Vendas de cimento crescem 6,6% em julho e 3,3% em agosto
As vendas da indústria de cimento mostraram recuperação em julho, após encerrar o semestre com um leve aumento. Foram comercializadas 5,9 milhões de toneladas, um crescimento de 6,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Em agosto, as vendas continuaram em alta, totalizando 6,2 milhões de toneladas, um acréscimo de 3,3% comparado a agosto de 2023. No acumulado do ano, de janeiro a agosto, o setor registrou uma expansão, com 43 milhões de toneladas vendidas, um crescimento de 3,1% frente ao mesmo período do ano passado.

Dois principais indutores do consumo de cimento vêm apresentando bom desempenho no ano: lançamentos imobiliários (mais precisamente o “Minha Casa, Minha Vida”) e a autoconstrução.
“Os lançamentos imobiliários estão crescendo 5,7% no acumulado do primeiro semestre, e os lançamentos do MCMV estão crescendo 65,9% no mesmo período. Já com relação ao autoconstrutor, podemos medir seu desempenho por meio do mercado de trabalho, que está bem aquecido. A taxa de desemprego atingiu 6,8%, o menor patamar para julho da série histórica iniciada em 2012. Os salários também estão em expansão. A combinação de mais emprego e maior renda alçou a massa salarial para o recorde da série histórica iniciada em 2012, refletindo no consumo geral da população”, informa Flávio Guimarães, economista do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
Perspectivas para 2024
De acordo com Guimarães, a projeção inicial do SNIC era de um crescimento de 2% em 2024. Entretanto, com os eventos climáticos no Sul, a última projeção foi reduzida para 1,5%. “Neste momento, estamos realizando uma nova rodada de atualização das projeções, mas ainda não temos um número. O que podemos analisar é que o MCMV veio com crescimento acima do esperado. A expectativa do governo era de lançar 2 milhões de unidades entre 2023 e 2026. Porém, até meados de 2024, já foram contratadas mais de 1,1 milhão de unidades, sendo 491 mil em 2023 e 620 mil em 2024”, explica o economista do SNIC.
Outro fator que impacta bastante as vendas de cimento é a quantidade de dias úteis. “Em 2024, teremos 2,5 dias úteis a mais do que em 2023, o que, por si só, já é um impulso para o setor”, afirma Guimarães.
Neste segundo semestre, há eleições municipais no país. Segundo o economista do SNIC, historicamente o consumo de cimento no segundo semestre é mais forte do que no primeiro. “É sabido, também, que os anos de eleições impulsionam as vendas de cimento”, comenta Guimarães.
Impactos do PAC e Minha Casa, Minha Vida
O economista do SNIC aponta que o PAC e o MCMV são grandes indutores da construção civil e, consequentemente, do consumo de cimento. “No entanto, em relação ao PAC, o programa não tomou a velocidade esperada e está muito aquém da necessidade de investimento do Brasil. Já o MCMV, após sua regulamentação em meados de 2023, ganhou fôlego e é um dos principais indutores do consumo de cimento em 2024. O programa é responsável por 53% de todos os lançamentos imobiliários no Brasil, bem acima dos 31% verificados no 2° trimestre de 2023”, pondera.
Impacto das questões climáticas nas vendas do cimento
Durante as enchentes no Sul, Guimarães lembra que as obras ficaram paralisadas. “Além disso, as estradas e acessos para o escoamento da produção de cimento ficaram comprometidos. Foi um período de queda na demanda por cimento. Entretanto, já percebemos uma retomada dessa demanda, com as vendas de cimento na região atingindo níveis anteriores ao evento climático”, afirma.
A preocupação para os próximos meses recai sobre a seca que afeta boa parte do território nacional, segundo o economista do SNIC. “Boa parte da produção vendida na região Norte é escoada por balsas em rios navegáveis. Porém, esses rios estão atingindo níveis muito baixos de água e se tornando inavegáveis, o que traz uma preocupação para a indústria. Outra preocupação que acompanha a estiagem é o aumento de custos. Por exemplo, o governo já anunciou a bandeira vermelha para a energia elétrica nos próximos meses”, destaca.
Venda de cimento por região
O relatório do SNIC de agosto mostrou que todas as regiões apresentaram evolução nas vendas. O Norte e o Nordeste brasileiros registraram o melhor desempenho. “Provavelmente impactadas pelo MCMV e pelo mercado de trabalho aquecido nessas regiões”, sugere Guimarães.
O Sul, que vinha registrando declínio até julho, voltou a crescer, atingindo níveis anteriores às inundações no Rio Grande do Sul. Já o Centro-Oeste continua com resultado positivo, assim como o Sudeste, que registra alta acumulada.
Entrevistado
Flávio Guimarães é economista do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
CONSEC 2024 aborda sistemas de construção expostos a condições extremas
Entre os dias 24 e 27 de setembro, acontece em Chennai, na Índia, a 10ª CONSEC (CONSEC2024) - 10th International Conference On Concrete Under Severe Conditions - Environment & Loading. Esta conferência foca nos avanços nas áreas relacionadas ao projeto, construção, teste e preservação de diversos materiais e sistemas de construção expostos a condições ambientais e de carga severas.
“A CONSEC24 proporcionará uma plataforma única para a troca de ideias de maneira focada e holística para o projeto, construção e conservação de estruturas de concreto armado expostas a condições severas. Convidamos estudantes, pesquisadores, professores e profissionais que atuam nas áreas relevantes de engenharia estrutural e materiais de construção a participar da CONSEC24 e torná-la um grande sucesso”, informam os organizadores do evento.
Veja alguns destaques do evento:
Resiliência de estruturas de concreto armado em condições corrosivas
Na palestra do professor Robert Melchers, da Universidade de Newcastle, na Austrália, ele pontua que estruturas de concreto armado, quando bem executadas, podem suportar condições muito agressivas por longos períodos sem corrosão das armaduras ou deterioração do concreto.

“Há evidências disso disponíveis há muitos anos, mas que foram amplamente ignoradas em face dos resultados de experimentos laboratoriais, embora estes não representem adequadamente o comportamento de estruturas de concreto reais. Para concretos de alta qualidade, bem compactados e de baixa permeabilidade, não é a difusão interna de oxigênio que controla a taxa de corrosão a longo prazo, mas sim a lenta lixiviação externa dos álcalis do concreto, sendo que no caso de Ca(OH)2, a presença de cloretos contribui para isso”, afirma Melchers.
A chamada ‘carbonatação’ do concreto, frequentemente considerada como uma das causas de corrosão da armadura, contraria princípios termodinâmicos básicos, segundo o professor. “O mecanismo crítico é a lenta perda por lixiviação externa de Ca(OH)2. A camada de carbonato de cálcio ("carbonatação") na superfície externa, na verdade, atua como uma barreira de difusão para essa lixiviação. Há evidências crescentes de que a corrosão das armaduras pode ser o resultado da quebra da proteção do concreto devido à reatividade álcali-silicato (RAS) ou à reatividade álcali-agregado (RAA) dos agregados no concreto”, destaca Melchers.
Design de materiais e processos na impressão de concreto 3D por meio de experimentos e modelagem impulsionados por IA
O desenvolvimento de um traço de argamassa imprimível é um processo complexo que normalmente envolve uma fase de tentativa e erro para ajustar as proporções exatas de cada componente. Prever como os parâmetros reológicos serão afetados pelos materiais e dosagens selecionados representa um desafio significativo.
Nesta palestra de Liberato Ferrara, professor do Politécnico de Milão, na Itália, é apresentada uma metodologia especificamente voltada para regular a imprimibilidade de compósitos cimentícios.
“O trabalho começa com uma caracterização experimental preliminar das propriedades reológicas (por meio do teste de mesa de fluxo) de misturas imprimíveis em 3D, retiradas da literatura. Em seguida, aproveitando um modelo numérico previamente desenvolvido e validado (Rizzieri et al. (2023)), a abordagem foi empregada para avaliar se a resistência ao cisalhamento estático e a viscosidade das misturas selecionadas estão alinhadas com fatores-chave como velocidade de impressão, altura do bico e o número máximo de camadas admissíveis (todos aspectos integrais do processo de impressão). Uma vez que as características reológicas foram definidas, uma Rede Neural Artificial (RNA) meticulosamente projetada foi empregada, treinada utilizando um banco de dados contendo dados sobre várias misturas de concreto da literatura existente, a fim de correlacionar os parâmetros reológicos que permitem a imprimibilidade, conforme modelagem numérica previamente realizada, aos potenciais constituintes e dosagens da fórmula, garantindo que atendam aos requisitos especificados e à viabilidade”, explica Ferrara.
Considerações de Projeto, Testes Experimentais e Aplicações de Campo do Reforço em Concreto de Alto Desempenho Reforçado com Fibras (High performance fiber-reinforced concrete - HPFRC) em Pilares de Pontes
Os recentes colapsos de pontes de concreto armado em muitos países ocidentais destacaram desafios significativos associados à infraestrutura envelhecida. Muitas dessas pontes, construídas há mais de 50 anos, deterioraram-se, levantando preocupações sobre sua segurança e vida útil. Como consequência, governos e autoridades estão agora focando na avaliação da segurança das estruturas de Concreto Reforçado e seu impacto na resiliência de toda a rede viária.
Nesse contexto, esta palestra do professor Giovanni Plizzari, da Universidade de Brescia, na Itália, aborda algumas considerações de projeto, testes experimentais e aplicações de campo do Concreto Reforçado com Fibras de Alto Desempenho (HPFRC) como uma solução avançada para melhorar a durabilidade e o desempenho de pontes existentes, muitas vezes deterioradas pela corrosão. Em particular, a palestra apresenta resultados de um projeto financiado pela União Europeia que envolve a recuperação de duas pontes rodoviárias na Itália usando HPFRC. Dentro do projeto, pilares de ponte e vigas de captação foram retrofitados com um revestimento de HPFRC, reduzindo a necessidade de reforço de aço e minimizando a espessura do revestimento para 60 mm. Os resultados demonstram um aumento significativo da capacidade de carga do pilar da ponte sob flexão, juntamente com uma melhoria na ductilidade, medida por meio de deslocamento e curvatura. A palestra inclui uma discussão sobre as implicações dessas descobertas para o projeto, bem como sobre a implementação dessa técnica de reparo frente a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) comparativa, realizada desde a fase de extração até a entrega.
Fonte
10ª CONSEC (CONSEC2024)
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Itambé moderniza sua linha para beneficiar clientes, mercado e o meio ambiente
Uma linha de produção moderna e ampliada, equipada com máquinas de última geração, para atender as variadas demandas dos clientes por cimentos de alta qualidade, além dos requisitos das normas técnicas e os valores de preservação do meio ambiente. Essa é a proposta da Cimento Itambé, que iniciou a modernização de uma de suas três linhas de produção, conhecida por Linha 1, implantada em 1976, ano que marca o início de suas atividades.

A decisão está em linha com a estratégia da companhia em investir constantemente em tecnologia para entregar produtos de maior qualidade para o mercado, elevando o nível de prestação de serviços aos clientes.
“A modernização vai propiciar um aumento de competitividade da nossa empresa, pela redução de custos de produção, devido ao alto nível tecnológico dos equipamentos instalados, e pelo crescimento da capacidade de produção de cimento, em aproximadamente 550 mil toneladas por ano”, afirma Luís Gandolfi, diretor superintendente da Cimento Itambé.
Outro benefício desse processo está relacionado ao meio ambiente. A linha estará apta para realizar o coprocessamento de Combustível Derivado de Resíduos Sólidos Urbanos (CDRU), tecnologia que possibilita a utilização de resíduos industriais ou urbanos como combustível alternativo para a produção de cimento, diminuindo o uso de combustível fóssil, especialmente, o coque. Como resultado, haverá a redução de emissões de gases de efeito estufa, e melhor destinação dos resíduos.
A obra para a modernização da Linha 1 trará ainda benefícios econômicos, ao promover a contratação de profissionais e de empresas da região de Campo Largo, no Paraná. Os investimentos previstos para o projeto são de aproximadamente R$ 500 milhões. “São cerca de 600 pessoas contratadas para esta obra”, pontua Fabio Garcia, diretor Industrial da Cimento Itambé.
Tecnologia para melhor eficiência
A renovação do parque industrial da Companhia contemplou a busca no mercado internacional pelas principais indústrias de equipamentos. Com isso, a Linha 1 contará com novos moinho de cru, torres de ciclone, resfriadores, filtros e queimador, vindos de países como Alemanha, Áustria, Itália e Tailândia.

“Selecionamos as melhores opções tecnológicas disponíveis de cada processo para montar uma linha de produção de alta performance e extremamente produtiva”, destaca Fabio Garcia. “A nova tecnologia vai mais do que dobrar a capacidade produtiva desta linha, passando das atuais 1.100 toneladas por dia de clínquer para 2.400 toneladas, ampliando a produção de cimento”, complementa.
A produtividade também será elevada pelo uso de novos equipamentos, segundo Fabio Garcia, pois a fábrica utilizará menos energia, tanto elétrica como térmica, para produzir a mesma quantidade de clínquer, além do que sua matriz energética estará dimensionada com 40% de combustível alternativo, através do coprocessamento.
Para Marcio Lobo, diretor comercial da Cimento Itambé, a modernização da Linha 1 traz muitos benefícios ao mercado, especialmente para os clientes atuais, para os parceiros e para os novos compradores, pois amplia a qualidade e regularidade dos produtos, a segurança na produção, a garantia de estoque, resultando em prestação de serviços e um atendimento ainda mais eficientes.
Gandolfi avalia ainda que a Cimento Itambé tem sempre atendido as exigências técnicas trazidas pelos clientes, como por exemplo, em especificações mais complexas, que demandam resistência inicial mais alta do cimento, para se obter um produto final com maior resistência e durabilidade.
Contribuição para o Road Map do Cimento
Ao remodelar a Linha 1 para realizar o coprocessamento de combustível alternativo, a Cimento Itambé reafirma seu alinhamento com o Roadmap Tecnológico do Cimento, documento elaborado pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), que traça a ambição e as diretrizes para contribuir para a redução da emissão de CO2 na indústria brasileira do cimento em dois cenários, sendo um primeiro estágio até 2030 e um segundo até 2050.
“Temos o objetivo de reduzir o impacto ambiental da empresa, principalmente no que tange as emissões de gases de carbono. E o coprocessamento, além de contribuir neste processo, também trabalha a questão da economia circular, com o reaproveitamento de resíduos sólidos urbanos e industriais para geração de energia”, explica Gandolfi.
Entrevistados:
Luís Gandolfi, diretor superintendente da Cimento Itambé.
Fabio Garcia, diretor Industrial da Cimento Itambé.
Marcio Lobo, diretor comercial da Cimento Itambé.
Jornalista responsável:
Sylvia Mie
Mecânica Comunicação Estratégica
Fundações rasas e profundas: escolha exige estudo geotécnico detalhado para garantir segurança e durabilidade da obra
Quando se trata do projeto para escolha do tipo da fundação para os empreendimentos, as opções são vastas, mas podem ser divididas principalmente em fundações rasas e profundas. Cada uma delas apresenta características, vantagens e limitações, e sua escolha depende de diversos fatores, como tipo de solo, carga da edificação e custo-benefício. Entender as especificidades dessas fundações é essencial para garantir a segurança e a durabilidade das obras.

A fundação rasa é aquela que transfere a carga da estrutura para as camadas superficiais do solo, em profundidades menores, conforme explica Alessandra Monique Weber Abdalla, professora de Engenharia Civil e Arquitetura da FAE Centro Universitário. “As sapatas e a fundação do tipo radier são os maiores exemplos de fundação rasa. Para esse elemento, a base se apoia em uma profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação”.
Essas fundações são recomendadas para obras de menor porte, onde o solo superficial apresenta uma capacidade de suporte adequada. Estruturas como residências unifamiliares e pequenas construções costumam se beneficiar desse tipo de fundação devido ao custo reduzido e à facilidade de execução. No entanto, é importante ressaltar que a escolha do tipo de fundação deve sempre considerar as características do solo e da edificação.
Segundo Alessander Korman, engenheiro e mestre em Geotecnia, a escolha entre fundação profunda e rasa depende de vários fatores. Fundações rasas tendem a ser utilizadas quando o solo superficial é adequado para suportar as cargas da estrutura. Por outro lado, fundações profundas são indicadas quando o solo superficial não possui a capacidade de suportar as cargas da edificação.
Estudo geotécnico detalhado para melhor escolha
“Fundação profunda é aquela que transfere as cargas da estrutura para porções inferiores do terreno, geralmente a uma profundidade maior que três ou quatro vezes a menor dimensão da fundação”, afirma Korman. Estacas e tubulões são os principais exemplos desse tipo de fundação, que é usado, por exemplo, em edifícios altos e outras estruturas com cargas pesadas.
As fundações profundas também são indicadas em terrenos onde o lençol freático está presente em camadas mais próximas da superfície. Segundo Alessandra, as fundações profundas podem ser uma alternativa para estruturas leves, porém o custo da execução pode não ser justificado. Portanto, a escolha entre uma fundação rasa ou profunda deve ser feita após um estudo geotécnico detalhado.
“Os critérios de escolha de um tipo ou outro vão depender do perfil geológico-geotécnico, da posição do lençol freático, da ordem de grandeza das cargas e da tolerância da estrutura a deslocamentos, que, por sinal, sempre estarão presentes”, assinala Korman. Em cada projeto, deve-se avaliar a relação custo-benefício das alternativas de fundação consideradas viáveis tecnicamente.
As fundações rasas apresentam vantagens consideráveis, especialmente em relação ao custo de execução e à simplicidade do processo. Como são utilizadas em profundidades menores, a quantidade de material utilizado é menor, o que contribui para a redução do custo da obra. Além disso, sua execução é mais rápida e menos complexa.
“Para residências unifamiliares e estruturas leves, pela característica de carregamento mais baixo, será recomendado o uso de fundações rasas em função do custo”, comenta Alessandra. Esse tipo de fundação é bastante vantajoso em solos estáveis e em obras de pequeno a médio porte, desde que o solo superficial tenha a resistência necessária para suportar as cargas da edificação.
Vantagens das fundações profundas
Por sua vez, as fundações profundas têm como principal vantagem a sua capacidade de transferir grandes cargas para camadas mais profundas do solo, garantindo a estabilidade de estruturas de grande porte. Edifícios altos, pontes e grandes galpões, por exemplo, dependem desse tipo de fundação para garantir a segurança e a durabilidade da obra.
Outro benefício das fundações profundas é a possibilidade de aplicação em terrenos com solos superficiais instáveis ou com presença de lençol freático. “Em edifícios altos e estruturas pesadas, quando não há estabilidade nas camadas superficiais do solo, será mais viável transferir as cargas para camadas mais profundas e resistentes”, destaca Alessandra.
Concretagem das fundações: cuidados essenciais
Independentemente do tipo de fundação escolhido, o concreto é o material predominante na execução de ambos os tipos de fundação. Korman explica que o concreto é amplamente utilizado em fundações devido à flexibilidade de uso, resistência e durabilidade. “O material é usado para moldar sapatas, estacas, blocos de fundação e radiers”, aponta.
No entanto, o uso do concreto nas fundações exige cuidados específicos para garantir a qualidade e a segurança da estrutura. Um dos principais desafios é o controle da hidratação do cimento, especialmente em obras de grande porte, que envolvem grandes volumes de concreto. “O controle tecnológico do concreto deve estudar uma dosagem a fim de evitar fissurações térmicas e possível formação de etringita tardia”, alerta Alessandra. Esse controle é essencial para evitar danos ao concreto durante o processo de cura.
Fundação profunda em grandes obras
Outro cuidado importante envolve a execução em terrenos com lençol freático. Em fundações profundas, é comum que a concretagem seja realizada abaixo do nível do lençol freático, o que pode exigir técnicas específicas, como o uso de tubulões preenchidos com concreto, para evitar o contato direto com a água. “O concreto é usado para moldar sapatas, estacas, blocos de fundação e radiers, muitas vezes em peças que envolvem o uso combinado com aço (concreto armado)”, assinala Korman.
Ele cita que, nos últimos anos, as maiores obras de engenharia no Brasil utilizam diferentes tipos de fundações com uso de concreto para garantir a segurança das estruturas. Diversos edifícios em Balneário Camboriú, com alturas de mais de duzentos metros, empregam fundações profundas e sistemas que conjugam características de fundações superficiais e profundas: os radiers estaqueados. “Outro bom exemplo é a nova Ponte do Guaíba, em Porto Alegre, onde foram utilizadas milhares de estacas de concreto pré-fabricadas nas fundações do empreendimento”, conclui.
Entrevistados
Alessander Korman é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em Geotecnia pela PUC-Rio e doutor em Geotecnia pela EPUSP. É professor do PPGEC - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFPR.
Alessandra Monique Weber Abdalla é engenheira graduada pela UTFPR de Campo Mourão, doutora em Engenharia Civil pela UTFPR de Curitiba, professora dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da FAE Centro Universitário.
Contatos:
alessander.kormann@fugro.com
alessandra.abdalla@fae.edu
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Ana Carvalho
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Como utilizar a tecnologia para a gestão de EPIs nos canteiros de obras?
Segundo dados do Ministério da Defesa do governo brasileiro, a principal forma de evitar acidentes de trabalho se dá através da utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs). Embora amplamente difundido na construção civil, seu uso inadequado pode reduzir o nível de proteção do usuário, aumentando a probabilidade de ocorrências.

De acordo com o Ministério Público do Trabalho, no período entre 2012 e 2021, foram contabilizadas mais de 6 milhões de Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT), o que resultou em um custo de R$ 120 bilhões para a previdência.
Diante desse cenário, como garantir que os funcionários estão utilizando os equipamentos de proteção individual (EPIs) de maneira adequada? Um estudo da Frost & Sullivan, realizado em 2021, estima que a digitalização da gestão de EPIs pode reduzir os acidentes de trabalho em até 25% até 2025.
Modernização do Canteiro de Obras e Segurança
A inteligência artificial e outras tecnologias podem ser grandes aliadas na garantia da segurança no canteiro de obras, especialmente em empresas com múltiplas filiais, pois exigem um monitoramento constante para proteger muitos trabalhadores.
“A implementação de tecnologias está revolucionando o setor. Com o monitoramento em tempo real, as empresas conseguem antecipar problemas e garantir a proteção dos trabalhadores de maneira mais eficiente. Além disso, essas ferramentas oferecem dados valiosos para a melhoria dos processos de segurança”, afirma Thiago Avelino, técnico em Segurança do Trabalho e CEO da SafetyTec, startup que oferece soluções de tecnologia para garantir a segurança do trabalho, incluindo o BuscaEPI, um software que possibilita às empresas monitorar, distribuir e repor EPIs em tempo real.

Durante o Concrete Show 2024, a modernização do canteiro de obras foi tema de uma das palestras. Para Tales Silva, CEO da Construct IN e um dos participantes do evento, existem muitas tecnologias disponíveis para empregar no canteiro. “No entanto, o setor de construção civil ainda está patinando nesse sentido. Existem pequenos avanços, mas ainda esbarra na questão da cultura e do engajamento das pessoas e das empresas. Outro desafio, no caso de ferramentas que ajudam a reconhecer funcionários sem EPI, é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que prevê que as pessoas não podem ser identificáveis”, alerta.
Para Silva, um dos grandes benefícios dessas ferramentas que ajudam a fazer o gerenciamento remoto de obras é a redução do tempo de deslocamento e a obtenção de informações mais assertivas para tomadas de decisões rápidas. “Não é preciso perder tempo com estrada, viagem e hotel. As ferramentas de gestão de obras permitem documentá-las do início ao fim, sem precisar ir até o local. Isso é muito útil para empresas do setor de varejo, por exemplo, que têm obras em diversos Estados do Brasil. Um trabalhador pode colocar uma câmera no capacete, caminhar pelo canteiro e fazer comparações dia a dia. Isso traz mais transparência e dados mais concretos para que o gestor tome as decisões”, comenta.
Ferramentas para Segurança no Canteiro de Obras
O BuscaEPI digitaliza os registros de entrega e centraliza o controle dos Equipamentos de Proteção Individual, permitindo que cada filial visualize e atualize as informações sobre o estoque e a distribuição dos EPIs. “Isso diminui a chance de erros e perdas, garantindo que todos os funcionários estejam devidamente protegidos. O sistema registra dados como número de série, validade e histórico de uso dos equipamentos, facilitando o monitoramento e a reposição quando necessário. Além disso, oferece alertas sobre trocas futuras, proporcionando previsibilidade e uma gestão mais eficiente”, explica Avelino.
Segundo o CEO da SafetyTec, uma das vantagens de usar uma ferramenta como essa é a segurança jurídica das empresas. “As que ainda não digitalizaram esse controle necessitam armazenar fichas de EPI por anos, correndo o risco de perdê-las. Essa gestão desorganizada pode levar a perdas em processos trabalhistas, já que falhas de segurança são graves por potencialmente comprometerem o bem-estar dos colaboradores”, alerta.
Outro benefício deste software é o treinamento e a conscientização dos colaboradores. “O software facilita as orientações sobre o uso correto dos EPIs, garantindo que os trabalhadores saibam como inspecionar, usar e armazenar os equipamentos de forma adequada”, destaca Avelino.
O Smart Inspecs é outra ferramenta para fiscalizar a segurança do trabalho em canteiros de obras. O projeto utiliza tecnologias embarcadas em sistemas web e aplicativos para Android e iOS, integradas a drones e dispositivos móveis, na realização de inspeções de segurança nos canteiros de obra.
Fontes
Thiago Avelino é técnico em Segurança do Trabalho e CEO da SafetyTec.
Tales Silva é CEO da Construct IN.
Contatos:
Assessoria de imprensa da SafetyTec - carolina@carolinalara.com.br
Construct IN: contato@constructin.com.br
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Evento em Portugal discute a sustentabilidade do concreto
A FIB ICCS 2024 – Conferência Internacional sobre Sustentabilidade do Concreto – ocorreu entre os dias 11 e 13 de setembro de 2024, em Guimarães, Portugal, na Universidade do Minho.

O evento reuniu especialistas, formuladores de políticas, líderes da indústria, pesquisadores e profissionais para explorar soluções inovadoras que promovam o desenvolvimento sustentável do ambiente construído. Segundo os organizadores, "o foco na sustentabilidade é mais crucial do que nunca, à medida que enfrentamos os desafios duplos da conservação ambiental e da urbanização. Portanto, são necessárias abordagens inovadoras além dos limites tradicionais. Nesse contexto, o ICCS 2024 visa promover soluções sustentáveis e resilientes para o ambiente construído, contribuindo para o bem-estar do nosso planeta e de seus habitantes."
De acordo com o comitê organizador, o evento abordou tópicos como resiliência, gestão do ciclo de vida, desmontagem, reutilização e reciclagem, durabilidade, entre muitos outros. "Esses temas estão se tornando cada vez mais relevantes para que a indústria da construção possa alcançar as metas dos objetivos de sustentabilidade definidos em nível mundial", destacam José Campos e Matos e José Sena-Cruz, ambos copresidentes do Comitê Organizador.
"O concreto vai além de ser apenas um material de construção; ele é o alicerce da nossa civilização moderna. Sua relevância em nosso cotidiano é inegável, mas também traz grandes desafios. É essencial que concentremos nossos esforços coletivos no desenvolvimento de soluções para tornar as estruturas e infraestruturas de concreto mais sustentáveis. À frente dessa transformação estão abordagens inovadoras, como o uso de ligantes alternativos, concretos de alto desempenho e a reutilização de estruturas existentes. Esta conferência serve como um verdadeiro laboratório de ideias, gerando soluções que abrirão caminho para um futuro mais sustentável", afirmou Stephen Foster, presidente da International Federation for Structural Concrete (fib) – ou, em tradução livre, Federação Internacional de Concreto Estrutural.
A FIB ICCS 2024 contou com três palestras principais. Confira:
Base científica para o desenvolvimento de concreto de ultra-alto desempenho (UHPC) com menores impactos ambientais
Caijun Shi, presidente da Federação Asiática de Concreto e professor titular da Universidade de Hunan, é um renomado especialista em materiais sustentáveis à base de cimento. Ele lidera laboratórios de destaque na China, focados em materiais de engenharia civil sustentável e segurança estrutural, e estabeleceu novos padrões na área. Em 2024, ele ocupa o primeiro lugar no setor de Construção Civil e Edificações no ranking da Universidade de Stanford, nos EUA. Durante sua palestra, o professor Shi apresentou ideias inovadoras sobre os "Desafios e Impactos Ambientais no Projeto e Aplicações de Concreto de Ultra-Alto Desempenho (UHPC)". Ele revisou várias soluções técnicas chave e a tendência de produzir UHPC com menor impacto ambiental, com base em Avaliações do Ciclo de Vida de materiais como ligantes, agregados e fibras de aço.
Este estudo aborda o princípio de projeto de mistura de empacotamento compacto de partículas sólidas, alta viscosidade de misturas recém-preparadas e baixo módulo de elasticidade do UHPC. A equação modificada de Anderson, amplamente utilizada anteriormente, não é adequada para o cálculo de UHPC de empacotamento compacto devido à aglomeração de partículas de sílica ativa, mas métodos de design centróide baseados em desempenho podem ser usados para projetar UHPC com múltiplas metas de desempenho. Um novo éter policarboxilato foi projetado e sintetizado para produzir UHPC com baixa viscosidade. Um modelo multiescala foi estabelecido para projetar UHPC com alto módulo de elasticidade.
O professor Shi também discutiu indicadores ambientais, incluindo as emissões de carbono incorporado (EC), o consumo de energia incorporada (EE) e o índice de CO2 incorporado (CI) em várias misturas de UHPC relatadas em publicações científicas, e explorou a eficácia de diversas alternativas de baixo carbono, classificando-as com base nas reduções de EC e EE. Concluiu-se que o concreto geopolimérico de ultra-alto desempenho (UHPGC) se destacou por ter os menores valores de EC e EE sem comprometer a resistência à compressão. Em contraste, o uso de agregados reciclados ou fibras de resíduos para substituir agregados convencionais ou fibras de aço mostrou-se menos eficaz, com reduções mínimas em EC e EE.
Além das fronteiras: moldando o futuro das estruturas de concreto orientada por dados e design sustentável
Costantino Menna, professor Associado de Engenharia Estrutural na Universidade de Nápoles Federico II, possui doutorado em Engenharia de Materiais e Estruturas. Sua pesquisa se concentra em materiais compostos inovadores e avaliações ambientais por meio da Análise de Ciclo de Vida (LCA). Durante o evento, ele trouxe importantes insights sobre estruturas de concreto sustentáveis orientadas por dados. Entre seus temas de estudo, destacam-se as oportunidades da fabricação digital com concreto (DFC) para aprimorar a eficiência estrutural e promover construções mais sustentáveis.
Em seu estudo "Enhancing Structural Efficiency with Digital Concrete – Principles, Opportunities and Case Studies", Menna explora soluções que podem reduzir drasticamente o consumo de materiais ao garantir o fluxo direto de carga e ao alocar o material somente onde é necessário. Ele propõe que mais de 50% da economia de material pode ser alcançada ao utilizar flanges ou seções ocas, dar continuidade a vigas ou lajes, diminuir o vão das estruturas ou empregar sistemas estruturais como arcos, treliças e vigas profundas. Contudo, o estudo também aponta que esses conceitos são subutilizados, uma vez que geralmente requerem formas complexas e de alto custo. A fabricação digital com concreto (DFC) resolve esse problema, permitindo a criação de geometrias complexas com menor esforço, custo e desperdício.
Aplicação à escala industrial do concreto com agregado reciclado em Portugal
Jorge de Brito, professor catedrático no Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, possui mais de 20 anos de experiência em pesquisa sobre concreto sustentável, com foco particular em agregados reciclados. No evento, ele falou sobre aspectos que podem promover o uso de concreto com agregado reciclado à escala industrial.
Brito descreve as principais etapas que precisam ser seguidas para superar as barreiras existentes ao uso de agregados reciclados, nomeadamente:
- A criação de benefícios financeiros;
- A implementação de uma abordagem de demolição seletiva;
- A atualização de documentos normativos com os desenvolvimentos recentes;
- O aprimoramento da qualidade dos agregados reciclados para níveis aceitáveis;
- A melhoria da confiança dos stakeholders.
Em seus estudos, Brito aponta que embora existam evidências suficientes sobre a viabilidade do material, para motivar as empresas de construção a utilizarem o os agregados reciclados, uma reforma profunda da legislação existente e dos documentos normativos para a caracterização e produção de agregados reciclados é necessária.
Fontes
Stephen Foster, presidente da International Federation for Structural Concrete (fib).
José Campos e Matos e José Sena-Cruz, ambos copresidentes do Comitê Organizador.
Contato: fibiccs24@civil.uminho.pt
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Concreto Luminescente combina estética, funcionalidade e sustentabilidade para diversas aplicações

O concreto luminescente está modernizando as técnicas construtivas e abrindo novas possibilidades para a arquitetura, oferecendo uma combinação única de estética, funcionalidade e sustentabilidade.
Desenvolvido com a capacidade de absorver luz e transformá-la em uma espécie de iluminação em diversos tons, este material apresenta aplicações práticas em pavimentação urbana, decoração e infraestrutura, gerando benefícios que vão desde a economia energética até a melhoria da segurança.
Fabricação do concreto luminescente
O concreto luminescente é obtido por meio da introdução de agregados especiais que capturam energia luminosa, seja natural (sol) ou artificial (outra fonte de iluminação), e a reemitem na forma de luz visível por várias horas após a exposição. Esse efeito ocorre devido à presença de pigmentos e resinas nos agregados, que são incorporados à mistura de concreto ou aplicados durante a fase de pega do material.
“O concreto luminescente pode emitir iluminação por até oito horas se receber luz pelo mesmo período de tempo, sendo particularmente eficaz em áreas externas, como ciclovias e faixas de pedestres”, explica o engenheiro Vitor Novaes, consultor técnico comercial na Camargo Química.
De acordo com o engenheiro Marcelo Henriques, gerente de marketing para América Latina da GCP (empresa do grupo Saint Gobain), ao contrário dos materiais fluorescentes, que emitem luz imediatamente após a exposição, o concreto luminescente exibe uma fosforescência prolongada, iluminando áreas escuras por longos períodos.
Aplicações práticas
As aplicações do concreto luminescente são variadas e atrativas tanto para projetos de infraestrutura pública quanto para projetos privados e decorativos em pavimentos, pisos e ladrilhos. Entre os exemplos de uso, destacam-se:
1. Infraestrutura urbana
Ciclovias, faixas de pedestres, calçadas e caminhos em parques que podem se beneficiar da luminescência, oferecendo uma alternativa sustentável à iluminação pública. “A capacidade de iluminar áreas urbanas sem necessidade de energia elétrica reduz significativamente os custos de manutenção e implantação de redes de iluminação”, aponta Novaes.
2. Decoração e paisagismo
O concreto luminescente também está sendo utilizado em pisos decorativos ao redor de piscinas, em jardins e bancadas. “A estética do material, que emite uma luz suave e agradável, cria ambientes diferenciados e modernos, agregando valor visual a esses espaços”, assinala Henriques.
3. Sinalização e segurança
A utilização do concreto luminescente em áreas de grande fluxo, como estacionamentos, rodovias e passagens de pedestres, melhora a visibilidade e aumenta a segurança noturna, sem depender de fontes de luz externas. “Isso se torna crucial em áreas remotas ou com iluminação insuficiente”, observa Novaes.
Benefícios do concreto luminescente
Além das vantagens estéticas e funcionais, o concreto luminescente oferece benefícios significativos do ponto de vista sustentável e econômico, tais como:
1. Redução de custos energéticos
Ao reduzir a necessidade de iluminação elétrica em áreas públicas, o concreto luminescente contribui para a diminuição dos custos com eletricidade e manutenção. De acordo com Novaes, "a possibilidade de eliminar em 100% a necessidade de luz artificial em determinados ambientes reduz drasticamente o uso de energia, promovendo uma fonte de luz ecológica e autônoma”.
2. Sustentabilidade
A produção desse tipo de concreto é ecologicamente responsável, já que o agregado é obtido sem a utilização de recursos naturais e contribui para a redução da pegada de carbono das cidades. “O concreto luminescente não apenas proporciona economia de energia, mas também oferece uma alternativa ecológica que está em consonância com as metas globais de sustentabilidade”, complementa.
3. Durabilidade
O material possui alta durabilidade, resistindo bem às condições climáticas adversas e ao desgaste comum em áreas urbanas. Com sua longevidade, o material requer menos manutenção ao longo do tempo, representando um investimento de longo prazo.
4. Conforto visual e segurança
A emissão de luz em áreas escuras aumenta a segurança de pedestres e ciclistas, principalmente em áreas com baixa iluminação pública. Além disso, o conforto visual proporcionado pela luz suave contribui para um ambiente mais agradável, sem a necessidade de iluminação intensa.
Aspectos técnicos ao aplicar o material
Tecnicamente, o concreto luminescente exige um planejamento cuidadoso para ser aplicado de forma eficiente. Henriques cita que o material foi apresentado recentemente, durante o Concrete Show, utilizando o concreto fluido de fck 40 MPa em duas camadas, sendo a primeira, convencional, sem o uso do concreto luminescente, e a segunda camada, um pouco mais de 5 mm, mais consistente (slump 80 mm) com o uso da tecnologia. “Optamos por utilizar cimento branco, contemplando o apelo arquitetônico da solução”, informa.
Segundo os especialistas, a aplicação deve ser feita durante a fase de pega do concreto, quando a água de exsudação sai da superfície, garantindo a aderência dos agregados luminescentes e o armazenamento ideal de luz. “Nessa etapa, é possível pulverizar ou colocar os agregados de acordo com o seu gosto, com a quantidade de armazenamento que você quer de luz naquele local”, aponta Novaes.
Henriques informa que os custos associados ao concreto luminescente variam de acordo com o volume de agregados luminescentes utilizados. Em média, o preço pode oscilar entre R$ 1.500,00 e R$ 4.000,00 por m2, dependendo da quantidade de agregado e do brilho desejado.
Perspectivas futuras

Com a crescente preocupação global em torno da sustentabilidade e eficiência energética, o concreto luminescente desponta como uma solução inovadora e promissora para as cidades do futuro. À medida que as tecnologias evoluem e o material se torna mais acessível, espera-se que seu uso se expanda para projetos de infraestrutura e edificações em larga escala.
No entanto, o sucesso desse material depende não apenas de sua aplicação técnica, mas também de uma mudança de mentalidade na construção civil, que deve adotar práticas mais sustentáveis e reduzir o impacto ambiental de suas atividades. Ao mesmo tempo, a indústria química e as empresas de construção devem continuar a inovar e aperfeiçoar essa tecnologia para torná-la mais eficiente e economicamente viável.
Os especialistas do setor já vislumbram um futuro no qual a luminescência será uma característica comum nas cidades, proporcionando mais segurança, beleza e sustentabilidade, associada à economia de energia e impacto visual positivo.
Entrevistados
Vitor Novaes é engenheiro civil graduado pelo Centro Universitário Unifaat, pós-graduado em Tecnologia do Concreto (IDD), professor no curso de Engenharia Civil no Centro Universitário Unifaat e consultor técnico comercial na Camargo Química.
Marcelo Henriques é engenheiro civil graduado pela Faculdade de Engenharia de São Paulo (FESP), pós-graduado em Marketing pela Universidade Bandeirantes (Uniban), MBA em Liderança pela Fundação Dom Cabral, membro ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) e gerente de marketing da GCP, uma empresa do Grupo Saint Gobain para América Latina.
Contatos:
vitor.novaes@camargoquimica.com.br
marcelo.henriques@gcpat.com
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Minha Casa, Minha Vida completa 15 anos em 2024

Crédito: Ministério das Cidades / Divulgação
Em 2024, o Programa Habitacional Minha Casa, Minha Vida completou 15 anos. Nesse período, o MCMV celebrou a marca de 7,7 milhões de moradias contratadas. Ao longo dos anos, com a mudança de governo, o programa passou a se chamar Casa Verde e Amarela e, posteriormente, diante de outra troca de governo, voltou ao nome original.
“Avaliamos o desempenho do programa habitacional com muito entusiasmo e confiança. A governança do MCMV sempre foi exemplar nesses 15 anos, atendendo as faixas de renda mais necessitadas e, ao mesmo tempo, estimulando a indústria com geração de emprego e renda”, opina Daniela Ferrari, vice-presidente de Habitação do SindusCon-SP.
Guilherme Werner, sócio consultor na Brain Inteligência e Estratégia, acredita que o impacto positivo do MCMV na sociedade brasileira é imenso. “Sem ele, seguramente, os índices de favelização nas grandes cidades teriam disparado nas últimas décadas. Inequivocamente, é um dos programas habitacionais mais bem sucedidos do mundo, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos”, menciona.
O consultor pontua que, embora o déficit habitacional esteja estimado em 6,2 milhões de moradias, cerca de 7,7 milhões de famílias adquiriram a casa própria através do programa ao longo dos 15 anos. “É possível calcular o quão mais grave seria a realidade habitacional no Brasil se não fosse o MCMV – pois, ainda que bem-sucedido, a produção imobiliária econômica no país não consegue acompanhar o aumento do déficit (em 2009, era de 5,5 milhões; agora, 6,2 milhões de moradias, mesmo com a produção de 7,7 milhões dentro do programa)”, destaca.
Do ponto de vista econômico, Daniela lembra que, por ser o Programa Habitacional mais longevo que o Brasil já teve, isso resultou na formação e crescimento de empresas especializadas nesse segmento, que anteriormente era majoritariamente atendido apenas por produção pública, através de licitações e chamamentos.
De acordo com Werner, hoje, aproximadamente metade dos apartamentos vendidos no Brasil são do programa (faixas 2 e 3), ou seja, a subsistência do mercado imobiliário brasileiro depende fortemente da perenidade do MCMV. “No maior mercado do país, a capital paulistana, por exemplo, mais de 35% dos apartamentos vendidos na cidade hoje são do MCMV. Isso se repete em proporções similares no segundo maior mercado brasileiro, o Rio de Janeiro”, comenta.
Desafios enfrentados pelo Minha Casa, Minha Vida
Na opinião de Daniela, um dos maiores desafios foi a manutenção dos investimentos do Governo Federal para as faixas de produção subsidiadas.
Werner comenta que não são poucas as dificuldades encontradas para o pleno funcionamento do programa no país. “Naturalmente, como qualquer programa de âmbito nacional, as especificidades locais podem ser barreiras para o bom desempenho do Minha Casa, Minha Vida. A adequação e o fomento a Habitações de Interesse Social pelas prefeituras, em muitos casos, têm sido barreiras consideráveis”, justifica.
Além disso, Werner aponta que as restrições de funding sempre permeiam e preocupam a perenidade do MCMV. “Sobretudo, o mau uso e o desvirtuamento dos recursos do FGTS, que sofrem com projetos de lei ou medidas provisórias para direcionar recursos para outros fins que não sejam habitação e saneamento – como previsto, geram uma grande dificuldade na percepção desse funding como algo sustentável a longo prazo”, justifica. Daniela concorda com esse ponto. “Uma das dificuldades é a sustentabilidade do FGTS para investimento em habitação e não em outras tantas tentativas de uso do Fundo para outros propósitos não relacionados à habitação”, opina.
Expectativas para o futuro do Minha Casa, Minha Vida
Após este balanço do MCMV, Daniela e Werner acreditam que a expectativa do setor é que o MCMV tenha continuidade independentemente das mudanças políticas e que continue apoiando a sustentabilidade do FGTS, associado à criação de sinergias e parcerias entre o Governo Federal e demais entes federativos, para reforço do investimento público como forma eficaz no combate ao déficit habitacional. Eles citam frentes motivadoras como programas habitacionais locais, estaduais ou municipais, que têm servido como fornecedores de subsídios complementares, doadores de terrenos públicos, liberando o uso de verba pública de emendas parlamentares até desburocratização e isenções fiscais de ITBI para as famílias de menor renda.
O consultor afirma que o Brasil vive hoje um bom momento no ciclo deste tipo de produto, claramente expansionista. “Este será o ano com maior volume de crédito disponibilizado via FGTS para o MCMV (R$ 127 bilhões já provisionados até agora). Além disso, as novas métricas do programa, seja o aumento do teto para R$ 350 mil e renda para R$ 8 mil, beneficiaram grandemente a possibilidade de encaixar esse tipo de produto novamente nas grandes cidades”, conclui.
Entrevistados
Daniela Ferrari é vice-presidente de Habitação do SindusCon-SP.
Guilherme Werner é sócio consultor na Brain Inteligência e Estratégia.
Contatos
Assessoria de imprensa SindusCon-SP: DBarbara@sindusconsp.com.br
Assessoria de imprensa Brain Inteligência e Estratégia: victor.ferrage@viracomunicacao.com.br
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Governo de Sergipe estuda a revitalização do Centro de Aracaju
Em julho de 2024, o Governo do Estado de Sergipe, por meio da Secretaria Especial de Planejamento, Orçamento e Inovação (Seplan), da Agência Sergipe de Desenvolvimento (Desenvolve-SE) e do Instituto Banese, organizou o seminário ‘Aracaju no Centro’, com a finalidade de discutir propostas e projetos voltados à revitalização do Centro da capital sergipana.
O seminário contou com a participação de representantes do Estado, de diversas instituições, incluindo as áreas de Educação e Economia, além de membros de movimentos de moradia e convidados externos, que apresentaram ideias, estudos e exemplos bem-sucedidos de projetos implementados em outros centros urbanos, tanto nacionais quanto internacionais.
Esvaziamento do Centro de Aracaju
Uma das grandes questões debatidas durante o evento foi o esvaziamento do Centro de Aracaju. De acordo com o Prof. Dr. César Henriques Matos e Silva, da Universidade Federal de Sergipe, a partir dos anos 1990, observou-se a saída das moradias, órgãos públicos, cinemas, atividades de lazer e cultura do centro.

Crédito: Envato
“As elites abandonaram a região central, que passou a ser ocupada pelas camadas populares. Portanto, o centro nunca esteve literalmente vazio; o que ocorreu foi um esvaziamento simbólico e cultural, à medida que as elites migraram para outras áreas. O centro se transformou em um espaço monofuncional, dedicado quase exclusivamente ao comércio e aos serviços. É fundamental recuperar o caráter público do centro da cidade, garantindo que ele seja um espaço para todos, e não apenas para grupos sociais de menor poder aquisitivo”, pontua Silva.
Para Alex Rosa, coordenador de programas da ONU-HABITAT, não se deve focar apenas nas áreas que estão sofrendo esse esvaziamento. É preciso compreender a dinâmica das regiões em expansão urbana e como a cidade está se desenvolvendo, seja dentro ou fora do centro. “É essencial analisar como esse crescimento está ocorrendo para entendermos o fenômeno do esvaziamento”, comenta.
Outra participação no evento foi a do engenheiro Enric Truñó, que foi Conselheiro de Esportes na Prefeitura de Barcelona entre 1981 e 1995 e, como tal, foi o principal responsável municipal na área de esportes durante todo o processo de organização dos Jogos Olímpicos de Barcelona 92. Truñó sugeriu a reabertura da Prefeitura na região como um primeiro passo para a revitalização. “Aprendi que cada cidade possui sua própria personalidade, história e realidade, o que torna difícil simplesmente importar ideias de outros lugares. Em Barcelona, por exemplo, as instituições públicas nunca abandonaram o centro da cidade. Quando vi a imagem da prefeitura fechada, pensei: por que a prefeitura não retorna? Claro, isso deveria fazer parte de um plano abrangente. Com certeza, após 20 anos fechado, o prédio se tornou uma ruína, não é moderno nem seguro. No entanto, apostar nessa revitalização seria um desafio significativo e talvez uma excelente mensagem para a cidade”, declara.
Recife como referência
Durante o evento, também houve a participação de João Paulo da Silva, secretário executivo do Gabinete do Centro de Recife, que falou sobre o processo de revitalização do centro da capital pernambucana.
"O debate sobre a revitalização do centro do Recife não é recente. Desde a década de 1970, houve importantes iniciativas, incluindo a criação do Porto Digital, que realmente transformou o paradigma, especialmente no bairro do Recife, o mais turístico da cidade. O Porto Digital já reabilitou mais de 130 mil metros quadrados de imóveis históricos no centro, sendo um agente fundamental, com expertise na revitalização de áreas históricas. Em 2021, foi criado o Centro do Recife, fruto de um movimento que envolveu a sociedade, o legislativo e a criação de uma frente parlamentar local dedicada à discussão sobre a reabilitação do centro", pontua João Paulo da Silva.
Claudio Marinho, cofundador do Porto Digital, gosta de chamar essa iniciativa de arranjo produtivo inovador. “Outras pessoas preferem chamá-la de parque tecnológico urbano. Fica no centro da cidade, o lugar onde Recife nasceu. Nos anos 2.000, quando começamos o projeto, eu era secretário de Ciência e Tecnologia do Estado. Naquela época, tínhamos duas empresas de tecnologia no bairro. Hoje, são 415. São 18 mil pessoas que criam demanda por serviços. E, mais do que isso, essas empresas e demandas revitalizam o Centro Histórico do Recife. Já impactamos mais de 150 mil metros quadrados de edificações históricas protegidas por lei. Estamos trazendo essa experiência para compartilhar aqui em Aracaju com o Governo do Estado, que está promovendo este evento, com os funcionários das secretarias e com os convidados em geral, para trocarmos experiências", conclui Marinho.
Plano Diretor
O prefeito de Aracaju, Luiz Roberto, anunciou no início de setembro que possui projetos que se associam ao propósito de revitalização do Centro, oferecendo alternativas de capacitação e inovação, através do Caju Hub, microcrédito, e Jovem Start (para os jovens sem experiência profissional), através de parcerias com a iniciativa privada, visando a inserção no mercado de trabalho. No entanto, a prefeitura também destacou que para dar início ao projeto de revitalização é necessário aguardar os encaminhamentos do Plano Diretor, que está sob análise do Poder Judiciário Federal, e será o balizador de várias iniciativas conectadas com a reurbanização. No site da Prefeitura de Aracaju, é possível fazer sugestões para o Plano Diretor.
O Anteprojeto de Revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Aracaju já prevê requalificar o centro da cidade, estimulando o uso misto, com a convivência de residências, atividades econômicas e de lazer. Além disso, o Anteprojeto também sugere a redução de ociosidade no Centro Histórico fora dos horários comerciais, admitindo o licenciamento de novas edificações, ou a reforma ou a regularização das existentes, sem a previsão de vagas para estacionamentos.
Fontes
Claudio Marinho é cofundador do Porto Digital.
João Paulo da Silva é secretário executivo do Gabinete do Centro de Recife.
Enric Truño é engenheiro químico.
Alex Rosa é coordenador de programas da ONU-HABITAT.
Prof. Dr. César Henriques Matos e Silva, da Universidade Federal de Sergipe.
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Centro de Inovação em Construção Sustentável da USP vai criar banco de dados nacional para reduzir emissões de CO₂
Diante do desafio de buscar mitigar a emissão de CO2 na construção civil e contribuir para a sustentabilidade global, uma nova abordagem está surgindo no Brasil com o objetivo de transformar a maneira como os projetos estruturais são desenvolvidos e mensurados.
Trata-se do desenvolvimento de um banco de dados nacional de emissões de CO2 para edificações, voltado para a otimização interativa dos projetos de estrutura. A proposta é uma iniciativa do Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS) da Escola Politécnica da USP em conjunto com alguns engenheiros do escritório França & Associados Projetos Estruturais.
O banco de dados reunirá informações de obras reais em um benchmarking público da pegada de CO2 do mercado brasileiro, que será continuamente atualizado. Segundo o engenheiro e prof. Ricardo Leopoldo França, integrante do projeto, a base de dados é imprescindível para estabelecer metas de mitigação factíveis e acompanhar ao longo do tempo a evolução da descarbonização do setor.

Crédito: Envato
A ferramenta permitirá que cada projetista compare de forma instantânea e a custo zero a pegada de CO2 do projeto que está realizando com os edifícios similares do benchmarking. Se for o caso, é possível introduzir melhorias e repetir o ciclo de avaliação até que o projeto atenda suas metas de mitigação da pegada de carbono. Os dados do projeto finalizado passarão a integrar o benchmarking brasileiro.
O banco de dados vai reunir informações detalhadas sobre as emissões das estruturas de edifícios de concreto e aço, permitindo não só a melhoria dos projetos, mas também orientando a pesquisa e a normalização, acelerando a transição para uma construção de baixo carbono. “A estruturação do banco de dados explora a digitalização das ferramentas de projeto, que tornam possível analisar as informações e readequar a proposta, estabelecer metas para que novos edifícios emitam menos CO2 do que os anteriores e acompanhar a evolução ao longo do tempo”, assinala.
Assim, os profissionais poderão cadastrar seus projetos reais, incluindo dados sobre o consumo de materiais, como concreto e aço, e receberão a faixa esperada da pegada de CO2, bem como a classificação do edifício dentro do universo de empreendimentos similares.
A previsão é de que o banco de dados esteja disponível para uso até final de 2025. “Atualmente, a equipe responsável está desenvolvendo a infraestrutura necessária para armazenar e processar os dados, além de buscar financiamento e parcerias que garantam a expansão da plataforma”, informa. A equipe também colabora em âmbito internacional, buscando interoperabilidade que permitiria comparações a nível global.
Extração automática de informações dos projetos
A participação no banco de dados será aberta a todos os profissionais do setor de construção, incluindo engenheiros estruturais, arquitetos e construtoras, que terão acesso às informações e poderão efetuar comparações das obras, desde que contribuam com dados de seus projetos. “Dessa forma, o sistema funcionará como uma troca colaborativa de informações: quanto mais dados os usuários fornecerem, maior será a riqueza e a precisão do banco de dados”, aponta França.
O software utilizado para o cadastro e extração das informações será integrado digitalmente aos programas de modelagem estrutural mais usados no mercado brasileiro, como o TQS e o Eberick. Segundo França, os softwares de projeto irão incorporar rotinas de extração automática das informações dos projetos, como o consumo de concreto por área construída, geometria de pilares, vigas e aço, e enviar para o app do banco de dados de estruturas de forma digital, facilitando a entrada de dados e garantindo maior precisão nas informações fornecidas.
O app do benchmarking de estruturas terá acesso aos dados detalhados sobre as emissões de diferentes tipos de concreto, com base no banco de dados SIDAC (Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção), que já reúne informações sobre a emissão de CO2 de diversos tipos de cimento e concreto produzidos no Brasil.
Desmaterialização e materiais ecoeficientes
Com a criação do banco de dados, uma das principais estratégias para a redução de CO2 nas construções será a desmaterialização. Esse conceito refere-se ao uso otimizado de materiais, o que significa construir reduzindo as seções de estruturas, utilizando menos concreto e aço por m2 sem comprometer a segurança e a funcionalidade da estrutura. “Além de buscar soluções estruturais que consomem menos recursos, o sistema incentiva o uso de concretos ecoeficientes. Toda indústria cimenteira está focada em produzir materiais mais sustentáveis”, observa ele.
O projeto representa uma mudança de paradigma na construção civil brasileira. Ao permitir que construtoras e projetistas comparem suas obras com projetos anteriores, a iniciativa visa reduzir significativamente a pegada de carbono do setor, promovendo uma construção mais sustentável e alinhada com os desafios globais das mudanças climáticas. “Quanto menor a emissão de CO2, menor será o custo da obra e a tendência é de que os produtos que insistam em ficar à margem da sustentabilidade sejam mais caros, o que deve incentivar o uso de materiais ecoeficientes”, conclui.
Entrevistado
Ricardo Leopoldo e Silva França é engenheiro, Mestre e Doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), professor sênior da Escola Politécnica da USP, titular da Cátedra Construindo o Amanhã do convênio USP-Arcelor, membro do Conselho da ABECE, membro do ACI, CEB/FIB, IABSE e IBRACON e titular da França & Associados Projetos Estruturais.
Contato:
ricardo.franca@fa.eng.br
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Ana Carvalho
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