Sustentabilidade é também responsabilidade social

Professor da USP esclarece o que são projetos sustentáveis e aponta se o Brasil está no caminho certo

Edifício-sede da Petrobras, no Rio: exemplo de construção sustentável no Brasil
Edifício-sede da Petrobras, no Rio: exemplo de construção sustentável no Brasil

Na prática, o conceito de edificações sustentáveis não tem nem dez anos. Apesar de o avanço ser considerável neste período, o professor Marcelo de Andrade Romero, da Fundação para a Pesquisa Ambiental - órgão conveniado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo -, acredita que há muito por fazer ainda. Especialista no assunto, ele começa defendendo que as escolas de engenharia e arquitetura se voltem com mais atenção para a sustentabilidade. Além disso, esclarece que é preciso desmistificar o tema. Segundo o professor, projetos sustentáveis não fazem parte apenas de grandes edificações. Eles podem estar presentes também em casas populares. Essa e outras teses ele defende na entrevista a seguir. Confira:

No Brasil, quando se fala em construção sustentável, pensa-se logo em obras que demandam alta tecnologia e custo elevado. Uma construção barata também pode ter um perfil de sustentabilidade? Como?
Claro que pode, sem dúvida nenhuma. Uma construção sustentável não precisa ser uma construção cara, nem com alta tecnologia. Qualquer construção pode ter um caráter de sustentabilidade, desde que o seu projeto de arquitetura contemple critérios de sustentabilidade, a escolha dos materiais contemple critérios de sustentabilidade e a construção contemple critérios de sustentabilidade. Não tem problema nenhum. E é claro que isso pode acontecer de uma casa de interesse social até um prédio de 50 andares, com escritórios. Então não é verdade que apenas os edifícios caríssimos são sustentáveis, de forma nenhuma.

Como está o nível dos profissionais da engenharia no quesito construções sustentáveis? Ainda falta qualificação no setor?
Falta muita qualificação no setor, mas isso não é culpa do setor. Acontece que a questão da sustentabilidade nos edifícios, com alguns critérios definidos, surgiu no início deste século. Portanto, não tem nem dez anos. Então, o mercado ainda está se preparando para isso. É algo novo, mas as escolas precisam estar atentas para abordar o tema.

E o mercado de trabalho para esses profissionais, como está?
Existem cursos de pós-graduação que já estão tratando deste assunto. Os profissionais e o mercado da construção estão atentos a isso. Os selos internacionais estão entrando no Brasil, apesar de estarem produzindo no mundo pouco mais que dez anos. Então eu diria que a velocidade que o Brasil está acompanhando é muito boa. O país está atendendo a demanda e começa a responder às exigências da sustentabilidade.

Uma obra construída dentro do conceito de sustentabilidade pode deixar de sê-la se quem for usufruir dela não souber usá-la?
Não, por que a construção, por si só, já faz um controle maior de consumo de energia, água e de emissão de poluição. Isso já está incorporado desde o projeto. Mas é claro que se o usuário tiver um controle maior do uso, esse edifício de alta tecnologia terá um desempenho melhor de suas operações ou, como nós chamamos, de comissionamento.

No Brasil, existe alguma edificação que seja o grande exemplo de construção sustentável. Qual?
Esta é uma questão difícil de ser respondida, pois existem obras sustentáveis, existem edifícios sustentáveis, como também existem obras que receberam selos de certificação sustentável. Existem edifícios com caráter de sustentabilidade e existem edifícios certificados, que são coisas separadas. No Brasil existem edifícios interessantes. Citaria como exemplo dois em São Paulo e um no Rio. Um é o do Banco Real/Santander, o outro é um laboratório de análises clínicas e tem o prédio da Petrobras, no Rio.

Qual a real definição de uma edificação sustentável?
A sustentabilidade, tal como é entendida hoje, envolve um controle muito grande do consumo de água, do consumo de energia, da geração de resíduos, da poluição interna e da qualidade do ambiente interior. Então, um edifício sustentável é um edifício que tenha estas características.

Só no fato de um construtor usar materiais certificados, dentro das normas técnicas, sem desperdiçá-los, é considerado um exemplo de obra sustentável?
Não. Só o fato do uso de materiais não. É muito positivo, é muito importante, evidentemente, mas o conceito de sustentabilidade vai além de materiais. Os edifícios durante a sua vida útil têm que consumir o menos possível de energia e água.

Sobre as pessoas que trabalham diretamente na obra, como conscientizá-los de que ele pode contribuir com a sustentabilidade da obra apenas evitando o desperdício, por exemplo?
Isso é o papel que a construtora vai ter, organizando o pessoal de canteiro. Tem duas coisas: primeiro reduzir o desperdício e segundo tem que pegar os resíduos da construção e canalizar este resíduo para a reciclagem. São dois trabalhos. Primeiro, reduzir o resíduo; segundo, organizar o resíduo e levá-lo para tratamento e aproveitamento. Quem faz isso é a empresa que gerencia. É um papel muito ligado entre construtora e gerenciadora. Uma obra sustentável passa por esta etapa.

Para pegar um exemplo simples, que pudesse ilustrar bem essa questão de construção sustentável, poderia ser usada a fábula dos três porquinhos ou hoje aquela estória deveria ser contada de outra forma?
Na verdade, você pode ter uma casa sustentável de palha, de madeira ou alvenaria. Se estas casas forem construídas de acordo com o clima, com critérios de sustentabilidade, e tiverem um controle grande de poluição interna, água e energia, elas podem ser sustentáveis perfeitamente. Pode ser qualquer uma. Então, hoje, a gente teria que mudar a história dos três porquinhos.

Onde a construção sustentável mais ganha destaque: no decorrer da obra, quando ela evita desperdício; na questão do saneamento básico ou na questão do consumo de energia elétrica e de água?
De tudo. A construção sustentável tem um controle maior na questão de consumo de água e conseqüentemente de água residual. Ela também tem um controle grande na quantidade de água tratada utilizada para irrigação, que deve ser mínima. Tem ainda a importância na reutilização da água, do tratamento dos resíduos e de água in loco. A questão da energia se divide em dois blocos. Primeiro, a energia que pode ser reduzida por meio do projeto de arquitetura e a energia ativa, que é a energia elétrica utilizada durante a vida útil. Então são duas energias. A questão é: quanto eu posso conservar de energia futura por meio do projeto de arquitetura, que são as tecnologias passivas? E tem as tecnologias ativas que é consumo de energia elétrica resultante. Na verdade, tudo tem a mesma importância. O que acontece é que às vezes uma certificação dá mais peso para uma, outra certificação dá mais peso para outra. Mas todas são importantes.

Como o conceito de construção sustentável poderia agir nas áreas com favelas. Há solução para esse problema?
Na favela em si acho difícil. Mas nos programas que você substitui favelas por construções regulares de interesse social, aí pode tranqüilamente e tem um mercado enorme para isso.

A questão da construção sustentável passa também pela questão social, correto?
Passa perfeitamente. Porque um dos itens da sustentabilidade é a responsabilidade social. Então passa pela questão da construção sustentável no processo de produção, passa pela qualidade do edifício entregue para o mutuário e passa pela qualidade que ele vai ter de uso e operação. Em algumas certificações isso aí é uma condição que tem que ser seguida.

Uma obra tem várias etapas: em qual delas os conceitos de sustentabilidade são mais importantes?
A gente pode definir o processo projetual de produção dos edifícios em três partes. Na verdade, essas partes também podem se subdividir. A primeira é a parte de desenho, de concepção. É a parte projetual em si. Nela, os critérios de sustentabilidade têm de entrar desde o primeiro traço, senão você não consegue depois. Então isso aí tem um peso enorme. A segunda parte também tem um peso com a mesma proporção, que é quando você constrói. A terceira etapa, a parte de uso e operação, é quase que uma decorrência das duas anteriores. Ela tem um peso grande, que é o peso de você operar o edifício da forma que ele foi construído e projetado. Mas eu diria que o maior peso está nas duas primeiras etapas, que é quando se concebe o projeto e quando se constrói. A parte de uso é quase uma decorrência.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Curitiba adere à Hora do Planeta

Cidade estará entre as mais de mil que, no dia 28 de março, vão desligar simbolicamente as luzes por uma hora

Curitiba estará entre as 1.189 cidades de 80 países que dia 28 de março vão aderir à campanha Hora do Planeta 2009. Na cidade, dez monumentos terão suas luzes apagadas por uma hora, das 20h30 às 21h30. Os ícones da capital que serão apagados são: Teatro do Paiol, Fonte dos Anjos, Torre da Biodiversidade, Estufa do Jardim Botânico, Linha Verde - Monumento de bambu, as fontes das praças Santos Andrade e Generoso Marques, portais de Santa Felicidade e Polonês, pista de atletismo da praça Osvaldo Cruz e cancha polivalente da Praça Ouvidor Pardinho.

Por enquanto, além de Curitiba, aderiram à Hora do Planeta Florianópolis, o Rio de Janeiro, o estado do Amazonas e os municípios de Jurumin (SP), São Geraldo do Araguaia (TO) e Cametá (PA).

No ano passado, a Hora do Planeta conseguiu a adesão de mil cidades em todo o mundo. Esta é a primeira vez que o Brasil participa do ato, que foi lançado em 2007, quando apenas a cidade de Sydney, na Austrália, aderiu.

Segundo o diretor executivo da Hora do Planeta, Andy Ridley, o ato pode atingir 1 bilhão de pessoas que, ao desligarem as luzes na noite de 28 de março, estarão votando em prol de uma tomada de ação contra as mudanças climáticas.

Fonte: www.horadoplaneta.org.br

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Gineceu arquitetônico

Dominique Perrault faz homenagem à emancipação das mulheres coreanas em edifício cuja arquitetura funde-se ao tecido urbano e à topografia feminina

Créditos: Engª. Naguisa Tokudome - Assessora Técnico Comercial Itambé

Gineceu arquitetônico

Uma década depois de ter afundado uma praça-jardim no centro da Biblioteca Nacional da França, em Paris, e desconstruir o significado de piso térreo, Dominique Perrault enterrou no parque central do campus da Universidade de Mulheres Ewha, em Seul, um volume de 350 mil m³ para abrigar 22 mil estudantes.

Muito na Coréia mudou desde que, em 1886, a missionária metodista norte-americana Mary Scranton fundou em sua casa a Ewha Haktang (Academia Botão de Pêra), primeira instituição educacional para mulheres do país, criada para que mulheres coreanas se libertassem da servidão doméstica. Somente em 1935 ela se mudaria de seu terreno repleto de pereiras no norte da cidade para o campus no bairro de Shinchon-dong.

Desde 1960, a renda per capita do país cresceu 200 vezes, e com ela emergiu uma classe média disposta a investir na educação dos filhos - e das filhas. Na virada do milênio, as construções neogóticas do missionário norte-americano William Merrell Vories já não comportavam mais as estudantes daquela que se tornou a maior universidade feminina do mundo. Faltava não apenas espaço para estudar, como também equipamentos que tornassem a vida estudantil uma experiência agradável.

Aumentar a área construída não poderia significar a perda dos gramados, flores e árvores que dão o histórico caráter pastoral do campus. A solução foi construir em uma área de 19 mil m² um volume subterrâneo. Enquanto sua cobertura vegetal reconstrói a topografia do lugar tal como um discreto monte de Vênus, um vale de 250 m de comprimento e 25 m de largura recorta o prédio ao meio, iluminando e ventilando naturalmente suas encostas de vidro encaixilhado em alumínio. Com sua vastidão e claridade, o vale, que faz a circulação do prédio, elimina o mal-estar que se pode sentir ao entrar numa construção subterrânea.

Perrault descreve esse vale como uma nova Champs Elysées, uma via que convida o público a fruir o campus. Serve ao mesmo tempo de acesso aos quatros andares do edifício, encruzilhada de trajetórias, espaço para troca de ideias após aulas, teatro ao ar livre, praça e área de exposições. Como uma rampa, ele desce suavemente do sul até se encerrar ao norte numa monumental escadaria que serve de bancada informal para as jovens se encontrarem.

A Universidade precisava não apenas de uma intervenção arquitetônica para aumentar sua capacidade, mas também de uma integração entre o campus e o tecido urbano. O bairro de Shinchon-dong tem quatro universidades. Em torno delas surgiram cinemas, shopping centers, cafés, karaokês, discotecas e lan houses que fazem dele uma das áreas mais jovens e movimentadas de Seul. Não haveria por que uma instituição pioneira na valorização profissional das coreanas manter suas estudantes encasteladas num campus voltado para si. Nos anos de 1950, a Ewha ofereceu-lhes pela primeira vez a oportunidade de estudar disciplinas então consideradas desapropriadas para mulheres, como medicina, direito, ciências e jornalismo. Entre suas ex-alunas estão Han Myung-sook, a primeira mulher a ocupar o cargo de premiê do país, entre 2006 e 2007, e a artista plástica Song Sanghee que, na Bienal de São Paulo de 2006, expôs "máquinas" semelhantes a instrumentos de tortura destinadas a moldar as mulheres à etiqueta social.

Programa
As salas de aula e a biblioteca da universidade estão instaladas em seus três primeiros andares, de cima para baixo. São os mais iluminados. Quando possível, paredes dos dois lados das salas são fechadas em vidro, para que a luz atravesse o prédio.

A circulação vertical pode ser feita não só pela rampa externa, como também por meio de um sistema de escadas e corredores internos, adjacente às cortinas de vidro. Ao descer até o nível mais baixo da rampa, o usuário encontra um programa comercial completo. O objetivo é que as atividades urbanas invadam o campus.

Ao chegar por uma das oito portas do fundo do vale o visitante é recebido por lojas; seguindo ao norte, sob as escadarias do vale, encontra um teatro e uma área de exibições; ao sul, uma academia, duas salas de cinema e um teatro estudantil. Tanto a menor necessidade de iluminação natural quanto o ruído produzido por um maior fluxo de usuários em movimento justificam a escolha desse andar inferior para o programa comercial. Abaixo desse nível, há dois andares subterrâneos de estacionamentos, que economizam a escassa área do terreno.

Enquanto em Paris Perrault fez tributo à leitura com suas quatro torres abertas como livros em ângulos retos nas esquinas de um terreno retangular, em Seul criou, com a suave elevação do volume subterrâneo e seu brutal rompimento tal como uma falha geológica, uma homenagem às mulheres coreanas que, por meio dos estudos, lutam para vencer a marginalização.

Fonte: PiniWEB

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Um presente para Curitiba

Parceria público-privada revitaliza o Paço Municipal, um dos principais monumentos da cidade

Paço Municipal: a história de Curitiba passa por ele
Paço Municipal: a história de Curitiba passa por ele

Única edificação do Paraná tombado pelo patrimônio municipal, estadual e federal, o Paço Municipal, localizado na praça Generoso Marques, no centro de Curitiba, está prestes a retomar seu período de glória. Ex-sede da prefeitura e do antigo Museu Paranaense, o prédio passa por um processo de revitalização e será reaberto no dia 29 de março, no dia em que a cidade completa 316 anos.

Sua recuperação se dá graças a uma parceria público-privada, entre a Prefeitura de Curitiba e a Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), e a administração do edifício ficará a cargo do Serviço Social do Comércio (Sesc). Transformado em Paço Cultural, ele passará a abrigar ambiente para exibição audiovisual, salão multiuso, camarim, sala de leitura, salas de aula de arte e oficinas pedagógicas, salão de exposição, estúdio de gravação, livraria, loja, internet e café. Fazer essa adaptação, de um prédio que antes foi a “casa” de 42 prefeitos de Curitiba, para um espaço cultural foi a missão dos arquitetos Cyro Corrêa Lyra e Abrão Assad.

Construído na gestão do ex-prefeito Cândido de Abreu, e inaugurado em 1916, o Paço Municipal é um prédio de arquitetura neoclássica, cuja reforma procurou preservar essa característica. “O maior desafio em trabalhar em um acervo histórico é mantê-lo íntegro e, ao mesmo tempo, proporcionar os espaços para as novas funções. Foi isso que procuramos fazer”, explica Abrão Assad.

Uma tecnologia inovadora usada na revitalização do Paço Municipal está relacionada à impermeabilização do prédio. Com ela, o edifício está protegido de pichadores. “Trata-se de um impermeabilizante que fica impregnado na massa da parede e, no caso da pedra, na porosidade do material. É uma tecnologia que permite que se mantenha o prédio limpo. Se não tivéssemos este recurso, teríamos que raspar as pedras pichadas, como fizemos no início da obra, ou utilizar produtos que poderiam contaminar ou prejudicar a natureza do material. O produto forma uma couraça em volta do Paço”, diz Assad.

Como se encontra em uma região histórica da cidade, o Paço Municipal revelou, durante as obras de revitalização, verdadeiros tesouros arqueológicos que estavam escondidos há mais de um século.

“Quando fazíamos o assoalho do térreo descobrimos que existia outro piso, a um metro e meio de profundidade, que era do antigo Mercado Municipal de Curitiba que existia naquele lugar antes de ele ser utilizado para o Paço Municipal. Então, o visitante poderá vê-lo através de visores no assoalho. É uma arquitetura rica, com detalhes do pátio do antigo mercado. Essa descoberta resgata a história da cidade”, entusiasma-se Abrão Assad.

Prefeito terá sala no novo Paço Municipal
A restauração do prédio do Paço Municipal permitiu que fossem recuperados móveis utilizados pelo ex-prefeito Cândido de Abreu, em 1916. As relíquias ficarão em uma sala batizada de Cândido de Abreu, na qual o atual e os futuros prefeitos de Curitiba poderão utilizá-la. São móveis no estilo manuelino, todos no mesmo estilo, incluindo um relógio, uma mesa de trabalho, poltronas, biblioteca, uma cristaleira, um balcão e um porta-telefone. Na sala, o prefeito poderá promover eventos oficiais importantes. Será uma sala especial para despachos e assinaturas de contratos e acordos de relevância para a cidade.

Revitalização do centro velho
A reforma do prédio do Paço Municipal está inserida em um amplo projeto de valorização e renovação do entorno do chamado centro histórico de Curitiba. O objetivo é revitalizar a região. Dentro do projeto, foram realizadas melhorias em todo o perímetro entre as praças Generoso Marques, Tiradentes e 19 de Dezembro, passando pelas ruas Riachuelo, Barão do Serro Azul, Monsenhor Celso e Barão do Rio Branco.

"A reforma do Paço e as melhorias em seu entorno ajudam na revitalização da região central da cidade", explica o prefeito Beto Richa.

Além de reformar a Praça Tiradentes, a Prefeitura de Curitiba já reformou a Praça Generoso Marques, que ganhou espelho d’água com quatro jatos nas laterais, canteiro de flores no chão, floreiras, bancos e lixeiras. As novas calçadas ao redor da praça são antiderrapantes e dão mais segurança aos pedestres, em especial às pessoas com deficiência. Foram colocadas pedras portuguesas nas calçadas ao redor do prédio e na área central da praça. O restante recebeu piso em forma de blocos de concretos.

A região recebeu também um projeto de iluminação cênica no Paço Municipal, para destacar detalhes da arquitetura, usando técnicas de luz e sombras e luzes com cores diferentes. As praças Generoso Marques e José Borges de Macedo receberam novos postes republicanos, mais altos e com design que melhora a luminosidade. Toda a fiação agora é subterrânea. Também foram instaladas câmeras de segurança na região.

Fontes: SMCS / Abrão Assad Arquitetura e Urbanismo Ltda.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Imprescindível no mundo

Com crise ou sem crise, o engenheiro civil é hoje o profissional com mais ferramentas para se adaptar ao mercado globalizado

Versátil, a engenharia civil hoje desperta o interessa tanto de homens quanto de mulheres
Versátil, a engenharia civil hoje desperta o interessa tanto de homens quanto de mulheres

Definição de engenheiro civil: um profissional a postos para qualquer função. É assim que o coordenador do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná, Marcos Antônio Marino, vê o profissional que ajuda a formar. Para ele, quem opta por essa profissão sai na frente em relação às demais porque tem maior capacidade de adaptação às variações do mercado. Se o período for de riqueza, é ele quem vai construir. Se for de contenção, é ele quem vai administrar. Confira os segredos desta profissão na entrevista a seguir:

Como o engenheiro civil está posicionado hoje no mercado?
Antes da crise, posicionamento total. Agora, diminuiu sensivelmente, mas não tanto quanto outros setores da economia. A profissão continua indo razoavelmente bem. Até porque é uma função fundamental para o desenvolvimento do país. Engloba tudo. Sem esta função não se faz nada em lugar nenhum do mundo. Qualquer projeto não pode prescindir de um engenheiro civil. Qualquer projeto, qualquer sonho, passa pelo engenheiro civil. É ele quem vai construir. Você pensa num hospital, quem vai construir é um engenheiro civil, certo? Então, qualquer coisa que se sonhe, que se pense, que se projete, passa pelo engenheiro civil.

Ele hoje é mais um técnico ou um gestor?
Ele tem que ser os dois.

Por quais adaptações terá de passar esse profissional para se garantir no mercado e assegurar melhor remuneração nos tempos atuais?
É uma questão de competência, como em qualquer outra profissão. O fato de o profissional estar empregado não garante que ele seja bom. Ele vai ter de mostrar competência, como um médico, como um administrador. Aí não é uma coisa particular da engenharia civil, aí é do ser humano. Aonde o profissional entrar, terá de se adaptar com rapidez. E isso está relacionado à competência.

Não é raro ver engenheiros atuando no mercado financeiro ou até em áreas administrativas. Por que esses setores absorvem esses profissionais?
Porque a formação do engenheiro civil é uma formação eclética. Na engenharia civil, além da área técnica, você atua muito na área administrativa, você atua muito na área econômica. Nós tivemos mais de um ministro da Fazenda que era engenheiro. Por quê? Porque o engenheiro tem uma formação universitária, uma formação ampla. Ele não é um engenheiro apenas focado em engenharia civil. Ele é um sujeito que tem que pensar muito na parte administrativa e muito mais ainda na parte econômica. Automaticamente, um bom engenheiro é também um economista e um administrador. Isso é inevitável. Senão não tem sucesso na profissão.

Recentemente, o IEP (Instituto de Engenharia do Paraná) lançou um curso pré-vestibular com vocação para orientar jovens a optarem pela engenharia. Como o jovem hoje encara o curso: a procura é boa ou já foi melhor?
A procura é muito boa. Veja, nós temos vários cursos de Engenharia Civil no Paraná. Dois federais - a Universidade Federal e a Universidade Tecnológica - e tem todas as estaduais e as particulares. Fazendo um raciocínio rápido, diria que temos dez cursos de Engenharia Civil no Estado, e todos eles têm demanda alta.

Antigamente, engenharia, medicina e direito eram vistos como cursos nobres. Isso parece que fazia estudantes das classes C, D e E fugirem destes cursos. Com está isso agora?
Na minha época, nos anos 60, havia esse glamour. Acho que isso ainda continua com a medicina, mas em relação à engenharia civil as oportunidades são bem maiores, e mais diversas. A Engenharia Civil se desdobrou em Engenharia Cartográfica, Engenharia Ambiental, Engenharia de Produção. A Engenharia Civil se transformou em vários cursos e isso despertou maior interesse.

Com o aquecimento da economia, descobriu-se que havia falta de engenheiros no mercado. Como ficará agora, após essa freada causada pela crise global?
É temporário. Na hora em que o mundo sair da crise, quem sairá na frente será o engenheiro civil, que vai ter de construir tudo de novo. Isso é cíclico. A primeira coisa que o pessoal faz quando tem uma crise é parar de construir. Depois que os erros são corrigidos, começa-se a construir de novo, e correndo. Aí falta engenheiro para trabalhar.

Qual a diferença entre o curso de Engenharia Civil e o curso de Engenharia de Produção Civil?
O engenheiro civil, pelo menos os da Federal do Paraná, é um profissional a postos para qualquer função. Ele vai atuar na área de produção, na área de meio ambiente, na área de saneamento, na área de transporte. É aquele que atua em todas as áreas. O engenheiro civil de produção é como o nome está dizendo. Ele vai, especificamente, para uma produção mais qualificada, mais direcionada. Assim, ele se torna o engenheiro de produção mecânico, o engenheiro de produção elétrico. É uma área específica da engenharia. Já a Engenharia Civil é mais universal.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Cresce demanda por áreas industriais

A demanda por áreas industriais aumentou significamente no ano passado e a previsão do setor é que para o primeiro semestre de 2009 o quadro se mantenha estável. Segundo levantamento da Colliers International, uma das líderes mundiais no segmento de imóveis corporativos, galpões cujos aluguéis pedidos eram de R$ 14 o metro quadrado no início de 2008, finalizaram o ano pedindo em média R$ 20 o metro quadrado.

O motivo da estabilidade é a alta demanda e a baixa oferta. Áreas no entorno das rodovias Anhanguera, Castello Branco e Bandeirantes foram as que tiveram a maior demanda. Também se percebeu uma alta significativa em trecho da rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo ao Paraná.

Embora 2008 tenha sido um ano que o mercado absorveu, em sua maioria, grandes áreas (acima de 10.000 metros quadrados de área construída), a demanda por galpões modulares com áreas na faixa de 1.000 a 3.000 metros quadrados continuam sendo uma tendência para 2009, estima a consultoria.

Fonte: Blue Comunicação

Jornalista responsável - Altair Santos MTB 2330 - Tempestade Comunicação.


Curitiba quer incluir 20 mil moradias no pacote de habitação

Prefeitura tenta receber dinheiro do governo federal. Projeto do Palácio do Planalto é construir 1 milhão de casas no país

O prefeito de Curitiba, Beto Richa, reuniu-se dia 9 de março com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para discutir a participação da cidade no programa habitacional que será lançado em breve pelo governo federal. A reunião, no Palácio do Planalto, em Brasília, teve a participação de prefeitos de outras capitais e dos ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Márcio Fortes, das Cidades. "Curitiba tem se destacado na execução dos programas habitacionais, por isso a nossa expectativa é de incluir 20 mil casas e apartamentos no novo programa, para serem construídos nos próximos dois anos", disse Richa.

O pacote habitacional que será anunciado pelo governo federal será um reforço ao plano de gestão municipal, que prevê o atendimento a 40 mil famílias em quatro anos. "Há uma sintonia entre as duas esferas de governo, que veem a habitação como uma política social de amplo alcance e um forte indutor das economias locais", disse Richa.

Conforme o presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), Mounir Chaowiche, que acompanhou o prefeito a Brasília, para construir as 20 mil unidades, a Prefeitura deverá se valer da experiência dos últimos quatro anos, quando o programa habitacional do município teve um grande impulso, com o atendimento a 30 mil famílias.

Os mecanismos para financiamento das novas unidades serão duas linhas de recursos com as quais a Cohab já trabalha – os programas de Arrendamento Residencial (PAR) e Imóvel na Planta. Atualmente, estão em construção na cidade 1.082 apartamentos do PAR e mais 577 do Imóvel na Planta.

Para construir as 20 mil novas unidades seriam necessários recursos da ordem de R$ 760 milhões, considerando-se o valor unitário médio de R$ 38 mil. "O município irá participar da composição deste valor, com as contrapartidas necessárias aos contratos de financiamento", disse Chaowiche.

Outra condição colocada pelo governo federal para liberação de recursos, a redução dos tributos municipais para baratear o custo das unidades, já é cumprida parcialmente pela Prefeitura de Curitiba, que libera as empresas que participam do PAR (Programa de Arrendamento Residencial), do pagamento do ITBI (Imposto de Transmissão sobre Bens Imóveis) e IPTU (Imposto Predial e Territorial Ubano). O governo federal quer que também seja adotada a desoneração do ISS (Imposto sobre Serviços), medida para a qual o prefeito solicitou estudos à Secretaria de Finanças.

Fonte: SMCS

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Crédito habitacional expande e move economia

Procura por novos financiamentos blinda construção civil e pacote de moradias deve trazer ainda mais luz ao setor

Crédito habitacional expande e move economia
Crédito habitacional expande e move economia

Sem tomar conhecimento da crise, o financiamento habitacional no Brasil experimenta neste início de 2009 uma expansão jamais vista. No 1.º bimestre do ano, foram fechados 94.682 contratos, totalizando R$ 4,2 bilhões. O resultado representa uma evolução de 119% em relação aos valores financiados no mesmo período do ano passado, o que significou um novo recorde para o desempenho do setor.

O cenário positivo tende a tornar-se ainda melhor a partir do anúncio do pacote habitacional que o governo federal lançará neste mês. O plano é construir um milhão de moradias até 2010. Serão beneficiadas famílias com renda entre cinco e dez salários mínimos, que receberão subsídios para custear os financiamentos. Entre eles, a possibilidade de pagar prestações simbólicas de R$ 20 e o direito de começar a quitar as mensalidades somente após receber as chaves da nova moradia.

Diante deste impulso, a Caixa Econômica Federal estima que o ano deve fechar com um crescimento real de, no mínimo, 30% na concessão de créditos imobiliários. Segundo a presidente do banco, Maria Fernanda Ramos Coelho, a Caixa, que responde por mais de 50% do crédito habitacional no país, tem verba para atender a demanda. “A captação recorde de poupança no ano passado nos permite ter o volume de recursos necessários”, garante. Ela informa que o banco conta com mais de R$ 90 bilhões para o crédito habitacional.

Só neste ano, os contratos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), as populares cadernetas de poupança, totalizaram R$ 2,4 bilhões no bimestre e financiaram a compra de 54.753 imóveis, o que significa 57,7% do volume total contratado. A Caixa também usou R$ 1,7 bilhão de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o financiamento de 35.959 novas moradias – 59,74% a mais do que as 22.510 unidades contratadas no mesmo período de 2008.

A média diária de contratação, entre janeiro e fevereiro, foi de 2.393 unidades, no valor de R$ 108 milhões, contra média de 1.039 casas e R$ 49,4 milhões em igual período de 2008. “Foi o melhor primeiro bimestre da Caixa em volume de contratação do crédito imobiliário”, comemorou Maria Fernanda Ramos Coelho.

A aposta do governo federal é que o estímulo à compra da casa própria será o trampolim para o Brasil sustentar o crescimento. “O pacote habitacional que iremos lançar terá duplo efeito: combaterá o déficit habitacional e gerará empregos”, resume a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Com informações da Agência Brasil

Crédito habitacional precisa ser desburocratizado

Para o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), seção Curitiba, José Pedro Paes Antunes dos Santos, o pacote habitacional que o governo está prestes a lançar só trará efeitos positivos se vier acompanhado de uma desburocratização no setor. Segundo ele, a obtenção de financiamento habitacional ainda é difícil no Brasil. “Em média, um crédito habitacional leva três meses para ser obtido. Há uma série de exigências a serem cumpridas e uma vasta documentação é pedida. Isso precisa mudar”, diz.

Paes Antunes faz uma comparação com um financiamento para um automóvel. “Há carros que custam mais caro que uma casa, mas, no entanto, o consumidor chega na loja hoje e amanhã recebe as chaves do veículo. É preciso imprimir essa velocidade ao setor das moradias”. Para isso, ele avalia ser necessária uma revisão da política habitacional.

Ainda de acordo com o representante da ABMH, o crédito habitacional embute nos contratos algumas armadilhas, principalmente para a classe média. Por isso, ele defende que, em certos casos, o financiamento deve ser pelo menor prazo possível. “Amortizar parte do valor do imóvel com uma boa entrada é fundamental. Além disso, não comprometer mais do que 30% da renda é essencial”, ensina.

Outra preocupação da ABMH foi trazida à tona em recente carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, intitulado “Problemas dos Mutuários da Habitação”, a associação revela que o Sistema Financeiro Habitacional (SFH) tornou-se uma verdadeira colcha de retalhos. “Existem mais de 300 tipos de contratos de financiamento habitacionais no país, e muitas vezes os mutuários nem sabem o que assinam”, revela. Isso, segundo a entidade, gera inadimplência alta, os famosos “contratos de gaveta” e faz tramitar atualmente na Justiça mais de 450.000 ações de mutuários contra o SFH.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Brita lamelar x Qualidade do concreto

Brita lamelar prejudica a trabalhabilidade do concreto e provoca maior segregação durante o transporte e lançamento

Créditos: Engº. Carlos Gustavo Marcondes - Assessor Técnico Comercial Itambé

Brita lamelar x Qualidade do concreto
Brita lamelar x Qualidade do concreto

A lamelaridade é um parâmetro de forma do agregado onde a espessura é pequena em relação às outras dimensões. Em outras palavras, diz-se que agregados lamelares são aqueles achatados ou que possuem formatos de lâminas.

Este parâmetro ou índice está entre as diversas características importantes que precisam ser avaliadas para qualificar os agregados, e depende da origem da rocha e também do processo de britagem.
Com relação à origem das rochas, basicamente são classificadas de ígneas ou magmáticas (granito e basalto), sedimentares (arenito ou calcário) e rochas metamórficas (quartzito ou mármore). Rochas de estrutura maciça, como granitos, normalmente produzem britas de formas cúbicas, no entanto, no sul do Brasil encontramos bastante basalto, que apesar de serem magmáticas, comumente fornecem britas de formato lamelar devido ao intenso diaclasamento dessas rochas e também devido ao processo de britagem. Já as rochas de estrutura xistosa, como é típico das sedimentares e alguns tipos de metamórficas formadas a partir destas, com freqüência produzem fragmentos de formas alongadas e ou lamelares.

Porque a partícula lamelar é indesejada?

De acordo com a norma ABNT NBR 7211:2005 Agregados para Concreto – Especificação, o índice de forma dos grãos dos agregados não deve ser superior a 3, quando determinado de acordo com a NBR 7809 - 2006, norma Agregado graúdo – Determinação do Índice de Forma pelo Método do Paquímetro – Método de ensaio. Alguns pesquisadores consideram que é indesejável a presença de mais 15% de partículas lamelares ou alongadas em concretos.

Este fato tem uma explicação. Britas com partículas lamelares no concreto acumulam mais bolhas de ar e água de exudação sob elas, o que prejudica a durabilidade e reduz a resistência do concreto. Caso o agregado lamelar possua teor alto de material pulverulento, em função de sua maior área superficial, maior será o efeito de não aderência entre pasta de cimento e agregado.

Considerações sobre o custo

Os agregados (brita e areia) ocupam cerca de 70% a 75% do volume do concreto, no entanto o custo destes é menor do que o custo do cimento. É importante citar que uma brita lamelar prejudica a trabalhabilidade do concreto e provoca maior segregação durante o transporte e lançamento. Nota-se que em lançamentos bombeados, a brita lamelar força bastante à bomba, e para solucionar o problema geralmente aumenta-se o teor de argamassa, o que implica em maior consumo de cimento e consequentemente aumento significativo do custo de produção.

Não obstante, os problemas técnicos resultantes da confecção do concreto com britas lamelares, como já falamos, podem reduzir a durabilidade de uma estrutura e sugerem um maior número de demolições ou recuperações estruturais, que por sua vez impactam no custo social e ambiental.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Prédio verde: o que é isso?

Especialista mostra que conceito não é modismo e que, a longo prazo, obras que optam pela sustentabilidade tornam-se mais baratas

Marcos Casado: “A que a construção sustentável veio para ficar”
Marcos Casado: “A construção sustentável veio para ficar”

Muito se fala em edifícios verdes. Mas o que é isso? Seria uma jogada de marketing das construtoras ou as obras realmente existem e são eficientes no sentido de preservar o meio ambiente? O conceito parece bom: obra ligada à sustentabilidade e à inovação tecnológica nas construções urbanas. Um dos especialistas em construção de prédios com essa marca é o engenheiro Marcos Casado, gerente-técnico do Green Building Council Brasil (GBC Brasil) - órgão que no país viabiliza os empreendimentos a obterem a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Ele defende que o pacote de habitação do governo federal priorize a construção de casas com sustentabilidade ambiental. Confira:

O que vem a ser um prédio verde?
Construção sustentável (Green Building) é a edificação ou espaço construído que teve na sua concepção, construção e operação, o uso de conceitos e procedimentos reconhecidos de sustentabilidade ambiental, proporcionando benefícios econômicos e de saúde, além de bem estar às pessoas.

Como está o Brasil nesse processo: já há um bom número de construções tentando atingir a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ou o país ainda engatinha nesse setor?
O Brasil é o país que mais procura por certificação LEED na América Latina. Hoje ele ocupa a quinta posição mundial, com mais de 100 empreendimentos em processo de certificação em janeiro. Os Estados Unidos lideram com 17.377 projetos, seguido pelos Emirados Árabes (431), Canadá (273) e China (145). Na América Latina, o México se destaca em 7.° lugar, com 67 projetos, e o Chile em 14°, com 18. O GBC Brasil estima que o país chegue a 200 empreendimentos em processo de certificação no final de 2009.

Para receber a denominação de prédio verde uma obra precisa ser projetada para tal ou uma construção já pronta, que queira se transformar em prédio verde, pode atingir essa mutação?
Não só prédios novos podem conseguir a certificação. Há outras categorias como o LEED EB_OM® (Existing Building) e o LEED CI® (Commercial Interior). O LEED para interiores comerciais foi desenvolvido para garantir a alta performance dos interiores, em termos de ambiente saudável, locais de trabalho produtivos, baixo custo de manutenção e operação e redução do impacto ambiental. O LEED CI® oferece aos usuários, arquitetos de interiores e designers a possibilidade de criar ambientes sustentáveis, independentemente de não poderem atuar na operação de todo o prédio. Já o sistema de certificação LEED EB_OM® para edifícios existentes ajuda os proprietários e operadores a medir suas operações, fazer melhorias na manutenção em uma escala consistente, com o objetivo de maximizar a eficiência operacional e minimizar os impactos ambientais. O LEED EB_OM® aborda em todo o edifício questões de limpeza e manutenção (incluindo uso químico), programas de reciclagem, programas de manutenção exterior e atualização de sistemas, podendo ser aplicado tanto para edifícios existentes, que procuram a certificação LEED EB® pela primeira vez, quanto para projetos previamente certificados no âmbito de outros Sistemas de Certificação LEED® como LEED NC®, LEED School®, LEED CS® e LEED EB® (em caso de renovação).

Quando se fala em prédio verde, imagina-se uma obra cara. Há um equívoco aí ou a obra dentro dos parâmetros de sustentabilidade realmente se torna cara?
Podemos construir mais sustentavelmente sem gastar mais. Dependendo do grau de sofisticação do ponto de vista de sustentabilidade, os custos poderão ser maiores. Nos Estados Unidos, estudos estatísticos indicam que podemos gastar em média de 1% a 7% a mais. No Brasil, temos uma tendência de gastar de 5% a 10% a mais em edifícios comerciais e 2 a 4% a mais nos residenciais. Mas sempre teremos retorno econômico.

O governo acena com a possibilidade de construir um milhão de habitações populares até 2010. De que forma essas casas poderiam se adaptar aos padrões de "casa verde" sem onerar demais a obra?
Vários itens deste critério de certificação poderiam ser introduzidos a estas construções sem necessariamente envolver custos adicionais, bastando somente o conhecimento e vontade em praticá-los. São eles: sistemas de reuso de água pluvial, sistemas de aquecimento solar, ventilação e iluminação natural, acessórios de redução do consumo de água (torneiras de fechamento automático, válvulas de descarga com duplo fluxo, etc). Poderia ainda ser implantado planos de gerenciamento de resíduos, que gerariam retornos financeiros para os canteiros, além de materiais e tecnologias que agridam menos o meio ambiente, como tintas e materiais sem COV´s, lâmpadas e equipamentos econômicos, materiais reciclados ou com conteúdo reciclado como o cimento CPIII ou CPIV, e que também geram menos CO2 na sua produção.

A respeito dos profissionais da engenharia civil, como está a adaptação deles a esse processo?
Hoje este assunto ainda é pouco explorado nas universidades, portanto estamos com um projeto educacional que envolve cursos de aperfeiçoamento, cursos de pós graduação, cursos de especialização e cursos de MBA, junto a diversas universidades e instituições, no intuito de divulgar e treinar estes profissionais com relação aos conceitos da construção sustentável.

E o consumidor final, já se dá conta de optar por construções com o selo LEED ou ainda acha isso modismo e no final opta pelo mais barato?
A construção civil começa a demonstrar que está se adequando cada vez mais aos conceitos de sustentabilidade que estão sendo impostos em todos os setores da economia e que a cada dia passam a ser uma exigência da sociedade, principalmente da nova geração. Os mais jovens estão começando a exigir de seus fornecedores uma postura mais correta em relação ao meio ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios corporativos deste milênio: o consumo consciente. Consultores, grandes construtoras de imóveis, empreendedores e incorporadores, tanto comerciais quanto residenciais, fornecedores de materiais, insumos e tecnologias, estão aos poucos desenvolvendo expertise nessa área. Trata-se de um movimento que ganhou força nos últimos cinco anos e que hoje já começa a criar uma nova demanda no mercado da construção civil no Brasil. Diria que a construção sustentável veio para ficar.

No âmbito dos prédios públicos, os governos estão comprometidos com a sustentabilidade ou ainda não acordaram para isso?
Também estamos trabalhando junto aos órgãos públicos na disseminação destes conceitos e hoje já temos três prédios públicos buscando esta certificação.

Mas é na iniciativa privada que hoje se acham os melhores exemplos de prédios verdes no país?
Sim. No setor privado existem vários emprendimentos em operação que já receberam a certificação. Em São Paulo e Rio de Janeiro, cito a agência do Banco Real; em Granja Viana; a unidade Delboni Auriemo - Dumont Villares, e o Prédio da Universidade Petrobras. Há ainda a loja do Pão de Açúcar, em Indaiatuba, o Ventura Towers e o Eldorado Business.

No mundo, qual o país que está mais voltado para esse tipo de construção?
Os Estados Unidos são os mais avançados, até porque foi lá que a certificação LEED foi desenvolvida. Nos Estados Unidos há mais de 1.500 empreendimentos já certificados e mais de 17.300 em processo de certificação. Há ainda os países europeus, que utilizam outros sistemas de certificação, como Alemanha e Reino Unido.

A crise global não pode acabar prejudicando esse conceito de prédio verde, já que os recursos tornaram-se mais escassos?
Muito pelo contrário, pois é neste momento de crise que devemos procurar formas de redução e corte de despesas. E nada melhor do que ocuparmos estes empreendimentos que, além de todo o valor de marketing e benefícios ambientais, também geram grandes economias operacionais para seus ocupantes. Em contrapartida, para os empreendedores, este é um diferencial importante na venda e comercialização destes imóveis.

· Um empreendimento sustentável pode reduzir em 30% o consumo de energia, 50% o consumo de água, 35% das emissões de CO2 e até 70% o descarte de resíduos.

Fonte: Green Building Council Brasil (GBC Brasil)

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.