A inovação na construção civil

Industrializar a construção é preciso

Por: Michel Mello

A indústria da construção é uma das maiores responsáveis pelo crescimento econômico do Brasil na última década. Dados do Produto Interno Bruto (PIB) mostram que 18% do PIB brasileiro são resultados do bom desempenho do setor da construção civil. E não para por aí. Impulsionadas pelas linhas de crédito junto à Caixa Econômica Federal (CEF), os programas habitacionais do governo federal como o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e o Programa de Aceleração do Crescimento I e II (PAC I e PAC II), indicam que o crescimento deve manter-se. Mas para continuar em ritmo sustentável de crescimento é necessário que a indústria da construção se modernize e se industrialize.

Para o engenheiro civil e mestre em estruturas, Luiz Henrique Ceotto, diretor sênior de Projetos e Construção do departamento de Design e Construção (D&C) da Tishman Speyer no Brasil, afirma que, “a industrialização da construção significa um aumento de produtividade. E para isso é preciso mudar a mentalidade dos construtores e engenheiros no país”. Sobre inovações e industrialização do setor entrevistamos Luiz Henrique Ceotto.

Ceotto: São as gambiarras as principais responsáveis pelas patologias em obras

Por quais motivos a construção civil não se industrializa (moderniza)?
Ceotto:
O setor da construção pouco se industrializou. Esse desenvolvimento foi pequeno, tímido ainda. E acho que em virtude desses 30 anos de crise econômica que o país atravessou. Porque, de fato, apenas nos últimos cinco anos a economia brasileira respirou. Estamos ainda começando, veja, por exemplo, o aumento de renda média do trabalhador brasileiro, que melhorou, mas ainda está muito aquém de ser o ideal.

E com a indústria da construção é a mesma coisa porque ela depende de capital de financiamento intenso. Então isso se traduz em um medo generalizado do setor que leva a esse conservadorismo sectário. Principais obstáculos à industrialização do setor da construção civil:

Realidade econômica;
Baixa rentabilidade; e
Ciclos de produção muito longos.

O senhor cita métodos arcaicos e ultrapassados na construção. O que poderia ser feito pelas diversas entidades que congregam o setor para a efetiva modernização?
Ceotto:
Para modernizar a construção civil é necessário agir na formação dos engenheiros. Pois atualmente as universidades reproduzem ciclos arcaicos de formação. Então, em primeiro lugar é importante modernizar os cursos de formação, de pós-graduação e as especializações também. Criar iniciativas de joint-ventures entre empresas, universidades e centros de pesquisa. E ter essas mesmas iniciativas junto a empresas estrangeiras. E é preciso ter mais incentivos a pesquisa em novas tecnologias e sistemas construtivos.

A modernização do setor se trata somente de métodos e equipamentos?
Ceotto:
Basicamente se trata de processos integrados e componentes construtivos de forma integrada e sistêmica com relação às interfaces. É preciso pensar nas condições da obra. E deixar a mentalidade de “dar um jeito” ou “gambiarras” pra trás. Pois é desse tipo de pensamento que surgem as patologias. E desenvolver sistemas pré-engenheirados esquecendo a montagem de obra de maneira artesanal, além de desenvolver competências e sistemas de suporte.

Que argumentos persistem contra a industrialização do setor?
Ceotto:
O principal advento contra a industrialização do setor está na própria mentalidade. E essa mentalidade é reflexo de um histórico de mão de obra desqualificada e barata no país. A produtividade está ligada diretamente a isso. Talvez a partir da entrada em vigor da Norma de Desempenho, a NBR 15575 - Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos - Desempenho, as construtoras passem a praticar a uniformidade nos processos construtivos e nas obras de um modo geral. É importante que engenheiros e todos aqueles ligados à construção de um modo geral pensem para além do hoje e do momento. É preciso ter em mente o desenvolvimento do setor.

Entrevistado
Luiz Henrique Ceotto

Currículo
- Engenheiro civil graduado pela Universidade de Brasília (UnB).
- Mestre em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP).
- Diretor Sênior de Projetos e Construção departamento de Design e Construção (D&C) da Tishman Speyer no Brasil.

>>Contato: mfreitas@tishmanspeyer.com.br

Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

PELT 2020: Modal Aeroviário

Modernizar os aeroportos é urgente para o Paraná acompanhar o crescimento econômico do país  

Por: Michel Mello

Os aeroportos são terminais que contam com a infraestrutura de serviços necessários para o atendimento de aterrissagens e decolagens de aviões. Eles podem ser destinados ao atendimento de passageiros, para carga e como correio aéreo. O Paraná ocupa a 4ª posição em infraestrutura aeroportuária do país, com um total de 40 aeroportos públicos e, segundo dados de 2009 da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio e Assuntos do Mercosul, foi movimentado um total de 287 milhões de dólares nos aeroportos paranaenses. Apenas no primeiro trimestre deste ano foram 105 milhões de dólares.

Aeroporto Internacional Afonso Pena, Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu - Cataratas, Aeroporto de Londrina - Governador José Richa e o Aeroporto do Bacacheri são administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). E como andam a infraestrutura e os serviços dos aeroportos do estado? Essa resposta cabe ao Plano Estadual de Logística e Transportes (PELT 2020), que projeta ações estratégicas em intervenções intermodais de desenvolvimento para o Paraná nos próximos dez anos. São eles: modal rodoviário e modal hidroviário, modal ferroviário (publicados nas edições anteriores do Massa Cinzenta) e do modal aeroviário. Tratam-se de obras em infraestrutura e transportes necessárias ao fortalecimento da economia paranaense.

Afonso Pena

Afonso Pena: estão previstos um total de 6.294.129 passageiros embarcados e desembarcados no ano que vem

O Aeroporto Internacional Afonso Pena foi construído durante período da Segunda Guerra Mundial em 1945 em cooperação com o Departamento de Engenharia dos Estados Unidos e sua função inicial era de servir como base de apoio para as operações dos países aliados.  A partir de 1996 foram concluídas as obras do novo aeroporto internacional. Esse é o 8º maior aeroporto do Brasil em movimentação de passageiros.

Somando pousos e decolagens entre o período de julho de 2008 a julho de 2009, no Aeroporto Afonso Pena foram registrados mais de 72 mil (72.575) aviões e um total de 4.178.866 passageiros que embarcaram ou desembarcaram neste aeroporto. A altitude do aeroporto é de 991 m. São duas pistas, uma com 2.215 m de comprimento por 45 m de largura e a segunda menor com 1.800 m de comprimento por 45 m de largura.

Intervenções necessárias

Para ampliar o atendimento e acompanhar a demanda de crescimento é necessária a construção de uma nova pista com 3.400 m de extensão com capacidade para atender aeronaves de grande porte. Construção de pistas para o taxiamento de aeronaves (taxiways); ampliação dos terminais de cargas e de passageiros; além é claro de um estacionamento para as aeronaves. É necessária ainda a compra de novos equipamentos de auxílio à navegação como ALS (Approaching Landing System) e ILS 2 (Instruments Landing System).

Pallu: Estamos realizando estudos para o desenvolvimento do aeroporto e a implantação de uma nova pista de pousos e decolagens

Para o superintendente do Aeroporto Afonso Pena, Antonio Pallu: “O plano para investimentos em obras nos aeroportos da rede Infraero é contínuo e leva em consideração a demanda projetada para cada aeroporto, a visão estratégica do governo federal para o setor de aviação civil e as necessidades específicas de cada localidade. Entretanto, diante da definição das cidades-sedes dos jogos da Copa Fifa 2014, os empreendimentos  que devem ser realizados pela empresa tornaram-se motivo de atenção da opinião pública”.

“No Aeroporto Internacional Afonso Pena, localizado no município de São José dos Pinhais – região metropolitana da capital – a demanda projeta para o ano de 2015, segundo o Estudo da Demanda Detalhada dos Aeroportos Brasileiros que prevê um total de 6.294.129 passageiros embarcados e desembarcados”, conclui Pallu.

Investimentos até 2014 (clique na imagem para ampliar)

 

 

 

Ampliação do estacionamento de veículos

Localizado em frente ao terminal de passageiros, o estacionamento possui 680 vagas: 22 destinadas a pessoas com necessidades especiais e mobilidade reduzida, 34 para pessoas idosas e 36 vagas para motos. Em 2011, o estacionamento será ampliado e ofertará aproximadamente 2.200 vagas para veículos, com investimento de cerca de R$ 15 milhões. A licitação já foi aberta, o resultado foi apresentado e deverá ser homologado em janeiro de 2011.

Nova pista

Sobre a nova pista do aeroporto Pallu afirma: “No dia 05 de fevereiro de 2010 foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo do Estado do Paraná, o município de São José dos Pinhais e a Infraero. O termo tem por objeto a conjugação de esforços para aumento da área do Aeroporto Internacional Afonso Pena e a realização de estudos, planos, projetos e empreendimentos que visam o desenvolvimento do aeroporto e a implantação de uma nova pista de pousos e decolagens no local”.

Este documento prevê as fases a seguir:

- elaboração do Plano Altimétrico Cadastral da área a ser desapropriada;
- elaboração de memorial descritivo e avaliação do valor das unidades desapropriáveis;
- decretação de Utilidade Pública das áreas;
- projeto da nova pista e “taxiways”; e
- Estudo de Impacto Ambiental.

Cataratas

O Aeroporto das Cataratas recebe voos fretados de várias partes do mundo. Sua localização estratégica é potencialmente beneficiada em virtude a sua proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu (Parna do Iguaçu) e as Cataratas do Iguaçu.

Intervenções necessárias

O aeroporto das Cataratas precisa de uma nova infraestrutura totalmente reformulada que seja capaz de atender as linhas nacionais e aos voos fretados. A ampliação da pista é para atender a aviões maiores e a construção de estacionamento de aeronaves também se faz importante.

PELT 2020

O Plano Estadual de Logística de Transporte, o PELT 2020, trata do desenvolvimento intermodal para o estado do Paraná. O plano foi concebido pelo Conselho de Engenharia e Arquitetura do Estado do Paraná (Crea-PR), Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Paraná (Sicepot-PR), o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) em parceria com o Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e propõe linhas de desenvolvimento para o estado durante os próximos 10 anos.

Leia mais sobre o PELT 2020:
http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/plano-estadual-de-logistica-e-transporte-do-parana-2020/
http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/pelt-2020-modal-ferroviario/
http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/pelt-2020-modal-hidroviario/

Entrevistado
Antonio Pallu
Currículo
- Graduado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR).
-Superintendente do Aeroporto Afonso Pena.
 >> Contato: santos.cnpa@infraero.gov.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

Os desafios da gestão familiar

Empresas devem separar assuntos ligados à família e à organização

Por: Marina Pastore

As empresas regidas por uma gestão familiar possuem uma preocupação extra. Além de lidar com as questões relacionadas ao desempenho como produção e vendas, estas organizações ainda devem aprender a separar a relação familiar da empresarial.

Carlos Alberto Furiatto Esteves: É muito difícil perceber que a relação empresarial é bem diferente da relação afetiva da família

Na opinião de Carlos Alberto Furiatto Esteves, sócio-diretor da Go4! Consultoria de Negócios, o grande desafio para as empresas familiares é discernir os temas relacionados à família e aos negócios. “É muito difícil perceber que a relação empresarial é muito diferente da relação afetiva da família”, afirma.

Esteves também acredita que não há um modelo padrão de gestão familiar – tudo vai depender da estrutura da família, bem como seu tamanho e história de vida.

A sucessão

Um dos grandes impasses para as empresas familiares é a questão da sucessão. “Geralmente, a pessoa que construiu a empresa deseja que seus filhos deem continuidade ao seu trabalho. Mas antes de deixar a organização nas mãos deles é preciso avaliar se eles realmente querem fazer parte deste projeto. Existem estatísticas que mostram que as chances de fracasso na segunda geração são maiores, justamente por este motivo”, alerta Esteves.

A sucessão também exige uma preparação especial. “A partir do momento em que o herdeiro deseja tocar o negócio, já é um ponto favorável. Mas ele tem que passar por um processo de formação. Ele precisará aprender e se desenvolver. Por isso, deverá entrar em uma função mais baixa para começar a conhecer a empresa, mas sabendo que está em um contexto mais abrangente. E ele tem que ser reconhecido pelos outros funcionários como filho do dono e futuro proprietário da empresa”, comenta o sócio-diretor da Go4!.

Esteves ainda levanta uma questão que pode gerar ainda mais problemas na hora da sucessão: quando há mais de um possível sucessor. “Quando o presidente tem que escolher entre dois ou mais filhos para sentar na sua cadeira é um momento muito difícil. A decisão deve ser tomada como um empresário, mas muitas vezes aquele que não é escolhido pode encará-la como algo pessoal. Quando há agregados envolvidos, a situação pode ser ainda pior”, adverte.

“Primeiramente, este impasse deve ser resolvido e decidido dentro da família. Deve-se chegar a um consenso sobre o que é melhor para a saúde do negócio, que é a fonte de riqueza da família. É preciso analisar o perfil dos possíveis sucessores para ver quem é o mais indicado para assumir a presidência. Só depois que a questão for resolvida no âmbito familiar é que ela deve ser passada para a organização”, recomenda Esteves.

Para amenizar a dificuldade desta decisão, o sócio-diretor da Go4! sugere ainda a ajuda de  um mediador, alguém que entenda de relações familiares, como um terapeuta. “É importante ter a mediação, pois são muitos desejos, anseios e opiniões diferentes para lidar”, explica.

Conflitos de gerações

Outra situação comum nas empresas familiares é do pai conservador que barra as novas ideias do filho. Para Esteves, esta circunstância pode ser decorrente da história de vida desta família. “É o típico caso do pai que é visto como detentor de todo o conhecimento. Se a família não tem uma história de permissões, isto pode ser levado para a empresa”, ressalta.

O consultor da Go4! ainda faz uma analogia: “É como se um pai que dirige há muito tempo estivesse ao lado do filho que ainda não tem muita prática, vendo-o conduzir um carro. Dependendo do comportamento do pai, o herdeiro pode ficar mais ansioso ou mais confiante. O mesmo acontece com as empresas. É preciso deixar o sucessor experimentar e o pai precisa ter uma certa tolerância com as falhas, mas sempre estabelecendo limites para não criar grandes danos à organização”.

Entrevistado
Carlos Alberto Furiatto Esteves
- Graduado em Administração, com pós-graduação “Lato Sensu” em Produção e em Marketing. Possui também MBA em Finanças Corporativas.
- Conta com experiência de 15 anos nas áreas de produção, compras, planejamento, distribuição e gestão de negócios.
- Atualmente é Sócio-Diretor da Go4! Consultoria de Negócios.
- Já atuou em cargos de diretoria nas empresas Mattel do Brasil e ALL / Delara.
Contato: http://www.go4.com.br/

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Rodovia do Parque no Rio Grande do Sul em fase de terraplenagem

Investimento de R$ 1 bilhão pretende descongestionar tráfego da BR-116 em Porto Alegre

Por: Michel Mello
O traçado da Rodovia do Parque em amarelo

A BR-448/RS, mais conhecida como Rodovia do Parque, está em fase de construção dos seus 22 km. São três lotes de obras que estão com serviços dentro do cronograma e têm previsão de término para o mês de março de 2012. A Rodovia do Parque representa um investimento do Governo Federal da ordem de R$ 1 bilhão, entre obra, serviços e reassentamento de famílias. O projeto é de responsabilidade do consórcio formado por duas empresas: Magna Engenharia e Ecoplan S.A.

Esse empreendimento é o projeto rodoviário mais importante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC I), que está em andamento no Rio Grande do Sul. Quando estiver concluída, a BR-448 será uma alternativa que pretende descongestionar o tráfego da BR-116/RS entre Porto Alegre e o município de Sapucaia do Sul. Nesse trecho, o volume diário está estimado atualmente em 130 mil veículos/dia.

Projeto

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão do Ministério dos Transportes, elaborou um projeto moderno com vários diferenciais. A construção de duas pistas será dividida em dois segmentos distintos. No primeiro deles, que é localizado entre a BR-116 e a BR-386, serão construídas duas faixas de rolamento em cada sentido. No segmento seguinte, que vai até o entroncamento com a BR-290, estão previstas três faixas em cada sentido. A largura das faixas será de 3,6 m. Além disso, as pistas terão acostamento externo (3m de largura) e interno (1m de largura).

Destaques

Entre as adaptações do projeto, destaca-se a função simultânea de dique de contenção que a estrada também exercerá, para represar as águas do Rio dos Sinos.

Terraplanagem

A cota de terraplenagem foi calculada com base na maior cheia da história do rio, que ocorreu no ano de 1941. E prevê um volume total de terra da ordem de mais de 8 milhões de m³ que serão movimentados.
 
Para Luiz Antônio Didoné, coordenador geral contratado pelo DNIT através de contrato de gerencia do Trecho 3 da Rodovia do Parque, “o projeto de terraplenagem desta obra é bastante complexo e envolve vários tipos de soluções, conforme o segmento e lote da obra. Vai desde a solução mais simples, como a remoção completa do solo inadequado existente (solo mole) e sua substituição por areia, até a utilização de camada drenante com areia e implantação de drenos verticais em fibrosintéticos que têm por objetivo retirar, ao longo de um certo período, a água existente sob a plataforma da rodovia. Nas regiões onde o aterro é mais elevado, como é o caso das cabeceiras de obras de arte (pontes e viadutos), também é utilizada uma esteira chamada geogrelhas, que distribuem as tensões aplicadas ao terreno, por conta do peso do aterro”.

Didoné afirma que “a utilização de concreto está restrita somente para as pontes, viadutos e na parte elevada da rodovia, pois nesta região não existe a possibilidade de aplicação de pavimento rígido devido a existência de uma grande camada de solos compressíveis”.

Ponte estaiada

Execução de infraestrutura, com a armação e montagem de formas para construção do Viaduto V-01 do trecho 1 da obra

A BR-448 vai contar com oito viadutos. Outro exemplo de obra de arte especial é a ponte estaiada sobre o Rio Gravataí, que terá 330 m de extensão. Serão construídos acessos aos municípios gaúchos de Esteio, Canoas e Porto Alegre, além de um acesso exclusivo à zona industrial portuária localizada em Canoas.

Didoné explica “que se trata de uma ponte com 268 m de vão livre, composta por duas torres de sustentação principais com 75 m de altura em cada conjunto. Nessas torres passam os cabos de sustentação da plataforma. Apresenta uma beleza estética muito interessante. Sua principal vantagem, além do grande vão que pode alcançar, é a possibilidade de produção de vigas pré-moldadas concomitantes ao andamento da infra e mesoestrutura”.

“O consórcio construtor mobilizou um canteiro para produção dos elementos principais (vigas) que trabalha em turno contínuo. Os equipamentos para a produção de vigas e estacas é de alta tecnologia. A cura do concreto é acelerada por aquecimento controlado. Assim o prazo de produção é reduzido sem prejudicar a qualidade dos elementos construtivos”, enfatiza Didoné.

O reassentamento de famílias que habitam a faixa de domínio também está previsto na execução da obra, o que inclui um convênio com a Prefeitura Municipal de Canoas para a construção de 599 unidades habitacionais. No total, a construção da Rodovia do Parque vai gerar cerca de 3.300 empregos diretos, e somente para execução dos serviços serão investidos R$ 824 milhões.

>> Entrevistado
Luiz Antônio Didoné
>> Currículo
- Formado em Engenharia Civil pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL).
- Pós-graduado em segurança rodoviária pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
- Há 12 anos presta serviço para a Enecon S.A.
>> Contato: didone.luiz@ig.com.br

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Iluminação natural

Utilizar a luz solar diz respeito à eficiência energética, conforto visual e práticas sustentáveis

Por: Michel Mello

O planejamento das obras em arquitetura e engenharia contemporânea no Brasil precisa considerar os efeitos positivos da iluminação natural. Essa postura de relutância em projetistas se deve em parte à formação desses profissionais que vem de uma trajetória de ensino que pertence ao século passado. Não prevê, por exemplo, o advento das crises energéticas, a falta de investimentos nos setores de geração e distribuição de energia, a extrapolação dos recursos naturais.

Por não ter sido devidamente assimilada por teóricos, mestres e professores, ainda não foi transmitida aos canteiros de obras. Um reflexo disso é que apesar de toda a possibilidade de uso da luz solar, já que a iluminação natural é uma velha conhecida do homem – algo que remonta à pré-história do homem, ao tempo das grandes pirâmides, Stonehenge e outros megalitos – a grande preferência é por utilizar a iluminação artificial, que é mais cara e poluente.

Atualmente, no país, poucas são as edificações que se utilizam de claraboias, novas janelas, telhas transparentes e outras tecnologias que permitem a utilização da luz natural. A ruptura entre novo e velho em termos de edificações se dá de modo que nada do que diga respeito à funcionalidade do passado possa ser aproveitado pelo futuro. O conceito de modernidade exclui todo um passado baseado em estudo muito preciso sobre a trajetória dos corpos celestes.

Sigfrido F. C. G. Graziano Junior

Para o arquiteto e especialista em iluminação e conforto ambiental, Sigfrido Graziano Junior, “para a grande parte do nosso território, tropical, recomenda-se o uso da luz natural de forma indireta e difusa. A incidência direta nas superfícies envidraçadas pode trazer aumento de temperatura interna e é recomendável apenas nos locais onde há necessidade de ganho de calor, como em regiões frias do Brasil e locais de maior altitude. Existem atualmente vidros especiais com filtros que reduzem a carga térmica, mas também trazem redução da iluminação, tornando necessário o acionamento da luz artificial durante o dia. O que é um gasto de energia dispensável se a luz natural chegasse nos ambientes de forma adequada”.

Sobre iluminação natural, luz solar e novas tecnologias de conforto visual e térmico entrevistamos o arquiteto Sigfrido Graziano:

>> Como fazer para conscientizar os diferentes públicos e inserir o tópico: luz solar em obras de engenharia e arquitetura?
Sigfrido Graziano: Há diversos caminhos, que passam tanto pela conscientização como pela legislação e mercado. Pela legislação, existem normas – por ora recomendações – como o “Regulamento de Etiquetagem dos Edifícios”, do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), onde há incentivos para etiquetagem dos edifícios públicos, de prestação de serviços e que ainda é voluntário. Também há certificações como Selo da Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), ou Alta Qualidade Ambiental (AQUA), entre outros onde o uso da luz natural é um dos critérios a serem considerados. Aos poucos, os editais de projeto começam a exigir que as propostas tenham esses conceitos na sua elaboração até simulação computacional.

Os empreendedores já lançam edifícios que atendem aos requisitos de eficiência e sustentabilidade objetivando a valorização e também se observa que a venda de unidades com certificação é mais rápida, vantajosa e rentável. A conscientização começa pelo uso da luz como elemento de projeto e deve ser considerada desde a concepção da edificação e dos espaços. Isso faz parte da arquitetura bioclimática, eficiência energética e sustentabilidade. O corpo do projeto deve considerar todos esses aspectos.

>> Aspectos positivos da utilização da iluminação natural?
SG: Um argumento forte em prol da iluminação natural é a redução do consumo de energia. Ao se projetar adequadamente o uso da luz natural sem trazer aquecimento, atingimos dois aspectos principais:

- Elimina parte considerável da necessidade da iluminação artificial;
- Redução da necessidade de climatização em parte considerável do horário de uso do edifício.

Além disso, a radiação ultravioleta (UV), parte considerável da radiação solar, tem ação bactericida, que é recomendável para as áreas de longa permanência, como os dormitórios. Isso também é muito importante para hospitais e presídios, onde deve haver controle das doenças.

>> Quais são os benefícios sociais da iluminação natural dos ambientes?
SG: Há diversos benefícios quando esses conceitos são abordados no projeto como aspectos psicológicos e de qualidade visual. A característica de variação já é benéfica pelo acompanhamento do ciclo circadiano, ou seja, perceber a variação luminosa e cromática ao longo do dia.

A variação da luz também promove ajuste dos olhos, evitando a constância quando há apenas a iluminação artificial. O ambiente tem contato com o ambiente externo e isso é benéfico para sensação de pertencimento ao mundo, combatendo a claustrofobia. Também por isso diversos shoppings centers mais antigos já promoveram aberturas para o exterior.

>> De que trata a eficiência energética nos padrões de qualidade (ISO 14000)?
SG: A ISO 14000 é uma norma internacional que trata da gestão ambiental nas empresas. Muitas delas, para atender ao mercado globalizado, devem atender a essas normas internacionais e isso pode significar a sobrevivência da empresa. A certificação também traz necessidades de melhorias ano após ano. Assim, uma empresa certificada pela ISO 14000 em um ano deverá buscar melhorias em outro ano. O uso da luz natural e eficiência energética pode ser uma forma.

>> De que trata a redução de volumetria?
SG: Os planos diretores e códigos de obras definem áreas a serem ocupadas, taxas de ocupação, áreas verdes, áreas de preservação parcial. Muitas vezes há desrespeito desses conceitos, trazendo formação de verdadeiras barreiras para os ventos, para a luz natural e salubridade. É preciso observar que grandes volumes construídos podem trazer áreas urbanas mais escuras, sombreamentos excessivos, formação de áreas úmidas. O resultado pode ser áreas com micro-climas que tornam os ambientes dependentes de aparelhos de ar-condicionado constantemente ligados e luz artificial.

>> Quais os custos de manutenção com a luz artificial?
SG: A luz natural possibilita a desativação da luz artificial durante grande parte do dia, aumentando o período para troca de lâmpadas e reatores. Isso significa menos troca de equipamentos e profissionais para fazê-lo, menores interrupções, além é claro da economia na conta de energia.

A luz direta incide na prateleira de luz, ou lightshelf, que reflete para o teto e para o ambiente

>> O que são lightshelves?
SG: Há diversos elementos para bloqueio e redirecionamento da luz natural como brises, marquises, persianas, lightshelves (plural) e lightshelf (singular), que em inglês significam prateleiras ou estantes de luz. São alguns tipos de elementos de redirecionamento da luz natural. De forma indireta e difusa essa luz é benéfica, pois não traz a mesma carga térmica que ocorre quando há incidência solar nos vidros. Assim, a luz direta do sol pode incidir em elementos opacos e claros.

>> Pode quantificar a redução de custos em economia de energia elétrica em projetos?
SG:
Em estimativas realizadas, ao se adotar a luz natural para ambientes comerciais, há redução com a iluminação artificial e troca de lâmpadas em torno de R$ 15,00 por m² ao ano. Em termos de climatização é mais difícil e complexo chegar a um número, mas ao se reduzir a carga térmica, consequentemente há redução na necessidade de acionar os aparelhos de ar-condicionado.

>> Entrevistado
Sigfrido F. C. G. Graziano Junior
>> Currículo
- Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
- Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UFSC.
- Mestre em Engenharia de Produção/Ergonomia – área de Conforto Ambiental – Iluminação, com trabalho sobre o uso da luz natural em projetos, pela UFSC.
- Atua como Arquiteto e Engenheiro de Segurança do Trabalho na Caixa Econômica Federal.
- Realiza projetos residenciais, comerciais e institucionais, presta consultoria em projetos de eficiência e sustentabilidade e já atuou como professor em cursos de graduação e pós-graduação.
>> Contato: arqsig@terra.com.br

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Gestão à vista

Método oferece maior autonomia para a tomada de decisões

Por: Marina Pastore

Uma luz que acende indicando que um caixa precisa de ajuda no supermercado (chamado de andon), um cartão com informações sobre o tipo de peça e a quantidade a ser fabricado (kanban), um desenho ilustrativo, painéis informativos ou botons. Todos estes itens podem ser adotados pela administração de uma empresa, em um processo denominado gestão à vista.

Edwan Lima

Para o engenheiro eletrônico e consultor sênior da Inovar Gestão e Projetos, Edwan Lima, a gestão à vista pode ser definida através da expressão “uma imagem vale mais que mil palavras”. “Este método procura tornar as coisas mais transparentes dentro da empresa principalmente para os operadores de produção, pois possibilita saber de forma fácil e intuitiva como está o desenvolvimento do trabalho, a operação das máquinas, os resultados alcançados, entre outras informações”, afirma.

Esta forma de gestão é comumente encontrada em fábricas, mas também pode aparecer em outros ambientes. “O cidadão comum já utiliza e compreende bem esta prática, sem se dar conta disso. Mesmo sem nunca ter colocado os pés em ambiente fabril, é possível ter tido contato com este modelo há muito tempo, sem perceber. Eu considero o Post-it, por exemplo, o item mais popular da gestão à vista”, assegura o consultor corporativo, palestrante e especialista em Gestão do Conhecimento, Gilson Nelson Coelho.

Vantagens e desvantagens

Na opinião de Lima, “a gestão à vista pode ser considerada um poderoso meio de comunicação, simples e eficaz, que consegue transmitir a mensagem sem a necessidade de grandes investimentos em tecnologia. Desta forma, permite a maior autonomia dos colaboradores, facilita o acesso à informação e mexe com a cultura da empresa, derrubando muros e deixando-a mais aberta”.

O palestrante também afirma: “Se a informação está à vista do funcionário, isso permite que ele tome iniciativas, estabeleça correlações, se responsabilize por decisões. Tudo isso sem a presença do chefe imediato. Além disso, é uma ferramenta que possibilita a redução no volume de recursos empregados na produção”.

Entretanto, a empresa deve estar preparada para esta prática. “De que adianta um supermercado utilizar andons que indicam que um posto de caixa está necessitando de ajuda se não existem supervisores suficientes ou sem o devido preparo para resolver o problema do cliente?”, questiona Lima.

Gilson Nelson Coelho

De acordo com Coelho, a gestão à vista pode “assustar” também as chefias imediatas, quando os resultados das equipes não estão bons. “Sempre que o indicador está exposto e os números não são favoráveis, as chefias acabam tendo que fornecer explicações sobre as quais nem sempre possuem o domínio. Seria preciso investigar e eliminar as causas para resolver os problemas. Em vez disso, muitos preferem sumir com os indicadores. Por isso, o processo precisa ser estabelecido pelo alto comando da empresa”.

Modelo japonês

A Toyota é uma das empresas que mais difundiram o sistema de gestão à vista. “Ela é amplamente aplicada no ambiente fabril, sendo uma das principais ferramentas que fundamenta a filosofia Just in Time, também conhecida como Produção Enxuta, muito divulgada nos últimos tempos enfatizando o Sistema Toyota de Produção”, explica Coelho.

Lima completa: “A sua difusão está atrelada a este método, criado por volta das décadas de 50 e 60. Dentro desse sistema que prega a eliminação dos desperdícios e a melhoria contínua, a gestão à vista é uma ferramenta que ajuda na autonomia para a tomada de decisão e possibilita a realimentação rápida para combater os problemas”. 

Lima e Coelho concordam que o Japão possui grandes exemplos de gestão à vista. O consultor sênior da Inovar Gestão e Projetos exemplifica: “Ao visitar uma fábrica no Japão, notei que havia um quadro no qual os colaboradores colocavam seu destino quando saiam da sala. Ao lado do nome de um dos funcionários, havia uma etiqueta indicando fogo. O engenheiro que me acompanhava explicou que o colega no dia anterior havia saído e esquecido o cigarro aceso. Dessa forma, ele estava recebendo um ‘alerta’ a respeito de sua atitude. Isso foi muito mais eficaz que qualquer memorando”. 

Coelho, por sua vez, relata que o seu primeiro contato com a gestão à vista foi em 1992, também em visita ao Japão. “Na maioria das fábricas que visitei tudo o que necessitava de medição e monitoramento estava diante dos funcionários. Tudo sempre estava disposto em grandes painéis ou pequenos recursos visuais colocados em posições estratégicas, à vista de todos. Eles consultavam voluntariamente os indicadores, mas também recebiam explicações das chefias. Constantemente eles conferiam os avanços, parabenizando ou manifestando preocupação sobre algo que insistia em não melhorar”, conta.

Case: Belgo

Edwan Lima cita como exemplo de gestão à vista a empresa Belgo, do Grupo Arcelor. Vencedora do Prêmio Nacional da Qualidade de 2006, a organização possui salas de gestão à vista tanto para a fábrica quanto para o escritório. Estes ambientes servem para comunicar o plano estratégico, que inclui indicadores, metas e projetos.

>> Entrevistados:
Edwan Lima
- Engenheiro Eletrônico.
 - Mestre em Gestão Empresarial .
- Doutorando em Engenharia de Produção e Sistemas pela Universidade do Minho – Portugal.
 - Atua em Gestão da Qualidade, Gerenciamento de Projetos e Inovação, como consultor e professor.
- Atualmente é Consultor Sênior da Inovar Gestão e Projetos.
>> Contato: edwan_lima@yahoo.com.br

Gilson Nelson Coelho
- Formado em Administração pela Universidade da Região de Joinville (Univille).
- Pós-graduado pelo Centro Universitário FAE.
- Consultor Corporativo, palestrante e especialista em Gestão do Conhecimento.
- Atuou em projeto de Consultoria Capacitação Corporativa Continuada na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).
- Atuou na Direção Comercial da Varejo Farma e Distribuição.
- Participou de projetos nas áreas recursos humanos, produção e logística, passando por Santa Cruz (distribuidora), Busscar, Caribor, Consul S.A. (hoje Multibrás), entre outras.
- Fez parte da Missão Brasileira para Aprofundamento da Qualidade no Japão e Coreia.
>> Contato: www.gilsoncoelho.com.br

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Prédio de 15 andares é construído em seis dias

Na China, uma edificação de 15 pavimentos foi construída em apenas seis dias. Com a fundação pronta, a estrutura foi feita em materiais pré-moldados

Qual é o tempo de construção de um prédio de 15 andares? Na China, uma edificação de 15 pavimentos foi construída em seis dias. A fundação já estava pronta e a estrutura do prédio estava concluída em menos de 48 horas. O restante do tempo foi usado para o acabamento da obra.

O edifício é o Hotel Arca em Changsha e demorou somente seis dias para ser concluído, e isso graças aos materiais pré-fabricados utilizados a partir do momento em que a construção foi definida. Depois bastava colocar cada peça em seus respectivos lugares.

O empreendimento apresenta conforto térmico de acordo com normas chinesas, sua construção está dentro das leis ambientalmente corretas. O edifício possui nível 9 de segurança contra terremotos, as paredes são a prova de som, possui isolamento térmico, a iluminação é toda de LED, além de um sistema que garante a circulação do ar, com três níveis de purificação.

Os moradores da cidade de Changsha (长沙), na China, tiveram uma grande surpresa: em seis dias, a partir de uma fundação nasceu um novo hotel. O edifício é moderno, com isolamento térmico e acústico e capacidade para resistir a eventos sísmicos. O segredo dessa construção é que os componentes foram pré-fabricados e depois montados no local.

Changsha é a capital da província de Hunan. A cidade se localiza as margens do rio Xiang, na zona centro sul da China. O município tem uma área de 11.819 quilômetros quadrados e uma população de 6.017.600 (2003 estimativa intercensitário), a área urbanizada, tem cerca de 2,7 milhões de pessoas.

Veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=0_O1LeMQ3A8

Fonte: Tecnisa Idéias

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Os desafios da engenharia militar

Os desafios da carreira da engenharia que vão além dos canteiros de obras

Por: Michel Mello
A engenharia militar atua na execução de algumas das obras do PAC

O Massa Cinzenta inaugura uma série sobre profissões em que retrata os vários segmentos de mercado onde atuam os profissionais da engenharia. Para inaugurar esta série começamos com o perfil do engenheiro militar. Esse profissional tem a missão de desenvolver tecnologia no âmbito de defesa estratégica e tecnológica. Também atuam em obras como construção e ampliação das rodovias, a transposição do rio São Francisco e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

 

IME

Para atender ao desenvolvimento da questão tecnológica e militar no país, o Exército Brasileiro (EB) criou o Instituto Militar de Engenharia (IME), resultado da fusão da Escola Técnica do Exército com o Instituto Militar de Tecnologia, isso no ano de 1959.

O instituto se destaca por ter formado inúmeras gerações de engenheiros, civis e militares, que em muito contribuíram para o desenvolvimento da engenharia nacional. Não só no desempenho exclusivo da atividade profissional, mas também na qualidade de professores ou mesmo de fundadores de instituições de ensino espalhadas pelo Brasil.

A admissão aos cursos de graduação é oferecida tanto a militares, oriundos da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), quanto a civis, com escolaridade correspondente ao Ensino Médio, e realizada através de dois concursos de admissão distintos. O acesso aos cursos de pós-graduação é feita através de um processo de seleção acadêmica e exame médico.

Atualmente, o IME forma oficiais engenheiros militares da ativa e da reserva, sendo que a graduação em engenharia tem a duração de cinco anos junto à formação militar, que dura o mesmo tempo, para os optantes pela carreira e de um ano para os optantes pela reserva. Além disso, o instituto também admite engenheiros, homens e mulheres formados em instituições civis.

O coronel do Quadro de Engenheiros Militares (QEM), Marcelo Eschiletti Caldas Rodrigues, especialista em engenharia elétrica, fala que tinha o “desejo de ser engenheiro, mesmo antes de ingressar na Academia Militar das Agulhas Negras”. Atualmente o coronel serve no Departamento de Engenharia e Construção (DEC), em Brasília (DF).

Missões

Para o engenheiro militar, “as missões mais marcantes foram aquelas realizadas na África, em virtude das condições enfrentadas. Uma lição aprendida foi a humildade, após a conclusão do curso de mestrado, quando constatei que a falta de conhecimento técnico não é motivo de vergonha e, sim, motivação para a busca das soluções”.

Atualmente, o coronel Eschiletti participa do processo de reestruturação do DEC e de um estudo sobre a viabilidade de implantação de um sistema de monitoramento do consumo de energia no Exército Brasileiro.

Ele destaca que na carreira de engenheiro militar não conheceu a rotina. “Tenho exercido as mais diferentes funções, em diversas organizações militares. O Exército me proporcionou um curso de graduação, um de pós-graduação e cursos na área de gerenciamento. Foram apresentados desafios e oportunidades de exercer minhas atividades na área de formação”, enfatiza o coronel.

“A carreira do engenheiro militar oferece várias oportunidades em termos de capacitação profissional, vários tipos de atividades: ensino, pesquisa, atuação como engenheiro de campo ou como projetista, em diversas áreas da engenharia (civil, elétrica, eletrônica, telecomunicações, mecânica, cartografia, computação, química, materiais), e a possibilidade de morar em diferentes regiões do país e, em alguns casos, inclusive no exterior” esclarece.

Atuação

Atualmente, existem engenheiros de fortificação e construção (engenharia civil) trabalhando na Missão de Paz, no Haiti; nas obras de duplicação da BR – 101 e nas obras de interligação do Rio São Francisco com as bacias do Nordeste Setentrional, no nordeste; nas obras da BR – 319 e BR – 163, na Amazônia; nos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo; São Gonçalo do Amarante, em Natal; e no Porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina etc.

“Temos engenheiros mecânicos e de materiais trabalhando no desenvolvimento da nova família de carros blindados do Exército; engenheiros de computação desenvolvendo sistemas de gerenciamento e de apoio à decisão, quer na área administrativa, quer na área operacional; engenheiros mecânicos, eletrônicos e de telecomunicações trabalhando em fábricas e arsenais ou desenvolvendo pesquisas no Centro Tecnológico do Exército, no Rio de Janeiro; engenheiros cartógrafos realizando inúmeros projetos ao longo de todo o território nacional. Enfim, o leque de oportunidades da engenharia militar é bastante amplo”, conclui o coronel Eschiletti.

Aluno

Heymann: Acredito que a formação militar é importante, pois ela transmite valores fundamentais, como a disciplina e a hierarquia, dois princípios básicos da carreira

O primeiro tenente Rafael Rocha Heymann, aluno do último ano, do curso de Engenharia Eletrônica do IME, afirma que “desde cedo eu tive interesse na carreira militar. Paralelo a isso, sempre tive facilidade nas matérias da área de exatas, como matemática e a física, além da curiosidade referente ao funcionamento, em termo de hardware, dos computadores e equipamentos eletrônicos em geral. Daí o desejo em realizar o curso de Engenharia Eletrônica”.

Heymann enfatiza, “desta forma, vi no IME uma oportunidade de alcançar estas duas metas profissionais. Somado a isso, acredito que seja gratificante pesquisar, projetar e produzir equipamentos úteis para a força, visando o desenvolvimento e a soberania nacional”.

Sobre o curso de formação ele diz: “Vários aspectos positivos são responsáveis pela tradição do IME em formar engenheiros de alto nível. Eu diria que os recursos humanos, selecionados através de um dos mais difíceis vestibulares do país, é o fator principal que o destaca em relação às outras instituições de formação de engenheiros”.

Formação militar

“Acredito que a formação militar é importante, pois ela transmite valores fundamentais, como a disciplina e a hierarquia, dois princípios básicos da carreira. Além disso, aprendemos a ter uma postura adequada como militares do Exército Brasileiro, mantendo o respeito, a camaradagem e a seriedade. Com o passar dos anos, a vivência nos ensina outras duas características importantes: a iniciativa e o bom senso” destaca o aluno. “No contexto geral, gosto muito do conceito de turma que é valorizado nas escolas militares. No âmbito do meu curso, engenharia eletrônica, eu gosto de poder trabalhar com a produção tecnológica cada vez mais presente na vida do ser humano, a eletrônica, bem como acompanhar a sua evolução tecnológica”, conclui Heymann.

Serviço militar

A vida no IME começa antes mesmo de ser aluno. Na adaptação, os estudantes têm o primeiro contato com a vida militar, aprendendo condutas básicas, começando a fazer ordem unida, executando o primeiro tiro de fuzil e, por fim, realizando a cerimônia de entrada pelos portões. No decorrer dos anos, a vida acadêmica é marcada por muito estudo.
 
Outro momento marcante ocorre no início do terceiro ano, quando os alunos saem do ciclo básico e escolhem a sua especialização: engenharia eletrônica, elétrica, telecomunicações, de computação, mecânica de armamento, mecânica de automóveis, materiais, cartográfica, de fortificação e construção ou química.

Atividades militares

“Durante o curso de formação de oficial, temos as atividades militares que incluem: apresentações e provas referentes às normas e regulamentos próprios da atividade militar; atividades e avaliações físicas constantes com formaturas gerais”, ressalta Heymann. “Também realizamos anualmente um acampamento em que ocorrem os treinamentos militares, onde executamos tiro de fuzil e pistola. Treinamentos para desfiles em dias festivos. Culminando, no último ano, com a cerimônia de encerramento e saída pelo portão como formandos”, esclarece.

Sobre as dificuldades o tenente Heymann conclui: “acredito que a grande dificuldade para o aluno no IME é conciliar a atividade acadêmica com a atividade militar. Pois, além do alto grau de exigência e dificuldade das avaliações na parte acadêmica, vivemos numa disciplina militar, com suas normas, condutas e atividades peculiares”.
 

Origem

Em 15 de janeiro de 1699, o Rei de Portugal sancionou uma Carta Régia que criava um curso de formação de soldados técnicos no Brasil Colônia. Esse curso tinha por objetivo capacitar os soldados nas técnicas de construção de fortificações, a fim de promover a defesa da colônia contra as incursões de outras nações.

Em 1795, foi criada no Recife (PE) uma Aula de Geometria, acrescida, em 1809, do estudo de cálculo integral, mecânica e hidrodinâmica, lecionados pelo Capitão Antonio Francisco Bastos. Essa aula existiu até 1812.

Engenharia Militar no Brasil

A Academia Real Militar, com data de fundação de 1811, mudou de nome quatro vezes: Imperial Academia Militar, em 1822; Academia Militar da Corte, em 1832; Escola Militar, em 1840; e Escola Central, a partir de 1858. Ali se formavam não apenas oficiais do Exército, mas, principalmente, engenheiros, militares ou civis, pois a Escola Central era a única escola de engenharia existente no Brasil.

>> Entrevistados:
Coronel do Quadro de Engenheiros Militares Marcelo Eschiletti Caldas Rodrigues
>> Currículo:
- Graduado em engenharia elétrica pelo Instituto de Engenharia Militar (IME).
- Pós-graduado em engenharia elétrica na Universidade de Brasília (UnB).
- Oficial de Gabinete do Ministro do Exército.
- Serviu como engenheiro da Seção de Engenharia do Departamento de Operações de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU).
- Assistente do Chefe do Departamento de Engenharia e Construção do Exército (DEC).
>> Contato: dec@dec.eb.mil.br

Primeiro tenente Rafael Rocha Heymann
>> Currículo:
- Aluno do quinto ano do curso de engenharia elétrica do Instituto Militar de Engenharia (IME).
>> Contato: depq@ime.eb.br

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Copa 2014: Estádio do Mineirão inova sem perder suas características fundamentais

Readequação do estádio se deve a excelente qualidade do projeto original

Por: Michel Mello
Imagem do Complexo da Pampulha com os estádios do Mineirão e Mineirinho modernizados

O Estádio Governador Magalhães Pinto, ou Mineirão, é o segundo maior estádio de futebol do Brasil em tamanho, ficando atrás apenas do Maracanã. O projeto de construção da arena é da década de 1940 e surgiu com a ideia de construir em Belo Horizonte um estádio para acompanhar a evolução do futebol no estado de Minas Gerais. A partir do anúncio das cidades sede da Copa 2014, a escolha de Belo Horizonte foi uma opção considerada certa, devido às qualidades e características do projeto do Mineirão. A partir daí, houve a seleção das propostas onde foi escolhido o escritório Gustavo Penna Arquitetos Associados, que teve a consultoria da empresa alemã Von Gerkanm Marg und Partners (GMP).

Para o arquiteto Ricardo Gomes Lopes, coordenador do Projeto Arquitetônico do Novo Mineirão do escritório Gustavo Penna Arquitetos e Associados, “o novo projeto representa uma mudança de paradigma ocorrida na forma de se assistir a partidas de futebol – que vem de um esporte que é voltado para espectadores. Quem vai ao estádio, quer uma experiência diferenciada, antigamente o Mineirão comportava em torno de 120 mil espectadores. Após as reformas, esse número cairá pela metade, serão 68 mil cadeiras, mas os torcedores contarão com mais conforto, serviços e maior proximidade do campo de jogo”.

Ricardo: A qualidade do projeto original permitiu uma readequação completa do estádio que pode ser modernizado sem perder as suas características originais

O novo Mineirão continuará como o segundo maior estádio do Brasil. Ainda está previsto a revalorização de área urbana de Belo Horizonte e contribuição para recuperação do Conjunto Arquitetônico e de Lazer da Pampulha.

No passado, o estádio foi construído utilizando-se amortecedores para o anel superior da arquibancada. Essa característica fez com que, a partir de movimento das torcidas, o estádio nesse setor vibrasse. “O novo projeto prevê acréscimo lateral nas vigas de sustentação do anel superior, além da adição de cabos protendidos que aumentam a força de tensão da estrutura”.

Havia problema em relação a um desnível existente entre as alas oeste e leste do estádio. Para a adaptação da arena às especificações da Fédération Internationale de Football Association (Fifa) esse desnível foi completamente retirado. Na fase atual estão acontecendo obras de rebaixamento do gramado, que chegaram até o bloco de fundação do estádio. Esse trabalho é bastante complexo e envolve a contenção de blocos e corte de cintas. 

 

 Elipse

A elipse será mantida no anel superior. No anel inferior será feita uma reconfiguração das arquibancadas para, desta forma, aproximar os assentos do campo em cerca de 30 metros, adequando-se aos mais modernos padrões internacionais que são recomendados pela Fifa.

Sustentabilidade

A sustentabilidade é um elemento essencial e indispensável para as obras da Copa 2014. As obras do projeto de modernização do Estádio Governador Magalhães Pinto estão na fase que prevê a demolição de estruturas e o rebaixamento do campo de jogo e, em acordo com o conceito de Estádio Verde, todos os resíduos resultantes dessas intervenções estão sendo reaproveitados.

Serão realizadas:

Reaproveitamento da água de chuva para irrigação do gramado, jardins e limpeza das áreas externas;

• Geração de energia elétrica através da captação de energia solar, por meio de células fotovoltaicas instaladas na cobertura existente e na nova cobertura;

• Reaproveitamento dos resíduos da construção civil no próprio canteiro de obras;

• Incentivo ao transporte público, através de dois terminais de ônibus no empreendimento, e às formas alternativas de transporte, como bicicletas (bicicletário) e vagas preferenciais para car pool (dois ou mais passageiros por veículos);

Retrofit de edificação – nesse conceito edificações mais antigas podem ser remodeladas para novos usos. É também uma atualização tecnológica de um elemento ou espaço existente ao invés de se construir algo novo;

• Locais de convívio público em áreas abertas e em contato com áreas verdes como esplanada e áreas adjacentes externas;

Iluminação de alta eficiência e baixo consumo (LED) e sistema elétrico inteligente;

• Reaproveitamento do calor do sistema de ar-condicionado para aquecimento de água dos vestiários de jogadores e sanitários da área VIP;

• Sistemas de válvulas de descargas com duplo acionamento e torneiras com fechamento automático;

• Sistema de coleta seletiva de lixo e armazenamento de resíduos sólidos.

Modernização do estádio

A modernização do Mineirão prevê o rebaixamento do gramado em 3 m, a demolição da geral e do anel inferior de arquibancadas. Além disso, o projeto conta com um novo anel inferior de cadeiras, mais próximo do gramado que avançou em cerca de 30 m em relação ao projeto original. Isso garante melhores condições de visibilidade do campo de jogo. Destaque também para a nova cobertura sobre o novo anel inferior, em estrutura metálica e policarbonato translúcido, complementar à cobertura de concreto existente.
 
No setor oeste, serão construídos dois níveis para assentos VIP e VVIP com camarotes e assentos diferenciados, áreas de apoio exclusivas, lounges executivos, restaurantes e acessos independentes. Haverá a criação de uma esplanada pública em todo o entorno do estádio no nível de acesso pela Avenida Abrahão Caram.

Está prevista também a criação de dois pavimentos em níveis abaixo da esplanada, aproveitando-se o desnível do terreno, para estacionamentos, áreas comerciais e de apoio ao funcionamento do estádio com acessos pelas avenidas Oscar Paschoal, Abrahão Caram e Avenida C. O contato destas áreas com as avenidas lindeiras permite que as áreas comerciais possam ter funcionamento independente durante os dias de jogo e assim garantir outras formas de sustentabilidade econômica para o empreendimento.

Fachada

O arquiteto Ricardo Gomes destaca: “A arquitetura do estádio do Mineirão e sua imagem são consideradas referências iconográficas, como imagens ou pinturas, que representam a cidade de Belo Horizonte. Além disso, o conjunto do estádio e o Mineirinho são tombados em conjunto com o Complexo Arquitetônico da Pampulha. Por isso, não pode haver alterações na vista a partir da lagoa. Portanto, a fachada não pode ser modificada e todas as novas intervenções devem estar restritas ao interior do estádio ou, externamente, abaixo do nível do tombamento, que foi parâmetro conceitual determinante para o projeto de modernização”.

Os pórticos existentes também serão recuperados estruturalmente, o acabamento será feito em concreto aparente e revitalizado com preenchimentos de fissuras superficiais, polimento e aplicação de proteção das superfícies em poliuretano bicomponente, a base de água, transparente, com proteção antigrafite.

Torcedores

O padrão Fifa considera o conforto dos torcedores como algo fundamental. Por isso, a obra prevê:

• Novos acessos ao estádio com entradas exclusivas e separadas para veículos e pedestres;

• Estacionamento com 3.900 vagas para veículos, sendo 3.200 cobertas;

• Criação de esplanada de público em torno de todo o estádio. Área controlada e segura contando com acessos aos estacionamentos, sanitários, áreas de apoio para venda de bebidas e alimentos, áreas para montagem de palcos e realização de eventos pré-jogo;

• Criação de novas áreas de circulação de público no anel inferior e otimização destas áreas no anel superior com áreas de apoio, novos sanitários e lanchonetes, seguindo os padrões internacionais recomendados pela Fifa;

• Serão 100% dos lugares em assentos (eliminação da geral), sendo 95% cobertos. Todos serão numerados, ergonômicos e feitos em um resistente material à base de polímero inquebrável e à prova de fogo. Os assentos VIPs serão mais largos e confortáveis e os assentos da arquibancada superior se fecham automaticamente assim que o ocupante se levanta;

• Segurança das rotas de emergência ligadas entre o campo e as vias de trânsito. Novos postos policiais, todos com acesso independente e seguro a partir do piso térreo e com vista para a área de jogo, podendo assim controlar a comunicação com os espectadores. Controle total da entrada de torcedores, com catracas eletrônicas, a partir do acesso à esplanada onde é feito o primeiro controle e realizadas as revistas. Segundo ponto de controle nos portões de acessos aos diversos setores. Monitoramento por câmeras de segurança de todas as áreas internas e das áreas externas no entorno imediato ao estádio.

Cronograma

O cronograma atual está em dia e se encontra na fase de finalização da segunda etapa de obras, que é o rebaixamento do gramado e demolição da geral. O término da obra está previsto para dezembro de 2012.

A quantidade de concreto utilizada é 154.100 m³, e de aço serão 12.450 toneladas. De acordo com o planejamento da obra, a estimativa é de que média de operários durante a 3ª etapa de obras seja de 1.188 homens. Sendo que o pico máximo de operários deve atingir os 2.258 homens. Vale destacar que o número de operários é estimado pelo Governo de Minas e é apenas um referencial. O valor total da obra está orçado em R$ 743,4 milhões.

O foco das intervenções, que acontecem até o final deste ano, está na demolição de estruturas e na remoção de terra. A previsão é de que a demolição da geral e de parte da arquibancada inferior gere aproximadamente 3,8 mil m3 de concreto e 1,4 mil m2 de alvenaria. Já o rebaixamento do campo de jogo, 90% concluído, implicará a retirada de 68,8 mil m3 de terra. Ao todo, estima-se que serão utilizados 5.700 caminhões para a retirada de todo o entulho gerado durante as obras.

>> Entrevistado
Ricardo Gomes Lopes
>> Currículo
- Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
- Coordenador do Projeto Arquitetônico do Novo Mineirão pelo escritório Gustavo Penna Arquiteto e Associados.
>> Contato: ricardo@gustavopenna.com.br

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Vaso sanitário em argamassa de cimento

Projeto pode ser uma alternativa para Habitações de Interesse Social (HIS)

Por: Michel Mello

O vaso sanitário de argamassa de cimento pretende ser uma solução para reduzir custos em projetos de habitação popular. Nessas Habitações de Interesse Social (HIS) ele pode substituir o vaso de cerâmica, aproveitando a argamassa de cimento, abundante nos canteiros de obra. Essa solução agrega valores estéticos, bom desempenho hidráulico (6 litros) com baixo custo e atende as mesmas normas técnicas que as louças sanitárias.

Déficit habitacional

A falta de acesso ao saneamento básico está entre as causas dos baixos índices de qualidade de vida da população brasileira. Os esgotos a céu aberto, falta de fossa séptica e a poluição dos recursos hídricos são agravantes dessa situação. O Brasil possui um déficit habitacional de mais de 20 anos. Esse atraso em relação às moradias é um dos responsáveis pela criação dos bolsões de pobreza, favelas e cortiços nos centros urbanos e em grande parte das cidades brasileiras. Para acabar com essa mazela social surgem os programas de financiamento habitacional, como o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) do governo federal que procura ampliar o acesso à moradia da população.

Desenho

Munz: A produção dos vasos sanitários em argamassa de cimento através da forma de fabricação torna possível a produção com preços abaixo do mercado

A ideia do vaso foi tema de um Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Federal do Paraná (UFPR), dos alunos Denis Munz e Lígia de Azevedo Cafruni, no ano de 2003. Para Denis Munz, “através da forma de fabricação desse vaso é possível a produção de vasos sanitários com preços abaixo do mercado. Isso é o ideal para os projetos do Programa Minha Casa Minha Vida, principalmente, nas categorias que vão de zero a três salários mínimos, onde a margem de lucro das construtoras é bastante reduzida”.

O vaso em argamassa de cimento também atende aos critérios da categoria Volume de Descarga Reduzida (VDR 6 litros).“Um ponto bastante importante que foi considerado neste projeto é o uso racional da água e a possibilidade de oferecermos um produto que possui custos acessíveis e que também pode ser produzido através de mutirões”, destaca o designer.

“Também realizamos um estudo histórico da questão sanitária no Brasil e no mundo, onde acompanhamos o desenvolvimento do saneamento e da evolução dos vasos sanitários. E não foi preciso muito estudo para constatarmos os problemas de saneamento básico”, destaca Munz.

ABNT

Foram realizados ensaios técnicos do projeto de acordo com a ABNT NBR 9060 (atual NBR 15097:2004 – Bacia sanitária – verificação do funcionamento – Método de ensaio), que deram respaldo técnico à produção do modelo.

Cimento

Modelo do vaso sanitário em argamassa de cimento

Para a produção do vaso sanitário em argamassa de cimento recomenda-se a utilização dos critérios e normas recomendadas pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Boletim Técnico ABCP BT-113, BT-126.

O cimento utilizado é do tipo CP V-ARI – Cimento Portland de alta resistência inicial – que possui maior velocidade de cura e resistência. O tempo de cura do cimento tipo ARI é menor que o do cimento convencional. “Escolhemos esses materiais, a argamassa de cimento tipo ARI, devido ao seu ótimo comportamento estrutural e sua versatilidade de aplicação”, esclarece Munz.

Vaso

Para a fabricação do vaso em cimento é necessário a produção de um molde de fibra de vidro que pode ser reutilizado. São necessários dois moldes: um interno, para o sifão, e outro externo bipartido, para o corpo da bacia sanitária. Esse molde bipartido em duas seções é fechado por meio de parafusos.

Após a cura da massa, cerca de 24 horas, o vaso pode ser desmoldado para receber o acabamento, onde é passada uma espuma úmida e outra camada de cimento para tampar possíveis imperfeições. Depois de seco o vaso é lixado e fica com seus cantos arredondados. Cada vaso sanitário utiliza aproximadamente 9 litros de argamassa e o custo final fica em torno de R$ 40,00.

Para a utilização, o vaso deve secar durante uma semana e, após esse processo, recebe a pintura em qualquer cor desejada. A tinta nesse caso cumpre dois papéis, estético e  impermeabilizante. É recomendada a aplicação de revestimentos. Foram considerados aspectos ergonômicos para a fabricação do vaso em argamassa de cimento que difere apenas no material da fabricação do vaso de cerâmica.

>> Entrevistado
Denis Munz
>> Currículo
- Graduado em Desenho Industrial pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
- Aluno de Arquitetura e Urbanismos da Universidade Tuiti do Paraná (UTP).
- Ambiente da Brinquedoteca da Casa Cor 2008.
>> Contato: denismunz@hotmail.com

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