PELT 2020: Modal Hidroviário

25 de outubro de 2010

PELT 2020: Modal Hidroviário

PELT 2020: Modal Hidroviário 150 150 Cimento Itambé

Desenvolver o potencial portuário e hidroviário no estado do Paraná é uma das metas do plano

Por Michel Mello

É preciso repotencializar o corredor de exportação do Porto de Paranaguá.

Modernizar os portos de Paranaguá e Antonina e desenvolver as vias hidroviárias, essas são as urgências e também sugestões do Plano Estadual de Logística e Transporte (PELT 2020). O plano tem o objetivo de pensar o desenvolvimento do estado do Paraná dentro dos próximos 20 anos em quatro bases intermodais: rodoviário, hidroviário, ferroviário e aeroviário. Esse PELT foi proposto pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-PR), Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), e Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Paraná (Sicepot).

O estado do Paraná amarga ao menos duas décadas sem investimentos em infraestrutura e transporte. Com o desenvolvimento de programas do governo federal, já existem investimentos aprovados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC I e PAC II) e as demandas do Pré-sal. Com isso, se evidencia a urgência do estado ter suas metas e necessidades definidas em um plano estratégico, capaz de ser realizado dentro dos próximos dez anos.

Somente no ano de 2009, o Porto de Paranaguá movimentou mais de 36 milhões de toneladas, entre importações e exportações. E, com isso, gerou uma receita com exportações superior a US$ 14 bilhões. Foram movimentados mais de 163 mil veículos e mais de 604 mil  contêineres. O Porto de Paranaguá gera pelo menos 16 mil empregos diretos. O terminal de cargas é o principal gerador de empregos na cidade e o total de trabalhadores envolvidos, somando aqueles com carteira assinada e autônomos, empregos diretos e indiretos, é mais que a metade da mão de obra formal na cidade apontado em agosto pelo Ministério do Trabalho e Emprego, totalizando 27,5 mil postos.

O embasamento do plano está calcado em dados econômicos e pesquisas, que identificaram gargalos que evitam o crescimento econômico do Paraná. Um dos aspectos positivos do PELT 2020 está em criar uma projeção de futuro e desenvolvimento tão necessários ao estado.

Ações propostas pelo PELT 2020 a serem desenvolvidas:

Desenvolver o Plano Portuário do Paraná
Desenvolver um plano de desenvolvimento portuário para o estado considerando ações no Porto de Paranaguá, Porto de Antonina e a construção de um porto em Pontal do Paraná. Ampliar a navegação hidroviária no estado a partir de três vias navegáveis. Um entrave a esse desenvolvimento é a falta de zoneamento portuário definido para o estado.

Ações de desenvolvimento no Porto de Paranaguá:
– ampliação do cais oeste;
– reforma do cais;
– dragagem, manutenção e aprofundamento dos canais de acesso ao porto;
– construção de um novo silo de grãos.

Ações de desenvolvimento do Porto de Antonina:
– dragagem e aprofundamento dos canais de acesso;
– ampliação do cais de Antonina;

Ações de desenvolvimento da Ponta do Poço (Pontal do Paraná):
– construção do terminal portuário de cargas e descargas em Pontal do Paraná.

Desenvolvimento hidroviário:
– utilizar os rios com potencial navegável;
– esse incremento traria soluções em transporte, irrigação e energia.
    
Seriam três vias navegáveis:   
– Rio Ivaí;
– Rio Paranapanema/Tibagi;
– Rio Paraná.

Mário Stamm Júnior

Sobre o PELT 2020, infraestrutura e logística de transportes no estado, o Massa Cinzenta entrevista o Secretário Estadual de Transportes, Mário Stamm Júnior, que falou sobre Banco de Projetos do Estado do Paraná e as estratégias para o desenvolvimento do setor.
 
>> Como desenvolver as hidrovias no Estado? Existe um plano para isso acontecer?
Mário Stamm Júnior:
Em 1882 a exploração da madeira e da erva mate impulsionou a navegação no Rio Iguaçu entre Porto Amazonas e União da Vitória. Anteriormente, ocorreram tentativas em outros rios como o Tibagi. E o Rio Ivaí foi estudado como uma via natural para a comunicação com o Mato Grosso. Em resumo, uma via de transportes se consolida por razões econômicas ou estratégicas. Hoje, as estradas cobrem todo o estado, as ferrovias estão em boa parte do Paraná e em rios estratégicos existem barragens para a geração de energia. É o caso dos rios Paraná e do Iguaçu. Mesmo assim, a Secretaria dos Transportes analisa as possibilidades do Rio Ivaí se tornar navegável. Ele corta o estado em diagonal, das imediações dos Campos Gerais até desembocar no Rio Paraná no noroeste do estado. Evidente que serão necessárias eclusas, mas esse tipo de transporte não pode ficar de fora do planejamento governamental por ser a matriz que consome menos combustível e que mais preserva o meio ambiente.  

>> Em se tratando de portos, o que existe de fato em relação à criação do Porto de Pontal do Paraná?
Stamm:
A Secretaria dos Transportes acompanha as atividades da administração dos portos de Paranaguá e Antonina e vê com bons olhos a instalação de um porto organizado em Pontal do Paraná. O local oferece um ótimo calado com opção para atender os grandes navios que não podem acessar a baia de Paranaguá. Atualmente, a Secretaria Estadual dos Transportes do Paraná (SETPR) estuda uma nova via para atender o futuro terminal. Quanto a sua efetivação, cabe ao governo que assumir em janeiro próximo uma definição. Pode haver a intervenção direta do estado ou a construção pode ser definida por uma Parceria Público-Privada (PPP) junto à iniciativa criada. De qualquer forma, toda a região sul brasileira precisa de terminais marítimos para múltiplos propósitos em Paranaguá e Antonina e de um porto hub em Pontal do Paraná.
     
>> Quais são os principais gargalos no Porto de Paranaguá e o que precisa e pode ser feito para solucionar essa questão?
Stamm: Os terminais marítimos paranaenses (Antonina e Paranaguá) desempenharam ao longo do tempo um importante papel na logística estadual de transportes. Atenderam a chegada dos colonizadores e mercadorias em um primeiro momento; foram fundamentais para a exportação da erva mate e da madeira a partir do século XIX e, posteriormente, do café. Nas últimas décadas, atenderam com eficiência o embarque da soja e outros produtos agrícolas, até a movimentação de veículos e contêineres. Hoje é preciso repotencializar o corredor de exportação para aperfeiçoar o embarque de grãos e criar condições viárias para o acesso aos terminais de caminhões transportando contêineres que é o tipo de transporte que mais cresce e que tem maior valor agregado. Também é preciso definir a área retroportuária que possibilitará o crescimento ordenado dos terminais. Em outros modais é preciso implantar o segundo traçado da linha férrea Paranaguá – Curitiba e implantar a Rodovia Interportos que passará pelos terminais paranaenses. A nova via com características de autoestrada, ligará a BR 101 na fronteira do Paraná com Santa Catarina com a BR 116 ao norte de Antonina.

>> Quais são as principais ações da SETR para desenvolver a infraestrutura viária e dotar o Paraná de uma melhor logística de transportes?
Stamm: O primeiro passo é buscar a integração entre todos os modais. E, paralelamente, promover o desenvolvimento de cada um deles. No modal aéreo estamos preocupados com novas pistas e equipamentos para os aeroportos de Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá e fazer o balizamento e manutenção das pistas espalhadas por todo o interior do estado. No modal ferroviário estamos estudando a mudança no modelo operacional da Ferroeste para que todos os clientes possam trafegar pela estrada de ferro. No modal rodoviário estudamos a mudança de classes nas rodovias troncos e a implantação de novas estradas. E no modal marítimo, a busca de agilidade operacional. Tudo isso, depende de projetos e para tanto estamos finalizando a implantação de um Banco de Projetos que balizará o crescimento da infraestrutura paranaense.


Entrevistado
Mário Stamm Júnior
Currículo
– Secretário Estadual dos Transportes do Paraná (SETPR).
– Engenheiro civil pela Universidade Mackenzie.
– Doutor em Transportes pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
– Professor titular de Transportes da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
– Coordena estudos e grupos de trabalho em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), CREA-PR, IEP, e Sicetop.
Contato: mariostamm@hotmail.com

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
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