Nova classe C não para de crescer e muda paradigmas do setor imobiliário
É ela quem move o mercado consumidor atualmente no Brasil e, prestes a se tornar maioria, exige qualidade. Entre seus sonhos, o da casa própria é prioridade
Por: Altair Santos
Entre 2008 e 2010, cerca de 13,3 milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe C no Brasil. A informação está no estudo "Os Emergentes dos Emergentes", que a Fundação Getúlio Vargas fez para o Construbusiness 2010 (Seminário da Indústria Brasileira da Construção). O levantamento mostrou que em 2003 a classe C representava 66 milhões de habitantes, atualmente está em 95 milhões e em 2014 deverá chegar a 113 milhões, tornando-se maioria no país. Por conta desta alteração na pirâmide social, está mudando também o padrão de consumo dos brasileiros.

Atento ao movimento, o setor imobiliário passou a atender esse nicho com produtos diferenciados e desenvolvidos exclusivamente para suprir as necessidades habitacionais da nova classe C. Marketing, recursos, investimento em pesquisa e tecnologia construtiva foram revistos diante da mudança de paradigmas imposta pelo mercado. A ponto de atualmente quase todas as grandes construtoras do país contarem com braços empresariais para atender exclusivamente o segmento popular.
Trata-se de algo bem diferente do que vivia o setor da construção civil até 2005, quando o mercado imobiliário sobrevivia da oferta de imóveis para as classes A e B. “Hoje, impulsionada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, a classe C passou a ser a grande protagonista da construção civil na área residencial”, avalia o economista Márcio Falcão, consultor do Data Popular – Instituto de Pesquisa especializado em apurar dados sobre a população emergente do Brasil.
Segundo o Data Popular, a nova classe C começou a surgir de 2001 para cá. Emergiu das classes D e E e, sufocada por restrições ao crédito e pela baixa renda, vivia com recursos limitados. A partir do momento em que a oferta de crédito se expandiu e a renda começou a aumentar, ela emergiu com demanda reprimida pelo consumo, com destaque pela casa própria. “Na lista de prioridades da classe C está a formação dos filhos e a complementação dos estudos, seguida pela aquisição da moradia”, explica Márcio Falcão.
Para o economista do Data Popular, o que surgiu desta nova classe C é um consumidor cuja palavra-chave é “custo-benefício”. “É uma classe que busca ser atendida bem e que exige produtos de qualidade acima de tudo”, diz, alertando que o fabricante que confunde o consumidor emergente com aquele que poderia ser atendido com um produto de qualidade inferior pode ter problemas. “Se uma empresa pensa que vai vender um produto de qualidade inferior para este público corre sério risco de não ser dar bem. Estudos mostram que a propaganda boca a boca é muito mais forte neste grupo, tanto para elogiar quanto para criticar”, acrescenta Márcio Falcão.
Perfil
De acordo com dados da mais recente Pesquisa de Amostra Domiciliar (Pnad), a nova classe C tem renda familiar de R$ 1 mil a R$ 4 mil por mês. Ela é majoritariamente urbana (89%) e, em sua maioria, está em três regiões brasileiras: Sul (61%), Sudeste (59%) e Centro-Oeste (56%). O percentual da população nessa camada social é maior em cidades de pequeno porte (45%), com menos de 100 mil habitantes, do que em regiões metropolitanas (32%) e em cidades de médio porte (23%).
Composta por maioria feminina (51%) e branca (52%), a nova classe C é predominantemente adulta, com mais de 25 anos (63%), e 99% de suas crianças e adolescentes (7 a 14 anos) frequentam a escola. Ainda de acordo com o Pnad, seis em cada dez pessoas da classe C estão empregadas. A maioria tem registro formal (42% com carteira assinada e 11% como funcionário público); 19% trabalham sem registro; outros 19% trabalham por conta própria; 3% são empregadores; e 6% não são remunerados. O perfil de formalização da classe C (53%) está acima da média nacional (47%). “Trata-se de uma classe que veio para ficar e que vai cada vez mais ter influência na economia do país”, finaliza Márcio Falcão, do Instituto Data Popular.




Entrevistado
Márcio Falcão, consultor do Instituto Data Popular
Currículo
Economista formado pela FAAP, com mestrado em economia pela PUC-SP.
Contato: sabrinah@datapopular.com.br (assessoria de imprensa)
Crédito: Divulgação/Data Popular
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Vulnerabilidade exige produção de 300 mil profissionais de TI até 2012
Brasil é um dos mais ameaçados na área de tecnologia da Informação e precisa reagir rápido. Recentes ataques a sites governamentais comprovam isso
Por: Altair Santos
Pesquisa de março de 2011 divulgada pela Unisys – empresa mundialmente conhecida na área de Tecnologia da Informação - revela que o Brasil ocupa um surpreendente segundo lugar no índice geral de desconfiança em relação à internet. Entre as 14 nações pesquisadas, o país manteve-se à frente apenas da Colômbia. Na divisão por áreas, os brasileiros mostram-se bem preocupados com roubo de dados pessoais (77%), vírus e emails indesejáveis (43%) e compras on-line e internet banking (36%).

Na avaliação do presidente da APETI (Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação) Kleber Rodrigues Júnior, o Índice de Segurança da Unisys, como se intitula a pesquisa, revela que o brasileiro está tomando consciência de que a utilização da internet requer cuidados. “O Brasil é um dos países mais visados, mas o nível de imprudência está caindo. Com o avanço da utilização da internet as pessoas começam a ficar mais cuidadosas, mais maduras neste sentido, principalmente as novas gerações” avalia.
No entanto, o especialista alerta que nenhuma pessoa ou nenhuma corporação está totalmente segura na internet. A prova está nos recentes ataques a sites governamentais no Brasil, na invasão ao site da Sony, onde milhares de contas de usuários foram violadas, e até na tentativa de burlar a segurança do Google. “O risco tende a aumentar, a partir do momento em que tudo isso for levado para a nuvem, sem ter sistemas que possam nos garantir segurança”, diz, referindo-se ao Cloud Computing (Computação em Nuvem) uma espécie de rede virtual de servidores que armazenariam todos os dados disponíveis na internet.
Segundo Kleber Rodrigues Júnior, essa vulnerabilidade projeta para o Brasil, segundo dados do ministério da Ciência e Tecnologia, a necessidade de o país produzir até 2012 mais 300 mil profissionais de Tecnologia de Informação (TI) para dar conta da demanda nacional. “Só a cadeia produtiva da construção civil tem demandado muitos profissionais desta área. A saída talvez seja formar técnicos em TI, como tem feito a FATEC (Faculdade de Tecnologia de São Paulo) que tem cursos com duração de dois anos para abastecer o mercado”, analisa o presidente da APETI.
Entre os 10 em TI
Desde 2010, o Brasil integra a lista dos 10 países que mais investem em Tecnologia da Informação. Ao lado da China, é o único dos emergentes que faz parte desse grupo. A lista é encabeçada por Reino Unido, Alemanha, França, Suécia, Holanda, Finlândia e Estados Unidos. O Brasil está em 9.º lugar e já ultrapassou a Austrália. No investimento global em TI, o país ocupa a fatia de 2,1% - o ideal é que até 2014 duplique esse percentual. Hoje, as instituições financeiras brasileiras são as que mais investem no setor.
Entrevistado
Kleber Rodrigues Júnior, presidente da APETI (Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação)
Currículo
Graduado em Administração de Empresas pela FASP (Faculdades Associadas de São Paulo) com ênfase em Análise de Sistemas
Pós-graduado em Administração de Empresas pela INPG (Instituto Nacional de Pós-Graduação) em São José do Rio Preto
Cursou Planejamento Estratégico pela FGV, em São José do Rio Preto-SP
Contato: kleber@kpconsulting.com.br / www.kpconsulting.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Para engajar jovens, lideranças precisam ter estratégia definida
No Brasil, um dos desafios das empresas é obter comprometimento de trabalhadores com idade entre 18 e 29 anos. Especialista avalia que isso passa pelo modelo de gestão
Por: Altair Santos
Estudo global conduzido pela GfK - empresa de pesquisa de mercado - aponta que um dos desafios das corporações é obter o engajamento de jovens trabalhadores entre 18 a 29 anos. Na pesquisa, que envolveu 29 países, o Brasil desponta com um índice de comprometimento de 20%. É o 7.º na lista, a frente de Portugal, Alemanha, Reino Unido e Bélgica. Segundo a consultora em recursos humanos Maria Inês Felippe, quanto mais uma empresa tem um modelo de gestão preparado para receber esse tipo de trabalhador mais ela vai conseguir bons resultados. “A palavra de ordem é treinar lideres e trabalhadores neste novo cenário para saber lidar com a diversidade”, explica.

Maria Inês Felippe avalia que o caminho para obter comprometimento dos jovens é despertar neles “motivação e paixão”. “Se não existirem esses dois fatores o engajamento não acontece. Em se tratando de jovens em formação, cabe à liderança provocar tais sentimentos. São os dois lados da moeda: em um está o jovem, com seus valores, interesses e atitudes; no outro, a empresa, que também tem valores, interesses e atitudes. A conciliação disso se faz através do respeito em relação ao ser humano”, explica a consultora, afirmando que em corporações que praticam assédio moral e bullying, independentemente da faixa etária, o que se consegue é o desengajamento.
Analisando outro ponto destacado pela pesquisa da GfK, que é a questão do conflito de gerações, Maria Inês Felippe procura desmistificar o que o mundo corporativo passou a rotular de geração Baby booner, geração Y ou geração X. “Se a empresa tiver um estilo de liderança voltado para o engajamento, ele vai saber não só prevenir os conflitos como resolvê-los criativamente. É preciso buscar pontos de convergência. Volto a reforçar: não devemos nos preocupar somente com o jovem trabalhador, mas com todos”, diz, alertando que sem uma política de convergência as corporações correm o risco de sofrer com a alta rotatividade do trabalhador jovem – o turnover.
Para evidenciar essa tendência, o estudo da GfK mostra que 61% dos jovens trabalhadores acreditam que há oportunidades de carreira para eles, mas muitos acham que só vão encontrá-las em outro lugar – ou em outro país. Seis em cada 10 jovens trabalhadores (58%) estão procurando por um novo emprego ou estarão nos próximos seis meses e 41% estão dispostos a emigrar para encontrar um novo trabalho. Ainda no Brasil, 77% dos entrevistados acham que há oportunidades disponíveis para eles no mercado, 28% estão ou estarão procurando por um novo emprego nos próximos seis meses e 53% mudariam para outro país em busca de um emprego melhor. Além disso, 55% considerariam trocar de carreira.
São números que evidenciam que um dos pontos-chaves para o jovem trabalhador é conseguir o equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal. Como resultado dessa tendência, a pesquisa revela que, no Brasil, 59% dos que têm idade entre 18 e 29 anos estão em busca deste equilíbrio. Segundo Maria Inês Felippe, a estatística demonstra que engajamento não tem muito a ver com oferta de emprego ou boa fase econômica. “Engajar profissionais não é somente em função do aquecimento da economia. Ele é, sobretudo, uma questão de estratégia empresarial”, completa.
Sobre a pesquisa
A GfK International Employee Engagement Survey foi realizada internacionalmente pela GfK. Ela inclui as opiniões de 30.556 adultos, que trabalham em 29 países e foram entrevistados entre 8 de fevereiro e 4 de abril de 2011, usando os seguintes meios: online, telefone, pessoal ou outra técnica de entrevista adequada para o país.
Criado há mais de 75 anos na Alemanha, o grupo GfK é a 4ª maior empresa de pesquisa de mercado do mundo. Com 115 subsidiárias, está presente em mais de 100 países nos cinco continentes. No Brasil, é a 4ª maior empresa de pesquisa, com 23 anos de atuação no mercado. Entre seus clientes, estão Unilever, Ambev, Schincariol, Coca-Cola, Pernod Ricard, Nestlé, Kraft, L`Oreal, Avon, Nívea, Colgate, SC Johnson, Mattel, Whirlpool (Brastemp), Vivo, TIM, Claro, Motorola, Nextel, Grupo Santander, HSBC, Bradesco, Itaú Unibanco, Mapfre, Leroy Merlin, Editora Abril, Roche, Boheringer, Nycomed, Wyeth, Novartis, GM, Volkswagen, Ford e Nissan.
Para mais informações acesse: www.gfkcr.com.br
Entrevistada
Maria Inês Felippe, consultora, palestrante e especialista em RH
Currículo
- Psicóloga pós-graduada em Administração de Recursos Humanos
- Mestre em Criatividade e Inovação Aplicada pela Universidade de Santiago de Compostela, Espanha. Realizou também o Training Course on Solving Human & Organizational Problems for Brazil, no Japão
- É autora do livro 4 C’s para Competir com Criatividade e da Inovação, lançado no CONARH 2007, pela Editora Qualitymark, e co-autora de cinco livros
- Vice-presidente de Interação ABRH Nacional com Academias
- Palestrante convidada da Faculdade de Fernando Pessoa (Portugal), professora de graduação e pós-graduação: FAAP, INPG (Instituto de Pós-graduação) e MBA Instituto Chiavenato (SP)
- Professora convidada pela USP no “Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais”, do Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores da Polícia Militar do Estado de São Paulo
- Membro atuante em entidades como ABRH e ABTD
- Criadora e Gestora do Prêmio APARH - Revista Vencer! de Criatividade nas empresas e do 1.º Fórum de Inovação Aplicada ao Negócio
Contato: mariaines@mariainesfelippe.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Trecho leste do Rodoanel terá inovações construtivas
Ponte de 11 quilômetros será erguida pelo sistema “encontro leve estruturado” para causar menos impacto ambiental. Obra é estratégica para economia paulista
Por: Altair Santos
A experiência adquirida durante a construção dos trechos oeste e sul do Rodoanel será usada para dar mais celeridade às obras do trecho leste, que começam em setembro de 2011. O empreendimento é o terceiro de quatro etapas do sistema viário que contorna o município de São Paulo, criado para desafogar o tráfego de veículos pesados da área urbana da maior metrópole do país.

O novo trecho terá 43,5 quilômetros de extensão e será estratégico para a economia paulista, pois vai ligar as cinco rodovias do trecho oeste (Bandeirantes, Anhanguera, Raposo Tavares, Castello Branco e Régis Bittencourt) ao sistema Anchieta-Imigrantes e, consequentemente, ao Porto de Santos. Diferentemente de outras etapas do Rodoanel, a parte leste teve um modelo de licitação com menos encargos, o que permitirá pedágios mais baratos.
Outra inovação é que o trecho, previsto para ser concluído em 36 meses, terá obras menos impactantes para o meio ambiente. Por exemplo, para atravessar a transposição das várzeas dos rios Guaió e Tietê o consórcio responsável pela construção - o SPMar – optou por erguer uma ponte com 11 quilômetros de extensão pelo sistema “encontro leve estruturado”.
A literatura sobre engenharia ensina que esse modelo construtivo consiste de fundação com estacas de 70/80 t, com um bloco de ancoragem, de onde nascem os pilares, com 7 m a 15 m de altura no máximo. A meso-estrutura é complementada com uma viga que serve de apoio para a laje (moldada in loco), com comprimento máximo de 8 m a 10 m.
Túnel de 1.100 m
O trecho leste do Rodoanel cortará sete municípios da região metropolitana de São Paulo: Guarulhos, Suzano, Arujá, Ribeirão Pires, Poá, Itaquaquecetuba e Mauá. Além da ponte sobre a região de Suzano, outra intervenção da engenharia para poupar áreas de preservação será a construção do túnel na região de Mauá, que desviará o Parque Ecológico da Gruta de Santa Luzia.
Com 1.100 metros de extensão, o túnel terá a rocha removida transformada em pedra britada para utilização no pavimento. Como nos trechos anteriores do Rodoanel, o leste também dará prioridade ao pavimento em concreto, por causa do grande fluxo de veículos que as pistas receberão. Estima-se 12 mil por dia, com projeção de que 60% voltado para o transporte de carga.
O consórcio responsável pelo trecho ainda não tem projeções sobre o volume de concreto a ser empregado na obra. No entanto, a opção será pela produção dos pré-moldados de concreto em usinas que serão instaladas próximas aos locais de uso das peças.
Antes desta etapa, o consórcio precisa da desapropriação de 16,7 milhões m² de área, nos sete municípios onde o trecho leste vai passar. Para essa etapa serão gastos R$ 1,1 bilhão. O custo total da obra está orçado em R$ 5,1 bilhões.
Para realocar quase 900 imóveis, entre rurais e urbanos, a SPMar estabeleceu parcerias com as prefeituras dos municípios por onde a obra vai passar. “Nós ficaremos três anos nessas cidades realizando a construção. E essa aproximação se faz necessária, uma vez que, seremos todos parceiros dessa grande obra”, disse o presidente do consórcio, Sérgio Santillan.
Um dos atrativos para os municípios que serão cortados pelo trecho leste do Rodoanel é a geração de empregos. A concessionária estima criar em torno de seis mil postos de trabalho diretos e perto de 27 mil indiretos. Os canteiros de obras já estão em fase final de conclusão e quando as obras começarem, 10 frentes de trabalho simultâneas vão atuar ao longo do trecho.
Especificações técnicas do trecho leste do Rodoanel de São Paulo
Obras de Arte
Superestrutura
- Moldada no local sobre escoramento direto
- Com tabuleiro composto por vigas pré-moldadas
- Executadas pelo método dos balanços sucessivos
Obra de Arte Especial
Infraestrutura
- Na presença de solos moles
- Com estadas escavadas com lama bentolítica
- Com tubulões em ar comprimido
- Com estacas metálicas
Pavimentação
- Pavimento rodoviário com o mínimo de 4 faixas, 2 faixas em cada sentido, com os seguintes revestimentos: placas de concreto de cimento Portland, concreto asfáltico modificado por polímeros e concreto asfáltico com adição de borracha SMA (Stone Mastic Asphalt)
Túneis
- Túnel rodoviário com o mínimo de 4 faixas, 2 faixas em cada sentido, compreendendo escavações em 1ª, 2ª e 3ª categoria de material

Entrevistado
ARTESP (Agência de Transporte do Estado de São Paulo)
Concessionária SPMar
Contatos: imprensa@artesp.sp.gov.br / www.artesp.sp.gov.br / luiz.ferreira@gwacom.com (assessoria de imprensa)
thiago.manolio@gwacom.com (assessoria de imprensa)
Crédito Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Construção civil pode ser importante indutor da sustentabilidade
Setor já trilha a linha da economia verde na área residencial, mas precisa de maior engajamento da construção pesada, avalia especialista da Fundação Getúlio Vargas
Por: Altair Santos
Pesquisa recentemente encomendada pela MIT Sloan Management Review – revista norte-americana especializada em sustentabilidade e inovação - mostra que mais da metade da cadeia produtiva da construção civil (54%), a nível global, já adota estratégias de sustentabilidade. Para a coordenadora do Programa Finanças Sustentáveis e Sustentabilidade Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberta Simonetti, trata-se de um sinal positivo, mas é preciso mais. “É importante engajar a outra metade. No caso do Brasil, principalmente a construção pesada”, diz.

Segundo a especialista, convencer esse segmento da construção civil é crucial para que o setor torne-se indutor da sustentabilidade no país. “A construção civil, por depender do uso de uma série de produtos carbointensivos de grande impacto ambiental, pode ser um bom indutor de melhorias nos demais segmentos. O problema é que, especialmente na construção pesada brasileira, o setor concentra-se num pequeno número de grandes empresas que, aparentemente, ainda não estão muito dispostas a mudar a forma de atuação”, avalia.
Simonetti analisa que no Brasil o setor de construção residencial já iniciou um movimento em direção à sustentabilidade, mas é pouco se comparado com países desenvolvidos da Europa. “Há um movimento natural de países desenvolvidos, com um elevado nível de educação e com poucos recursos naturais, em buscar novas tecnologias. Países que não possuem reservas de petróleo e nem grandes rios para gerar energia hidrelétrica saem na frente”, afirma.
Holanda e Alemanha são exemplos, por estarem investindo em construções de casas capazes de absorver calor de forma eficiente no inverno, reduzindo a necessidade da energia fóssil e de energia nuclear. “A eficiência energética é outro ponto de grande relevância quando se fala da contribuição que a construção civil pode dar. Até 75% da energia consumida por um edifício está na fase pós-construção. Se todas as construtoras considerassem a melhor tecnologia disponível para a redução do consumo de energia ao longo do ciclo de vida de um edifício, poderíamos chegar a uma redução estimada entre 25 e 30% da demanda energética do setor”, calcula.
Roberta Simonetti, no entanto, avalia que faltam incentivos governamentais para estimular a construção civil a dar passos mais rápidos em direção a práticas sustentáveis. “Isso tem um custo que, quando incorporado ao preço de um imóvel, o torna mais caro do que os concorrentes não-sustentáveis. Se existissem políticas claras e eficazes de incentivo à eficiência energética, que tornassem esse cenário menos distorcido, as construções sustentáveis ganhariam espaço”, completa.
Falta consenso sobre o que é sustentabilidade
Na entrevista a seguir, a coordenadora do Programa Finanças Sustentáveis e Sustentabilidade Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberta Simonetti, analisa que, assim como o Brasil, boa parte do planeta ainda está procurando entender os conceitos de sustentabilidade. Para ela, falta consenso, o que torna o discurso um e a prática outra. Confira:
Os líderes empresariais parecem já ter percebido a importância de adotar políticas de sustentabilidade nas corporações. Mas até que ponto o discurso e a prática têm andado juntos?
Alguns líderes perceberam e já iniciaram um movimento crescente, porém ainda não é uma visão amplamente difundida. Dentre aqueles que adotaram tais práticas, nem todos as aplicam da mesma maneira, com a mesma profundidade e intensidade. O caminho da sustentabilidade nem sempre é uma escolha autêntica. Ouvimos dizer: “Não importa se a escolha é por convicção ou por conveniência, o importante é fazer”. Eu discordo em parte, pois na minha visão apenas a escolha por convicção é capaz de induzir a verdadeira mudança. Uma escolha por conveniência está sujeita a ser deixada de lado, caso não seja mais “conveniente”. Um fato é que não existe um consenso, uma visão e compreensão uniforme do que seja sustentabilidade. Por isso alguns preferem descrever o que nos torna insustentáveis. O TNS (“The Natural Step”) fala em quatro condições sistêmicas, ou seja, quatro condições para que o nosso sistema seja sustentável. Mas poucos líderes, de fato, levam isso em consideração e realmente a sério. Três destas condições estão relacionadas ao ambiente físico, à biosfera, que é onde se desenvolve a vida: “Aumento sistêmico da concentração na biosfera de substâncias extraídas da crosta terrestre e de substâncias produzidas pelo homem e a degradação por meios físicos”. A quarta condição fala sobre a sociedade e a capacidade das pessoas de satisfazer suas necessidades. Em outras palavras, o modelo econômico atual se baseia na contínua (e crescente) transformação de recursos (naturais ou minerais) em bens. Tal processo, como todos os demais, gera perdas que convencionamos chamar de resíduos.
Ou seja, o discurso é um e a prática é outra.
A falta de sintonia entre discurso e prática é fato e pode ter diferentes causas. Pode ser a simples atitude de marketing, uma ação superficial por pura conveniência momentânea, ou talvez uma incoerência devido à falta de compreensão e de visão de como as coisas estão correlacionadas. Um exemplo contundente é o fato de que, apesar de sabermos dos limites físicos do planeta, tanto de prover recursos como de absorver resíduos – dos quais, muitos que produzimos sequer podem ser “reciclados pela natureza” - continuamos a falar em crescimento, aumento de produção, aumento de consumo. Isso é insustentável. É a contraposição entre crescimento e desenvolvimento, pois nada no mundo, na natureza, cresce indefinidamente. Todos os seres vivos, produto de bilhões de anos de evolução, crescem até certo ponto e depois “apenas” se desenvolvem. A única coisa que cresce (fisicamente) dentro de nós são os tumores, um sinal de que algo está muito errado.
Envolver todos os processos, da diretoria ao chão da fábrica, passando pela cadeia de fornecedores, parece ser o grande dilema para que programas de sustentabilidade funcionem na prática dentro das corporações?
Existe o lado físico da sustentabilidade, relacionado às questões mencionadas acima. Mas tão importante quanto, é o lado social. Um dos pilares da sustentabilidade é a complexidade, onde todos os elos estão interligados, onde todos se influenciam mutuamente. Cada um tem um importante papel a cumprir, devendo ser envolvido para haver maior coerência nas ações e maiores chances de se encontrar uma solução conjunta e que seja, de fato, transformadora e eficiente. Os processos podem ter origens diferentes: alguns começam na diretoria e caminham em direção ao “chão da fábrica”, outros caminham em sentido contrário. Alguns começam nos fornecedores ou nos clientes. Todos são importantes. É claro que um alto escalão convicto e, autenticamente decidido, tem maiores chances de “fazer funcionar”, pois é quem gerencia os recursos, humanos e financeiros, necessários para que ocorra a mudança. As empresas mais engajadas e mais avançadas nesse processo já conseguiram internalizar uma série de conceitos e práticas. Algumas colocaram as questões da sustentabilidade na sua estratégia, como eixo central da sua atuação, e agora partem para influenciar a sua cadeia, especialmente os fornecedores.
Daria para deduzir que o Brasil, assim como a maioria dos países, ainda busca um modelo de economia verde?
Sem dúvida, existe esse movimento fora e dentro do Brasil, mas estamos apenas começando a trilhar esse caminho e precisamos acelerar o passo. Veja, este é o tema central da Rio+20 e de outras iniciativas que antecedem este evento, como a conferência do Instituto Ethos. O PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), por meio do TEEB (The Economics of Ecosystems and Biodiversity) tem trabalhado muito com esse tema. A Conservação Internacional (CI) lançou recentemente (junho de 2011) uma edição do seu periódico Política Ambiental dedicado a esse tema (“Economia Verde: Desafios e Oportunidades”). Precisamos lembrar que a ideia da “economia verde”, apesar de ser um conceito ainda em construção, é ampla e inclui não apenas questões ambientais, mas também questões sociais. Não é o mesmo (apesar de alguns terem essa compreensão) que uma “economia de baixo carbono”, apesar de também envolver esta questão. Trata-se de um modelo econômico que foca em atividades que “aproveitam e potencializam o capital natural, social e humano, considerando em suas decisões os limites do planeta e os interesses sustentáveis da sociedade”, de acordo com o “Green Economy Coalition”.
Quais setores da economia brasileira estão dispostos a buscar soluções de sustentabilidade? Um exemplo talvez seja a parceria Ambev e WWF-Brasil. Mas o que nisso é ação de sustentabilidade e ação de marketing?
Isso é uma referência ao Movimento CYAN, que, segundo a empresa, tem por objetivo “promover o uso consciente da água, um recurso elementar para a vida no nosso planeta” e também fazer com que a empresa assuma o “compromisso de aperfeiçoar sua atuação, por meio de metas arrojadas de redução de consumo de água em seus processos de produção”. Esse é um exemplo que visa trazer a sustentabilidade para a estratégia da companhia. O negócio da AMBEV se baseia no uso intensivo do recurso natural água. Um recurso que, apesar de ter uma quantidade constante no planeta, está se tornando (economicamente) escasso devido ao mau uso, desperdício, poluição, etc. A questão que se apresenta não é a “finitude da água”, mas sim o aumento crescente dos custos de tratamento da água ou mesmo a impossibilidade de remoção de algumas substâncias, tais como os disruptores endócrinos. A empresa percebeu que em alguns lugares seu negócio seria inviabilizado por falta deste recurso e resolveu agir. Não me parece, portanto, uma ação de marketing, mas sim uma ação para possibilitar a continuidade do negócio. É uma iniciativa onde ganha a empresa e ganha a sociedade. É claro que existem incoerências, como em todo o ser humano e em todas as atividades humanas, e o nosso objetivo deve ser constantemente a busca pela coerência. No caso deste setor, por exemplo, sabemos que um dos grandes problemas está relacionado à questão social, especialmente ao consumo de álcool, às questões de saúde e segurança, e à questão dos resíduos sólidos. Todas essas questões precisam ser equacionadas de forma coerente e conjunta.
Ainda é comum empresas atuarem publicamente em projetos ambientais, mas lutarem contra medidas de controle aos danos ao meio ambiente?
Sim, existem exemplos clássicos. Esse é o problema de não agir sistemicamente e de atuar por conveniência. De que serve, por um lado, salvar certa espécie da fauna e por outro intoxicar outras tantas com excesso de poluição? De que adianta gerar energia (“limpa”) renovável às custas da diminuição da biodiversidade, áreas de conservação, extermínio de espécies da flora e da fauna, prejuízo de populações tradicionais e desrespeito à própria constituição? A legislação (até agora) do país é uma das melhores no mundo, mas frequentemente desrespeitada. O debate sobre o código florestal é um bom exemplo. O setor empresarial viu as propostas de alteração como uma possibilidade de redução de custos com ações para a recuperação de passivos ambientais, por exemplo, porém não fizeram a correlação com os serviços ecossistêmicos prestados pelas áreas florestais e o provimento de água e a estabilização climática, entre outros.
No entanto, cresce a percepção de que é preciso criar estratégias de sustentabilidade, até para garantir mais competitividade?
O conceito de competitividade é um dos que precisa evoluir na nossa sociedade. Competitividade não encontra eco na sustentabilidade. O desafio é o da colaboração. Já imaginou o que aconteceria, por exemplo, se o cérebro “resolvesse” competir com o rim, ou outro órgão, por oxigênio? A grande questão é que somos individualistas, seja como cidadãos ou como empresas. É preciso entender que não existe “empresa sustentável”. Ou seremos todos sustentáveis, como sociedade e civilização, ou todos, cedo ou tarde, fracassaremos. É claro, que, olhando para o contexto da empresa, e pensando em um conceito “menos canibal” da competitividade, mas como a possibilidade de permanecer ativo e vivo no mercado, as estratégias de sustentabilidade são vitais. De um lado, por que temos a questão da redução de custos e de riscos e, nesse caso, por exemplo, a eficiência pode ser uma aliada. Por outro lado, é crescente o nível de exigência dos consumidores, de obter produtos mais “responsáveis social e ambientalmente”. O fato é que isso ainda é bastante restrito devido a questões econômicas e culturais, leia-se educação.
O custo para realizar mudanças e a falta de incentivos governamentais, incluindo os fiscais, atrapalha esse avanço para uma economia verde?
Sim, sem dúvida nenhuma. Lester Brown (presidente do Earth Policy Institute) em seu livro “Plano B 4.0 Mobilização para Salvar a Civilização” aponta como um dos fortes mecanismos a mudança de impostos e subsídios. Basicamente significa uma mudança estrutural, que diminua a cobrança de impostos que incidem sobre renda e aumente os impostos das atividades destrutivas da natureza. Nosso modelo de formação de preços de produtos e serviços desconsidera custos indiretos (também chamados de externalidades), por exemplo, custos relacionados à saúde, à poluição, às mudanças climáticas. Um exemplo citado é o do “preço real da gasolina”, onde menciona que um estudo mostra que os custos indiretos (pagos pela sociedade e relacionados às mudanças climáticas, subsídios e reduções fiscais para a indústria petrolífera, proteção ao suprimento de petróleo, tratamento de doenças respiratórias relacionadas às emissões de poluentes atmosféricos) correspondem a um valor 3 vezes o preço do litro de gasolina pago pelo cidadão americano. Se esses custos indiretos fossem de fato computados e internalizados, os carros elétricos, por exemplo, se tornariam viáveis.
Entrevistada
Roberta Simonetti, coordenadora do Programa Finanças Sustentáveis e Sustentabilidade Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Currículo
Bacharel e licenciada em Física pela Universidade de São Paulo Mestre em Ciências (Física de Partículas Elementares) e Doutora em Ciências (Mecânica Estatística) pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo
Possui Especialização em Gestão de Sustentabilidade pela EAESP-FGV
Desde 2006 integra a equipe do GVces (Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP) coordenando o Programa de Sustentabilidade Empresarial e Finanças Sustentáveis
Dentre os projetos executados neste programa, destacam-se as metodologias do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (ISE) e do Guia Exame de Sustentabilidade, a elaboração da Matriz de Indicadores do Protocolo Verde e o GT da ISO 26000
Atuou por nove anos em instituição financeira internacional, nas áreas de gerenciamento de riscos de mercado e análise quantitativa e, previamente, desenvolveu atividades no campo educacional, ministrando aulas de Física e participando da elaboração do curso de Física do Telecurso 2000, da Fundação Roberto Marinho
Contato: roberta.simonetti@fgv.br
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Novo código florestal deixa a construção civil em alerta
Ao ficar polarizada entre ambientalistas e ruralistas, legislação que tramita no Senado excluiu as cidades do debate e pode inviabilizar futuras intervenções em áreas urbanas
Por: Altair Santos
A construção civil está em alerta. O motivo é o novo código florestal, que já teve seu texto aprovado na Câmara dos Deputados, e que agora tramita no Senado. O setor avalia que o projeto ficou polarizado entre ambientalistas e ruralistas e “esqueceu” de incluir as cidades no debate, o que pode criar insegurança jurídica para futuras intervenções em áreas urbanas. No entender de organismos como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) até o programa Minha Casa, Minha Vida corre o risco de ser prejudicado. “É sempre bom lembrar que a ausência de regras claras acaba promovendo a ocupação e a invasão irregular, levando aos piores resultados possíveis do ponto de vista do urbanismo e da qualidade de vida da população”, diz Paulo Safady Simão, presidente da CBIC.

Para Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, vice-presidente do meio ambiente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), o que o setor da construção civil lamenta é ter ficado à margem das discussões e só agora, no Senado, ser convidado a dar sugestões. “Eles debateram a revelia muitas vezes. Mesmo assim, participamos de todas as frentes que foram possíveis, mas nunca de uma forma organizada e totalmente estruturada por parte daqueles que estavam fazendo a legislação. Assim, de certa forma foi esquecida a aplicação do código nas cidades”, avalia o dirigente.
No entender de segmentos da construção civil, o maior problema do novo código florestal é que ele gera um descompasso entre a realidade e a lei. Há a interpretação, por exemplo, de que a nova legislação dificulte licenças ambientais para construções ou duplicações de rodovias, como a Régis Bittencourt, no trecho da serra do Cafezal, em São Paulo, ou até a conclusão do setor norte do Rodoanel, que pelo projeto original precisará cortar um pedaço da serra da Cantareira, na capital paulista. “Esse é o problema de se aplicar um código que é absolutamente correto para a Amazônia, mas não para uma grande cidade brasileira. Por causa desta dicotomia, qualquer que seja o licenciamento, sua liberação será mais complicada, pois a lei parte do pressuposto de que a realidade é diferente”, alerta Francisco Vasconcellos.
Outra preocupação do setor é que o novo código florestal entre em conflito com o Estatuto das Cidades – lei sancionada em 2001 para regulamentar a política urbana das metrópoles. Trata-se de uma legislação que atribuiu aos municípios a implantação de instrumentos para combater especulações imobiliárias e regulamentar questões fundiárias e de uso do solo urbano. “O novo código florestal simplesmente não leva em consideração o Estatuto das Cidades, que é uma lei extremamente corajosa e moderna de gestão. A figura do plano diretor, definindo o que pode, o que não pode, e que é de responsabilidade do município, não aparece no novo código. De alguma forma, isso gera conflito”, analisa o vice-presidente do meio ambiente do SindusCon-SP.
Áreas de risco
Outra avaliação que a construção civil faz é que o novo código florestal pode não conseguir combater o principal problema das grandes cidades: a ocupação de áreas de risco. “O que causa este tipo de situação não é o código, e sim o desrespeito à lei. Esse desrespeito à lei existe desde o código antigo e vai continuar existindo no novo código se não houver, por parte do poder público, uma fiscalização muito rígida”, comenta Vasconcellos. Também de acordo com o dirigente do SindusCon-SP, o código florestal ainda em vigor, e que foi sancionado em 1965, obteve mais resultados positivos que negativos. “Se perdurou até hoje é porque foi uma lei mais vencedora do que perdedora. Só que o Brasil de 50 anos atrás era muito diferente do Brasil de hoje, o que torna natural a revisão da legislação. O erro é ela ficar polarizada no debate ruralista versus ambientalista”, conclui.
Recente levantamento do governo federal aponta que há no país 735 municípios com pelo menos cinco áreas de riscos de deslizamento cada um. Desses, apenas 25 dispõem de cartas geotécnicas de morros e encostas, úteis para a previsão de desmoronamento de terras em época de chuva. Além da falta de dados geológicos sobre os pontos de risco, não há equipamentos instalados nessas áreas para medir aumento do volume de água no solo - o aparelho chama-se piezômetro - e o Brasil não dispõe de um modelo matemático para calcular a possibilidade de desastre em cada tipo de solo.
Assim como ocorre com a previsão do tempo, é possível estimar a possibilidade de deslizamento se for criada uma fórmula complexa de cálculo que considere o provável volume de águas das chuvas, as condições topográficas do terreno e as características do solo. Por causa da diversidade do relevo, o Brasil precisa de pelo menos seis modelos matemáticos originais. Por causa das especificidades do solo, as fórmulas não podem ser copiadas de países como o Japão, o Chile, a Itália e a Noruega, que já calculam riscos de acidentes naturais.
Entrevistado
Francisco Vasconcellos, vice-presidente de meio ambiente do Sinduscon-SP
Currículo
- Vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP
- Membro do Comitê de Meio Ambiente (COMASP) e do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP
- Presidente da Câmara Ambiental da Indústria da Construção da CETESB
- Coordenador do Programa de Construção Sustentável da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
- Membro do Conselho Deliberativo do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
- Membro da Diretoria de Meio Ambiente da FIESP
- Engenheiro Civil formado pela POLI/USP
- Arquiteto formado pela FAU/USP
- MBA Executivo da Construção Civil pela Fundação Getúlio Vargas
- Diretor da Develop Brasil
Contato: imprensa@sindusconpr.com.br / assessoria.comunicacao@cbic.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Grande oferta de imóveis muda comportamento do investidor
Modalidades como o aluguel residencial já não são mais atrativas. Em compensação, fundos imobiliários despertam cada vez mais o interesse do mercado
Por: Altair Santos
Tornar-se investidor em imóvel no Brasil requer cuidados. Não que seja um negócio de risco. Pelo contrário. No entanto, é preciso respeitar o que os especialistas em mercado imobiliário chamam de “inércia” deste tipo de investimento. A reação do dinheiro aplicado em imóveis não é igual à obtida quando se recorre a outros mercados, como ações e fundos de renda fixa, por exemplo. “A inércia é maior”, explica o economista Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).

Significa que se trata de um investimento de longo prazo. Imediatistas não devem recorrer aos imóveis, principalmente se a intenção é obter lucros com aluguéis. Apesar da rentabilidade do setor ter disparado na década passada, o investidor que tirou dinheiro do banco para apostar em aluguel teve mais decepções que alegrias. Em alguns casos, o retorno foi inferior ao da poupança ou perdeu para a inflação. O que explica isso é a grande oferta de imóveis, que passou a concorrer com o próprio investidor. “Isso ocorre especialmente em locais aonde determinadas demandas têm sido reduzidas com investimentos habitacionais”, diz Luiz Pompeia.
Enquanto no ano passado a compra de imóveis na planta chegou a valorizar mais de 50% em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, o aluguel, que segue regras mais rígidas de reajuste e normalmente acompanha o IGP-M, teve aumento de 11,32% em 2010 – perdeu para os fundos de renda fixa. “A compra de imóveis para locação deve considerar especialmente os segmentos não residenciais (escritórios, centros comerciais planejados, lojas, flats e condomínios de logística ou industrial). Via de regra, eles têm retorno mais rápido”, ensina o diretor da Embraesp.
Outro setor de interesse, para aqueles que podem aguardar de 5 a 10 anos, é o de terrenos. Mais precisamente grandes glebas, nos limites das cidades ou de regiões metropolitanas. São áreas que têm trazido expressivas valorizações, às vezes bem mais significativos que outros segmentos imobiliários. Investidores também têm escolhido a modalidade de fundos imobiliários, que oferecem risco menor por envolver um sistema de compra de cotas e capital menor se comparado à compra direta de um imóvel. “Os fundos escolhem produtos bem planejados, com boa localização e demanda garantida”, avalia Luiz Pompéia.
Casa própria
A Embraesp detecta que o investimento em imóveis ainda é um privilégio da minoria dos brasileiros. Dados apurados pela empresa mostram que quase 90% dos que aplicam dinheiro no mercado imobiliário o fazem para adquirir a casa própria. Por isso, o diretor analisa que o Brasil não corre nenhum risco imediato de sofrer com bolhas imobiliárias, como a que atingiu os Estados Unidos e países da Europa em 2008. “O mercado imobiliário no Brasil tem um cenário muito diferente. A grande maioria da população compra apenas um imóvel em toda sua vida”, aposta Pompéia.
Deste modo, o economista lista cuidados para fazer uma boa compra da casa própria:
1- Localização.
2- Tamanho da família.
3- Mobilidade urbana (vias de acesso e transporte público).
4- Infraestrutura do bairro (escolas, núcleos comerciais e de prestação de serviços).
5- Valor do imóvel compatível com a renda.
6- Condições de pagamento.
7- Custo do condomínio.
8- Tamanho da unidade.
Entrevistado
Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio)
Currículo
Consultor imobiliário e um dos fundadores da Embraesp, criada em 1973.
Contato: lpp@embraesp.com.br / embraesp@embraesp.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Embraesp
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Crescimento da construção civil carece de cuidados com qualidade das obras
Pujança do setor deve vir acompanhada de melhor qualificação profissional, adoção de sistemas construtivos inovadores e confiáveis e boa gestão nos canteiros
Por: Altair Santos
No 1.º semestre de 2011, o setor da construção civil foi o segundo que mais gerou empregos formais no país. Foram abertos 186.224 novos postos de trabalho, perdendo apenas para a agricultura, que absorveu 235.381 trabalhadores no mesmo período. São números que deixam explícito o quanto se mantém aquecido o mercado no Brasil, e revelam que há sinais de que o segmento caminha para um crescimento sustentável. No entanto, existem gargalos a serem superados, como bem lembrou o recente editorial da revista Téchne, da Editora PINI, que, ao analisar as consequências do crescimento da construção civil, expôs os entraves que ameaçam a consolidação desses avanços.

A Téchne cita, por exemplo, a evasão de engenheiros para o mercado financeiro entre as décadas de 1980 e 2000. “Tal fenômeno criou uma lacuna de profissionais atuantes que, após a retomada dos negócios, começou a ser fortemente notada. Onde estão, afinal, os engenheiros civis, com boa experiência profissional, que possuem entre 30 e 45 anos de idade? Poucos são vistos nos canteiros de obras”, questiona a revista, que se atém, sobretudo, à qualidade da mão de obra que hoje atua nas construções pelo país afora. Segundo o artigo, essa falta de qualificação tem gerado “aparecimento precoce de patologias, crescimento do número de acidentes de trabalho, atraso no cronograma das obras e queda da qualidade do produto final”.
Especialistas e profissionais ligados às entidades de classe da construção civil concordam com o alerta dado pela revista. No entanto, se mostram confiantes de que o Brasil conseguirá superar esses gargalos, principalmente porque já há empenho dos organismos do setor para que isso ocorra. “Os gargalos viraram desafios. Para superá-los, as construtoras precisam investir em tecnologia e formação de profissionais para aumentar o número de unidades e obras realizadas com o mesmo custo. Se não tivermos um salto importante na produtividade, vai ser difícil mantermos os mesmos patamares de crescimento experimentados nos anos anteriores”, diz Eduardo Zaidan, diretor de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP).
“Jeitinho brasileiro”
Já a presidente do IBAPE-PR (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Paraná) Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj, avalia que os problemas apontados pelo editorial da Téchne têm um pouco a ver com o chamado “jeitinho brasileiro”. “O Brasil é um dos países com as melhores normas específicas na área da construção civil. Talvez só a Alemanha tenha regras tão rigorosas. Então, o problema nosso não é a lei nem o desconhecimento, mas talvez o descaso. É o problema do jeitinho brasileiro, de querer levar vantagem em tudo. Aliado a isso tem a mão de obra com pouca qualificação. Recordo que, quando me formei, e isso faz 33 anos, havia mestres de obras que eram verdadeiras sumidades. Hoje não existe mais esse profissional no mercado”, ressalta.
Para o presidente da ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) Cláudio Elias Conz, o momento é de se pensar no consumidor. “A sustentabilidade precisa sair do discurso. Para isso, a cadeia produtiva da construção civil tem que pensar mais no produto e no consumidor”, avalia. A opinião é compartilhada pelo presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) Melvyn Fox, para quem o desafio é suprir a demanda sem deixar cair a qualidade. Segundo ele, isso passa pela melhoria da mão de obra. “O profissional tem que enxergar a construção civil como uma carreira. Por isso, incentivamos a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) a produzir normas que qualifiquem melhor o armador, o eletricista, o pintor, o pedreiro, o assentador cerâmico, entre outros, para que eles tenham definido quais são os saberes, os conhecimentos e as práticas necessárias para poder exercer a profissão”, analisa.

Mais professores
De acordo com Renato José Giusti, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) as universidades têm papel relevante para ajudar a qualificar a construção civil, principalmente na formação de professores. “Eu pergunto: temos professores suficientemente capacitados nas escolas de engenharia civil? Antes de pensar em sistemas construtivos maravilhosos, precisamos ter quem ensine, por exemplo, a aplicação dos produtos cimentícios. Uma obra só é bem acabada se os produtos cimentícios foram bem empregados. É isso que é preciso ensinar”, diz.
Mas há quem enxergue que os problemas não estão apenas relacionados à qualificação da mão de obra ou à qualidade dos produtos empregados. A essência destes entraves talvez esteja nos projetos. "Tudo é resultado da antiga mania de querer fazer uma obra sem elaborar projetos de qualidade. Esse é o X do problema", avalia o presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), Luciano Amadio Filho. O diretor da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Newton Azevedo, reforça que esse é um problema principalmente em empreendimentos públicos. "Com projetos ruins, o processo licitatório na maioria dos casos não vai para frente ou é embargado por decisões judiciais”, relata.

Por isso, o vice-presidente da Ademi (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário) Paulo Henrique Fabbriani entende que a indústria da construção civil precisa de reordenamento, no sentido de que não pode eliminar etapas para chegar ao objetivo final. “Temos que começar pelo princípio, entendendo que a indústria está distribuída por processos, projeto, planejamento, engenharia e produção. Essas etapas estão intimamente ligadas e são sequenciais. Melhorar processos, qualificando cada etapa trará como resultado a produção qualificada de nossos produtos. Mas a mudança acontece sempre pelo início: o projeto”, reforça.
Fique atento
Preocupada com a qualidade da construção civil brasileira, a 83ª edição do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), que acontece na segunda semana de agosto de 2011, em São Paulo, vai debater temas relacionados ao assunto. Entre eles:
- Programas de Construção Sustentável (PCS)
- Programas de Inovação Tecnológica (PIT)
- Programa Minha Casa, Minha Vida
- Avanço dos financiamentos imobiliários
- Contexto atual e a perspectivas das obras públicas e de infraestrutura
- Esforços da indústria para a capacitação de mão de obra
- Ações de responsabilidade social
- Importância das normas de segurança
Entrevistados
- Eduardo Zaidan, diretor de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP)
- Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj, presidente do IBAPE-PR (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Paraná)
- Cláudio Elias Conz, presidente da ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção)
- Melvyn Fox, presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
- Renato José Giusti, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
- Luciano Amadio Filho, presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop)
- Newton Azevedo, diretor da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)
- Paulo Henrique Fabbriani, vice-presidente da Ademi (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário)
Créditos Fotos: Divulgação/ABCP/Ademi/SMCS/
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Alunos qualificados impulsionam curso de engenharia civil da UnB
Criada em 1969, graduação ocupa terceiro lugar no ranking do INEP e é referência para estudantes das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do país
Por: Altair Santos
O curso de graduação de engenharia civil da Universidade de Brasília (UnB) desponta como o terceiro melhor do país, de acordo com o ranking do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) com base no desempenho do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Segundo o diretor do departamento, Sérgio Kóide, o que fez o curso obter essa posição foi o maior interesse dos estudantes pela engenharia. Ele explica que a demanda pela profissão atrai, desde 2008, alunos de melhor qualidade para o vestibular. “Além de a procura ser maior, a seleção também melhorou, porque a nota de corte aumentou. Então, a gente recruta alunos cada vez mais qualificados. Com material bom, formamos bons profissionais”, diz.

Criado em 1969, a engenharia civil da UnB tem, atualmente, além da graduação, cursos de pós-graduação consolidados no meio acadêmico. Na avaliação do professor Sérgio Kóide, isso permite que os estudantes aprimorem o conhecimento. “A oferta de pós-graduação leva o aluno a ser estimulado a pensar em termos de pesquisa, ou seja, pensar um pouco mais à frente”, diz o diretor do departamento de Engenharia Civil e Ambiental (ENC) da Universidade de Brasília, que conta com 430 alunos matriculados no curso de graduação. Referência na região centro-oeste do país, e com influência em estados como Minas Gerais e Bahia, a UnB atrai principalmente estudantes do oeste e sul de Minas, região de Goiás e Tocantins.
O aquecimento do mercado para engenheiros civis está levando a UnB a rever o currículo da graduação. Uma das disciplinas que deve ser implantada em breve no curso é o do estágio orientado. A ideia é que o aluno, ao começar a ser absorvido pelo mercado de trabalho, seja assistido pelos professores. “Esta é uma discussão que estamos tendo agora e faz parte do bojo de uma melhoria do curso. Temos um grupo de professores dentro do departamento que está constantemente repensando a graduação. Em 2010, decidimos criar o curso de engenharia ambiental vinculado com a engenharia civil, pois entendemos que há uma interface muito grande entre eles”, revela Sérgio Kóide.
O aprimoramento do curso leva o departamento a expandir fisicamente. Até 2015, haverá a construção de três novas áreas no setor. Uma de 800 m², para abrigar novas salas de aula para as graduações de engenharia civil e engenharia ambiental; outra de 1.000 m², para a expansão dos laboratórios de graduação e salas dos professores, e mais uma área de 2.500 m² para laboratórios de pesquisa. Com o financiamento de organismos como CNPQ, Capes e fundações de apoio, o departamento de engenharia civil da UnB desenvolve atualmente 30 modelos de pesquisa, entre eles estudos voltados ao concreto. “Nesta área, temos uma linha de pesquisa forte na pós-graduação”, comenta o diretor do departamento.
O curso de graduação de engenharia civil é hoje o terceiro mais procurado e o segundo com a maior nota de corte da UnB. “Isso tudo é reflexo do mercado”, avalia Sérgio Kóide. Em função de programas como PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e Minha Casa, Minha Vida, o espectro de oportunidades para engenheiros civis em Brasília ampliou consideravelmente. Aumentaram, sobretudo, as vagas nos órgãos públicos da capital federal, assim como surgiram consultorias e empresas de construção civil disputando os profissionais que saem da Universidade de Brasília.
Ranking dos 10 melhores cursos de engenharia civil, segundo o INEP
1 - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO - PUC-RIO - 4,59
2 - INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA (Rio de Janeiro) - IME - 4,43
3 - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB - 4,22
4 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCAR - 4,10
5 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC - 4,02
6 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS - 3,90
7 - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - UEM - 3,89
8 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ - 3,89
9 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL - 3,87
10 - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO- UNESP - 3,83
Entrevistado
Sérgio Kóide, diretor do departamento de Engenharia Civil e Ambiental (ENC) da Universidade de Brasília
Currículo
Graduado em engenharia civil pela Universidade de Brasília (1975)
Tem especialização em engenharia de terminais e oleodutos pela Petrobras (1976)
Mestrado em engenharia civil (recursos hídricos) pela COPPE-UFRJ (1984)
Ph.D (recursos hídricos) pelo Imperial College - Universidade de Londres(1990)
Atualmente é professor Associado da Universidade de Brasília
Contato: skoide@unb.br / enc@unb.br / http://www.unb.br/ft/enc/
Crédito Foto: Divulgação/UnB
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Custo dos terrenos muda foco de empreendimentos imobiliários
Regiões metropolitanas das capitais e cidades do interior se tornam mais atraentes para construtoras e incorporadoras, desde que ofereçam infraestrutura
Por: Altair Santos
Interior e regiões metropolitanas tendem a atrair mais investimentos imobiliários do que as grandes cidades. Entre as principais razões estão o custo dos terrenos e também o tamanho das áreas disponíveis. O comportamento do consumidor e a melhoria da infraestrutura das cidades no entorno das metrópoles é outro motivo que influencia esta mudança. Na cidade de São Paulo, por exemplo, onde não há mais metro quadrado por menos de R$ 3 mil, a saída encontrada pelo mercado imobiliário foi prospectar áreas em municípios até 100 quilômetros distante da capital paulista.

Com isso, cidades como Jundiaí, São José dos Campos e Santos convivem com altos índices de lançamentos de imóveis. Quase todos são comprados por pessoas que trabalham em São Paulo, mas que, por questões de custos e também de qualidade de vida, decidiram fixar residência no entorno da metrópole. Em Jundiaí, que fica a 60 quilômetros da capital paulista, segundo levantamento da Ademi-SP, 30% dos imóveis lançados na cidade são comprados por paulistanos. Neste caso, os empreendimentos chegam a custar até 50% mais barato do que se fossem adquiridos em São Paulo.
Em outras capitais, que ainda não estão com as áreas totalmente saturadas, a aposta de construtoras e incorporadoras está em bairros mais periféricos. Em Curitiba, onde nos primeiros cinco meses de 2011 a emissão de alvarás para novas construções subiu 21% em relação a 2010 (10.680 contra 8.814) a região mais contemplada é a que engloba os bairros Pinheirinho, Capão Raso e Portão. “Nestes locais, os apartamentos ainda têm valores mais baixos, mas lançamentos de unidades mais caras vão começar a acontecer”, garante Gustavo Selig, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).

Nas regiões mais valorizadas da capital paranaense, e onde já há saturação na oferta de áreas para construções novas, o preço dometro quadrado é um dos mais caros do país e ultrapassa os R$ 4 mil. Essa supervalorização é sentida também em outras cidades do Paraná. Como Londrina, onde, ao contrário de Curitiba, tem oferta grande de terrenos, mas também com preços elevados. “Aqui em Londrina não tem escassez de áreas, mas elas sofreram uma majoração bastante grande de preço”, explica Nestor Dias Correia, vice-presidente da regional norte do Secovi-PR (Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná) citando que áreas que antes valiam de R$ 500,00 a R$ 600,00 hoje são negociadas de R$ 1.000,00 a R$ 1.100,00 o metro quadrado.
Tendência nacional
A escassez de terrenos para construir parece ser mesmo uma marca dos grandes centros do país, e que ainda não atingiu o interior dos Estados. Em Porto Alegre, por exemplo, a situação não é diferente da de São Paulo e de Curitiba. “Para empreendimentos verticais ainda se encontram terrenos. Caros, mas se encontra. Porém, para condomínios horizontais, até na região metropolitana de Porto Alegre está difícil”, explica Gilberto Cabeda, vice- presidente de comercialização de imóveis do Secovi-RS.

No Rio de Janeiro, o cenário é semelhante. De 2006 para cá, a Barra da Tijuca perdeu a dianteira do mercado de construção de moradias no Rio. Dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio (Ademi-RJ) mostram que, no período de 2006 a 2010, o bairro foi ultrapassado por Jacarepaguá, que no acumulado lançou 1.665 habitações a mais: foram 14.768 unidades, contra 13.113 da Barra. Na avaliação de especialistas, os números mostram que o vetor de construção imobiliária na capital fluminense tende a se modificar nos próximos anos.
Para o presidente da Ademi-RJ, José Conde Caldas, a Barra terá menos empreendimentos

imobiliários, devido à escassez de terrenos e aos problemas no trânsito. Por outro lado, a oferta de crédito deve continuar a incentivar a construção em regiões populares dos arredores, como Campo Grande. “A cidade está se realocando. Há cinco anos, 70% dos lançamentos eram feitos na Barra e no Recreio. Hoje, este índice caiu para menos da metade. Os gargalos do trânsito têm sido um entrave. Há ainda ações de governo, como a pacificação dos morros e as alterações dos Planos de Estruturação Urbana (PEUs), que modificaram gabaritos e criaram oportunidades na Tijuca e em Vargem Grande, São Cristovão e Campo Grande”, diz Conde, apontando para uma tendência nacional: a de que regiões metropolitanas das capitais e cidades do interior irão se tornam mais atraentes para construtoras e incorporadoras, desde que ofereçam infraestrutura.

Entrevistados
- Nestor Dias Correia, vice-presidente da regional norte do Secovi-PR
- Gilberto Cabeda, vice-presidente de Comercialização de Imóveis do Secovi-RS
- José Conde Caldas, presidente da Ademi-RJ
- Gustavo Selig, presidente da Ademi-PR
Currículos
- Nestor Dias Correia é administrador de empresas, consultor imobiliário, professor universitário e empresário a 30 anos do mercado imobiliário de Londrina
- Gilberto Cabeda é advogado, corretor de imóveis e empresário. Diretor da CIM Consultoria Imobiliária e presidente da Rede Gaúcha de Imóveis
- José Conde Caldas é arquiteto e urbanista e atua no ramo da indústria da construção civil há mais de 20 anos, com mais de 100 empreendimentos erguidos no estado do Rio de Janeiro
- Gustavo Selig é engenheiro civil graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Mestre em Administração de Empresas e Negócios pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-PR), Selig é também diretor-presidente da Hestia Construções e Empreendimentos
Contatos: paulacostab@yahoo.com.br (assessoria de imprensa da seção norte do secovi-PR) /
joni.imprensa@gmail.com (assessoria de imprensa do Secovi-RS) / atendimento@ademi.org.br (assessoria de imprensa da Ademi-RJ) / contato@memilia.com (assessoria de imprensa da Ademi-PR)
Créditos Fotos: Divulgação / Secovi-PR/ Secovi-RS / Ademi-PR / César Brustolin / SMCS