercado de janelas, apenas os modelos conhecidos como 'top de linha', ou seja, aqueles que possuem vidros duplos de 9mm e são usados em construções de alto padrão, atendem o parâmetro de desempenho acústico. Precisam ser desenvolvidos cálculos completos e consistentes para mensurarmos o real impacto na construção.
Adequação à NBR 15.575
Além disso, a Caixa Econômica Federal – CEF vem intermediando as discussões entre os diversos setores envolvidos e também alterando padrões e requisitos para os projetos de financiamento. Desde 2009, a Caixa vem financiando apenas obras em que o uso de madeiras tenha origem de procedência certificada. Esse é um grande passo em direção à normatização em termos de materiais e processos.
E está marcada para o dia 03 de setembro, às 14h, uma reunião na sede da ABNT. No encontro serão debatidos os termos de um possível adiamento da entrada em vigor da NBR 15575. Aguarde mais informações em nossa cobertura exclusiva sobre a repercussão da norma técnica de desempenho.
Entrevistados:
Carlos Borges
Currículo:
- Engenheiro civil, diretor da Construtora Tarjab.
- Superintendente do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02).
- Coordenador da elaboração da norma ABNT NBR 15575:2009 - partes 1 a 6;
- Membro do Conselho Consultivo do SindusCon-SP e vice-presidente do Secovi-SP.
Contato: carlos.borges@tarjab.com.br
Georgia Grace Bernardes
Currículo:
- Engenharia Civil pela Universidade Federal de Uberlândia.
- Especialista em MBA em Gestão Ambiental.
- Consultora da CBIC desde janeiro de 2010.
Contato: assessoria.tecnica@cbic.org.br
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
Concrete Show apresenta novidades para o mercado
Evento brasileiro sobre concreto é o segundo maior do mundo
Por: Lilian Júlio

A quarta edição da Concrete Show aconteceu nos últimos dias 25, 26 e 27 de agosto, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Em três dias de evento foram recebidas cerca de 25 mil pessoas, em 36.500 m² de exposição, além de congressos e eventos paralelos. “Desde a primeira edição – em 2007 – a Concrete cresceu 203%. Esse crescimento está refletindo o momento da construção civil brasileira, que é a bola da vez no mundo”, conta Cláudia Godoy, diretora da Sienna Interlink, empresa responsável pela organização do evento.
A afirmação de Cláudia é confirmada pelo fato de que a Concrete Show South America 2010 é o segundo maior evento do mundo em tecnologia de concreto e o maior da América Latina. “O objetivo é trazer tecnologias e soluções em concreto e, para isso unimos, exposições e conferências técnicas sobre o tema”, revela. Dos 400 expositores presentes, 100 são de outros países – empresas que estiveram pela primeira vez no Brasil mostrando suas novidades. “A Concrete é uma importante plataforma para lançar produtos e novas tecnologias”, analisa.

Segundo Cláudia a grande novidade da Concrete Show foi a PaveSand – uma areia especial para selagem de juntas de pisos ou placas de concreto maciço. De acordo com a empresa produtora – PaveSystems –, quando umedecida, a PaveSand se comporta com uma cola, promovendo a ligação dos grãos de areia e estabilizando a junta, efeito que não acontece com a areia comum.
“Além desse produto, temos também as placas de concreto permeável, que podem ser a solução para diminuir as enchentes”, declara Cláudia. Na Concrete Show também foram lançadas novidades em andaimes e elevadores de obras (pela Mecan), recicladores de concreto e água residual (pela Bibko Systems), novos sistemas de pesagem e outros produtos – envolvendo o concreto e suas tecnologias.
Eventos paralelos

Quem visitou a Concrete Show 2010, pode conferir, além dos lançamentos, debates acerca do concreto: a Concrete Congress. As discussões foram divididas em temas como Controle de Qualidade e Laboratórios e Industrialização das Edificações. No total, foram 15 seminários com mais de 150 palestras simultâneas durante a feira.
Um dos grupos de trabalho mais concorridos foi o Concrecopa, programa dentro do macro tema Brasil dos Esportes: Infraestrutura e Instalações Esportivas. “Na Concrecopa focamos os trabalhos no que o concreto pode trazer de soluções para a construção responsável para a Copa de 2014”, explica Cláudia. “Não apenas construir, mas oferecer opções de acessibilidade e qualidade sustentável nestas edificações”.
Expectativas
Para a próxima edição da Concrete Show – que já tem data marcada para acontecer, entre 31 de agosto e 02 de setembro de 2011 – as expectativas são de um crescimento maior ainda. “2010 foi o último ano de evento no Transamérica. Na próxima edição, iremos para um local maior para abrigar ainda mais expositores e visitantes”, revela Cláudia. “Queremos trazer novas empresas e levantar outros debates sobre o concreto. E com a Concrete Show nós podemos fazer isto”, finaliza.
Entrevistada:
Cláudia Godoy - Diretora da Sienna Interlink
concrete@concreteshow.com.br
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
Brasil aposta em energias renováveis
A busca por soluções sustentáveis no setor energético ganha força com a produção de energia eólica e a construção de novos parques eólicos
Por: Michel Mello

Chamam-se de energias renováveis aquelas obtidas a partir dos recursos naturais. As fontes destas formas de energias estão baseadas na luz do sol, no vento, nas águas da chuva, fontes térmicas de calor e no movimento de fluxo e refluxo das marés. Também são consideradas renováveis, pois cumprem um ciclo natural e dele são constantemente reabastecidos. Isso quer dizer que as energias renováveis nunca se esgotarão.
Apesar do enorme potencial, o mercado brasileiro investe pouco no segmento de energias renováveis e na diversificação da matriz energética. O Ministério de Minas e Energia indica que o desenvolvimento dessas fontes está em uma nova fase no país. E que a iniciativa tem o caráter estrutural e pretende promover ganhos em escala, aprendizagem técnica-tecnológica e desenvolver a competitividade industrial para os próximos anos.

O Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) tem por objetivo principal financiar, através do suporte do BNDES, projetos de geração de energias a partir dos ventos, energia eólica, das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e a partir de matérias orgânicas para conseguir gerar biomassa.
Em 2009, a capacidade mundial de geração de energia elétrica através da energia eólica foi de aproximadamente 158 gigawatts. O suficiente para abastecer as necessidades básicas de dois países como o Brasil, onde a média nacional foi de 70 gigawatts calculadas em janeiro de 2010. As energias renováveis são alternativas de emissões de baixo carbono na busca por uma matriz energética limpa e menos poluente.
E alternativas existem em todos os segmentos. É o caso da energia eólica que é captada através das pás de aerogeradores. Esta é uma modalidade que cresce globalmente e que apresenta grandes vantagens. A primeira e mais importante é que a energia eólica possui geração zero de emissão de carbono. E apesar do custo inicial, sua manutenção é baixa e não há necessidade de alimentação por combustíveis.
Parques eólicos

A energia eólica é captada através de turbinas localizadas em usinas chamadas de parques eólicos. O Parque Eólico do Horizonte é um investimento privado da EDP Renováveis, e que entrou em funcionamento no ano de 2003. São oito aerogeradores modelo E40 600 KW, com 46 metros de torre mais 23 metros de pá. Sua capacidade de produção é 0,6 MW de energia cada, gerando 4,8 MW no total. Essa produção é suficiente para abastecer, aproximadamente, uma população de 30.000 habitantes por mês.
Já o Parque Eólico Água Doce, também pertencente a holding internacional EDP Renováveis, conta com 15 aerogeradores, modelo E40 600 KW, cada um deles com 63 metros de torre mais 23 metros de pá.
Segundo o mais recente estudo do Centro de Pesquisa em Energia Elétrica (Cepel), do Ministério de Minas e Energia, o potencial eólico do Brasil chega a 143 mil MW, o que equivale a dez usinas de Itaipu. No final de 2007, a potência eólica instalada no país era de 247,5 MW, ou seja, pouco mais de 0,2% do potencial brasileiro e apenas 0,25%, dos 99,7 GW de capacidade total instalada em todo o setor elétrico brasileiro.
Torre sobre dunas
O Complexo de Osório foi inaugurado no final de 2006, como parte do Proinfa. O parque é composto pelas usinas eólicas: Osório, Sangradouro e Índios, nas quais estão instalados 75 aerogeradores modelo E70 de 2000 KW, com torres de concreto de 98 metros de altura.
Tradicionalmente, os aerogeradores eram projetados considerando torres de aço, sejam treliçadas ou cônicas. Entretanto, a Wobben Windpower – empresa responsável pela construção dos aerogeradores ou turbinas eólicas – vem desenvolvendo, há alguns anos, as torres de concreto para seus aerogeradores e têm se mostrado eficazes e seguras.

"A maior dificuldade resolvida também pioneiramente pela Wobben foi instalar torre para aerogeradores sobre dunas. E consideramos um desafio o transporte dos segmentos de concreto que exigem uma carreta para cada segmento, sendo que os primeiros três segmentos foram divididos em duas partes para ser transportado. Isso totalizou 27 carretas para cada torre", afirma Fernando Scapol, gerente de produção da Wobben, que é responsável também pelas turbinas eólicas dos parques Horizonte e Água Doce.
No caso dos aerogeradores utilizados para o Parque Eólico de Osório, as torres de concreto são protendidas e possuem 25 segmentos: um de aço e 24 de concreto. Na montagem, os segmentos são colocados e, posteriormente, são feitas trações nos cabos de protensão fixados na base de concreto.
As bases de concreto ou bloco de fundação são projetadas de acordo com as características do solo, definidas após a execução das sondagens. Além disso, dependem do potencial eólico do local, definido com o estudo de micrositing, no qual avalia os dados de vento medidos e a topografia do terreno. Com este estudo também é definida a altura de torre mais adequada, dentro dos requisitos de segurança e produção de energia. No Parque de Osório foram utilizadas torres de concreto de 98 metros e blocos de fundação circulares com estacas, devidos as condições do solo local.
Dados complementares: Aerogerador E70 / 2000 KW
- Altura da torre: 98 m
- Material: concreto e aço
- Peso da torre: aprox. 840 toneladas
- Bloco da fundação: circular
- Volume estimado de concreto: 460 m³
- Aço consumido na fundação: 45 toneladas
Entrevistado:
Fernando Scapol
Administrador de empresas com pós-graduação em Produção. Trabalha na Wobben desde 1998 e já atuou como gerente de Produção de Pás, gerente da Garantia da Qualidade e atualmente ocupa o cargo de gerente geral Administrativo.
Email para contato: marcelle.ilva@wobben.com.br
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Passeios públicos: o desafio de desenvolver e integrar
Planejamentos claros e objetivos ajudam a superar rapidamente os obstáculos da construção, além de traçar um panorama sobre a cidade e um modo de agir e pensar os espaços públicos
Por: Michel Mello

O engenheiro colombiano German Madrid é especialista em desenvolvimento urbano e planejamento de espaços públicos. Um dos autores do Manual de Desenho e Construção do Espaço Público e idealizador do Passeio Público de Medelín, na Colômbia. Ele comenta as questões mais importantes a respeito do uso e ocupação dos espaços públicos, da fase de planejamento até a execução e término das obras.
Os aspectos considerados durante o planejamento e a execução do Passeio Público de Medelín, na Colômbia, surgiram a partir da decisão dos administradores de valorizar o espaço público, como elemento de transformação e dignificação do meio urbano e, por consequência, a vida dos cidadãos. Para German Madrid, “isso se enquadra em um modelo de cidade que busca se desenvolver em direção ao futuro. Para além das administrações. É necessário definir quais projetos podem trazer mais benefícios em termos de bem estar, seja funcional, físico ou estético para as cidades”.
A cidade funciona como um todo, um tecido orgânico que envolve pessoas e lugares, anseios e necessidades. E o espaço público é o local onde tudo isso se encontra. Nas cidades modernas, os espaços públicos devem atender as necessidades de todos, incluindo portadores de necessidades especiais. “A busca por outros conteúdos de melhorias sociais deve ser constante. Como os meios de transporte, a renovação do ambiente urbano ou de marcos históricos, as melhorias sociais de habitação e zoneamento, medidas educativas, de recreação ou turísticas”, afirma o engenheiro.
Manual de construção
Na cidade de Medelín, através de um decreto municipal foi criado um manual que determinou o uso de regras comuns à construção: Manual de Desenho e Construção do Espaço Público. A elaboração desse manual, ou código de normatização específica, foi fundamental para superar as diferenças em busca de parâmetros e atenção e critérios em todas as obras. E deste modo, atender as certificações da ISO, de forma a construir espaços adequados com diferentes materiais atendidos pela normatização desse manual.
As construções na cidade de Medelín agora estão de acordo com o manual, que destaca o papel do concreto, pré-fabricado ou obras construídas no local, como matéria-prima dominante para a construção de espaços públicos. Seja em termos de estrutura ou em termos de acabamento. German ressalta: “o caráter orgânico das cidades torna pouco viável o uso de materiais de alto custo ou que sejam exclusivos para os espaços públicos exteriores”.
Como coordenar todos os elementos funcionais e construtivos de um projeto, para que estes atendam as necessidades de todos os cidadãos, incluindo os deficientes físicos e visuais? A única maneira de obter êxito foi a partir da elaboração do Manual de Desenho e Construção do Espaço Público, que se tornou obrigatório na cidade de Medelín, e é um grande passo na busca da normatização e na criação de critérios para a construção.
Brasil
Para German, “no Brasil existem obras de grande qualidade em matéria de espaços públicos, sejam eles históricos ou recentes. Mas, identifico temas que exigem atenção, são eles: a qualidade dos materiais e da construção, além da unificação dos critérios e normatizações utilizados em desenhos e plantas estruturais. A falta de clareza conceitual em muitos aspectos é um fator negativo para as obras no país”.
Os países da América Latina estão cada vez mais conscientes da importância das normatizações técnicas adequadas às diversas condições climáticas, uso do solo e outros fatores. Esses países estão enxergando além das fronteiras e estudando conjuntamente, além de trocarem experiências dentro e fora da América do Sul. E desta maneira, aproveitando o conhecimento adquirido e desenvolvido em outros lugares. Prova disso é que o Manual de Medelín serviu de base para a cidade de São Paulo revitalizar obras de passeios públicos e espaços comuns.
O documento proporciona uma nova visão sobre a cidade e acerca do desenvolvimento humano e urbano também. “O tema acessibilidade foi negligenciado por muito tempo. Não só no Brasil, mas em toda América Latina. Logo, surge a necessidade de tornar a cidade realmente habitável para todos. Incluindo os deficientes físicos como cidadãos plenos”, destaca German Madrid.
Já a execução de pré-fabricados em concreto serão cada vez mais importantes para aumentar a sustentabilidade das obras públicas e a redução dos serviços e custos de manutenção. “A partir de agora, as indústrias desenvolverão produtos derivados ou complementares ao concreto com características técnicas e estéticas especiais, potencializando assim o uso do concreto na construção dos espaços públicos com características próprias de cada cidade.
Entrevistado:
German G. Madrid
Currículo:
- Engenheiro civil e mestre em Ciências pela Universidade de Medelín.
- Foi Diretor do Departamento Técnico do Instituto Colombiano de Produtores de Cimento (ICPC).
- Consultor em pavimentos de concreto pré-moldados e espaços públicos, destinados a pré-moldados, designers, construtores, desenvolvido na América Latina.
- Co-autor do Manual de Design e Construção de Componentes do Espaço Público (MPE), que integra conceitos urbanísticos e técnicos para um trabalho coerente de desenvolvimento do espaço público, incluindo a atenção aos deficientes físicos.
- É membro honorário da Associação Argentina do Bloco de Concreto (AABH).
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Gestão de logística
Uma logística adequada pode aumentar a produtividade e reduzir custos das empresas
Por: Camila Braga e Marina Pastore
Para entender o que é logística, basta imaginar o que seria de uma empresa como os Correios, por exemplo, sem uma estrutura bastante organizada para receber, armazenar e entregar as correspondências. E é exatamente desta parte que a logística cuida. Em síntese, é possível dizer que gestão de logística se trata do processo de controle do fluxo dos produtos dentro da empresa, desde o momento da entrada até sua efetiva entrega ao destinatário final.

Edgar de Souza Júnior, gerente comercial e de logística da Rodolatina Transportes, acredita também que a logística pode ser definida como uma área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa.
O consultor de negócios Rogério Dequech, da consultoria GO4!, exemplifica: “em uma indústria, a logística inicia pela compra das matérias-primas, armazenamento e movimentação de estoques de produtos semi-acabados e acabados e o transporte dos produtos até os clientes”.
Para Dequech, ter uma gestão de logística adequada traz alguns benefícios relevantes para as empresas : “produtividade, velocidade no atendimento de pedidos e redução de custos, o que em última instância deve conduzir à fidelização e ampliação da base de clientes”.

A logística é necessária para praticamente todas as empresas. Algumas organizações são mais dependentes (varejo, distribuição e indústrias) e outras menos (serviços), mas a necessidade em se ter um departamento específico depende de cada caso, na opinião de Dequech. “Em empresas menores, para adequação de gastos, as atividades que compõem a logística podem ser tratadas pelas demais áreas”, sugere.
Como implantar?
Para implantar a logística em uma empresa, é preciso começar com um diagnóstico, através do qual se deve entender e desenhar os processos relacionados à gestão da cadeia de abastecimento da empresa, segundo Dequech.
Num segundo passo, é preciso analisar como melhorar a eficiência de cada uma das atividades que fazem parte da logística, automatizando e estudando a possibilidade de terceirizações. Procurar uma empresa que seja referência nesse assunto em seu setor de atividade também pode ser uma boa ideia para quem é iniciante.
Terceirizar ou não?
Algumas empresas optam entre terceirizar toda a parte logística ou apenas parcialmente. Na opinião de Edgar de Souza Júnior esta é uma estratégia que pode funcionar bem. “Por definição, qualquer atividade que não seja ‘fim’ de uma empresa é desejável que seja terceirizada, não só o transporte ou a logística. É melhor deixar alguém mais focado, que invista mais tempo e inteligência em atividades que são ‘meio’, responsável por esta tarefa. Com isso, a organização pode obter menores custos e melhor qualidade/produtividade”.
Já Dequech acredita que a terceirização da logística depende da atividade e do porte da empresa. Para ele, na maioria dos casos, gera maior eficiência com menor custo. No entanto, há setores da economia nos quais manter uma parcela de frota própria torna-se uma decisão estratégica. É preciso analisar se o preço do serviço não afetará a margem do negócio ou se irá comprometer o atendimento aos clientes.
Entretanto, Edgar adverte que o operador logístico terceirizado tem que realizar as atividades com qualidade superior e custo competitivo em relação ao que a empresa conseguiria. Esta é a lógica da terceirização.
Entrevistados:
Rogério Dequech
Sócio-diretor da Go4! Consultoria de Negócios. Atuou em cargos de diretoria nas empresas ALL, Delara e Perfipar, onde participou de movimentos de fusões e aquisições. Graduado em Engenharia Elétrica e pós-graduado em Computer Science e em Business. Possui MBA – Controller pela Universidade de São Paulo (USP) e MBA – ex pela St Jonh’s University, de Nova Iorque.
Contato: http://www.go4.com.br/
Edgar de Souza Júnior
Gerente comercial e de logística da Rodolatina Transportes. Engenheiro mecânico com pós-gradução em administração de marketing, trabalha há 15 anos na área de logística, tendo atuado no Consórcio Vale do Rio Doce/Cesa e na Rodolatina.
Contato: edgar@rodolatina.com.br