Riscos e fraudes existem. Saiba como se proteger

Ambiente da construção civil brasileira, por causa da informalidade e da falta de cultura no controle de obras, é mais suscetível a esses problemas

Por: Altair Santos

O setor da construção civil profissionaliza-se rapidamente no Brasil, mas ainda existem gargalos que oferecem riscos e possibilidades de fraudes. Por esse motivo, os investidores, sejam eles do segmento imobiliário, comercial ou de infraestrutura, têm buscado cada vez mais informações sobre as obras em que decidem colocar dinheiro. Isso faz aumentar a demanda por consultores como Felipe Gutiérrez - especialista em mapear empreendimentos, sob o ponto de vista do retorno financeiro e da segurança da obra. Seu papel é disponibilizar ferramentas que identifiquem eventuais riscos. Na entrevista a seguir, ele revela como é possível detectar quais projetos são bons ou não para se investir. Confira: 

Felipe Gutiérrez: se o empreendimento é novidade para a construtora, o risco de haver problemas é maior.

Atualmente, quais são as principais ferramentas para identificar e mensurar riscos em obras?
Esta questão é bem ampla, existem vários riscos quando se trata de uma obra. Tem os riscos de engenharia, propriamente dito, tem os riscos de execução durante a obra, riscos de gestão, riscos ambientais, enfim, existe uma série de riscos e o ideal é determinar quais tipos de riscos estão envolvidos para daí fazer um trabalho de identificação e mensuração desses riscos. Por exemplo, entregar uma obra com atraso ou gastando mais do que o inicialmente orçado pode ser mensurado de várias formas. Uma delas, mais subjetiva, é consultar uma pessoa com muita experiência em obras similares. Porém, a abordagem é relativamente leve em termos de sustentação e pode ser facilmente questionada. Por isso, existem outros procedimentos que são mais detalhados e permitem regressões estatísticas, como a técnica de Monte Carlo. Há também o uso de softwares especializados. Mas o mais importante é fazer sempre a avaliação qualitativa do risco e levar em consideração a experiência das pessoas que conhecem os contratos.

Quais são os principais riscos em obras para os investidores?
Para o investidor vai estar sempre relacionado com o objetivo dele, que é colocar dinheiro e ter um retorno x num prazo y. Qualquer obstáculo que impacte a obra no prazo ou no custo vai impactar o investidor também. Além disso, para fazer investimento numa obra x, ele quer saber quem vai fazer a obra, se a empreiteira é renomada e se existe um freework de gestão adequado para a construção. Enfim, o que interessa é saber como o custo, o prazo e o escopo da obra vai impactar diretamente no resultado que o investidor está buscando naquele investimento.

Em termos de metodologias para verificar riscos de fraude em projetos de construção, quais se destacam?
Existe uma ferramenta muito importante que é o canal de denúncia, que é largamente utilizada, principalmente em grandes obras, grandes projetos. Muitas vezes as empresas já têm o seu próprio procedimento, a sua própria política para lidar com esta questão da denúncia anônima. Esta é uma ferramenta importante para identificar possíveis fraudes em obras. De forma mais ampla, o próprio ambiente de controle nas obras é uma forma muito importante para se verificar se o pessoal é bem treinado e se os procedimentos, processos e políticas estão bem definidas. Ter um sistema que dê apoio na gestão das obras também é uma ferramenta importante para esta identificação.

Quando se fala em fraude em projetos, como elas se manifestam e como detectá-las?
Isso pode acontecer de diversas formas. Mas a grande maioria passa por movimentação de estoques e de equipamentos. Muitas vezes uma obra não é bem controlada, o que permite, por exemplo, que o encarregado compre dois caminhões de brita, mas na verdade a construção precisa de um só. Ele assina o recebimento de dois caminhões de brita, mas só um chega na obra e o outro é desviado para outro lugar. Este tipo de descontrole sobre gestão e estoque de materiais é uma fonte grande de fraudes. Outro ponto são as fraudes contábeis, financeiras e de aprovação de contratações. Às vezes muda-se de nível. Passa-se para um nível de tomada de decisão corporativa, definindo a contratação de um fornecedor sem que seja feito o processo adequado de cotação.

Comparativamente a outros setores econômicos, o mercado imobiliário apresenta um volume maior ou menor de riscos de fraudes?
Mais, por que o ambiente no Brasil ainda tem muita informalidade. Além disso, não há tanta cultura de controle de obras. A fiscalização é maior em obras públicas, porque estão mais à vista. Se ocorrer uma fraude numa obra de um aeroporto ela chama mais a atenção, pois está sendo gasto dinheiro público. Porém, se esse tipo de fraude estiver acontecendo no departamento de compras de uma indústria alimentícia, por exemplo, enquanto isso não for muito grande e não impactar administrativamente nas demonstrações financeiras da empresa, dificilmente vai ser fiscalizado. O que evita as fraudes é ter um ambiente devidamente planejado e implementado.

Quanto ao cumprimento de normas legais (compliance) que regulamentam a realização de obras, hoje os construtores e incorporadores estão mais atentos a isso?
Sim, mas ainda há muito a ser feito. Principalmente em termos de se conhecer o que está em conformidade. Tem muitos clientes e empresas que nem sempre conhecem 100% as leis, principalmente aqueles que estão crescendo ou estavam em atividade informal. É preciso ter conhecimento de ações que até então não faziam parte do dia a dia. Como muitas construtoras estão crescendo - empresas que eram pequenas, estão se tornando médias e grandes -, é importante que elas se informem das normas legais do negócio.

O mercado imobiliário brasileiro, comparativamente ao que se faz em outros países, tem maior ou menor incidência de riscos e fraudes em projetos de construção?
No Brasil tem mais, por que no mundo anglo saxão esta cultura de ambiente de controle é mais difundida, está mais arraigada. E não só de ambiente de controle como também de planejamento e gestão na execução.

Entre obras de infraestrutura, imobiliárias e comerciais, como shopping centers, quais são mais suscetíveis a riscos e fraudes em projetos de construção?
Depende muito da empresa que está fazendo a obra. Se o empreendimento é novo para a construtora, localizado numa região que ela não tem conhecimento dos aspectos culturais, legais e tributários, assim como da mão de obra, tudo indica que haverá problemas. Agora, se a empresa já detém todo o tipo de informação, ela estará menos suscetível. Lugar novo e condições novas aumentam a probabilidade de haver problemas.

Entrevistado
Felipe Gutiérrez, sócio-diretor da KPMG Brasil, empresa especializada em auditorias e consultoria no setor da construção civil
Currículo
- Tem 12 anos de experiência no segmento de consultoria
- Iniciou sua carreira em 1998, na KPMG, onde hoje é o sócio-diretor responsável pela linha de serviços “Major Projects Advisory” (MPA) no Brasil
- É Mestre em Economia; PMP (Project Management Professional) pelo PMI (Project
- Management Institute); CIA (Certified Internal Auditor) e CRMA (Certified in Risk Management Assurance) pelo IIA (The Institute of Internal Auditors)
- É membro de diversos institutos, integra a equipe global da KPMG International e apoia clientes em obras de grande porte, em diversos segmentos, como mineração, metalurgia/siderurgia, real estate, oil&gas, infraestrutura&governo
Contato: fagutierrez@kpmg.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Para cada tipo de concreto, um tipo de brita

Estruturas de concreto sofrem forte influência mineralógica dos agregados. A escolha errada pode prejudicar na resistência e na durabilidade do material

Por: Altair Santos

No que o tipo de brita misturada ao cimento, à areia e à água influencia na resistência, na durabilidade e em outros fatores do concreto? Segundo o geólogo, diretor do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e professor titular da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) Cláudio Sbrighi, cada tipo de estrutura pede um tipo de brita. "Tratando-se de uma estrutura de concreto para uma casa, a influência mineralógica da brita é relativamente pequena. Mas se a construção envolver edifícios, pavimento de concreto, obras de infraestrutura ou pré-moldados, o agregado certo otimiza o empreendimento", explica.

Cláudio Sbrighi: 95% dos agregados para concreto britado usados no Brasil são de origem granítica, basáltica ou calcária.

De acordo com o especialista, os pavimentos de concreto, por exemplo, precisam de uma brita que seja mais resistente à abrasão. "Neste caso, é muito melhor usar um granito ou basalto do que usar calcário, que tem baixa resistência abrasiva", resume Cláudio Sbrighi, lembrando que no Brasil a grande maioria dos agregados para concreto britado tem origem em rochas ígneas, de onde procedem granito e basalto, ou de rochas metamórficas, de onde vem as britas de calcário. "São as principais famílias, a partir das quais se produzem 95% dos agregados para concreto no país", comenta, completando que, com exceção da região amazônica, os demais estados do país têm farta produção de brita. São Paulo responde por cerca de 30% da produção nacional. Outros importantes estados produtores são Minas Gerais (12%), Rio de Janeiro (9%), Paraná (7%), Rio Grande do Sul (6%) e Santa Catarina (4%).

Para melhorar a qualidade da brita, os laboratórios que pesquisam concreto têm se concentrado no aperfeiçoamento das características dos materiais, além de investir na descoberta de produtos artificiais. "No Brasil, temos agregados leves produzidos a partir da argila inteirizada, pelotizada e sintetizada. Ela responde por uma pequena porcentagem do mercado. Não é largamente utilizada, mas tem a propriedade de produzir concreto em massa unitária mais leve, podendo ser utilizada em estruturas em que haja interesse de economia nas fundações", revela o geólogo.

Atualmente, existem também aplicações de agregados britados feitos a partir de entulho da construção civil. Cláudio Sbrighi afirma que esse tipo de material deve ser usado para concreto sem responsabilidade estrutural. "É permitida a substituição de parte do agregado por agregado originado de entulho de construção, desde que de boa qualidade, apenas em obras como guias, sarjetas e outros elementos que não tenham função estrutural relevante", diz. Já no caso das peças pré-moldadas, o recomendável é que sejam agregados não reciclados e que atendam os limites especificados pela ABNT. As normas técnicas (NBR) são: agregado para concreto (7211), apreciação petrográfica (7389), amostragem (7216), forma (7809), pedra e agregados naturais (7225) e alterabilidade (12696/7).

No caso de concretos com alta resistência usam-se britas de origem ígneas - basaltos e granitos -, enquanto nos autoadensáveis, especialmente no caso do agregado graúdo mais fino, os calcários são mais vantajosos. Quando tratam-se de grandes obras, as britas 2 e 3 são as mais utilizadas. De acordo com a NBR 7225, a classificação dos agregados é a seguinte:

Com exceção da região amazônica, todas as outras têm farta produção de brita no país.

Pó de brita – Malha 5 milímetros
É muito utilizado nas usinas de asfalto, para calçamentos com base asfáltica e de concreto para obtenção de textura fina, assim como em calçadas. Também é usado na fabricação de pré-moldados e como estabilizador de solo, na confecção de argamassa para assentamento e emboço.

Pedrisco ou brita nº 0 – Malha 12 milímetros
Produto de dimensões reduzidas, muito requisitado na fabricação de vigas e vigotas, lajes pré-molduradas, intertravados, tubos, blocos, bloquetes, paralelepípedos de concretos, chapiscos e acabamentos em geral.

Brita 1 – Malha 24 milímetros
É o produto mais utilizado pela construção civil, muito apropriado para fabricação de concreto para qualquer tipo de edificação de colunas, vigas e lajes assim como em diversas aplicações na construção de edificações de grande porte.

Brita 2 - Malha 30 milímetros
É voltado para fabricação de concreto que exija mais resistência, principalmente em formas pesadas. Usada para a fabricação de concreto bruto, para maior resistência, e na construção de fundações e pisos de maior espessura.

Entrevistado
Cláudio Sbrighi, geólogo, diretor do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e professor titular da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado)
Currículo
- Graduado em geologia pelo Instituto de Geociências e Astronomia da USP (1970)
- Tem mestrado em engenharia civil pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1975) e doutorado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP (1993)
- Atualmente é diretor do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) e professor titular do Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)
Contato: csbrighi@yahoo.com
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Prefeituras despertam para a certificação verde

Municípios passam a criar formas de incentivo e de controle das construções sustentáveis, que vão desde IPTU verde a selos de qualidade

Por: Altair Santos

As certificações verdes, que no Brasil chegaram pelas mãos de organismos privados ou de ONGs (organizações não governamentais) começam a ser absorvidas pelo poder público. Já existe um bom número de cidades com projetos de lei que tramitam nas câmaras municipais propondo formas de incentivar as construções sustentáveis através de isenções fiscais. É maior ainda - cerca de 55 em todo o país - a quantidade de prefeituras que atualmente adotam o IPTU Verde, promovendo descontos nos impostos para habitações, indústrias ou empreendimentos comerciais que fazem captação da água da chuva, reuso de água, mantém áreas permeáveis no terreno ou simplesmente preservam árvores.

No Rio de Janeiro, foi criado o Qualiverde. Belo Horizonte também tem o selo BH Sustentável.

Em 2009, Belo Horizonte deu um passo à frente e transformou-se na primeira capital a ter uma certificação para construções sustentáveis. A prefeitura da capital de Minas Gerais criou o Programa de Certificação e Sustentabilidade Ambiental, também chamado de BH Sustentável. O selo tem um elemento inovador em relação a outros existentes. Além de incentivar as construções sustentáveis, ele procura também influenciar na formação de profissionais da engenharia civil e da arquitetura nas universidades, provocando mudança de conceitos na concepção de projetos e estimulando a busca por processos construtivos que gerem menor consumo de água, de energia, de emissões de gases e de resíduos.

Na mesma linha, a prefeitura do Rio de Janeiro sancionou em junho de 2012 o selo Qualiverde. Trata-se de um conjunto de benefícios fiscais, como menor ISS, menor IPTU e menor taxa de ITBI (Imposto sobre a Transição de Bens Imóveis) para as obras concebidas dentro do conceito de construção sustentável. Os projetos de prédios verdes se submetem a uma pontuação, na escala de zero a 100, cujo valor mínimo a ser atingido é 70. A partir daí, os descontos começam a ser ofertados, desde que as construtoras também não transfiram custos ao comprador. "O desafio é agir sobre o custo da construção sustentável sem repassá-lo ao consumidor”, avisa Pedro Rodrigo Rolin, da Secretaria Municipal de Urbanismo.

A tabela de pontuação do Qualiverde segue alguns critérios já adotados por certificações mais tradicionais, como Leed e Aqua. Confira:


AÇÕES
DISPOSITIVOS ECONOMIZADORES
PONTUAÇÃO
Gestão da Água - Arejadores e comandos regulares de vazão - Sanitários c/ caixa acoplada ou duplo acionamento

- Uso de medidores individuais de consumo de água nas edificações multifamiliares, comerciais e mistas

- Sistema de reuso de águas servidas

- Sistema de reuso de águas negras

- Aproveitamento de águas pluviais

- Pavimentos permeáveis em, pelo menos, 40% da área de passeio

- Construção de reservatório para retardo do escoamento das águas pluviais

- Acréscimo de mais 10% de área permeável além da legislação

22

.

1

.

1

8

1

2

1

.

5

 

Eficiência Energética e
Desempenho Térmico
- Aquecimento solar – SAS completo- Iluminação de áreas comuns c/ lâmpadas LED

- Iluminação natural em 50% das áreas comuns

- Iluminação c/ distribuição em circuitos independentes e dispositivos economizadores

- Fontes alternativas de energia como painéis solares fotovoltaicos

5 a 10 2 a 4

5

2

.

5


Projeto - Telhados de cobertura verde - Orientação ao Sol e Ventos

- Afastamento das divisas

- Vedações adequadas a zona bioclimática

- Uso de materiais sustentáveis

- Conforto acústico

- Isolamento térmico nas fachadas

- Plano de redução de impactos ambientais

- Reaproveitamento de resíduos no canteiro de obras

- Bicicletário e apoio

- Compartimento para coleta seletiva

- Plantio de espécies vegetais nativas

- Ventilação natural de banheiros

- Adequação às condições físicas do terreno

- Sistema de fachadas

- Vagas para veículos elétricos

- Estruturas metálicas

5 5

2

1

3

2 a 7

3

3

3

1 a 3

 

1 a 3

2

2 a 4

2

4

1

8


Mais certificações

Conforme vão se disseminando pelo país, as certificações que incentivam construções sustentáveis também mudam de formato de uma região para outra. No Ceará, por exemplo, em vez das prefeituras foi o governo estadual quem decidiu criar um mecanismo de incentivo à gestão ambiental. Trata-se do Programa Selo Município Verde, que organiza um ranking das cidades cearenses que mais assumem compromissos com o meio ambiente. A cada ano, de acordo com a quantidade de obras ecologicamente corretas e o comprometimento com a conservação da biodiversidade, o município pode galgar posições na lista e, com isso, obter vantagens governamentais, seja na forma de incentivos fiscais ou na atração de recursos para investir no meio ambiente.

Entrevistados
Secretarias de governo dos Estados do PR, SP, RJ, MG, SC, RS e CE (via assessorias de imprensa)

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Rio Grande do Sul investe R$ 5,4 bi em grandes obras

Parcerias com o Governo Federal ajudam a recuperar infraestrutura do estado nos setores rodoviário, ferroviário e de energia

Por: Altair Santos

O Rio Grande do Sul atua em três frentes para consolidar sua infraestrutura. No plano rodoviário, o estado prioriza as duplicações de cinco estradas: a ERS-118, a BR-448 (Rodovia do Parque), a BR-386, a BR-392 e o trecho sul da BR-116. A expectativa é que até 2014 pelo menos três destas obras estejam concluídas. Recursos não faltam. Em parceria com o governo federal, os investimentos totalizam R$ 2,7 bilhões na modernização das rodovias.

Rodovia do Parque: empreendimento é um dos mais relevantes para desafogar o trânsito no entorno de Porto Alegre.

Preocupado em construir obras sólidas, o Rio Grande do Sul intensificou a parceria com a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) para viabilizar estradas em pavimento de concreto. Na ERS-118, no trecho entre Gravataí e Viamão, são 22 quilômetros; na BR-392, principal via de acesso ao porto de Rio Grande, há mais 27 quilômetros com pavimentação rígida. O concreto também estará presente na BR-448, mas em forma de obras de arte. Entre viadutos, pontes, interseções e acessos serão 25 mil m² de estruturas pré-fabricadas.

O pré-fabricado também se faz presente nas obras de ampliação do porto do Rio Grande, que recebe investimento de R$ 150 milhões. Da mesma forma, as peças de concreto impulsionam as construções voltadas para melhorar a mobilidade da cidade de Porto Alegre para a Copa do Mundo de 2014. Só o aeromóvel, que ligará o aeroporto Salgado Filho ao metrô da capital gaúcha, consumirá 2.600 m³ de pilares e vigas pré-moldadas.

Numa outra frente, o Rio Grande do Sul tenta resgatar sua tradição ferroviária, investindo principalmente no projeto da Norte-Sul, que viabilizará um canal de escoamento entre as regiões sul e sudeste do país. Para esse projeto, o governo gaúcho pretende captar R$ 500 milhões só para viabilizar o trecho dentro do estado. "A ideia é levar ferrovias aos centros produtivos do estado, interligando-as com os portos e com a Norte-Sul", explica o secretário de infraestrutura e logística (Seinfra-RS) Beto Albuquerque.

Além de estradas e ferrovias, o Rio Grande do Sul promove forte investimento em geração e transmissão de energia. São R$ 2 bilhões para o setor, que projeta a construção de seis hidrelétricas, além da expansão do parque eólico no litoral norte do estado. A primeira destas obras foi inaugurada em outubro de 2012. Trata-se da usina Passo São João, no noroeste do Rio Grande do Sul. O empreendimento custou R$ 600 milhões, tem potência para gerar 77 megawatts (MW) e vai atender 580 mil habitantes.

Entrevistado
Secretaria de Infraestrutura e Logística do Rio Grande do Sul (via assessoria de imprensa)
Contato: www.seinfra.rs.gov.br
Créditos foto: Divulgação/Seinfra-RS

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

UnB resgata tradição de "universidade do pré-fabricado"

Sistema industrializado predomina na construção de novos prédios e estimula a instalação de fábricas no entorno do Distrito Federal

Por: Altair Santos

Em 1962, os primeiros alunos do curso de arquitetura e urbanismo da recém-inaugurada Universidade de Brasília (UnB) tinham aulas práticas dentro do canteiro de obras do campus Darcy Ribeiro. Naquele ambiente, viram nascer alguns dos primeiros prédios concebidos em pré-fabricado no Brasil. O sistema construtivo, cuja funcionalidade atraiu Oscar Niemeyer, pois permitia agregar salas de aula e laboratórios sem precisar de grandes adaptações, tornou-se uma marca registrada da UnB.

Prédio da Ciência da Computação e Estatística: funcionalidade do pré-fabricado permite que laboratórios e salas de aula interajam.

Hoje, 50 anos depois, a Universidade de Brasília não se limita apenas ao seu campus no Plano Piloto. Ela se estendeu para as cidades-satélites de Ceilândia e Gama, além do município de Planaltina, que fica no entorno do Distrito Federal, mas conserva as estruturas construídas com peças de concreto como um legado. Não é à toa que a UnB é conhecida como a "universidade do pré-fabricado". "A UnB foi uma experiência precursora do pré-fabricado, com Oscar Niemeyer e Lelé (João Filgueiras Lima). Dentro do complexo, o edifício do Instituto Central de Ciências, com 750 metros de extensão e 118.000 m² de área construída, é emblemático", lembra Alberto Alves de Faria, diretor do Ceplan (Centro de Planejamento Oscar Niemeyer) da UnB.

Há quem também atribua o fato de a UnB ter sido concebida sobre pré-fabricados por causa do clima quente e seco predominante no Distrito Federal. Por causa do calor, Niemeyer teria optado por vãos mais livres e pelo concreto aparente das estruturas para que os estudantes tivessem condições de estudar em ambientes com temperaturas mais amenas, já que o calor não se propaga com eficiência no concreto. "Há esse favorecimento, mas não acredito que tenha sido determinante para a opção pelo pré-fabricado. O que pesou foi a rapidez de se construir com sistemas industrializados", destaca o diretor da Ceplan.

Equipe de arquitetura que elaborou os recentes projetos da UnB: Alberto Aves de Faria, entre as arquitetas Fabiana Curado e Fátima Pires.

A funcionalidade do pré-fabricado, justifica Alberto Alves de Faria, é que permitiu expandir os campi da UnB em tão pouco tempo. "Tínhamos um cronograma de execução apertado, por causa da demanda dos cursos, e a repetição de estruturas gera economia de tempo", garante. Mas se permitiu construir mais com um prazo menor, a escolha do pré-fabricado também encareceu o projeto. Motivo: a carência de empresas que trabalham com pré-fabricados em Brasília e no entorno fizeram com que o custo inicial ficasse cerca de 15 % mais caro. "Mas este custo foi amplamente compensado pela qualidade", completa Faria.

As peças pré-fabricadas usadas na UnB, nas recentes obras, vieram de Minas Gerais e de Goiás. Para disseminar o uso do sistema construtivo no Centro-Oeste, e o desenvolvimento da indústria na região, a universidade serve de exemplo aos empreendedores. "Existe uma ampliação de oportunidades e de boas iniciativas que estão dentro da própria UnB", avalia o diretor da Ceplan.


Evolução da arquitetura no campus da UnB

Anos 1960
O projeto urbanístico do campus da UnB é de Lúcio Costa. Já o desenho dos prédios dos institutos e faculdades ficou a cargo de Oscar Niemeyer, além de outros nomes importantes como João Filgueiras Lima, o Lelé, e Glauco Campelo. Esse grupo fazia parte do Centro de Planejamento (Ceplan) da Universidade de Brasília. Menos de dois anos depois da assinatura do decreto que criou a UnB, as primeiras edificações começaram a surgir na paisagem da UnB. Além de sistemas pré-fabricados, as construtoras fizeram prédios definitivos. Entre as construções pioneiras no campus da Asa Norte estão a Faculdade de Educação, de Alcides da Rocha Miranda, os pavilhões de serviços gerais e o Instituto Central de Ciências, mais conhecido como Minhocão, ambos de Oscar Niemeyer, e os blocos residenciais da Colina, desenhados por Lelé. Durante a ditadura, a UnB foi invadida por militares, o que levou nomes importantes como Niemeyer e Lelé a deixarem a instituição.

Anos 1970
A partir dos anos 1970, começa uma nova fase na construção de prédios no campus da Universidade de Brasília. Os novos edifícios têm uso preponderante de concreto armado. Um dos primeiros a sair do papel nessa década foi a Biblioteca Central e, em seguida, surgiram os blocos da Casa do Estudante, projetos de Léo Bonfim Júnior e Alberto Fernando Xavier. Também dessa época é o Restaurante Universitário, de José Galbinski. Seguindo a mesma linha arquitetônica, baseada no concreto armado, a UnB construiu a Reitoria, de Paulo Zimbres, e o prédio da Faculdade de Estudos Sociais Aplicados, de Matheus Gorovitz, além do Núcleo de Medicina Tropical, da Faculdade de Ciências da Saúde e da Faculdade de Tecnologia, todos de Adilson Costa Macedo e Érico Siegmar Weidle.

Anos 1980 e 1990
Nos anos 1980, os projetos perderam um pouco a semelhança e os novos prédios começaram a ser mais heterogêneos. Ao contrário do que aconteceu nas primeiras décadas, quando os arquitetos responsáveis eram professores da instituição, profissionais de fora começaram a ser contratados. A partir daí, surgiu uma experimentação estrutural. Ao longo dessas décadas, a iniciativa privada começou a usar espaços dentro do campus. Assim, foram construídos edifícios como o do Centro de Excelência em Turismo, de Zanine Caldas. É dos anos 1990 o projeto do Centro Comunitário da UnB, de Frederico Carvalho, e o desenho dos pavilhões Anísio Teixeira e João Calmon, de autoria do arquiteto Cláudio Queiroz.

Anos 2000
Em 2002, a Universidade de Brasília aprovou o Plano de Obras UnB XXI, que revisou os projetos de construções anteriores. A proposta previa grandes investimentos em novos espaços para ensino e pesquisa. Os novos prédios seriam construídos com os recursos provenientes da venda de imóveis de propriedade da UnB no Plano Piloto. Entre os institutos e faculdades que estavam previstos nesse plano de obras e saíram do papel posteriormente estão o Instituto de Ciências Biológicas, o Instituto de Química e a nova sede do Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe). A construção desses prédios contribuiu para a liberação de 20 mil metros quadrados do Minhocão.

Fonte: Correio Braziliense

Entrevistado
Alberto Alves de Faria, diretor do Ceplan (Centro de Planejamento Oscar Niemeyer) da UnB
Currículo
- Graduado em Arquitetura pela UnB, em 1981, com especialização em Desenho Urbano (1984) e mestrado em Arquitetura e Urbanismo (2000)
- É arquiteto da Fundação Universidade de Brasília (1986), onde foi prefeito do campus (1993 a 1997) e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da FATECS/UniCEUB
- Desde 2002 é diretor do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer da Universidade de Brasília
- É presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF (CAU/DF)

Contato: alberto@unb.br / ceplan@unb.br
Créditos fotos: Edu Lauton / UnB Agência / Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

ENECE realça credibilidade da engenharia estrutural

Edição 2012 destaca respeito internacional conquistado pelos profissionais brasileiros, além dos avanços tecnológicos que hoje envolvem os projetos

Por: Altair Santos

A engenharia estrutural brasileira consolida-se como uma das mais respeitadas do mundo. Não só pelos conceitos que desenvolveu, principalmente a partir da década de 1960, mas pela normatização que hoje deve ser seguida pelos projetos. Essa credibilidade foi realçada no 15º ENECE (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural) que ocorreu no final de outubro, em São Paulo. Promovido pela ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) o evento atraiu palestrantes internacionais como o engenheiro civil português Tiago Braga Abecasis e o norte-americano Arnold Van Acker.

Evento realizado em São Paulo reuniu profissionais de todo o país e marcou a troca da diretoria da ABECE.

Segundo o ex-presidente da ABECE, Eduardo Barros Millen, que no encontro empossou a nova presidente da associação, a engenheira civil Suely Bacchereti Bueno, esse tipo de intercâmbio reforça ainda mais o prestígio de projetistas e calculistas brasileiros. "Os serviços desses profissionais têm sido amplamente requisitado no exterior. Em determinados quesitos, estamos mais para ensinar do que aprender. Mas devemos ter também a humildade suficiente para ir buscar lá fora resultados de ensaios de estruturas e peças que ainda não temos aqui", ressalta.

Millen destaca que, felizmente, a consultoria estrutural passou a ter um mercado com demanda aquecida. "O trabalho desses profissionais é que garante qualidade, durabilidade e segurança à construção. Por isso, há cerca de quatro ou cinco anos temos experimentado falta de mão de obra qualificada para trabalhar em escritórios de projeto estrutural. Esse fato levou a ABECE, em parceria com a FESP (Faculdade de Engenharia São Paulo) e a TQS Informática, a montar um curso de pós-graduação lato sensu para formação de especialistas em estruturas de concreto. Também há uma demanda dos clientes por profissionais cada vez mais qualificados", diz.

O 15º ENECE abordou ainda os avanços tecnológicos e as mudanças que os softwares causaram na engenharia estrutural. Para isso, o decano Mário Franco concedeu uma palestra onde traçou uma linha do tempo que foi desde a régua de cálculo até o programa que hoje encanta os projetistas: o BIM (Building Information Modeling). "A evolução dos métodos de trabalho foi significativa. Os softwares ajudam a dar maior precisão nos cálculos estruturais, agilizam o trabalho e o fazem com menos erros do que se fazia antes do seu advento. Desde os tempos das contas com réguas de cálculo, passando pelas calculadoras de quatro operações, computadores de grande porte e chegando aos microcomputadores, laptops e tablets, houve muitas mudanças. No entanto, nunca se dispensou a experiência e o bom senso do engenheiro estrutural", afirma.

Nova diretoria

Eduardo Barros Millen: em determinados quesitos, engenharia estrutural brasileira está mais para ensinar do que aprender.

A nova presidente da ABECE, a engenheira civil Suely Bacchereti Bueno, tem uma experiência profissional de quase 40 anos na área de estruturas. Atualmente, ela concentra-se na coordenação da CE 02:124.15 (Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto - Projeto e Execução) constituída pela ABNT para revisar a NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Além de Suely Bueno, os demais integrantes da diretoria da ABECE para o biênio 2012-2014 são os seguintes:

Vice-Presidente de Relacionamento: Augusto Guimarães Pedreira de Freitas


Vice-Presidente de Tecnologia e Qualidade: Jefferson Dias de Souza Junior


Vice-Presidente de Marketing: João Alberto de A. Vendramini


Diretor Administrativo-Financeiro: Roberto Dias Leme

Diretores
Enio Canavello Barbosa
Guilherme Covas
João Luiz Zattarelli
José Luiz V. C. Varela
José Martins Laginha Neto
Thomas Garcia Carmona

Conselho Deliberativo
Bruno Contarini
Francisco Paulo Graziano
Júlio Timerman
José Augusto De Ávila
Natan Jacobsohn Levental
Nelson Covas
Sônia Regina Freitas
Virgílio Augusto Ramos

Entrevistado
Eduardo Barros Millen, ex-presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)
Currículo
- Engenheiro civil graduado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- É sócio-diretor da ZMC (Zamarion e Millen Consultores SS Ltda.) e presidiu a ABECE no biênio 2010-2012
Contato: www.abece.com.br
Créditos fotos: Divulgação / Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Empresa não pode focar no que foi, mas no que será

Conceito faz com que gestão de mudanças ganhe espaço nas Companhias, mas é essencial que haja engajamento dos colaboradores

Por: Altair Santos

O especialista em gestão de empresas Telmo Schoeler avalia que o mercado tem feito com as companhias uma espécie de lei de Darwin, ou seja, a seleção natural entre as que conseguem mudar e evoluir para competir e as que se perdem na lentidão e na burocracia e acabam tornando-se verdadeiros dinossauros. Por isso, segundo ele, é inexorável que as corporações saudáveis estejam constantemente operando dentro de uma gestão de mudanças. "A mudança dentro da empresa deve ser um estado de espírito. Não importa o que a empresa foi nem o que é, mas apenas o que será", resume Telmo Schoeler.

Telmo Schoeler: mundo moderno impõe adequações constantes às organizações.

Para o especialista, há um equívoco quando se pensa que apenas as grandes corporações conseguem implementar gestão de mudança. "Quando mencionamos exemplos e estratégias de empresas bem sucedidas como Coca Cola, Nestlé, Microsoft, Disney, Natura, Gerdau, entre outras, é comum ouvir: ah, mas isso é para grandes empresas. Não se aplica a nós, pequenas e médias. Porém, analogamente, temos os casos de grandes derrocadas, como Varig, Lehman Brothers, GM, Mesbla e Kodak. O que significa isso? Significa que, independentemente do tipo, do setor, da dimensão, do estágio de sofisticação gerencial e da situação econômico-financeira, os conceitos que definem sucesso e fracasso estão ligados à capacidade das empresas de se adaptarem e mudarem de acordo com as exigências do mercado", diz.

No organograma das empresas resilientes há 12 regras fundamentais:

1 - Objetivo claro e definido → sua ausência impede traçar caminhos.
2 - Estratégia para atingir esse objetivo e pessoas capazes de estabelecê-la → sem elas, tudo o mais é efêmero.
3 - Estrutura de capital compatível com o negócio  → nada se sustenta apenas com ideias e boa vontade.
4 - Pessoas com capacidade para executar as ações da estratégia → iniciativa sem entrega é inócua.
5 - Sistema de registro e controle dos atos e fatos  → sem ele se desconhece situação e performance e qualquer voo cego um dia acaba em tragédia.
6 - Periódica revisão estratégica à luz das mudanças e dinâmica do mundo  → só o futuro existe e será diferente do passado.
7 - Afinidade e harmonia societária  → a física já nos ensina que a resultante de forças iguais e de sentido contrário é a inércia, o que nos negócios é a morte.
8 - Gestão do processo sucessório de pessoas e de capital  → porque pessoas morrem e capital troca de mãos.
9 - Acompanhamento, verificação e auditoria dos atos e fatos  → nem tudo o que parece é.
10 - Consciência de que só o mercado/vendas nos sustentam  → saber que necessidade a empresa supre e quais problemas ela resolve para os clientes.
11 - Sermos melhores/diferentes de nosso concorrente  → por que os clientes gastam conosco?
12 - Consciência de que tudo acaba em dinheiro  → sobrevivemos ou morremos pelo caixa.

Esses conceitos formam um plano macro, que, no entanto, só consegue ser implementado se conduzido por uma liderança qualificada e inovadora. "Diria que as empresas que falharam nas estratégias de mudança promoveram ações erráticas, principalmente apostando em planos de tentativa e erro. Outro equívoco foi terem contratado líderes com experiência no ramo, mas sem o perfil de mudança. O desafio requeria muito mais do que isto", avalia Telmo Schoeler. "Multinacionais ou a padaria da esquina sobrevivem ou desaparecem pelas mesmas razões, que são a adesão ou não aos princípios de gestão e governança", complementa o especialista, garantindo que as mesmas regras servem também para as companhias que atuam na construção civil, sejam elas grandes médias ou pequenas.

Entrevistado
Telmo Schoeler, sócio-fundador e Leading Partner da Strategos – Strategy & Management, e coordenador da Orchestra – Soluções Empresariais
Currículo

- Graduado em administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com MBA (Master of Business Administration) pela Michigan State University – EUA
- Tem ainda diversos cursos de extensão em gestão, governança corporativa, planejamento, finanças, marketing e qualidade, seja no Brasil, nos Estados Unidos (Southern Connecticut University e Yale University) e Inglaterra (City of London)
- Possui 47 anos de prática profissional, metade exercendo funções executivas de diretoria e presidência de empresas nacionais e estrangeiras na indústria, comércio e serviços, incluindo bancos nacionais e internacionais nas áreas de crédito, investimentos, mercado de capitais e fusões & aquisições
- É sócio-fundador e Leading Partner da Strategos – Strategy & Management e fundador e coordenador da Orchestra – Soluções Empresariais
Contato: strategos.telmo@orchestra.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Pré-fabricado faz arenas da Copa virarem realidade

A menos de 600 dias do mundial, sistema construtivo impulsiona obras, que começam a ser inauguradas a partir de dezembro de 2012

Por: Altair Santos

Ainda que as obras de mobilidade prometidas para a Copa do Mundo estejam em ritmo lento, com a possibilidade de que algumas sequer saiam do papel ou sejam concluídas apenas após o megaevento de 2014, os estádios construídos para o torneio vivem uma outra realidade. Até o final da primeira quinzena de outubro de 2012, sete deles já haviam rompido a barreira dos 50% de obras concluídas. A previsão é que os primeiros empreendimentos fiquem prontos até o final deste ano. São os casos do Castelão, em Fortaleza/CE, e do Mineirão, em Belo Horizonte/MG.

Com a Copa do Mundo a menos de 600 dias do seu início, os estádios ganham ritmo acelerado graças a sistemas construtivos impulsionados pelos pré-moldados. No caso do Castelão e do Mineirão, o emprego de peças de concreto não chega a ser tão volumoso, por tratarem-se de estruturas em reforma. Mesmo assim, eles necessitaram de peças de concreto na ordem de 36% do total da obra - no caso do estádio de Fortaleza - e de 41% no de Belo Horizonte. O Castelão empregou 1.118 peças pré-fabricadas, enquanto no Mineirão a chamada esplanada, construída no entorno do estádio, é que tem exigido mais pré-moldados.

No local está instalada uma central de concreto que produz 350 m³/dia, fornecendo material para uma central de pré-moldado concebida para produzir 12 pilares por dia.  Para a estrutura pré-moldada da esplanada, foram empregados 530 pilares, 556 vigas e 3.815 lajes pré-moldadas. Outra obra que se beneficiou das estruturas pré-fabricadas foi o Estádio Nacional de Brasília. Para a construção no anel superior, foram empregadas 1.604 peças de concreto. Já na Arena Fonte Nova, em Salvador/BA, foram instalados 500 pilares, duas mil vigas, sete mil lajes alveolares, 450 vigas-jacaré e 1.500 peças para as arquibancadas. Os pré-moldados consumiram 20 mil m³ de concreto.

Nenhum dos 12 estádios, porém, tem usado tantas estruturas pré-moldadas quanto a Arena São Paulo/SP. São 16 mil peças, entre pilares, vigas, lajes e degraus. A quantidade de elementos de concreto empregados é mais que o dobro do que vai precisar a Arena Pantanal, em Cuiabá/MT. Serão 7.107 estruturas, entre lajes, vigas, pilares (70%), vigas-jacaré e arquibancadas. Já as arenas de Pernambuco, Manaus/AM e Natal/RN preveem a instalação de 4 mil, 2,5 mil e 1,7 mil peças de concreto pré-moldado. No Maracanã, que a exemplo dos estádios de Fortaleza e Belo Horizonte é um estrutura em reforma, foram empregados 3 mil elementos.

No Beira-Rio, em Porto Alegre/RS, que é outro estádio em reforma, o volume de pré-fabricados equivale a 4 mil m³, enquanto na Arena da Baixada estima-se a utilização de pelo menos 1,5 mil peças pré-moldadas. Assim como o estádio gaúcho, o da capital paranaense também está em reforma.