Controle de picos térmicos e lançamento do concreto foram desafios na concretagem do edifício One Tower

Crédito: Fernando Willadino
Com 290 metros de altura, quase rompendo a barreira dos supertalls, o edifício One Tower, localizado em Balneário Camboriú (SC), é um empreendimento que surpreende por todos os seus números. Entregue em dezembro de 2022, o prédio conta com 52.785,06 m² construídos, onde foram utilizados 30.909,50 m³ de concreto – o equivalente a mais de três mil e quinhentos caminhões betoneiras –, além de nove mil toneladas de aço, mais de cinco mil toneladas de contrapiso e reboco, contando ainda com a participação de mais de dois mil trabalhadores de forma direta e indireta.
A gerente de Engenharia Aplicada da FG Empreendimentos, Stephane Domeneghini, afirma que a obra começa muito antes da primeira intervenção no terreno, adquirido em 2007. “Um projeto sendo desenhado, cada nova curva, cada novo cálculo que se materializa, isso é fantástico. O que realmente pulsa é muito mais do que a gente vê”.
O One Tower é formado por 84 pavimentos, sendo 70 habitáveis. O edifício conta com dois apartamentos por andar, apresentando quatro andares com áreas de lazer com mais de 20 ambientes – sendo duas nos andares 56 e 57, figurando também com o lazer mais alto das Américas.
Logística é o maior desafio construtivo de um prédio alto
Para a construção de imponentes estruturas de concreto, aço e vidro ao redor do mundo, é grande a demanda de sistemas construtivos arrojados e com a melhor tecnologia existente. Na fase de projeto, o cálculo estrutural e arquitetônico devem levar em consideração a área edificável do terreno bem como características do solo, para que possam garantir a resistência às milhares de toneladas de peso da própria estrutura do edifício.
O maior desafio construtivo de um prédio alto é a logística da obra, atrelada ao deslocamento vertical de colaboradores e materiais ao longo da torre. “Isso inclui elevadores de alta performance, sistema de inteligência do edifício, com bombas, válvulas, controle de acesso, para que todos os sistemas possam operar e dar segurança aos processos”, assinala.
Desafios da concretagem
Um dos desafios da construção foi, sem dúvida, a aplicação do concreto em um prédio desse porte. A Concrebras, empresa do Grupo Itambé, forneceu o concreto usinado na obra e, em relação à quantidade de caminhões, foram aplicados cerca de 4.000 caminhões de concreto.
O coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, Jair Schwanck Esteves, afirma que, em relação aos traços, foram usados cerca de 30 tipos de traços do fck 20,0 ao 50,0, argamassa para estacas raiz, concretos especiais fluidos e autoadensáveis, sendo aplicados aditivos de última geração, sílica ativa e gelo em escamas. “Em relação ao bloco de fundação, tivemos aplicação de 2.104 m³ de concreto e foram aplicadas aproximadamente 210 toneladas de gelo, divididos em três dias de aplicação”, relata.
Para a aplicação deste concreto, estudos prévios foram realizados de forma a garantir o controle dos picos térmicos. Isso porque já se sabe que peças de grande volume de concreto estão sujeitas à geração de calor, resultante das reações de hidratação do cimento na sua fase inicial de endurecimento. “O calor gerado dentro do concreto pode ser calculado através do método de elementos finitos, utilizando as propriedades térmicas dos materiais constitutivos do concreto e as dimensões da peça”, esclarece.
Outro cuidado em relação ao projeto foi com um subproduto da geração do calor, que é a formação da “etringita tardia”, um composto secundário da hidratação do cimento e que possui capacidade potencial de expansibilidade volumétrica. “Em condições específicas, essa expansão pode causar danos na integridade da estrutura interna do concreto e, como consequência, a redução da capacidade de suporte e vida útil da estrutura”, assinala Esteves.

Vários estudos para atender às solicitações do projeto
Além disso, em função do período de aplicação do concreto, sendo restritivo em relação aos horários de lançamento, o concreto foi estabilizado nas três camadas, sendo feitas as camadas de ligação em concreto autoadensável, o que permite a execução de grandes volumes, obtendo uma peça final monolítica sem juntas de concretagem.
Esteves afirma que outro desafio para a estrutura de grande porte foram as solicitações de concreto de elevada resistência característica à compressão e módulo de elasticidade. Conforme a NBR 6118, o trecho inicial do diagrama de tensão-deformação do concreto pode ser considerado linear e dentro do regime elástico, onde a deformação desaparece quando cessada a carga. “Em função destas solicitações, foram realizados vários estudos com agregados da região e fora dela, para garantir as solicitações de projeto”.
Esteves afirma que outro desafio para a estrutura de grande porte foram as solicitações de concreto de elevada resistência característica à compressão e módulo de elasticidade. Conforme conceito matemático, que descreve o crescimento linear das deformações sob carregamento, a deformação desaparece quando cessada a carga. Não havendo deformações permanentes, quando a carga é retirada, o material é considerado elástico. “Em função destas solicitações, foram realizados vários estudos com agregados da região e fora dela, para garantir as solicitações de projeto”.
Leia também: Concretagem do Yachthouse é finalizada pela Concrebras
Outro know-how já adquirido pela Concrebras foi o lançamento do concreto a 290 metros de altura. Neste caso, o concreto foi previamente estudado em laboratório em relação à reologia do concreto para reduzir a tensão de cisalhamento e viscosidade, garantindo aplicação em elevadas alturas. “Ainda em relação a este concreto, foram empregados aditivos inibidores de hidratação para garantir a manutenção de trabalhabilidade do concreto durante a sua aplicação”, complementa.
Entrevistados
Stéphane Domeneghini é engenheira civil formada pela Universidade Vale do Itajaí, com MBA em Gestão de Projetos pela mesma Universidade, gerente de Engenharia Aplicada e Supertalls na FG Empreendimentos. Também integra o Instituto +BC, na área de projetos contratados pela entidade, sendo responsável pelo equilíbrio dos interesses públicos e privados para ideias de interesse urbano, com a finalidade de prover projetos de alta qualidade aos órgãos públicos.
Jair Schwanck Esteves é engenheiro civil formado pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
Contatos:
stephane.domeneghini@fgempreendimentos.com.br
jair.esteves@concrebras.com.br
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Ana Carvalho
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Moradores de SC têm ponto de entrega para descarte de resíduos de obras e reformas

Crédito: Divulgação/Ambiental
De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o Brasil gera anualmente cerca de 45 mil toneladas de resíduos de construção civil e demolição, sendo que o descarte irregular de entulho representa cerca de 70% do lixo urbano, causando impactos ambientais e sociais. Entre as consequências do descarte irregular, destacam-se a proliferação de aterros clandestinos, os elevados custos para os gestores públicos e a falta de responsabilização.
Nesse sentido, uma iniciativa implementada pela Prefeitura de São José (SC) está mudando esse cenário. O Ponto de Entrega Voluntária (PEV) busca combater o descarte irregular de resíduos sólidos em calçadas, terrenos baldios e leitos de rios. O projeto, inaugurado em 2022, é administrado pela empresa Ambiental Limpeza Urbana e Saneamento, que recebe dos munícipes diversos resíduos de construção civil.
São entulhos provenientes de obras de reformas, reparos e demolições, como tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, rochas, metais, madeiras, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, papéis, papelões, vidros, plásticos, tubulações plásticas, fiação elétrica, entre outros.
A gerente da Ambiental, Bruna Mariot, explica que o morador vai até o PEV e é direcionado ao local adequado conforme o tipo de resíduo. O programa não prevê coletas, mas realiza o recolhimento de alguns materiais devidamente ensacados pelo morador com prévio agendamento. “O serviço é destinado à população de São José e a quantidade recebida é limitada a 1 m³/dia por domicílio”.
De janeiro a abril de 2024, o PEV já atendeu 3.362 munícipes, que destinaram ao PEV 6.375 m³ de resíduos, o que equivale à quantidade de 1.275 caçambas com capacidade de 5 m³.
Descarte de materiais volumosos
O PEV, que funciona de segunda a sábado, das 8h às 16h20, também recebe outros materiais de descarte, como móveis de MDF inservíveis, colchões e sofás usados, material decorrente de poda e jardinagem, como folhas, galhos e pequenos troncos.
O Ponto de Entrega Voluntária também recebe eletroeletrônicos e eletrodomésticos em uma vasta lista, que vai de equipamentos de ar-condicionado a lavadoras de roupa, de computadores a telefones celulares, entre outros. “Recebemos esses materiais e damos o destino para um descarte correto e máximo aproveitamento”, assinala.
Porém, o PEV não aceita resíduos perigosos, como tintas, solventes, óleos, agrotóxicos, telhas de amianto, medicamentos vencidos, lâmpadas fluorescentes, pneus, entre outros.
“Cada resíduo tem uma destinação específica, conforme suas características, sempre visando o reaproveitamento quando possível ou o correto descarte. Existem usinas de reciclagem de material de construção civil e empresas de reaproveitamento de eletroeletrônicos que são os destinatários desses resíduos”, afirma Bruna.

Crédito: Divulgação/Ambiental
População mais consciente da destinação correta dos resíduos
Os números refletem um crescimento constante no atendimento aos moradores e na quantidade de resíduos recebidos. Em janeiro deste ano, foram atendidos 816 pessoas e 270 caçambas (de 5 m³) foram utilizadas para receber 1.350 m³ de resíduos. Já em abril, o atendimento subiu para 889 pessoas, com a utilização de 360 caçambas e a recepção de 1.800 m³ de resíduos.
“Os dados mostram um crescimento mês a mês nas descargas de resíduos, indicando que a população está cada vez mais consciente e engajada na correta destinação de seus resíduos. O total acumulado de resíduos recebidos desde o início do projeto foi de 6.375 m³, um reflexo direto da importância do PEV para a cidade”, informa a gerente.
O balanço positivo reflete o compromisso da Ambiental e da gestão pública municipal em promover a sustentabilidade e facilitar o acesso da população a serviços de gestão de resíduos. Ela acredita que o projeto tende a crescer e o município de São José já possui demanda para a implantação de uma segunda unidade do PEV. “Com a possibilidade de descarte em local correto, muitos moradores deixaram de descartar os resíduos de construção em locais irregulares, como calçadas, terrenos baldios e leitos de rios”, conclui.
Entrevistada
Bruna Mariot é engenheira sanitarista e ambiental, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduada em Direito Ambiental pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), atua há 16 anos no setor de coleta e tratamento de resíduos e atualmente é gerente da Ambiental.
Contato:
bruna@ambiental.sc
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CBIC revisa para 2,3% a projeção de crescimento da construção em 2024

Crédito: Envato
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou de 1,5% para 2,3% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor da construção civil para 2024, índice acima das previsões para o PIB Brasil deste ano. Se confirmado, o setor voltará a crescer acima da economia brasileira.
Entre as razões estão a alta contínua das contratações, a expectativa das empresas para compras e lançamentos, e a projeção positiva para o crescimento da economia brasileira no ano. Outra razão diz respeito aos efeitos das adequações previstas para o Minha Casa Minha Vida (MCMV). “As novas medidas aprovadas para o programa geram reflexos positivos no mercado de padrão econômico, o que significa melhor desempenho para esse ano. E isso influencia positivamente no setor”, explica Ieda Vasconcelos, economista da CBIC.
A geração de empregos no setor também merece destaque positivo. O mercado de trabalho da construção civil gerou 109 mil vagas na construção civil de janeiro a março deste ano. Somente no primeiro trimestre já gerou mais de 100 mil postos de trabalho com carteira assinada. Hoje o setor tem 2.857 milhões de trabalhadores com carteira assinada, gerando um impacto bastante positivo na economia.
“O mercado de trabalho da construção tem três segmentos que compõem o setor: mercado imobiliário, obras de infraestrutura e serviços especializados para a construção. Quando abre o volume de emprego dentro da construção, os três segmentos estão gerando novos empregos”, explica. Um mercado de trabalho mais aquecido gera um novo ritmo para aquisição da casa própria, o que reflete nas atividades do setor.
Ieda frisa ainda que o ciclo de produção do setor é longo. “Obras que iniciamos em 2022 e 2023 continuam gerando emprego e atividade ainda esse ano. Além disso, estamos com expectativa de retomada das obras de padrão econômico. E, no médio prazo, teremos também obras de reconstrução do Rio Grande do Sul. Isso tudo certamente contribuirá para impulsionar as atividades da construção”, finaliza.
ENTREVISTADA
Ieda Maria Vasconcelos é assessora econômica do Sinduscon-MG há mais de 25 anos, e economista-chefe da CBIC. Doutoranda e Mestre em administração pela Universidade FUMEC. É pós-graduada em Gestão de Negócios pela UFMG e pós-graduada em Finanças pela PUC-MG. É responsável pelo cálculo do Custo Unitário Básico (CUB) no estado de Minas Gerais (indicador que mede o custo da construção no estado).
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Sampaio Moreira, primeiro arranha-céu de São Paulo, completa 100 anos

Crédito: Kruchin Arquitetura
Difícil imaginar hoje em dia que um edifício com 54 metros de altura e 13 andares tenha sido considerado um arranha-céu da cidade de São Paulo. Mas essa é a história do Sampaio Moreira, que completa 100 anos em 2024. Ele manteve o título por cinco anos (entre 1924 e 1929), até a construção do Edifício Martinelli, também no centro da cidade.
Projetado pelo arquiteto Christiano Stockler, o edifício despontou em meio a paisagem urbana da cidade, já que na época São Paulo era preenchida principalmente por prédios de até quatro andares.
Na época de sua construção, o prédio chamou muita atenção por sua construção primorosa e detalhada. Ele representou uma grande revolução arquitetônica para a cidade de São Paulo por ter sido o primeiro edifício alto a ser construído com concreto armado.
Tombado em 1992 (por estar dentro da área do Vale do Anhangabaú, e desapropriado pela Prefeitura em 2010), passou por obras de restauro a partir de 2012, que recuperaram suas características originais, adaptando-o às novas necessidades de acessibilidade e segurança (incluindo a construção de um bloco anexo nos fundos, com escada de emergência). Ele foi reformado e entregue em setembro de 2018, quando passou a ser oficialmente a sede da Secretaria Municipal de Cultura.
A obra de restauro, assinada pelo escritório Kruchin Arquitetura, contemplou a reestruturação da lógica interna da edificação, assim como a recuperação da estrutura em concreto armado. “Criamos novos eixos de circulação através de um volume de passarelas metálicas inseridas no vazio entre blocos e também da liberação de amplos espaços de trabalho sem, no entanto, sem perder de vista o desenho primitivo, sempre presente em todos os ambientes”, explica o arquiteto Samuel Kruchin.

Os antigos elevadores também foram restaurados. Com o objetivo de funcionalidade e aproveitamento, foi criada uma praça auditório, de 400 m2, que conta com área coberta para uso cultural, como pocket shows, seminários e lançamentos de livros.
No térreo do edifício centenário ainda funciona a Casa Godinho, mercearia mais antiga que a própria construção (fundada em 1890), sendo considerada patrimônio imaterial da cidade desde 2013. Graças a ela, o Sampaio Moreira ficou ainda mais famoso, e recebeu grandes nomes da história brasileira, como Assis Chateaubriand, Adhemar de Barros e Jânio Quadros.
ENTREVISTADO
Samuel Kruchin é titular da Kruchin Arquitetura, um dos primeiros escritórios a trabalhar, no âmbito privado, com a área de preservação e restauro.
A linguagem, portanto, está entre seus principais diferenciais, assim como a amplitude do conhecimento técnico acumulado ao longo dos 37 anos de atividade, trabalhando neste período em projetos de Restauro, arquitetura Institucional, Comercial, Residencial, de Retrofit e de Reabilitação Urbana.

Nas quase quatro décadas de atuação, angariou prêmios no setor com os projetos “EEPG Barão de Monte Santo”, pelo IAB-SP; “João Cabral: Um Memorial à Poesia Brasileira”, pela 5ª Bienal Internacional de São Paulo (2003); e a “Fábrica Santa Helena”, pela Revista Arquitetura & Construção (O Melhor da Arquitetura 2011), além de conquistar o Prêmio Categoria Patrimônio Arquitetônico na 3ª Bienal Internacional de São Paulo (1997).
Contatos:
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CECarbon deve formar banco de dados nacional de sustentabilidade no setor de construção civil

Crédito: Envato
A sustentabilidade é uma questão estratégica para o setor da construção civil, pois traz impactos diretos sobre a competitividade de construtoras e incorporadoras, além de ampliar a oportunidade das empresas em projetos de habitação social. Essa foi a temática das discussões do workshop de “Descarbonização no setor da construção civil” realizado pelo Sinduscon-SP em maio de 2024.
Um dos objetivos do evento foi a apresentação da nova versão da CECarbon (Calculadora de Consumo Energético e Emissões de Carbono na Construção Civil).
A ferramenta, lançada em dezembro de 2020, foi desenvolvida pelo Sinduscon-SP em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) e a Secretaria Nacional de Habitação (SNH).
O presidente do Sinduscon-SP, Yorki Estefan, faz um apelo para que mais empresas utilizem a ferramenta, que é gratuita e está disponível online. “Com isso, conseguiremos montar um banco de dados mais robusto para divulgação dos indicadores setoriais de emissões e, assim, promover uma contribuição relevante para a tão necessária transição para uma economia de baixo carbono”, ressalta.
O tema sustentabilidade não é novo para o Comitê de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Comasp), que há 24 anos vem atuando para promover construções cada vez mais sustentáveis e de baixo impacto para o meio ambiente. Segundo Estefan, desde 2014 a medição das emissões de carbono é prioridade para a entidade, culminando com o lançamento da CECarbon para toda cadeia produtiva.
Leia também: CECarbon ganha prêmio CBIC
Até maio de 2024, a CECarbon já contabilizou 8,7 mil acessos à plataforma, possui 598 usuários cadastrados e mais de 100 inventários concluídos. A CECarbon vai contribuir para a formação de um banco de dados nacional, possibilitando a criação e o acompanhamento de indicadores do setor de edificações.
Competitividade
De acordo com o coordenador de Projetos da GIZ Brasil, Daniel Wagner, cada vez mais iniciativas de sustentabilidade (como a CECarbon) vão ser urgentes no mercado em qualquer atividade econômica brasileira. “Com a crescente competitividade, as empresas que não se adaptarem a essa nova realidade e que não estiverem atentas a essas inovações, vão acabar ficando para trás”, alerta.
Nesse sentido, especialistas acreditam que a CECarbon deve ser um item obrigatório adotado pelas empresas nos próximos cinco anos. A ferramenta já é recomendada como item diferencial em diversas políticas públicas, como nas especificações de obras do programa Minha Casa, Minha Vida, bem como na obtenção do Selo Casa Azul + Caixa.
A urgência em adotar a CECarbon é ainda maior quando se verifica o Projeto de Lei (PL) 2.148/2015, aprovado pela Câmara dos Deputados em dezembro de 2023 e atualmente em discussão no Senado. Esse PL regulamenta o mercado de carbono no país, devendo estabelecer o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), criando um mercado regulado para a negociação de créditos de carbono. O SBCE estabelece tetos para as emissões e permite que empresas que excedam esses limites compensem suas emissões comprando créditos de carbono.
Indicadores medidos pela CECarbon
A coordenadora técnica do Comasp do Sinduscon-SP, Lilian Sarrouf, explica que a CECarbon ajuda a medir dois indicadores importantes das obras: emissões de gases de efeito estufa e o consumo energético (ou energia embutida). Além da fase de projeto, a CECarbon também auxilia as empresas na execução da obra para que busquem as melhores soluções construtivas, materiais e equipamentos.
Diferenciais da CECarbon:
* É uma ferramenta gratuita;
* Fácil de acessar com usabilidade aprimorada;
* Aplicável a diferentes tipologias de construções;
* Pode ser usada por empresas de todo porte;
* Acessível a engenheiros, arquitetos e estudantes;
* Órgãos do governo têm demonstrado interesse;
* Ferramenta construída com empresas do setor imobiliário, o que a aproxima da realidade das obras.
Novas funcionalidades
Alinhada com a metodologia do GHG Protocol e com os diferentes relatórios de sustentabilidade, a versão 3 da CECarbon vai além da gestão das obras e passa a contemplar também os resultados da área corporativa.
A supervisora de Meio Ambiente do Sinduscon-SP, Vanessa Dias, detalhou as novas funcionalidades da nova versão:
* Inventário corporativo: Permite o cálculo das emissões dos escritórios (matriz, filial e estandes de venda), através do qual é possível fazer o gerenciamento da empresa como um todo, não só das obras em andamento;
* Exportação de relatórios em excel: Demanda solicitada pelos usuários e que ajuda na gestão dentro dos canteiros de obras, podendo comparar resultados em obras e inserção de indicadores da própria empresa;
* Consumo médio de combustível padronizado: O sistema traz lista de maquinários com o cálculo padronizado do consumo médio de combustível;
* Área para upload de documentos: É possível anexar na ferramenta diversos documentos, facilitando processos de auditoria das empresas;
* Visualização em tempo real: A qualquer momento, a empresa pode lançar atualizações das obras e da área corporativa, bem como visualizar os relatórios das emissões de carbono em tempo real, com resultados anuais e por obra;
* Relatório integrado: Agora o sistema possui três relatórios: Relatório de obra, Relatório corporativo e Relatório integrado corporativo e obra.
Apesar de ter sido desenvolvida pelo Sinduscon-SP, a ferramenta não está limitada à entidade. Por isso, qualquer pessoa interessada no assunto pode acessar o sistema e realizar o curso gratuito CECarbon.
O curso prático para uso da ferramenta permite ao aluno desenvolver um exercício prático para uma edificação e também realizar uma avaliação de aprendizado, com emissão de certificado de participação.
Já o curso atualizado com todas as melhorias da versão 3 deve estar disponível no segundo semestre de 2024.
Fonte
Sinduscon-SP
Contato/assessoria de imprensa:
dbarbara@sindusconsp.com.br
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Normas de segurança e uso de EPIs são fundamentais para minimizar riscos na indústria de pré-moldados

Crédito: Envato
A pré-fabricação de concreto é o ramo que mais se aproxima da linha de produção no setor da construção civil. São estruturas fabricadas previamente e fora do canteiro de obras, sendo produzidas por meio da colocação de concreto em fôrmas, prometendo mais agilidade na execução dos empreendimentos.
Porém, existem características que diferem a indústria de pré-moldados da construção convencional, sendo fundamental a mitigação de riscos para garantir a segurança durante a montagem, bem como o uso adequado de EPIs.
Cuidados com manuseio e montagem
A presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), Íria Doniak, informa que as questões ligadas à logística das estruturas, fachadas ou fundações pré-fabricadas exigem treinamentos específicos e qualificação dos profissionais envolvidos. Isso demanda planejamento e mitigação de possíveis gargalos, como as situações transitórias, de transporte, armazenamento e organização dos elementos, que requerem cuidados especiais da fábrica até o manuseio e montagem nos canteiros de obras.
Conforme o planejamento, é preciso atender não apenas as exigências solicitadas durante o uso da estrutura, mas também aquelas projetadas a fim de garantir a segurança durante a montagem. “Aspectos relacionados às ligações e à estabilidade global conforme previstos na norma ABNT NBR 9062 (Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-moldado) são de fundamental importância, incluindo o requisito específico de procedimentos de montagem, que torna obrigatório o Plano de Rigging (plano de içamento de cargas)”, orienta.
Manual de orientação sobre boas práticas
Nesse contexto, a Abcic elaborou o Manual de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto, em versão digital e impressa, no qual todas as boas práticas de montagem estão descritas, inclusive temas dedicados exclusivamente sobre segurança.
De acordo com Íria, o manual é uma ferramenta importante para as operações envolvendo a montagem das estruturas pré-fabricadas de concreto, oferecendo uma visão integrada de todo o processo, desde o planejamento, nas interfaces com a comercialização, projeto e produção das estruturas, até os princípios elementares das atividades inseridas neste processo de forma detalhada e em linguagem acessível. “O objetivo é transmitir o conhecimento não somente em atividades de capacitação das equipes, mas também ser utilizado efetivamente no dia a dia nos canteiros de obras que adotam o sistema por todos os responsáveis na montagem”, ressalta.
Em sete capítulos, o manual destaca também a montagem dos itens mais comuns das estruturas, como pilares, vigas, lajes alveolares e duplo T, telhas de concreto protendido tipo W e painéis de fachada. “Em cada caso há a descrição da rotina de montagem e de cuidados a serem tomados, bem como tabelas para avaliação de esforços gerados nas alças”, aponta Íria.
Uso de EPIs
O manual trata sobre o uso de equipamentos adequados e exigências normativas, como a NR-12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos) e NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção). “O guia apresenta informações sobre o documento emitido pelo Comitê de Segurança da Abcic, com sugestões para serem incorporadas na revisão dessas normas regulamentadoras e salienta a importância de uma política de segurança que deve partir da direção das empresas e permear todos os participantes do processo de montagem”, observa ela.
Em relação aos EPIs, além dos equipamentos básicos aplicáveis à construção convencional, devem ser adotados os equipamentos que estejam previstos no planejamento, conforme a necessidade da obra.
Isso dependerá dos tipos de equipamentos, peças e ligações que serão utilizados e outras eventuais características de cada empreendimento. Isso sem mencionar os correlatos a outras NRs específicas, como a de trabalho em altura e atividades adicionais, como soldagem, por exemplo, que exige certificação dos profissionais. “Devemos lembrar que o ambiente fabril sempre é mais controlado do que as atividades de canteiro, mas é necessário ter cuidados específicos com as situações transitórias e a montagem”, aponta.
Entrevistada
Iria Lícia Oliva Doniak é engenheira civil graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), possui MBA em Economia com ênfase em Relações Institucionais e Governamentais pela FGV, Doutoranda em Business Administration pela Universidade de Bordeaux. Presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e representante da Abcic junto à Federação Internacional do Concreto (CEB-FIP), com sede em Lausanne, na Suíça. É vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim) na gestão 2023-2024.
Contato/Assessoria de Imprensa: sylvia@meccanica.com.br
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Ana Carvalho
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BRT na Zona Leste de SP vai dobrar velocidade do transporte de passageiros

Crédito: Assessoria de Comunicação - SPObras
A Prefeitura de São Paulo vai implementar dois BRTs (Bus Rapid Transit, ou Ônibus de Trânsito Rápido) na Zona Leste da cidade, com o objetivo de dobrar a velocidade do transporte de passageiros na região. O BRT Aricanduva está atualmente em fase de licitação, enquanto o BRT Radial Leste (Trecho 1), está em fase de tratativas para contratação.
O BRT Aricanduva será um componente essencial da malha de transporte público de São Paulo, com 13,6 km de extensão e previsão de atender 290 mil passageiros por dia. Já o trecho 1 do corredor de ônibus BRT Radial Leste, terá 9,8 km de extensão, e a previsão é de que 400 mil pessoas por dia sejam beneficiadas.
O empreendimento irá interligar os diversos modais da região, com conexões às linhas Vermelha do Metrô, 11 e 12 da CPTM, com a futura extensão da linha 2 (Verde) do Metrô e a linha 15 do Monotrilho, além de corredores de ônibus Radial Leste e Itaquera.
O corredor terá paradas com cobrança desembarcada, pista no canteiro central com pavimento rígido (concreto), faixas de ultrapassagem nas paradas, ciclovia e passeios acessíveis.
Segundo o projeto, serão implantadas 46 paradas (estações de embarque), com distâncias de 600 metros entre elas. As estações serão fechadas para viabilizar a cobrança desembarcada, com portas automáticas, banheiros, sistema contra incêndio com rotas de fuga e acesso à internet. As plataformas contarão com acessibilidade, piso tátil e rampas, e estarão no nível dos ônibus, facilitando o embarque e desembarque de todos os passageiros.
“Comparado aos corredores de ônibus que existem hoje, o BRT traz algumas melhorias significativas para os passageiros. Serão estações de embarque mais protegidas e confortáveis, com cobrança nas próprias estações, ou seja, fora dos ônibus, com embarque e desembarque mais rápido, entre outras mudanças que irão modernizar todo o sistema”, afirmou Marcos Monteiro, Secretário Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo. Segundo ele, o tempo das viagens será reduzido pela metade. Monteiro ainda destacou que mais de 1 milhão de paulistanos serão beneficiados pelo empreendimento.
Pensando também na qualidade de vida dos usuários e moradores da região, em ambos os lados do Rio Aricanduva, entre as pistas sentido bairro e sentido centro, o projeto prevê a construção de ciclovia e passeio ao longo de todo BRT, atendendo as normas de acessibilidade vigentes. O empreendimento inclui ainda um completo tratamento paisagístico e urbanístico, revitalizando a paisagem urbana da região.
ENTREVISTADO
Marcos Monteiro, secretário Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo, é engenheiro civil formado pela Universidade Mackenzie (1988). Obteve prêmios concedidos pelo Instituto de Engenharia e Fundação Maria Luíza e Oscar Americano. É pós-graduado em Engenharia de Estruturas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1992). Concluiu um MBA pela Escola de Administração Mauá (1999). Foi professor de Estruturas de Concreto Armado e da pós-graduação em Gerenciamento de Canteiros da Escola de Engenharia Mauá e do curso de pós-graduação em estruturas de concreto armado do Mackenzie. Foi presidente da ABECE - Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural no biênio 2008-2010 e atualmente mantém o cargo de conselheiro.
Contato:
comunicacaospobras@spobras.sp.gov.br
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Cinpar 2024: soluções digitais ajudam a reduzir vulnerabilidade em áreas urbanas

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Durante a 20ª Edição do Congresso Internacional sobre Patologia e Reabilitação das Construções (CINPAR), que ocorreu de 29 a 31 de maio em Fortaleza (CE), diversos conferencistas trouxeram suas contribuições em torno de pesquisas sobre novos materiais, reabilitação sustentável e reforço de estruturas.
Um dos palestrantes do encontro foi o engenheiro Tiago Miguel Ferreira, professor sênior em Cidades e Estruturas Inteligentes e Resilientes na University of the West of England (UWE Bristol), no Reino Unido, que abordou o tema “Soluções digitais inovadoras para avaliação de vulnerabilidade urbana e mitigação de riscos”.
Tendo como foco de atuação estudos sobre a vulnerabilidade estrutural de edifícios históricos e áreas urbanas diante de riscos, como terremotos, incêndios, inundações e deslizamentos de terra, ele aponta ser importante o enquadramento de cada tipo de perigo, bem como a coleta de dados e correta gestão.
Análise de riscos e seus múltiplos fatores
Em entrevista exclusiva ao Massa Cinzenta, Ferreira aponta que a análise dos riscos depende de vários fatores, entre eles a vulnerabilidade física das estruturas e a infraestrutura em áreas urbanas. “Como técnicos, a nossa missão passa por quantificar essa vulnerabilidade física e, em caso de necessidade, isto é, caso essas estruturas e infraestruturas não tenham resistência suficiente para resistir a esses perigos (seja um sismo, uma inundação ou um incêndio), conferir essa resistência através da implementação de soluções de reforço adequadas”, informa.
Realidade virtual para avaliação de vulnerabilidade

Crédito: Arquivo pessoal/Tiago Ferreira
Defensor do uso de soluções digitais no processo de avaliação e mitigação de risco em áreas urbanas, o professor destaca que esses facilitadores estão presentes no dia a dia da construção civil. No processo de avaliação, a tecnologia exerce um papel importante na coleta e organização da informação necessária para alimentar as metodologias a serem utilizadas para análise de vulnerabilidade.
Ele cita como referência os aplicativos para coleta de dados em campo e transferência em tempo real para Sistemas de Informação Geográfica (SIG). “Outro exemplo é a utilização de ambientes imersivos de Realidade Virtual (VR) ou Realidade Aumentada (AR) para a visualização de resultados de vulnerabilidade e de risco em modelos digitais que replicam ambientes reais”, enumera.
O palestrante apresentou alguns casos de estudo reais para exemplificar os resultados de vulnerabilidade e risco em áreas urbanas, incluindo estimativas sobre o colapso de edifícios e perdas materiais e humanas. “Usando ambientes imersivos e realidade virtual, demonstrei as situações de evacuação de pessoas em cenários de catástrofe, que podem ser utilizados para a sensibilização de decisores e populações”, aponta.
Para o professor, essas inovações tecnológicas também criam condições para gerar maior envolvimento das comunidades, possibilitando o repasse de orientações para que os moradores locais saibam como reagir de forma adequada a diversos fenômenos.
Rio Grande do Sul e a necessidade de reduzir riscos à população
Indagado sobre a previsibilidade da enchente que assolou o Estado do Rio Grande do Sul, Ferreira acredita que sempre é possível reduzir a vulnerabilidade das populações. Porém, ele condiciona essa capacidade a vários fatores, como a capacidade econômica para reduzir o nível de vulnerabilidade física e o reforço dos edifícios. “No caso específico dos fenômenos meteorológicos, sabemos que a frequência e a magnitude desses acontecimentos têm se agravado devido às alterações climáticas”, observa.
Por esse motivo, a perspectiva é de que as populações mais expostas, localizadas em zonas ribeirinhas ou costeiras, sejam afetadas de forma mais frequente e severa por situações como as vivenciadas no Rio Grande do Sul. “Por isso, é fundamental reduzir o seu nível de risco e, se isso não for possível, deslocar essas populações para buscar a diminuição do nível de vulnerabilidade física, adaptando as estruturas e infraestruturas para estes fenômenos”, assinala.

Crédito: Divulgação/Cinpar
Ferreira aconselha também os gestores públicos a capacitar essas populações, através de campanhas e sensibilização, para tornar as comunidades mais preparadas para reagir de forma adequada e ágil quando atingidas por este tipo de situação.
ENTREVISTADO
Tiago Miguel Ferreira é engenheiro civil, pós-graduado em Reabilitação do Patrimônio Construído pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e doutorado em Engenharia Civil pela Universidade de Aveiro. Atualmente, é professor sênior em Cidades e Estruturas Inteligentes e Resilientes na University of the West of England (UWE Bristol), no Reino Unido, vice-líder do programa de Mestrado em Engenharia Civil na mesma universidade, e professor associado convidado na Universidade de Coimbra, em Portugal.
Contato: tiago.Ferreira@uwe.ac.uk
Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Sustentabilidade na construção civil é um dos temas de evento da CBIC e Sinduscon-PR

Crédito: Cimento Itambé
Como parte das comemorações dos 80 anos do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou nos dias 6 e 7 de junho um evento focado em três grandes pilares do setor, com foco em sustentabilidade em obras industriais e corporativas, bem como temáticas envolvendo infraestrutura e mercado imobiliário.
Na temática sobre sustentabilidade, a Comissão de Obras Industriais e Corporativas (Coic) e a Comissão de Meio Ambiente (CMA) da CBIC trouxeram painelistas que abordaram processos sustentáveis e inovação na construção civil.
“Discutimos um projeto inovador, que substitui o carvão mineral e o combustível fóssil por combustíveis renováveis. Também tratamos de construção de baixo carbono e saneamento como fonte de saúde e sustentabilidade”, afirma Ilso Oliveira, vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC.
Ele relata que os debates do encontro desdobram-se em novas ações, como a troca de experiências em torno da gestão hídrica nos próximos meses. O objetivo é utilizar os conhecimentos de engenharia em benefício da redução dos impactos advindos de eventos climáticos extremos. “Os principais ganhos do evento foram o compartilhamento de conhecimentos e a oportunidade de comprovar avanços importantes com cases reais”, aponta.
Coprocessamento para reduzir a pegada de carbono
Quando se fala em iniciativas para reduzir a chamada “pegada ecológica” na construção civil, a Rio Bonito Soluções Ambientais, empresa do Grupo Itambé, tem se destacado por soluções ambientais e tratamento de resíduos, em especial na atuação com coprocessamento.
O coprocessamento é uma técnica que reduz o consumo de combustíveis fósseis, através da utilização de resíduos como fonte de energia térmica nos fornos de clinquer, reduzindo assim a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Esta redução é obtida pela redução do consumo, extração e transporte dos combustíveis fósseis, assim como com a eliminação da exposição destes resíduos à atmosfera.
A importância do coprocessamento na planta cimenteira é mais evidente considerando a prática como uma das iniciativas de aceleração Net Zero, divulgada pela Global Cement and Concrete Association (GCCA), como um compromisso do setor para o processo de descarbonização.
O engenheiro ambiental Leandro Menezes Gomes, analista comercial da Rio Bonito, relata a importância do coprocessamento para toda cadeia cimenteira, que envolve desde a extração da matéria-prima até o transporte e queima nos fornos de clínquer. “Com 11 anos de atuação, a Rio Bonito é uma das principais empresas do Brasil no serviço de coprocessamento, técnica que utiliza os resíduos industriais e urbanos na fabricação de cimento, substituindo a queima dos combustíveis fósseis tradicionais dos fornos de clínquer”, informa.
Para isso ocorrer, é necessário preparar os resíduos para a queima, ou seja, triturá-los e/ou misturá-los antes de dosar no forno. A etapa da mistura, conhecida como blendagem, é analisada para atender diversos parâmetros técnicos e legais. Desde a fundação da Rio Bonito, já foram coprocessadas 737 milhões de quilos de resíduos.
Investimento nas estruturas de coprocessamento
No início da empresa, em 2013, foram coprocessadas cerca de 24 mil toneladas de resíduos, saltando para mais de 108 mil toneladas em 2023. “Em 2024, estamos com a previsão de consumir aproximadamente 150 mil toneladas de resíduos. Com isso, devemos evitar o consumo de 48 mil toneladas de coque de petróleo e reduziremos cerca de 600 mil toneladas de carbono equivalente que iriam para a atmosfera”, assinala.
Atualmente, a Rio Bonito está investindo nas estruturas de coprocessamento, aumentando a média histórica de coprocessamento, com previsão de dobrar em 2024. “Percebemos que, desde 2023, o mercado vem buscando o ‘aterro zero’ e muitos gestores públicos estão vendo no coprocessamento uma saída econômica e ambientalmente sustentável. Esperamos que este engajamento gere uma oferta ainda maior de resíduos para coprocessamento no Estado do Paraná”, avalia.
Para contratar o coprocessamento, a Rio Bonito faz inicialmente uma análise de viabilidade de coprocessamento do resíduo, com avaliação do processo de geração e coleta de uma amostra.
Uma vez aprovado o projeto, o cliente deve solicitar um laudo conforme Resolução CEMA 76/09 e, após esta fase, a Rio Bonito precifica o resíduo e dá sequência na documentação para emissão de uma Autorização Ambiental, conforme prevê a Portaria 212/19. “Este processo é utilizado para resíduos gerados ou destinados no Estado do Paraná, enquanto para os demais Estados é preciso consultar a autarquia estadual sobre o procedimento adequado”, orienta Gomes.
Entrevistados
Ilso José de Oliveira é engenheiro civil formado na Escola de Engenharia do Triângulo
Mineiro (EETM), pós-graduado em Administração Mercadológica pela Fundação Dom Cabral e possui MBA em Gestão de Negócios de Engenharia pelo IBMEC. É fundador da Reta Engenharia, sendo atualmente presidente do Conselho de Administração. É vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC.
Leandro Menezes Gomes é engenheiro sanitarista e ambiental formado pela FAE Centro Universitário, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade Estácio e possui MBA em Gestão Ambiental pela Université de Rennes 2, na França. É Analista Comercial de Coprocessamento da Rio Bonito.
Contatos:
coic@cbic.org.br
leandro.gomes@riobonito.eco.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
NBR 15696 passa por revisão e consulta pública

Crédito: Envato
A ABNT NBR 15696 - Dimensionamento, Ensaios e Aplicabilidade de Fôrmas e Cimbramentos para Estruturas de Concreto está em processo de revisão e o texto final deve ser publicado até o final de 2024.
Histórico da norma
Antes da criação da ABRASFE (Associação Brasileira de Fôrmas, Escoramentos e Acesso), já havia uma necessidade evidente de uma norma que orientasse a execução de projetos no setor de fôrmas e escoramentos. O setor estava em rápida ascensão e carecia de diretrizes normativas adequadas. Com esse objetivo em mente e organizados como associação, a ideia ganhou força e foi concretizada.
"A criação da norma ABNT NBR 15696:2009 permitiu que os projetos e premissas seguissem padrões de qualidade, evitando conflitos e garantindo maior segurança e eficiência no setor", comenta Jefferson Carlos da Silva, consultor de engenharia na ABRASFE e responsável pela gestão dos comitês de engenharia e subcomitê BIM da entidade.
Mudanças na NBR 15696
De acordo com Silva, alguns anos após a primeira edição, verificou-se a necessidade de atualização, adequação e modificação de alguns itens para melhor atender às necessidades do setor de fôrmas e escoramento, nicho no qual a inovação tecnológica ocorre de forma exponencialmente acelerada.
"Em 26 de outubro de 2021, reativamos a comissão de estudos para revisão da norma. Atualmente, foi concluída a revisão da NBR 15696 junto à ABNT na comissão de estudos CE-002:124.025 - Comissão de Estudo de Fôrmas e Escoramentos. A última reunião aconteceu em 28/03/24 e a próxima etapa será realizar ajustes no texto junto à ABNT para que possa ser enviada para consulta pública. Uma norma que não se atualiza cai no esquecimento; por isso, nós da ABRASFE nos sentimos responsáveis por manter a NBR 15696 viva", contou Silva durante o evento M&T Expo – Part of bauma network.
Entre os temas a serem contemplados no novo texto da norma estão as categorias de concreto, a temperatura de lançamento de concreto e as exigências para uma empresa ser autorizada a operar. Segundo Silva, é necessário ter cuidado com o escoramento, uma vez que situações como o acúmulo de concreto podem prejudicar o apoio e até mesmo a resistência.
Fonte
Jefferson Carlos da Silva é consultor de engenharia na ABRASFE e responsável pela gestão dos comitês de engenharia e subcomitê BIM desta entidade, e secretário da Comissão de Estudos CB-002.124.25.001, para revisão da ABNT NBR 15696.
Contato: Jef.csilva1@gmail.com
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.