Governo de Santa Catarina inicia dragagem do Rio Itajaí-Açu em Rio do Sul

O serviço de dragagem é feito por uma retroescavadeira, em uma balsa, que faz a retirada de sedimentos e objetos que estão depositados no leito do rio.
Crédito: Roberto Zacarias/SECOM

Depois das graves enchentes no Rio Grande do Sul, agora 20 municípios de Santa Catarina entraram em estado de alerta devido às inundações. O caso mais grave é de Rio do Sul, onde o nível do Rio Itajaí-Açu atingiu 9,06 metros. Por conta disso, a prefeitura decretou situação de emergência. Esta não é a primeira vez que a cidade é atingida. Em novembro de 2023, a cidade teve sua segunda maior enchente da história, com 13,04 metros.

Para evitar novas tragédias, no dia 11 de maio, antes das enchentes, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello assinou, em Rio do Sul, a ordem de serviço para o início das obras de dragagem do Rio Itajaí-Açu. Com isto, o Governo de Santa Catarina destinará R$ 16,2 milhões para a remoção de sedimentos dos rios e a limpeza de suas margens. Os trabalhos serão realizados ao longo de 8,2 quilômetros, abrangendo os rios Itajaí do Sul, Itajaí do Oeste e, após a confluência desses dois, o Rio Itajaí-Açu.

De acordo com a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina, devido à urgência da obra, o prazo de execução será de 180 dias a partir da emissão da ordem de serviço. Este período está dentro dos 365 dias seguintes à declaração de calamidade pública pelo município de Rio do Sul, em 17 de novembro de 2023 (Decreto n° 12431).

Como será feita esta dragagem?

O coronel Fabiano de Souza, da Secretaria do Estado da Proteção e Defesa Civil, explica que a com a dragagem (processo mecanizado feito por retroescavadeira em uma balsa), serão retirados não apenas sedimentos, mas também todos os objetos que estão depositados no leito do rio, como árvores, madeira e lixo. “Tudo isso atrapalha em períodos de inundação, que ocasiona o aumento da cota do rio, dificultando a vazão, retendo a água e dificultando todo o trabalho de escoamento dessa água”. 

Obras do Programa Proteção Levada a Sério

Este projeto de dragagem faz parte do Programa Proteção Levada a Sério. Além de dragagem de rios, estão previstas obras para proteção de margens e construção de diques e até sete novas barragens de pequeno e médio portes

Por que a região é propensa a enchentes?

Segundo a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina, a região é banhada por dois rios, o Rio Itajaí do Sul e o Rio Itajaí do Oeste. Juntos, formam o Rio Itajaí-Açu. “De tempos em tempos, as fortes chuvas causam inúmeros prejuízos humanos e materiais, como perda de vidas, inundações de casas e estabelecimentos comerciais, alagamentos, danos a agricultura e pecuária, dentre outros”, informa o Órgão.

Além disso, trata-se de uma área propensa à movimentação do solo devido às elevadas inclinações e à geologia local. O Mapeamento de Áreas de Risco Geológico da SDC, realizado em parceria com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), aponta que o município possui 19 áreas de risco identificadas, das quais cinco são classificadas como de risco muito alto e 14 como de risco alto para rastejo, deslizamento, corrida de massa, erosão e queda.

Fontes
Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina.
Coronel Fabiano de Souza integra a Secretaria do Estado da Proteção e Defesa Civil.

Contato
digital@secom.sc.gov.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé. 


Programa Acredita deve favorecer acesso ao crédito habitacional a famílias de baixa renda

Setor acredita na ampliação das concessões de crédito habitacional à pessoa física.
Crédito: Envato

O Programa Acredita, lançado pelo governo federal com o objetivo de estimular o crescimento da construção civil e do setor imobiliário no país, foi bem recebido pelo setor. “O programa certamente será um importante avanço para estimular a geração de renda, emprego e crescimento econômico em nosso país”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), Luiz França.

Para o setor, o lançamento do programa é uma demonstração do compromisso do governo em impulsionar a economia, gerar empregos e reduzir o déficit habitacional no país. “Entendemos que a iniciativa será um passo decisivo para ampliar as concessões de crédito habitacional para pessoas físicas e garantir acesso à habitação de forma sustentável, não apenas para as famílias de baixa renda, mas também para a classe média, que enfrenta desafios significativos devido às altas taxas de financiamento habitacional”, afirma. 

Ele detalha que a iniciativa está baseada em quatro eixos principais:

1. Programa de microcrédito para inscritos no Cadastro Único (CadÚnico)

Os inscritos no Cadastro Único terão acesso ao microcrédito com juros mais baixos para que possam empreender;

2. Incentivo voltado às empresas, por meio do Desenrola Pequenos Negócios e Procred 360

Está previsto um programa de renegociação de dívidas para micro e pequenas empresas, além de um programa de crédito;

3. Criação do mercado secundário para crédito imobiliário

A medida consiste na autorização da EMGEA, empresa estatal gestora de ativos, a comprar créditos que estiverem no balanço de instituições financeiras;

4. Eco Invest Brasil
Proteção Cambial para Investimentos Verdes (PTE), que tem como objetivo incentivar investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis no país.

De acordo com França, o crédito imobiliário será um dos mais importantes pilares do Acredita. “Nada mais propício: afinal o setor da construção emprega 7,3 milhões de trabalhadores segundo a PNAD”, assinala.

Além disso, ele ressalta que a atividade imobiliária tem um grande efeito alavancador sobre a economia, pois consegue impulsionar outras 97 atividades econômicas. “Por isso que em diversos países desenvolvidos, o crédito imobiliário farto e a juros baixos é o grande indutor do desenvolvimento econômico”.

Securitização no mercado imobiliário

O presidente da ABRAINC alerta sobre a necessidade de estimular a securitização no mercado imobiliário. Atualmente, existe uma baixa proporção de crédito imobiliário em relação ao PIB no Brasil, girando em torno de 9%. Em comparação com os índices de 40% na União Europeia e até 70% no Reino Unido, existe muito a ser desenvolvido.

“Esse problema fica mais grave para a classe média em função do declínio do volume total da poupança nos últimos anos (R$ 801 bilhões em 2020 contra R$ 735 bilhões em 2024), o que tem impactado diretamente nas concessões de crédito imobiliário (R$ 205 bilhões em 2021 ante R$ 153 bilhões em 2023)”, observa. 

Medida do governo federal deve estimular geração de emprego.
Crédito: Envato

França informa que, em 2024, já se observou uma queda significativa de 10% em comparação com o ano anterior, reforçando a relevância das medidas propostas pelo programa, o que evidencia a urgência de revitalizar o financiamento habitacional no país.

Mais volume de crédito no mercado

Outra vantagem do programa é a entrada da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), empresa pública federal não financeira, constituída sob a forma de sociedade anônima de capital fechado, vinculada ao Ministério da Fazenda, com capital social totalmente integralizado pela União.

Para o presidente da ABRAINC, a atuação da EMGEA como uma grande securitizadora para atuar no mercado imobiliário será um passo decisivo para incentivar a securitização de ativos oriundos do crédito imobiliário no Brasil. Esse movimento será indutor para ampliar as concessões de crédito habitacional à pessoa física e, assim, garantir de forma permanente acesso à habitação.

“Entendemos que essa medida permitirá aumentar o volume de crédito disponível no mercado, o que possibilitará a oferta de financiamentos com taxas acessíveis para a classe média, suprindo a queda da poupança”, acredita França.

Hoje, uma das principais questões enfrentadas pelos setores da construção civil e imobiliário é o crédito. Daí a importância da medida. Porém, outra preocupação do setor é a taxa Selic. “A continuidade da trajetória de queda na Selic é fundamental para a geração de emprego e renda da população, além de estimular a atividade industrial, incluindo o mercado imobiliário, em que taxas de juros elevadas impactam negativamente o custo dos financiamentos habitacionais”, conclui ele. 

Entrevistado

Luiz França é engenheiro civil e atual presidente da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e sócio presidente da França Participações (empresa de soluções para as áreas de gestão e finanças). França também preside o Conselho da Renac (Recuperadora Nacional de Crédito), é Conselheiro do Banco Inter, FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Cury Construtora e Incorporadora e URBA Desenvolvimento Urbano.

Contato/Assessoria de Imprensa: luciana.ferreira@loures.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé. 


Concreto ciclópico é um tipo de concreto com emprego de agregado de grandes dimensões

Concreto ciclópico é frequentemente associado ao estilo brutalista, que valoriza a expressão da matéria e a estética industrial.
Crédito: Campeones 2008, CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons

O concreto ciclópico é uma variedade específica de concreto que difere dos outros tipos, principalmente devido à incorporação de pedras grandes em sua composição (agregado graúdo de grande formato que não é usualmente empregado em concreto convencional). “Essas pedras, comumente com diâmetros superiores a 150 mm, são dispostas dentro da mistura, enquanto o concreto convencional utiliza agregados de menores dimensões e uniformes na sua composição”, explica Ramon Lima de Carvalho, sócio proprietário do Studio Ramon Lima Arquitetura e da Arkhos Arquitetura Hospitalar.

O concreto ciclópico é mais comumente utilizado no Brasil do que na Europa, devido a fatores de ordem cultural, econômica e técnica.

Atualmente o concreto ciclópico ainda é utilizado em uma variedade de aplicações estruturais específicas. Carvalho menciona algumas aplicações:

  1. Fundações de ponte e viadutos: O concreto ciclópico é frequentemente utilizado em fundações de pontes e viadutos, onde a capacidade de suportar cargas pesadas e resistir a impactos é fundamental para a segurança e estabilidade da estrutura;
  2. Fundações de edifícios: Em certos casos, o concreto ciclópico é empregado em fundações de edifícios, especialmente em regiões onde o solo é instável ou onde a estrutura precisa suportar cargas significativas;
  3. Muros de contenção: Devido à sua resistência e durabilidade, o concreto ciclópico é uma escolha comum para a construção de muros de contenção em áreas sujeitas a deslizamentos de terra, erosão ou outras condições adversas;
  4. Estruturas de contenção de água: Como o concreto ciclópico é altamente resistente à abrasão e à ação corrosiva da água, ele é frequentemente utilizado na construção de estruturas de contenção de água, como tanques de armazenamento, canais e reservatórios;
  5. Barragens e represas: o concreto ciclópico pode ser uma alternativa interessante para partes da estrutura que estão sujeitas a altas pressões hidrostáticas. 

Diferenças para o concreto convencional

A principal diferença entre o concreto ciclópico e o tradicional está relacionada ao uso de agregados de grandes dimensões, podendo conferir à determinada aplicação uma adequada resistência à compressão somada à maior durabilidade, segundo Carvalho. 

Além de seu uso estrutural, o concreto ciclópico também pode ganhar função estética, harmonizando com composições da arquitetura contemporânea ou rústica. 

O arquiteto também aponta que a estética rústica e texturizada deste tipo de concreto se torna uma alternativa valorizada pelo apelo estético mais natural e brutalista. “A presença das pedras naturais na mistura pode criar uma sensação de conexão com o ambiente local, tornando o edifício parte integrante de seu contexto”. Ainda, quando combinado com outros materiais (como a madeira, o vidro e o aço), o concreto cria contrastes visuais interessantes: “A textura áspera e sólida do concreto ciclópico pode complementar a suavidade ou a transparência de outros materiais, adicionando profundidade e interesse visual à composição arquitetônica”, afirma. 

O concreto ciclópico também pode oferecer vantagens econômicas em algumas situações, pela utilização de materiais locais disponíveis, reduzindo os custos de produção e transporte, por exemplo. Para isso, uma avaliação mais minuciosa será necessária para cada caso, levando em consideração a região na qual a obra está inserida. “Em algumas regiões, as pedras grandes podem ser mais difíceis de obter, o que pode afetar a viabilidade e o custo do material”, afirma o Arquiteto.

Desvantagens no uso do concreto ciclópico

As desvantagens do concreto ficam por conta da heterogeneidade do material e da sua difícil execução. “A heterogeneidade do material pode resultar em dificuldades na compactação, o que compromete a qualidade e a resistência do concreto. A presença deste tipo de agregado dificulta a vibração e compactação adequada, podendo deixar vazios e falhas que levam ao enfraquecimento da estrutura”, relata Carvalho. 

A durabilidade do concreto ciclópico também pode ser comprometida, especialmente em ambientes agressivos ou com grande variação de temperatura, devido à diferença de coeficiente de dilatação térmica entre o concreto e os grandes agregados. Essa diferença pode gerar fissuras e trincas ao longo do tempo, facilitando a penetração de agentes agressivos e acelerando processos de deterioração, lembra o arquiteto.

Por fim, a técnica de execução do concreto ciclópico pode ser mais lenta e custosa, devido à necessidade de manuseio e posicionamento manual das grandes pedras, o que pode elevar o custo total da obra.

Entrevistado
Ramon Lima de Carvalho é sócio proprietário do Studio Ramon Lima Arquitetura e da Arkhos Arquitetura Hospitalar. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Pós-graduado pela Universidade Regional de Blumenau – FURB, em arquitetura sustentável com ênfase em eficiência energética. Pós-graduado pela Faculdade de tecnologia em saúde – FASAÚDE, em arquitetura hospitalar.

Contato: contato@ramonlima.arq.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.