Série grandes obras: Amazonas investe R$ 3 bilhões

Cinco grandes empreendimentos mobilizam a construção civil do maior estado do país, com destaque para a Arena da Amazônia e o monotrilho

 

Por: Altair Santos

O Amazonas prioriza atualmente cinco grandes obras que vão influenciar diretamente na infraestrutura do Estado. São elas, a Arena da Amazônia - uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014 -, o Monotrilho de Manaus, o centro de convenções do Amazonas, a duplicação da AM-070 e intervenções viárias no município de Manaus. Para essas obras, algumas em parceria com o governo federal, serão investidos R$ 3 bilhões nos próximos dois anos.

Arena da Amazônia: estádio vai demandar a fabricação de 2,5 mil peças de concreto pré-moldado.

Dos empreendimentos, estão em construção a Arena da Amazônia e o centro de convenções. A próxima a sair do papel será a duplicação da AM-070, que faz a ligação entre a capital e os municípios de Iranduba, Novo Airão e Manacapuru - todos eles integrantes da Região Metropolitana de Manaus. Essa obra tornou-se urgente, pois faz parte do complexo viário que tem como protagonista a ponte sobre o Rio Negro, inaugurada em 2011.

De acordo com o projeto executivo da duplicação da AM-070, está prevista a construção de duas pistas com 7,10 m de largura e acostamento e drenagem de 2,30 m para cada lado. A pista terá largura total de 18,80 m, além de contemplar a duplicação das pontes sobre o Rio Miriti e Rio Ariaú. O custo previsto para a realização desta obra será da ordem R$ 236 milhões e vai abranger 78 quilômetros.

Outro empreendimento prestes a começar é o que vai instalar um corredor de transporte coletivo na Avenida das Torres de Manaus. A pista onde vão circular os ônibus terá extensão de 11,2 quilômetros e a Secretaria de Estado de Infraestrutura (SEINFRA) tenta viabilizar junto à Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) para que o corredor seja construído em concreto. Esse projeto, assim como o do Monotrilho, receberá recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O Monotrilho é a obra mais cara do atual governo do Amazonas. Vai custar R$ 1,3 bilhão e será um metrô de superfície sustentado por vigas de pré-moldado numa extensão de 20 quilômetros e com capacidade para transportar 170 mil pessoas por dia. A assinatura do contrato ocorreu dia 10 de fevereiro de 2012 e a construção ficará a cargo do Consórcio Monotrilho Manaus, composto pelas empresas CR Almeida S.A., Engenharia de Obras Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A, além da Scomi Engineering BHD, responsável pelo fornecimento da tecnologia e dos veículos que irão compor o Monotrilho.

Segundo a secretária da SEINFRA, Waldívia Alencar, a assinatura do contrato permitirá o início da elaboração do projeto executivo. "A partir de agora, o consórcio vencedor da licitação inicia o projeto executivo e o delineamento da área onde será realizada a obra para implantação do Monotrilho", afirmou. O empreendimento tende a consumir mais concreto pré-moldado do que a Arena da Amazônia. O estádio vai demandar a fabricação de 2,5 mil peças e tem consumo estimado de 26,2 mil m³ de concreto.

Ainda de acordo com Waldívia Alencar, essas novas obras também irão impulsionar a construção civil do Amazonas. "Elas trarão desenvolvimento socioeconômico e tecnológico ao setor. Obras como a da Arena da Amazônia e a do Monotrilho representam a absorção de tecnologias até então inexistentes em nosso mercado, principalmente no que diz respeito ao Monotrilho", conclui.

Imagem do monotrilho de Manaus: com contrato já assinado, obra será recordista no estado em consumo de concreto pré-moldado.

Entrevistado
Secretaria de Estado de Infraestrutura (SEINFRA) do Amazonas
Contato:
gabinete@seinf.am.gov.br / comunicacao@seinf.am.gov.br

Créditos foto: Divulgação /Roberto Carlos/SEINFRA

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Brasil precisa urgentemente de engenheiros ferroviários

Modal volta a receber investimentos, mas país carece de mão de obra especializada. Por isso, universidades se voltam para a especialização

Por: Altair Santos

O Brasil tem a intenção de até 2025, fazer com que o modal ferroviário responda por 35% de sua matriz de transporte. Hoje, essa parcela é de 25%. Para isso, investe em projetos que englobam mais de 21 mil quilômetros de ferrovias, como o TAV (Trem de Alta Velocidade) que ligará São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, além da expansão da ferrovia Norte-Sul, a construção da nova Transnordestina e a ampliação de linhas do metrô em várias capitais. Só que existe um gargalo que pode prejudicar esse plano: a falta de mão de obra especializada em ferrovias.

Fernando Marques de Almeida Nogueira: liderando movimento para criar curso de graduação em engenharia ferroviária.

Há uma profunda carência de profissionais com esse perfil na engenharia nacional. De cada 8 mil engenheiros civis que se formam anualmente no Brasil, apenas 5% migram para a área de transportes. Destes, nem metade se especializa em construção de ferrovias. Foi o que detectou o encontro promovido no final de 2011 pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes). Segundo o professor Fernando Marques de Almeida Nogueira - um dos palestrantes do evento - a saída está na formação de engenheiros ferroviários. "A solução efetiva para esse problema crônico é a criação de cursos de graduação em engenharia ferroviária", diz.

Mestre da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Marques acredita que ainda em 2012 a UFJF  irá criar o primeiro curso de graduação em engenharia ferroviária do Brasil. "O projeto está pronto, mas faltam professores. Tão logo o governo federal libere novas vagas para a UFJF, o curso de graduação em engenharia ferroviária será lançado", afirma.   Atualmente, existem no país alguns cursos de nível técnico e algumas especializações (pós-graduação lato sensu) na área de ferrovia. Fora isso, não há nenhum outro investimento na capacitação de pessoal para o setor ferroviário.

Fernando Marques de Almeida Nogueira, que atua na área de pesquisa do setor ferroviário, alerta que o Brasil precisa rapidamente despertar para o setor, como vem fazendo a China. Nos últimos 10 anos, os chineses construíram uma malha de TAV maior que toda a malha existente na Europa. Até mesmo os Estados Unidos, no pós-crise, redescobriram o TAV. “É uma tendência mundial, mas é preciso ter tecnologia. Seria um atraso para o Brasil postergar esse projeto, assim como retardar o investimento em mão de obra qualificada", avalia o especialista.

O professor da UFJF destaca que o Brasil tem um avançado sistema de transporte ferroviário de cargas e que precisa evoluir no setor de passageiros, ao mesmo tempo em que necessita substituir tecnologia importada por tecnologia nacional. "Infelizmente, as tecnologias empregadas nas empresas são em grande parte ainda importadas. Precisamos de engenheiros que desenvolvam uma tecnologia nacional. Na minha opinião, os países com melhores tecnologias ferroviárias são os Estados Unidos, França, Alemanha, China e Japão", finaliza.

Ferrovia Norte-Sul: entre os projetos mais importantes para ampliar a malha ferroviária do país.

Leia mais sobre o sistema ferroviário brasileiro: Matérias 01, 02 e 03.

Veja os novos projetos de ferrovias de carga (clique na imagem para ampliar): 

Fonte: DNIT

Entrevistado
Fernando Marques de Almeida Nogueira, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) e especialista em transporte ferroviário
Currículo

- Graduado em engenharia cartográfica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995)
- Possui mestrado em engenharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1998) e doutorado em engenharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (2007)
- Atualmente, é professor adjunto da Universidade Federal de Juiz de Fora. Tem experiência na área de engenharia de produção, com ênfase em otimização e simulação, atuando principalmente nos seguintes temas: pesquisa operacional (otimização, simulação e scheduling) processamento de imagem, processamento de sinais e transporte ferroviário
Contato: fernando.nogueira@ufjf.edu.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Empresas investem na formação de novas lideranças

Geração Y começa a ocupar cargos relevantes nas corporações, mas não sem antes passar por intenso treinamento e a orientação de um coaching

Por: Altair Lopes

Entre as décadas de 1970 e 1990, independentemente do tipo de negócio da empresa, um funcionário  precisava de um tempo de maturação de até vinte anos para galgar a um cargo de liderança. Hoje, esse período de capacitação caiu para cinco anos, em média. Com o mercado mais agressivo, e os bons gestores sendo disputados ferozmente pelas companhias, restou as corporações investir maciçamente na qualificação e apostar nos talentos da geração Y para ocupar os cargos relevantes.

Márcia O. Lopes: "Cada líder tem que ser desenvolvido como se fosse único"
Márcia O. Lopes: "Cada líder tem que ser desenvolvido como se fosse único"

Normalmente, explica a consultora de desenvolvimento pessoal e profissional, Márcia O. Lopes, o sucesso desse modelo que acelera a formação de lideranças depende muito de quem vai preparar o candidato a gestor. "O segredo está em quem vai ser o coaching ou o mentoring. Cada profissional tem que ser desenvolvido como se fosse único. Neste caso, não se pode pegar cinco pessoas, treiná-las e escolher uma para liderar. É preciso sensibilidade para entender o que motiva cada um deles, o que desafia cada um deles e o que pode ser delegado para cada um deles", diz.

Programas de liderança e incentivo à formação são soluções que as empresas têm buscado para produzir novos gestores mais rapidamente. Mas de acordo com Márcia O. Lopes, o feedback que o orientador passa no dia a dia é o que mais pesa na formação de boas lideranças. Não é à toa que algumas companhias têm investido em academias de gestores. "Existem determinadas informações técnicas ou informações organizacionais que devem ser passadas por profissionais da própria empresa. Não adianta o candidato a líder tentar buscar aquele conhecimento fora. Por isso, essas universidades corporativas ou academias de gestores funcionam bem. Basicamente, o conceito é: os mais experientes passam conhecimento aos mais novos", afirma.

Neste caso, o departamento de recursos humanos da empresa desempenha papel importante. É ele quem vai organizar essa transmissão de conhecimento para a formação de novas lideranças ou será ele quem vai trazer uma consultoria para montar um projeto de treinamento de futuros gestores. Segundo Márcia O. Lopes, o setor da construção civil é um dos que mais tem colocado em prática essa metodologia. "Como há escassez de engenheiros, os recém-formados são contratados pelas empresas e passam por programas de aceleração de lideranças para assumir cargos de gestores em obras", comenta.

Porém, independentemente de como ocorrerá a formação do novo líder, a corporação precisa identificar quem tem perfil para comandar e dar-lhes condições para atingir o objetivo. "É a questão da liderança natural. O que é comum na empresa, quando surge o seguinte comentário: fulano tem potencial para líder. Mas isso não significa que esta pessoa está pronta. Quer dizer apenas que ela vai ter uma facilidade um pouco maior do que as outras. Mas se o ambiente não favorecer, provavelmente ela não chegará lá", alerta Márcia O. Lopes.

Prós e contras da liderança jovem

Vantagens: menos vícios e mais criatividade
Desvantagens: falta de maturidade e impulsividade

Dica

O ideal para uma empresa é deixar 30% das vagas de liderança abertas para o mercado, a fim de que haja novas contratações e possa ocorrer a oxigenação da companhia. "É importante trazer pessoas de fora para cargos de liderança. Isso acrescenta novas ideias e ocorre troca de experiências", avisa a consultora de desenvolvimento pessoal e profissional.

Entrevistada
Márcia O. Lopes, consultora de desenvolvimento pessoal e profissional
Currículo

- Graduada em psicologia pela PUCCAMP
- Tem especialização em psicodrama e psicoterapia cognitivo comportamental e MBA Executive International em Gestão Empresarial pela FGV
- Possui curso na International Strategic Business Leadership Paths to the Future for Brazilian Managers, pela Ohio University
- Tem Certificado Internacional de Coaching pela Profilor. Certificado em Coaching Executivo e Coaching Senior pelo Instituto de Coaching Integrado (ICI)
- É consultora de desenvolvimento pessoal e profissional, fundadora e principal executiva da VIVERH (Assessoria Técnica em Psicologia Organizacional). Especialista em Coaching de Executivos, liderança e planejamento de carreira
Contato: marcia@viverh.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Lopes - MTB 2330

Construção civil profissionaliza e atrai investidores

Impulsionadas pelo cenário econômico do país, empresas passaram a despertar o interesse de fundos europeus e dos Estados Unidos

Por: Altair Santos

A Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC) projeta que em 2012 o setor irá receber mais de US$ 14 bilhões (R$ 24,5 bilhões) em investimento estrangeiro. Segundo analistas, o volume de recursos vem aumentando ano a ano, desde 2005. Além da retração econômica nos Estados Unidos e na Europa, o que fez o capital externo buscar alternativas, a profissionalização da construção civil do país também é responsável por atrair os investidores. "Muitas empresas do setor se organizaram para receber esses recursos", explica Rodolpho da Costa Vasconcellos, conselheiro da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ).

"Quem estiver atrasado, seja em gestão, governança e recursos, vai sentir a competição cada vez maior”.

Outro especialista em investimento estrangeiro na construção civil, Arnaldo Gomes da Rocha, entende que houve melhoria de gestão e de governança das empresas, e que isso as preparou para receber capital externo. "Boa parte investiu em tecnologia, obteve grau de sofisticação de gestão e de governança e reestruturou a forma de buscar financiamentos para seus empreendimentos. Para essas empresas, a onda de atração de investimento tende a continuar. Já para as que não se prepararam, elas vão precisar acordar para esse novo momento", diz o engenheiro civil e consultor da DealMaker.

De acordo com Rodolpho da Costa Vasconcellos, as empresas que têm conseguido atrair investimento estrangeiro são as que profissionalizaram a gestão do canteiro de obras, incrementando novas tecnologias e qualificando a mão de obra. "A profissionalização da área técnica é decisiva para convencer os investidores", afirma.  O conselheiro da Ademi-RJ destaca ainda que o cenário sinaliza que a entrada destes recursos será crescente. "Antes, o setor da construção civil passou muitas décadas num processo de stop and go, quer dizer, para e continua. Vinha investimento, acabava e começava um círculo recessivo. Agora, verifica-se estabilidade na injeção de recursos", completa.

Sem distinção

Os especialistas avaliam que os investidores têm prospectado negócios em todo o país. "Este processo é generalizado. No Nordeste, há muito investimento. Até pela proximidade com os países europeus", avalia Rodolpho da Costa Vasconcellos.  "Certamente os negócios atingem as outras regiões do país, mas claro que Rio e São Paulo atraem uma grande massa de investimentos. No entanto, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia são estados que também têm muitos atrativos para investidores estrangeiros", cita Arnaldo Gomes da Rocha.

Recentemente, no Paraná, o Grupo Thá - um dos mais tradicionais do estado - vendeu seu controle acionário para o fundo de investimento norte-americano Equity international, cuja intenção é explorar também a prestação de serviços por meio do segmento de engenharia. Outra aquisição ocorrida há pouco tempo foi promovida pelo grupo investidor Paladin, também dos Estados Unidos, que comprou a construtora Inpar. Nos anos 1990, a empresa assinou prédios de altíssimo padrão em endereços exclusivos de São Paulo. "São recursos que capitalizam a empresa, incorporam, dão musculatura e ficam no país por um longo prazo", comenta Rodolpho da Costa Vasconcellos,  mostrando que não se pode confundir esse tipo de dinheiro com capital especulativo.

O que muda, para o consumidor, a entrada de capital estrangeiro na construção civil brasileira:
- Mais oferta de imóveis
- Concorrência maior
- Redução de preços

Construção civil brasileira pode atrair até R$ 24 bilhões de investimento estrangeiro em 2012.

Entrevistados
Rodolpho da Costa Vasconcellos, conselheiro da Ademi-RJ e especialista em investimento estrangeiro no mercado imobiliário
Arnaldo Gomes da Rocha, consultor e sócio da DealMaker

Currículos

Rodolpho da Costa Vasconcellos é consultor da Capital Consult e conselheiro da Ademi-RJ
Arnaldo Gomes da Rocha é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Qualidade e Produtividade pelo ITCQ-USP
Liderou projetos em planejamento estratégico, reestruturação corporativa e desenvolvimento de negócios em áreas de  energia , TI, serviços e varejo
Atualmente é sócio da DealMaker, consultoria especializada em aquisições e fusões
Contatos: rodolpho@capitalconsult.com.br / arnaldo.rocha@dealmaker.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável Altair Santos - MTB 2330

Implosão de obras exige tecnologia de ponta

Softwares, tipos variados de explosivos e itens de segurança estão entre as inovações que tornam o Brasil um dos países-referência neste setor

Por: Altair Santos

A propagação de obras pelo Brasil afora tem feito com que velhas estruturas deem lugar a novos empreendimentos. Com isso, aumentou a demanda por implosões. Ao contrário do que se possa imaginar, o procedimento requer tecnologia avançada. No país há poucas empresas especializadas. Entre elas a Fábio Bruno Construções, que recentemente ganhou o World Demolition Awards 2011 - espécie de Oscar da demolição.

Fábio Bruno: em 2011, implosão da arquibancada do Castelão rendeu prêmio internacional.

Engenheiro de minas, Fábio Bruno revela que as implosões necessitam de projetos tão intrínsecos quanto os da construção de uma obra. Atualmente, softwares já auxiliam nos cálculos para que a estrutura seja primeiro enfraquecida e depois implodida. Além disso,  o Brasil é considerado inovador em sistemas de segurança  para implosões. É o que pode ser conferido na entrevista a seguir :
Quando fala-se em implosão de uma obra, o leigo talvez não tenha noção da tecnologia embarcada num procedimento deste tipo.

Implodir exige um projeto tão ou mais preciso do que construir?
Com certeza. Primeiro, porque a implosão não pode dar errado. É necessário analisar todas as vigas, todos os pilares, todas as lajes, enfim, tudo o que tiver função estrutural. Além disso, antes da implosão, é preciso enfraquecer a estrutura a ponto de ela não cair antes do momento certo. Tem que ter um cálculo exato para poder enfraquecer a estrutura ao máximo para, depois, com a menor quantidade de pontos possíveis, detoná-la. É um cálculo que exige muita precisão.

Assim como há sistemas construtivos diferenciados, há modelos de implosão diferentes?
Sim. Um dos recursos é a darda hidráulica, que é feita sem explosivos. Mas mesmo com explosivos, existem vários tipos que podem ser usados. Alguns com velocidade maior ou menor. Outros com potência maior ou menor. Por exemplo, para destruir um pilar de ferro dá para usar um tipo de explosivo que chamamos de carga moldada. Já para destruir um pilar de concreto é preciso usar uma banana de dinamite normal.

Como funciona a darda hidráulica?
São feitos furos no concreto para a colocação de cunhas interligadas por mangueiras. Por meio de pressão, o concreto é expandido até romper. O problema deste procedimento é que parte do equipamento se perde na demolição, o que torna seu custo muito alto. Mas há locais, como Londres, onde é proibido usar explosivo para fazer demolições, que essa técnica é muito usada.

Quais as especialidades profissionais que são envolvidas quando se planeja uma implosão?
São duas engenharias: a de minas e a civil. O engenheiro de minas é especializado em explosivos e o engenheiro civil é especializado em estrutura. Sem as duas especialidades não há implosão.

Quais estudos são feitos para que a implosão ocorra sem erros?
Existe um software importado dos Estados Unidos que permite simular a implosão. Utilizamos o programa no estádio Castelão, em Fortaleza. Era preciso demolir parte da arquibancada, sem afetar a estrutura remanescente do estádio. A gente fez cinco ensaios diferentes de simulação para avaliar qual o tipo ideal de implosão.

Estrutura, materiais usados na obra, tipo de fundações e terrenos são relevantes para definir o modelo de implosão?
Sim. É importante saber onde o terreno está apoiado, principalmente por causa da vibração. Se o terreno está todo apoiado em rocha, a vibração será muito maior do que se estiver em solo, por exemplo. É importante avaliar onde o prédio está situado, para poder avaliar como eu faço para minimizar o efeito da vibração na implosão.

Quais materiais são usados nas implosões?
Existem carga moldada, darda hidráulica, bananas de dinamites, retardos e cordéis detonantes. O ativador da implosão também é importante. Ele pode ter uma iniciação elétrica, uma iniciação por estopim ou uma iniciação por brinel, que é um ativador espontâneo.

Em termos de tecnologia, houve evolução acentuada nos processos de implosão de uns tempos para cá?
O software que simula a implosão é um exemplo disto. Há muita troca de informação entre os especialistas em implosão do mundo todo. Anualmente nos reunimos em Amsterdam, na Holanda, para apresentar inovações.

O Brasil tem know-how próprio para implosões ou ainda importa tecnologia?
Importa e exporta também. A utilização de telas faixadeiras para proteger contra o lançamento de detritos é uma inovação nossa. Nos Estados Unidos e na Europa passaram a adotar a técnica que foi criada aqui no país.

Recentemente, o país tem realizado mais implosões. A que se deve isso?
Por esse conhecimento desenvolvido. Eu, por exemplo, já tenho mais de 30 implosões no Brasil, e todas com sucesso. Outro aspecto é que o país tem muitos prédios sem manutenção, e com mais de 50 anos. Com o crescimento da construção civil, eles estão sendo demolidos para ceder lugar a empreendimentos novos. Um exemplo foi o Hospital do Fundão, no Rio. O prédio tinha 52 anos e nunca havia recebido manutenção. Resultado: entrou em colapso e precisou ser implodido.

Em termos de logística, o que envolve uma implosão?
O primeiro item é o prazo. Tem que definir o dia da explosão, para que todos os organismos públicos - polícia, corpo de bombeiros, defesa civil e companhias de água, energia e gás - possam se programar. Também é necessário obter a licença dos explosivos e organizar a entrega de material explosivo, já que ele não pode ficar exposto na obra. Então, antes, é preciso definir quantos furos serão necessários para a implosão. Tudo isso leva cerca de 30 dias, pelo menos.

Implosão do hospital universitário do Fundão, no Rio: sem manutenção, prédio de 52 anos entrou em colapso.

Entrevistado
Fábio Bruno Pinto, diretor operacional da Fábio Bruno Construções
Currículo

- Graduado em engenharia de minas pela Universidade federal de Minas Gerais (UFMG) em 2000
- Tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV, em 2005
- Possui especialização na utilização de explosivos pela Michigan Technological University
- Foi o único palestrante da América Latina no World Demolition Summit 2011, em Amsterdam
- É o único da América Latina a ser membro do “The Institute of Demolition Engineers” – IDE
- Sua empresa foi considerada a melhor em implosão de 2011, pelo World Demolition Awards 2011 (Explosion Demolition Awards)
- Possui mais de 30 implosões realizadas. Entre elas: estádio Castelão, antiga fábrica da Brahma no Sambódromo, antiga fábrica da CCPL, hospital universitário do Fundão (UFRJ) e presídio Frei Caneca.
Contato: fabio@fabiobruno.com  / http://www.fabiobruno.com/index.htm

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Túnel de vento agrega segurança e inovação às obras

Brasil tem três equipamentos. O da UFRGS é o que mais atende a construção civil e já ajudou a viabilizar mais de 300 projetos

Por: Altair Santos

Desde a NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações -, os túneis de vento passaram a ser equipamentos imprescindíveis à construção civil. É através deles que se agregam segurança e inovação às obras. No Brasil, a utilização desta tecnologia é recente. Até porque, há poucos túneis no país. São três, mas o mais requisitado para testes em projetos arquitetônicos é o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os que existem no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) priorizam as indústrias de aviação e automobilística.

Túnel da UFRGS: ferramenta mais eficaz para detectar e controlar fenômenos aerodinâmicos de obras civis.

Na UFRGS, o túnel de vento foi construído pela iniciativa do engenheiro civil Joaquim Blessmann, em 1972. Localizado dentro do Laboratório de Aerodinâmica das Construções (LAC) o equipamento é hoje o mais completo da América Latina. Seu uso tornou-se intenso a partir de 1996, quando o Brasil passou a otimizar as construções e torná-las mais seguras e resistentes à pressão dos ventos. " O túnel de vento é a ferramenta mais eficaz para detectar e controlar o efeito de fenômenos aerodinâmicos em obras civis", explica o professor da UFRGS, Acir Mércio Loredo-Souza, que dirige o LAC.

A ferramenta da UFRGS já atendeu mais de 300 projetos da construção civil. O procedimento começa com o envio das plantas em Autocad ao laboratório. A partir daí, os engenheiros do LAC projetam uma maquete para submetê-la ao ensaio. "Além da edificação, reproduzimos todo o contexto no qual ela será inserida, como as construções do entorno e tudo o que possa interferir na pressão do vento”, explica Acir. Segundo ele, os testes em túneis de vento representam 1% do valor da obra. "É um investimento, pois o estudo mostra o desempenho da edificação", completa.

Ao atingir um edifício, o vento imprime dois tipos de esforços: a pressão frontal (barlavento) e a sucção (sotavento). Por isso, quando há um teste em túnel de vento, leva-se em consideração o local que a edificação será construída (situação geográfica), o tipo do terreno e a presença de obstáculos no entorno, além de geometria e altura da edificação. "No caso de obras civis, são realizadas todas as medições de pressões, forças, deslocamentos e acelerações causadas pelo vento", conta o diretor do Laboratório de Aerodinâmica das Construções da UFRGS.

O túnel de vento precisa atender normas da Associação Brasileira de Engenharia do Vento e da Associação Internacional de Engenharia do Vento.

Atualmente, é exigido que prédios superaltos tenham seus projetos submetidos a túneis de vento. Uma das primeiras aplicações do equipamento em edificações se deu quando foram construídas as torres gêmeas do World Trade Center, construídas em 1973 e destruídas por um atentado em 2001. O estudo realizado no WTC balizou todas as outras análises feitas em túneis de vento para a construção civil. Isso envolve não apenas arranha-céus, mas pontes e viadutos. No Brasil, além de obedecer a NBR 6123:1988, as edificações precisam se submeter a requisitos da Associação Brasileira de Engenharia do Vento e da Associação Internacional de Engenharia do Vento.

Veja efeito do vento de acordo com a altura dos edifícios:

Entrevistado
Professor Acir Mércio Loredo-Souza, diretor do Laboratório de Aerodinâmica das Construções da UFRGS
Currículo

- Graduado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 1988
- Tem mestrado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992) e doutorado em engineering science
- Ph.D. pela University of Western Ontario, do Canadá (1996)
- Atualmente é Professor Associado I da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em engenharia do vento, atuando principalmente nos estudos relativos à ação e efeitos do vento sobre edificações, pessoas e o meio ambiente
- É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq - Nível 1D
Contato: 00009661@ufrgs.br / http://www.ufrgs.br/lac/

Créditos foto: Divulgação / UFRGS

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Brasil ocupa topo do ranking imobiliário internacional

Mercado de escritórios e de condomínios logísticos industriais do país é indicado por associação de investidores estrangeiros
 

Por: Altair Santos

A Associação de Investidores Estrangeiros em Imóveis (Afire, sigla em inglês) divulgou recentemente um estudo que destaca o Brasil como o segundo país mais indicado para compras imobiliárias em 2012. O mercado de escritórios e de condomínios logísticos industriais desperta o interesse de 18,6% dos entrevistados. Só o desempenho dos Estados Unidos, apontado por 42,2% dos investidores, supera o brasileiro. "Isso é extremamente positivo para o país, pois vai atrair grandes fundos internacionais para o nosso mercado corporativo", avalia a consultora Simone Santos. 

Simone Santos: "Investir em imóveis corporativos requer mais análises e mais estudos do investidor”.

Segundo a Afire, em todo o mundo o setor da construção civil voltado para imóveis comerciais receberá investimento de US$ 874 bilhões (R$ 1,52 trilhão). Deste volume de recursos, US$ 162,5 bilhões (R$ 284,3 bilhões) devem desembarcar no Brasil. A expectativa é que em São Paulo, apontada na pesquisa como a quarta cidade que mais receberá recursos para novos empreendimentos - atrás apenas de Nova York, Washington e Londres -, sejam investidos US$ 22,75 bilhões (R$ 39,81 bilhões) em 2012. "São Paulo deve capitanear, mas Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Curitiba também despertam o interesse dos investidores", diz Simone Santos. 

A consultora cita que aproximadamente 70% de todo estoque de empreendimentos previsto para ser entregue até o final do primeiro semestre de 2012 já foi previamente adquirido pelos investidores. Por isso, ela ressalta que o Brasil precisou impor uma velocidade maior na conclusão das obras, capacitando mais os trabalhadores do setor, além de resolver o problema da falta de terrenos para construir. "Um entrave que pode segurar esse volume de investimento é a falta de mão de obra, além da valorização dos terrenos. Este assédio dos investidores pode gerar especulação e se tornar um impeditivo para que determinadas regiões se aproveitem deste bom momento", comenta. 

No entender de Simone Santos, apesar dos recursos que estão chegando ao Brasil, o mercado corporativo não irá se sobrepor em volume ao setor de empreendimentos  residenciais. A consultora destaca que os dois segmentos se comportam de maneira diferente. "Enquanto o residencial é mais varejo, o corporativo requer mais análises, mais estudos. O investidor é diferenciado. Ele busca características que atendam as corporações, como localização da obra, pontualidade e, hoje em dia, empreendimentos sustentáveis", afirma. 

A pesquisa encomendada pela Afire foi realizada pelo centro de Real Estate James A. Graaskamp, da Escola de Negócios de Wisconsin. 

Confira os gráficos que apontam a boa posição do Brasil no mercado imobiliário internacional (clique nas imagens para ampliar): 

 

 

Entrevistada
Simone Santos, diretora de serviços corporativos da Herzog Imóveis Industriais e Comerciais
Currículo
- Graduada em direito pela UNIP (Universidade Paulista)
- Ocupa o cargo de diretora de serviços Corporativos da Herzog Imóveis Industriais e Comerciais há 14 anos
- Tem especialidade em consultoria, pesquisa, avaliações comerciais e tenant representation.
Contato: simone@herzog.com.br / www.herzog.com.br 

Créditos foto: Divulgação 

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

PAC completa cinco anos, mas avança pouco

Programa de Aceleração do Crescimento esbarra no despreparo técnico dos projetos, na falta de boa gestão e no desinteresse da iniciativa privada

Por: Altair Santos

Lançado em 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) caminha lentamente. Dos 1.704 empreendimentos contratados, apenas 243 foram concluídos até o final de 2011. A escassez não se deve à falta de dinheiro. No ano passado foram liberados R$ 28 bilhões para o programa. O problema maior está na elaboração dos projetos. Mal concebidos pelos municípios, eles ficam suscetíveis a contestações judiciais, o que resulta em atrasos ou, em alguns casos, na inviabilidade das obras.

Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil: “saneamento básico é o que mais sofre com lentidão”.

Um dos segmentos mais atingidos por essa demora é o do saneamento básico. Alardeado como um dos carros-chefe do programa, o setor teve 101 projetos contratados em 2011, para municípios com população acima de 500 mil habitantes, mas  que ainda aguardam a liberação de recursos. "Os procedimentos entre a apresentação do projeto até a obra, atualmente demoram acima de 24 meses. Isso quando o processo corre de forma satisfatória", explica Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.

Segundo dados do próprio Ministério das Cidades, o Brasil investe hoje menos da metade do que deveria em saneamento básico. São R$ 7 bilhões por ano, quando o valor já deveria estar em R$ 15 bilhões para que se atingisse a meta de universalização em 20 anos. Para Édison Carlos, se o PAC não consegue suprir a demanda, deveria ser convocada a participação do setor privado para atuar também em obras de saneamento básico. "Onde isso foi tentado, há exemplos de boa gestão", diz Édison Carlos.

Atualmente, cidades como Ribeirão Preto e Jundiaí, em São Paulo; Niterói, no Rio de Janeiro, e Paranaguá, no Paraná, têm seus sistemas de saneamento básico privatizados. O número de concessões, no entanto, é ínfima e hoje não atinge nem 0,5% dos 5.566 municípios brasileiros. "É preciso desburocratizar as licitações, desonerar o saneamento e estimular as parcerias público-público, público-privado e todas as demais modalidades", defende o presidente da Trata Brasil.

Édison Carlos avalia que mais investimentos em saneamento básico trará ainda maior crescimento à cadeia produtiva da construção civil. "A expansão tem impacto direto no setor, pois são obras grandes, que movimentam grandes quantidades de produtos e serviços. Além disso, em nossa pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Básico, realizada em conjunto com a FGV, ficou clara a relação entre a expansão dos investimentos em saneamento básico e os benefícios econômicos para a sociedade. Por exemplo, caso houvesse acesso universal à rede de esgoto, os imóveis poderiam sofrer uma valorização média de até 18%", cita.

Para alcançar esse estímulo, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) lançou recentemente o projeto Sanear É Viver.  Entre as propostas, estão questões relacionadas à produção de planos regionais de saneamento, à recuperação das companhias municipais e estaduais de saneamento, ao desenvolvimento de um Programa de Melhoria da Gestão das Concessionárias, às mudanças no modelo de tributação sobre projetos de saneamento e à política de subsídios para populações de baixa renda.

Gargalos que impedem o PAC de avançar :

- Falta de qualidade técnica dos projetos
- Lentidão das licenças ambientais
- Problemas nas licitações
- Gestão inadequada de empresas operadoras
- Falta de coordenação entre os níveis municipal, estadual e federal
- Falta de mão de obra especializada

Regiões do país mais carentes de saneamento básico:

Sudeste - 95% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Nordeste - 45,6% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Sul - 39,7% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Centro-Oeste - 28,3% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Norte - 13,3% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Fonte: Atlas do Saneamento do IBGE

Confira a pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Básico: Clique aqui 

Entrevistado
Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil
Currículo
- Graduado em Química pela Faculdade Oswaldo Cruz
- Pós-graduado em Comunicação Estratégica
- Atuou por quase 20 anos em várias posições no Grupo Solvay, sendo que nos últimos anos foi responsável pela área de Comunicação e Assuntos Corporativos da Solvay Indupa
Contato: edison.carlos@tratabrasil.org.br / milena.serro@tratabrasil.org.br (assessoria de imprensa) / www.tratabrasil.org.br

Créditos foto: Divulgação/Trata Brasil

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Em 2012, empregabilidade para engenheiros será de 100%

Mercado brasileiro tem um déficit de aproximadamente duzentos mil profissionais da área. Maior carência está na construção civil

Por: Altair Santos

De cada 100 vagas ofertadas no Brasil, 22 requisitam engenheiros. Trata-se da profissão com maior demanda no país atualmente, seguida de longe por administradores (14 vagas para cada 100) contabilistas (6 vagas para cada 100) e economistas (5 para cada 100). Os dados constam de pesquisa recentemente divulgada pela consultoria Ricardo Xavier, que revela ainda que de cada 22 engenheiros requisitados pelo menos metade é para o setor da construção civil.

Marshal Raffa: "Quanto mais qualificado for o profissional, mais ele será requisitado pelo mercado”.

Segundo Marshal Raffa, diretor executivo da consultoria, só a engenharia mecânica é tão requisitada quanto a civil. "Os engenheiros ligados à construção civil têm fortalecido esta posição devido aos grandes eventos do mercado brasileiro (Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas). Para a execução destes eventos é necessário infraestrutura. Tem ainda os investimentos no ramo imobiliário e a promessa do governo de executar na prática o PAC 2", diz Marshal.

A expectativa é que as engenharias, em especial a civil, tenham um nível de empregabilidade de 100% pelo menos nos próximos cinco anos. Até porque, há escassez de profissionais no mercado. O Brasil forma anualmente 8 mil engenheiros, mas, de acordo com Marshal Raffa, para suprir a demanda o país deveria, no mínimo, graduar cinco vezes mais engenheiros. "México e Coreia do Sul formam mais do que nós. De cada um graduado aqui, lá eles graduam dois e cinco, respectivamente", diz.

O consultor, no entanto, alerta que, além de graduar engenheiros, o Brasil precisa colocar profissionais qualificados no mercado. "Há uma carência de profissionais formados, mas também, mais do que isso, uma carência de profissionais qualificados", afirma. Por isso, a escala de empregabilidade tem sido a seguinte: 1º) Engenheiros com experiência; 2º) Engenheiros com mestrado e doutorado; 3º) Recém-formados. "Existe trabalho para todos, pois hoje o Brasil deve ter uma falta de cerca de duzentos mil engenheiros", estima Marshal.

Mais concorrido

A demanda por engenheiros civis tem causado mudanças até dentro das universidades. Atualmente, o curso desponta como o mais procurado em algumas instituições. No vestibular Fuvest 2012, que qualifica para a Universidade de São Paulo (USP), a graduação em engenharia ofertada no campus de São Carlos, no interior paulista, foi a mais procurada pelos candidatos. Para os aprovados em 2011, a concorrência foi de 26,78 por vaga; para 2012, 52,27.

Entrevistado
Marshal Raffa, diretor executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos
Currículo

- Graduado em ciência da comunicação (fonoaudiologia) pela PUC Campinas
- Tem MBA em gestão empresarial, especialização em responsabilidade social e coach profissional formado pela Pro Fit & Corporate Coach U
- É docente nas disciplinas de gestão em serviços, gestão de pessoas (bacharelado) e docente em projetos e processos (pós-graduação)
- Possui 15 anos de experiência como headhunter e na área de planejamento de carreira.
Contato: imprensa@ricardoxavier.com.br / www.ricardoxavier.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Engenheiros civis latinos tentam unificar profissão

Entre as reivindicações estão o incentivo à acreditação e o apoio a um modelo de ensino comum nos cursos ofertados pelas universidades

Por: Altair Santos

Engenheiros civis de países de língua portuguesa e espanhola estarão empenhados em 2012 para buscar uma unidade na qualificação profissional e na grade curricular das universidades. O objetivo é diminuir as disparidades e as exigências que são feitas quando os engenheiros se propõem a migrar de uma nação para outra em busca de trabalho. "O pessoal é formado em um país e quer atuar em outro, mas encontra muitas dificuldades. Cada um tem seus critérios. O Brasil esteve no centro da discussão, pois hoje é um dos países onde a construção civil está mais aquecida", revela o presidente da ABENC (Associação Brasileira de Engenheiros Civis), Ney Fernando Perracini de Azevedo.

Ney Fernando Perracini de Azevedo, presidente da ABENC: preocupação para que engenheiros dos países latinos tenham formação de alto nível.

Da preocupação dos engenheiros civis saiu a proposta de se criar o Conselho de Engenharia Civil dos Países de Língua Oficial Portuguesa e Castelhana. Esse foi um dos consensos a que chegaram os profissionais que estiveram reunidos em Curitiba, no final de 2011, para dois eventos que aconteceram paralelamente na capital paranaense: o 3º Encontro das Associações Profissionais de Engenheiros Civis dos Países de Língua Oficial Portuguesa e Castelhana e o 3º Congresso Iberoamericano de Engenharia Civil. Houve a participação de profissionais de 22 países (Angola, Argentina, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Chile, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Espanha, Honduras, Macau, México, Moçambique, Paraguai, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, São Tomé e Príncipe e Uruguai).

Para que haja um fluxo menos burocrático de engenheiros civis entre os países iberoamericanos foi proposto que se crie um organismo único de acreditação (reconhecimento formal) dos profissionais. Os debates, no entanto, devem amadurecer ao longo do ano e em novembro voltarão a ser discutidos na cidade do Porto, em Portugal. "A acreditação é um tema bastante polêmico. Se o profissional já tem o diploma, o que vai se exigir mais dele para trabalhar em outro país? É preciso definir que credenciais e especializações o profissional precisa ter. Informalmente, isso já ocorre, mas precisa ter algo que dê parâmetros melhores", avalia o presidente da ABENC.

Brasil e Portugal saem na frente neste debate. Em março, a ABENC e a Ordem dos Engenheiros de Portugal se reúnem para uma conferência, em que, além do mercado de trabalho, será debatido também a questão do ensino de engenharia civil nas universidades dos dois países. "A ideia é promover mais intercâmbios. A engenharia brasileira está bastante avançada, desperta o interesse de vários países, principalmente da Europa, e é hora de aproveitar essas oportunidades, tanto para eles quanto para nós", diz Ney Fernando Perracini de Azevedo.

Evento da ABENC, realizado em dezembro de 2011: engenheiros de 22 países estiveram no encontro.
 
Leia a Declaração de Curitiba e Manifesto dos Engenheiros Civis Iberoamericanos:
MANIFESTO DOS ENGENHEIROS CIVIS IBERO e DECLARAÇÃO DE CURITIBA

 

Entrevistado
Ney Fernando Perracini de Azevedo, presidente da ABENC (Associação Brasileira de Engenheiros Civis)
Currículo

- Engenheiro civil, formado pela UFPR em 1965
- Trabalhou no Comitê Coordenador dos Estudos Energéticos da Região Sul do Brasil (Comitê Sul), que realizou os primeiros estudos do aproveitamento integrado do potencial energético da região
- Atuou por 30 anos na Copel, em atividades relativas às obras das usinas de Salto Osório e Foz do Areia, na manutenção de obras civis e, por mais de 16 anos, na Assessoria da Presidência da Empresa
- Foi professor da Faculdade Católica de Administração e Economia (FAE) por sete anos
- Aposentou-se como Professor Adjunto da UFPR, onde lecionou por 30 anos disciplinas relativas à Estatística e Qualidade
- Presidiu o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) por três gestões e presidiu o Departamento do Paraná da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC/PR)

Contato: presidencia@abenc.org.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330