Transformando cana de açúcar em concreto

Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos estudam a substituição da areia pelas cinzas de cana de açúcar na produção de concreto

Por: Lilian Júlio
Almir Sales

Há mais de dez anos pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) buscam soluções para substituir matérias como areia e brita na construção civil. Uma das pesquisas desenvolvidas pela instituição descobriu que é possível substituir parte da areia utilizada na produção de concreto e argamassa por cinzas de cana de açúcar. A pesquisa, chefiada pelo professor e engenheiro civil, Almir Sales, será finalizada em março de 2011, mas os resultados até agora indicam que esta pode ser uma boa alternativa na construção civil.

É o fator ambiental a causa de maior preocupação dos pesquisadores. A extração dos agregados naturais, como brita e areia, causa danos irreparáveis ao meio ambiente, e o bagaço da cana de açúcar é um resíduo sem utilidade, que acabava sendo queimado e suas cinzas depositadas em aterros sanitários (anualmente são produzidas cerca de 3,8 milhões de toneladas de cinzas de cana de açúcar pela indústria sucroalcooleira nacional). “Os agregados naturais estão se tornando mais caros, já que a forma de extração desses produtos degrada o meio ambiente”, explica Sales.

Com o setor da construção civil aquecido, a procura por matéria prima também irá aumentar nos próximos anos. A previsão do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) é que os empregos na construção cresçam 8,8% este ano. Esse crescimento preocupa alguns pesquisadores, que temem o alto custo do concreto, que é a principal matéria prima da construção civil. É a lei da oferta e procura, pois quando a demanda por um produto é maior do que a sua disponibilidade o seu preço tende a aumentar. 

A partir dessas constatações o professor Sales começou a pesquisar alternativas para amenizar o problema. “Com a substituição por cinzas de cana de açúcar haverá menor impacto na necessidade de extração de areia natural e, simultaneamente, a diminuição da formação de novos aterros sanitários para depositar esses resíduos no ambiente”, explica o pesquisador.

Pesquisa em andamento

Por ainda não estar finalizada a pesquisa gera algumas dúvidas, como a resistência e durabilidade do concreto com cinzas de cana de açúcar em sua composição. “As vantagens e desvantagens só poderão ser apresentadas ao final dos estudos, com a análise comparativa desse concreto com o convencional”, afirma o professor Sales. Mas os resultados preliminares são animadores na questão da resistência do material. “Para um teor de substituição de 30% a 50% houve um incremento de até 15% na resistência à compressão, mostrando que o concreto com cinzas de cana de açúcar é mais resistente do que o com areia”, revela o engenheiro.

Apesar das boas constatações iniciais, o estudo ainda está sendo feito em escala laboratorial e é preciso aguardar o resultado final para verificar se o produto é ideal para o mercado – o que só acontecerá no próximo ano. “O custo final, por exemplo, só poderá ser aferido ao final da pesquisa”, analisa Sales. Se os resultados confirmarem que a substituição é viável os pesquisadores entrarão em outra fase para levar o produto adiante. “Aí precisaremos de investimentos de empresas ou instituições públicas para passar para uma escala de produção”, afirma Sales.

Entrevistado:

Almir Sales
- Docente e orientador no Curso de Pós-Graduação em Engenharia Urbana e no Curso de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos.
- Líder do grupo de pesquisa intitulado Grupo de Estudos em Sustentabilidade e Ecoeficiência em Construção Civil e Urbana.
Email: almir@ufscar.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

Como conservar o concreto aparente

Robustez com elegância do concreto aparente chama a atenção de engenheiros e arquitetos. Mas precisamos protegê-lo

Por: Engª. Giovana Medeiros – Assessora Técnico Comercial Itambé

O concreto aparente tem sido utilizado pelos engenheiros e arquitetos para realçar a beleza de grandes construções. Ele tem como característica deixar à vista sua coloração e textura naturais e, no Brasil, não faltam exemplos marcantes que tiram bastante proveito da beleza plástica deste material.

Em São Paulo, encontram-se os edifícios da IBM, o Masp e o Hotel Unique, que utilizam três cores de concreto aparente. Em Curitiba, o Teatro Guaíra e a estátua do Homem Nu são obras que se tornaram ícones e exploraram a beleza do concreto aparente. 

Teatro Guaíra - Curitiba (PR)

O sucesso ou não da execução de estruturas de concreto aparente depende de alguns cuidados, começando pelo projeto. Tanto o projeto arquitetônico como o estrutural devem considerar as condições de exposição.

Outros aspectos que devem ser levados em consideração são: a utilização do mesmo tipo de cimento e agregados, os cuidados na execução das fôrmas, a aplicação uniforme de desmoldantes, os cuidados de lançamento, adensamento do concreto e o cumprimento do tempo de cura adequado, vão definir a qualidade final da obra.

O próprio concreto deve ser especificado para ficar aparente, ou seja, deve ter bom teor de argamassa e trabalhabilidade que permita uma concretagem sem bolhas e vazios. O uso de fungicidas e bactericidas para evitar o ataque de fungos, também deve ser considerado.

Hotel Unique - São Paulo (SP)

O concreto aparente, principalmente nos grandes centros, sofre a ação de diversos agentes agressivos. Fuligem, CO2, sulfatos e cloretos são alguns exemplos. Mas, as próprias condições climáticas com sol e chuva, ao longo do tempo, deterioram as estruturas e o aspecto fica bem prejudicado. Por este motivo é necessário tomar precauções para manter o concreto aparente conservado.

Para proteger superficialmente o concreto aparente comumente são utilizados os vernizes e hidrofugantes. Os vernizes formam filme contínuo e são mais eficientes na proteção de agentes agressivos. Os vernizes foscos têm a vantagem sobre os brilhantes, pois não alteram o aspecto original do concreto e não evidenciam as imperfeições do material bruto. Já os hidrofugantes são capazes de penetrar alguns milímetros nos poros do concreto, impedindo a penetração de água e de substâncias agressivas nela dissolvidas.

Outras formas de conservar o concreto, sendo ele aparente ou não, são as inspeções periódicas, além da limpeza adequada e reaplicação de eventuais sistemas de proteção superficial existentes.

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

Cidade da Música: obra grandiosa e polêmica

Construção do complexo idealizado para receber eventos musicais pode prejudicar construções vizinhas

Por: Tatiane Franco
Cidade da Música

Idealizada para receber eventos de música erudita e ser a nova sede da Orquestra Sinfônica Brasileira, o complexo cultural da Cidade da Música, localizado no coração da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ainda não foi concluído e gera muita polêmica. A questão trata de possíveis rachaduras em viadutos da região, que possui intenso tráfego de veículos. Após denúncia, em agosto de 2009, dois engenheiros da prefeitura do Rio de Janeiro foram convocados a prestar esclarecimentos sobre a obra.

A construção do complexo cultural da Cidade da Música iniciou em 2002 e mesmo ainda não finalizada, a obra foi paralisada em janeiro de 2009. De acordo com a Secretaria de Obras da Cidade do Rio de Janeiro, a atividade foi retomada em novembro do ano passado e a previsão é que o empreendimento seja concluído no primeiro semestre de 2011. O órgão informa que desconhece a veracidade das informações sobre rachaduras em viadutos.

Presidente do Crea-RJ : “Falta de planejamento compromete as obras da Cidade da Música”.

Segundo o engenheiro civil, Bruno Contarini, consultor do projeto Cidade da Música, não existe nenhum comprometimento nas obras adjacentes. “O empreendimento foi feito com tubulão normal e isso não afeta em nada as construções próximas”, defende o engenheiro Contarini.

Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, é difícil afirmar sobre os possíveis problemas nos viadutos, pois não existem estudos que avaliem a obra. “Não podemos garantir que a obra esteja interferindo no desgaste dos viadutos, uma vez que o trânsito na região é intenso e isso causa a deterioração do local. É preciso um estudo aprofundado, o que, até hoje, não foi feito ou o Crea não teve conhecimento. O que podemos afirmar é que houve falta de planejamento e de um projeto com cronograma rígido. Essas falhas interferiram diretamente no alto orçamento e na demora da obra”, declara Guerreiro.

Segundo o Tribunal de Contas do Município do Rio, até o final do ano passado, haviam sido gastos R$ 518,6 milhões. A previsão é que a prefeitura invista mais R$ 50 milhões para concluir a obra da Cidade da Música.

O Complexo

Em estilo modernista e com o concreto como material estrutural, a Cidade da Música foi projetada pelo arquiteto francês, Christian de Portzamparc, e promete ser a maior sala de concerto para orquestra sinfônica e ópera da América Latina. Em um terreno de 95 mil metros quadrados, sendo quase 88 de área construída, o empreendimento de cinco andares conta ainda com 28 salas para concertos, música de câmara, aulas e ensaios; salas de cinema; lojas, restaurante, cafeteria, foyer musical e midiateca. Até agora foram utilizados 65 mil metros cúbicos de concreto de alto desempenho para a realização do projeto.

A Grande Sala de Concerto possui 1.800 lugares e pode ser adaptada para ópera, ficando com 1.300 lugares. O espaço possui uma sala para Música de Câmara com 800 poltronas, reversível para 500. O complexo terá uma ligação direta com terminal da Alvorada e estacionamento com 738 vagas.
 

Leia mais sobre a Cidade da Música na matéria “Uma cidade com notas musicais”, publicada no Massa Cinzenta em 11 de dezembro de 2008. (http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/uma-cidade-com-notas-musicais/)

Entrevistados:

Bruno Contarini - Engenheiro Civil, trabalhou diversas vezes em parceria com o arquiteto Oscar Niemeyer (como no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, e no Museu de Arte Contemporânea, em Niterói) e também participou da concepção e execução da ponte Rio-Niterói.
Email: bceng@veloxmail.com.br

Agostinho Guerreiro - Presidente do Crea-RJ
Email: presidente@crea-rj.org.br

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Cidade da Música: obra grandiosa e polêmica

Construção do complexo idealizado para receber eventos musicais pode prejudicar construções vizinhas

Por: Tatiane Franco
Cidade da Música

Idealizada para receber eventos de música erudita e ser a nova sede da Orquestra Sinfônica Brasileira, o complexo cultural da Cidade da Música, localizado no coração da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ainda não foi concluído e gera muita polêmica. A questão trata de possíveis rachaduras em viadutos da região, que possui intenso tráfego de veículos. Após denúncia, em agosto de 2009, dois engenheiros da prefeitura do Rio de Janeiro foram convocados a prestar esclarecimentos sobre a obra.

A construção do complexo cultural da Cidade da Música iniciou em 2002 e mesmo ainda não finalizada, a obra foi paralisada em janeiro de 2009. De acordo com a Secretaria de Obras da Cidade do Rio de Janeiro, a atividade foi retomada em novembro do ano passado e a previsão é que o empreendimento seja concluído no primeiro semestre de 2011. O órgão informa que desconhece a veracidade das informações sobre rachaduras em viadutos.

Presidente do Crea-RJ : “Falta de planejamento compromete as obras da Cidade da Música”.

Segundo o engenheiro civil, Bruno Contarini, consultor do projeto Cidade da Música, não existe nenhum comprometimento nas obras adjacentes. “O empreendimento foi feito com tubulão normal e isso não afeta em nada as construções próximas”, defende o engenheiro Contarini.

Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, é difícil afirmar sobre os possíveis problemas nos viadutos, pois não existem estudos que avaliem a obra. “Não podemos garantir que a obra esteja interferindo no desgaste dos viadutos, uma vez que o trânsito na região é intenso e isso causa a deterioração do local. É preciso um estudo aprofundado, o que, até hoje, não foi feito ou o Crea não teve conhecimento. O que podemos afirmar é que houve falta de planejamento e de um projeto com cronograma rígido. Essas falhas interferiram diretamente no alto orçamento e na demora da obra”, declara Guerreiro.

Segundo o Tribunal de Contas do Município do Rio, até o final do ano passado, haviam sido gastos R$ 518,6 milhões. A previsão é que a prefeitura invista mais R$ 50 milhões para concluir a obra da Cidade da Música.

O Complexo

Em estilo modernista e com o concreto como material estrutural, a Cidade da Música foi projetada pelo arquiteto francês, Christian de Portzamparc, e promete ser a maior sala de concerto para orquestra sinfônica e ópera da América Latina. Em um terreno de 95 mil metros quadrados, sendo quase 88 de área construída, o empreendimento de cinco andares conta ainda com 28 salas para concertos, música de câmara, aulas e ensaios; salas de cinema; lojas, restaurante, cafeteria, foyer musical e midiateca. Até agora foram utilizados 65 mil metros cúbicos de concreto de alto desempenho para a realização do projeto.

A Grande Sala de Concerto possui 1.800 lugares e pode ser adaptada para ópera, ficando com 1.300 lugares. O espaço possui uma sala para Música de Câmara com 800 poltronas, reversível para 500. O complexo terá uma ligação direta com terminal da Alvorada e estacionamento com 738 vagas.
 

Leia mais sobre a Cidade da Música na matéria “Uma cidade com notas musicais”, publicada no Massa Cinzenta em 11 de dezembro de 2008. (http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/uma-cidade-com-notas-musicais/)

Entrevistados:

Bruno Contarini - Engenheiro Civil, trabalhou diversas vezes em parceria com o arquiteto Oscar Niemeyer (como no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, e no Museu de Arte Contemporânea, em Niterói) e também participou da concepção e execução da ponte Rio-Niterói.
Email: bceng@veloxmail.com.br

Agostinho Guerreiro - Presidente do Crea-RJ
Email: presidente@crea-rj.org.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

Normas técnicas focam o desempenho das edificações

Nova normativa da ABNT, que ainda gera dúvidas no setor da construção civil, será um parâmetro de qualidade para os consumidores

Residências que não oferecem conforto ambiental e prédios que em poucos anos de uso apresentam problemas estruturais estão entre os alvos da Norma de Desempenho das Edificações (NBR 15.575) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que entrou em vigor em maio de 2010, mas passará a ser exigida em empreendimentos com projetos protocolados nas prefeituras a partir de 12 de novembro deste ano.

Objeto de discussão no setor da construção civil, a normativa será uma ferramenta legal para que os consumidores tenham a confiança de que os sistemas que compõem os edifícios, como a estrutura, instalações hidrossanitárias, fachadas e coberturas, atendam a requisitos mínimos de desempenho ao longo de uma determinada vida útil.

A presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Paraná (Ibape-PR) e ex-conselheira do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR), Vera Lúcia de Campos Correa Shebdalj, diz que os critérios para definição da vida útil e do desempenho estão embasados nas necessidades dos usuários de imóveis, como segurança, conforto, funcionalidade e durabilidade. “Ao contrário das normas prescritivas, que definem como os sistemas devem ser construídos, essa visa o desempenho explorando a questão do conforto dos usuários”, analisa.

A NBR 15.575 sugere o desempenho de prédios habitacionais de até cinco pavimentos, mas a expectativa da ABNT é que os parâmetros se tornem referência para outros tipos de edifício.

Principais pontos

O texto é dividido em seis partes que devem ser aplicadas simultaneamente para atender a todos os quesitos. O sistema elétrico não é contemplado por integrar um conjunto mais amplo de normas. “Muito do que está ali não é novo para os arquitetos e engenheiros, porque faz referência às normas já existentes e que deveriam ser cumpridas”, diz o engenheiro civil e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Luiz Fernando Crema.

Aspectos de saúde e salubridade são pontos importantes, destacando-se a estanqueidade à água de chuva e à umidade do solo e o conforto termoacústico no interior das unidades.

As edificações devem ser planejadas com índices que atendam às características climáticas da região e em acordo com as condições do entorno. Também deve ser considerada a transmissão sonora de um ambiente para outro. “Essa não é a primeira cartilha que aborda o tema do conforto acústico, a diferença é que a NBR 15.575 diz como medir os níveis de decibéis pelo desempenho de materiais e sistemas”, explica o engenheiro e superintendente do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02), Carlos Alberto de Moraes Borges.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Hamilton Pinheiro Franck, entre os avanços está o reconhecimento de empresas e profissionais sérios e a determinação da responsabilidade de todos os agentes, dos incorporadores aos usuários. “Se é exigida vida útil de 20 anos do sistema hidrossanitário, por exemplo, o projeto deve determinar a periodicidade de inspeções, prazos para a substituição de peças e condições de manutenção que levarão a se atingir a longevidade esperada”, ressalta.

A partir da vigência da norma, o comprador, ao adquirir o imóvel, deve ser informado sobre a vida útil da edificação e como fazer a manutenção conforme previsto no manual elaborado pelos construtores e incorporadores. “É como um carro. A fábrica dá a garantia, mas o comprador sabe que precisará trocar óleo na quilometragem certa. É preciso que os construtores elaborem manuais completos e de fácil compreensão”, alerta Crema.

A nova normatização não sugere qual método construtivo deve ser utilizado.“A norma está concentrada no desempenho do conjunto. Isso serve como balizador para o desenvolvimento de novos produtos que comprovem ter o desempenho exigido”, destaca o pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), Ércio Thomaz.

A indústria de materiais de construção também deverá se adequar, comprovando que o produto oferecido atende o desempenho desejado. “Os institutos de pesquisa terão papel fundamental nesse processo. É preciso incentivar a criação de outros órgãos com a capacidade de testar e certificar produtos, porque os construtores passarão a exigir a contrapartida da indústria”, aponta Crema.

Impacto no mercado

Após apresentação da NBR 15.575, muitos temas entraram em discussão. O presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná, Gustavo Selig, teme que haja impacto nos custos, especialmente nas habitações de interesse social, como as construções para o programa do governo federal, Minha Casa, Minha Vida. “As margens de lucro são reduzidas nesse segmento. É preciso fazer um estudo criterioso para viabilizar essas obras”, diz.

Entre as definições da normativa está um limite oficial contra a redução de metragem, garantindo ao usuário realizar atividades essenciais com um nível mínimo de conforto. A norma não especifica a área mínima para cada unidade nem para cada ambiente, mas exige cômodos com dimensões capazes de acolher móveis e equipamentos de tamanho padrão.

Para o pesquisador do IPT, que participou da elaboração da norma, a indústria da construção não sentirá impacto de custo. “Se fizermos a decomposição em preço inicial, mais os custos de operação e manutenção, veremos que a tendência é empatar ou reduzir custos.” Crema acrescenta outro ponto. “O fato de ser uma residência de interesse social não pode significar falta de qualidade. Uma família levará uma vida inteira para pagar o imóvel, que precisa ser durável e confortável”, comenta.

Para Thomaz e Crema, a saída para a viabilidade econômica dos empreendimentos populares é o investimento em tecnologia, desde que testada e comprovada a eficácia. “Não adianta lançar um novo sistema construtivo sem saber se resiste ao tempo. Há um bom movimento de pesquisa, mas, por vezes, sem muito critério antes de lançar no mercado”, critica Crema.

Projetos integrados ganham mais importância

A NBR 15.575 ao determinar os parâmetros de desempenho das edificações fará com que o trabalho de projetistas e especificadores de materiais se torne ainda mais importante, assim como o acompanhamento da obra. “A figura do profissional (engenheiro ou arquiteto) que unifica os projetos, arquitetônico, estrutural, elétrico e todos os outros será de máxima importância. Os construtores precisarão ter controle do começo ao fim da obra, estando atentos também para a formulação de um manual de uso bem redigido, de forma clara para a compreensão dos usuários”, diz o professor de Engenharia Civil da PUC-PR, Luiz Fernando Crema.

Para o pesquisador do IPT, Ércio Thomaz, a norma incentiva medidas preventivas na concepção e construção dos edifícios, o que diminui patologias. “A norma permite a definição da responsabilidade de cada agente envolvido, criando condições de rastreabilidade. Em alguns casos, responsabilizava-se o construtor, mesmo que o problema estivesse no projeto. A partir desse momento, passa a existir a responsabilidade compartilhada e parâmetros para regular o mercado e ações judiciais”, destaca.

Na opinião de Crema e da presidente do Ibape-PR, Vera Lúcia de Campos Correa Shebdalj, um passo urgente é a capacitação das equipes de engenharia e arquitetura, reciclagem de projetistas e introdução do ensino do conceito de desempenho nas universidades.

 

Fonte: Gazeta do Povo  - 20/06/2010


Normas técnicas focam o desempenho das edificações

Nova normativa da ABNT, que ainda gera dúvidas no setor da construção civil, será um parâmetro de qualidade para os consumidores

Residências que não oferecem conforto ambiental e prédios que em poucos anos de uso apresentam problemas estruturais estão entre os alvos da Norma de Desempenho das Edificações (NBR 15.575) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que entrou em vigor em maio de 2010, mas passará a ser exigida em empreendimentos com projetos protocolados nas prefeituras a partir de 12 de novembro deste ano.

Objeto de discussão no setor da construção civil, a normativa será uma ferramenta legal para que os consumidores tenham a confiança de que os sistemas que compõem os edifícios, como a estrutura, instalações hidrossanitárias, fachadas e coberturas, atendam a requisitos mínimos de desempenho ao longo de uma determinada vida útil.

A presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Paraná (Ibape-PR) e ex-conselheira do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR), Vera Lúcia de Campos Correa Shebdalj, diz que os critérios para definição da vida útil e do desempenho estão embasados nas necessidades dos usuários de imóveis, como segurança, conforto, funcionalidade e durabilidade. “Ao contrário das normas prescritivas, que definem como os sistemas devem ser construídos, essa visa o desempenho explorando a questão do conforto dos usuários”, analisa.

A NBR 15.575 sugere o desempenho de prédios habitacionais de até cinco pavimentos, mas a expectativa da ABNT é que os parâmetros se tornem referência para outros tipos de edifício.

Principais pontos

O texto é dividido em seis partes que devem ser aplicadas simultaneamente para atender a todos os quesitos. O sistema elétrico não é contemplado por integrar um conjunto mais amplo de normas. “Muito do que está ali não é novo para os arquitetos e engenheiros, porque faz referência às normas já existentes e que deveriam ser cumpridas”, diz o engenheiro civil e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Luiz Fernando Crema.

Aspectos de saúde e salubridade são pontos importantes, destacando-se a estanqueidade à água de chuva e à umidade do solo e o conforto termoacústico no interior das unidades.

As edificações devem ser planejadas com índices que atendam às características climáticas da região e em acordo com as condições do entorno. Também deve ser considerada a transmissão sonora de um ambiente para outro. “Essa não é a primeira cartilha que aborda o tema do conforto acústico, a diferença é que a NBR 15.575 diz como medir os níveis de decibéis pelo desempenho de materiais e sistemas”, explica o engenheiro e superintendente do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02), Carlos Alberto de Moraes Borges.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Hamilton Pinheiro Franck, entre os avanços está o reconhecimento de empresas e profissionais sérios e a determinação da responsabilidade de todos os agentes, dos incorporadores aos usuários. “Se é exigida vida útil de 20 anos do sistema hidrossanitário, por exemplo, o projeto deve determinar a periodicidade de inspeções, prazos para a substituição de peças e condições de manutenção que levarão a se atingir a longevidade esperada”, ressalta.

A partir da vigência da norma, o comprador, ao adquirir o imóvel, deve ser informado sobre a vida útil da edificação e como fazer a manutenção conforme previsto no manual elaborado pelos construtores e incorporadores. “É como um carro. A fábrica dá a garantia, mas o comprador sabe que precisará trocar óleo na quilometragem certa. É preciso que os construtores elaborem manuais completos e de fácil compreensão”, alerta Crema.

A nova normatização não sugere qual método construtivo deve ser utilizado.“A norma está concentrada no desempenho do conjunto. Isso serve como balizador para o desenvolvimento de novos produtos que comprovem ter o desempenho exigido”, destaca o pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), Ércio Thomaz.

A indústria de materiais de construção também deverá se adequar, comprovando que o produto oferecido atende o desempenho desejado. “Os institutos de pesquisa terão papel fundamental nesse processo. É preciso incentivar a criação de outros órgãos com a capacidade de testar e certificar produtos, porque os construtores passarão a exigir a contrapartida da indústria”, aponta Crema.

Impacto no mercado

Após apresentação da NBR 15.575, muitos temas entraram em discussão. O presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná, Gustavo Selig, teme que haja impacto nos custos, especialmente nas habitações de interesse social, como as construções para o programa do governo federal, Minha Casa, Minha Vida. “As margens de lucro são reduzidas nesse segmento. É preciso fazer um estudo criterioso para viabilizar essas obras”, diz.

Entre as definições da normativa está um limite oficial contra a redução de metragem, garantindo ao usuário realizar atividades essenciais com um nível mínimo de conforto. A norma não especifica a área mínima para cada unidade nem para cada ambiente, mas exige cômodos com dimensões capazes de acolher móveis e equipamentos de tamanho padrão.

Para o pesquisador do IPT, que participou da elaboração da norma, a indústria da construção não sentirá impacto de custo. “Se fizermos a decomposição em preço inicial, mais os custos de operação e manutenção, veremos que a tendência é empatar ou reduzir custos.” Crema acrescenta outro ponto. “O fato de ser uma residência de interesse social não pode significar falta de qualidade. Uma família levará uma vida inteira para pagar o imóvel, que precisa ser durável e confortável”, comenta.

Para Thomaz e Crema, a saída para a viabilidade econômica dos empreendimentos populares é o investimento em tecnologia, desde que testada e comprovada a eficácia. “Não adianta lançar um novo sistema construtivo sem saber se resiste ao tempo. Há um bom movimento de pesquisa, mas, por vezes, sem muito critério antes de lançar no mercado”, critica Crema.

Projetos integrados ganham mais importância

A NBR 15.575 ao determinar os parâmetros de desempenho das edificações fará com que o trabalho de projetistas e especificadores de materiais se torne ainda mais importante, assim como o acompanhamento da obra. “A figura do profissional (engenheiro ou arquiteto) que unifica os projetos, arquitetônico, estrutural, elétrico e todos os outros será de máxima importância. Os construtores precisarão ter controle do começo ao fim da obra, estando atentos também para a formulação de um manual de uso bem redigido, de forma clara para a compreensão dos usuários”, diz o professor de Engenharia Civil da PUC-PR, Luiz Fernando Crema.

Para o pesquisador do IPT, Ércio Thomaz, a norma incentiva medidas preventivas na concepção e construção dos edifícios, o que diminui patologias. “A norma permite a definição da responsabilidade de cada agente envolvido, criando condições de rastreabilidade. Em alguns casos, responsabilizava-se o construtor, mesmo que o problema estivesse no projeto. A partir desse momento, passa a existir a responsabilidade compartilhada e parâmetros para regular o mercado e ações judiciais”, destaca.

Na opinião de Crema e da presidente do Ibape-PR, Vera Lúcia de Campos Correa Shebdalj, um passo urgente é a capacitação das equipes de engenharia e arquitetura, reciclagem de projetistas e introdução do ensino do conceito de desempenho nas universidades.

 

Fonte: Gazeta do Povo  - 20/06/2010


ABCP e IAB lançam concurso para estudantes de Arquitetura e Urbanismo

O concurso é válido em todo território nacional e as inscrições já estão abertas

A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) está promovendo o Prêmio Soluções para Cidades 2010, destinado a premiar 3 (três) projetos elaborados por estudantes de graduação em Arquitetura e Urbanismo, regularmente matriculados em faculdades brasileiras, orientados por professor(a) arquiteto(a) dos quadros de suas faculdades, sobre o tema Mobiliário Urbano em Praças Públicas. O prêmio é organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento São Paulo (IAB/SP).

Serão 5 (cinco) elementos de mobiliário urbano a serem elaborados em produtos à base de cimento, como: bancos, postes de iluminação, lixeiras, bicicletário e um elemento de livre escolha. Os prêmios a serem conferidos aos três primeiros colocados têm os seguintes valores:
1º Prêmio - R$ 5.000,00
2º Prêmio - R$ 3.000,00
3º Prêmio - R$ 2.000,00

Cronograma:
09 de junho de 2010 - Lançamento do Edital e abertura das inscrições.
13 de agosto de 2010 - Encerramento das inscrições e consultas.
16 de agosto de 2010 - Entrega dos trabalhos.
19 de agosto de 2010 até às 18h - Data limite para o recebimento dos trabalhos postados até o 16 de agosto de 2010.
20 à 23 de agosto de 2010 - Análise dos trabalhos pela Comissão de Seleção.
27 de agosto de 2010 - Divulgação dos resultados.

Veja o regulamento no site: www.abcp.org.br

Fonte: ABCP - 22/06/2010


O 82º ENIC oferece propostas para a construção civil do país

Uma das questões levantadas durante o Encontro envolve recursos para crédito imobiliário

Por: Lilian Julio

Solenidade de abertura do 82º ENIC em Maceió, com a presença do presidente Lula, ministros e representantes do Sinduscon e CBIC de todo país

Entre os dias 09 e 11 de junho ocorreu na capital de Alagoas um dos maiores eventos da construção civil do país. É o Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC) realizado pela 82ª vez. O evento acontece uma vez por ano em capitais e cidades brasileiras reunindo engenheiros, empresários do setor e estudantes de arquitetura e engenharia.
O 82º ENIC foi promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon de Alagoas e recebeu no dia da abertura a presença do presidente Lula, que defendeu a importância do aquecimento do setor da construção para o desenvolvimento da economia do país.

Debates

Entre os temas que foram abordados durante o ENIC está o financiamento imobiliário. O esgotamento das fontes desses recursos foi o assunto principal na reunião da Comissão de Indústria Imobiliária (CII), no segundo dia do evento. De acordo com o presidente da Comissão, João Crestana, há uma necessidade urgente de se buscar alternativas para o crédito imobiliário. “As projeções mais recentes apontam uma futura escassez dos recursos da poupança e do fundo de garantia”, afirma Crestana.

A falta de financiamento também contribui para aumentar ainda mais o déficit habitacional no Brasil – que atualmente está em 7 milhões de moradias. “Essa carência de unidades habitacionais requer R$ 2 trilhões, enquanto o volume disponível de recursos das linhas de crédito para tal finalidade (poupança e FGTS) é de apenas R$ 465 bilhões”, adverte o diretor executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Natalino Gazonato. “Se continuar nesse ritmo os recursos irão acabar em dois anos”, afirma.

Marcos Holanda, presidente do Sinduscon-AL

Além dos temas envolvendo recursos, a 82ª edição do ENIC teve seu foco na sustentabilidade que, de acordo com o presidente do Sinduscon-AL Marcos Holanda, é o maior desafio para as empresas da construção civil. Para ele o ENIC serviu como incentivo para que práticas mais sustentáveis fossem apresentadas, buscando a conscientização do setor. “Pretendemos, a partir de agora, consolidar esse conceito sustentável até o final de 2010 para que no próximo ENIC, em junho do ano que vem, possamos mostrar o que já foi feito”, destaca Holanda.

O Programa de Construção Sustentável apresentado durante o ENIC engloba temas como água, mudanças climáticas, desenvolvimento humano, energia, resíduos, materiais e sistemas, meio ambiente, infraestrutura e desenvolvimento urbano. Outros tópicos, como poder de compra e inovação tecnológica, também foram abordados em discussões durante o evento.

Lançamento

Durante o evento a CBIC lançou o portal do Programa de Inovação Tecnológica (PIT), uma iniciativa que visa estudar, analisar e definir diretrizes para o desenvolvimento, difusão e avaliação de inovações tecnológicas da construção civil brasileira.

O PIT tem como principal objetivo transformar a inovação tecnológica em um caminho estratégico das empresas que buscam um diferencial competitivo.

Para o presidente do Sinduscon-AL o encontro é uma grande possibilidade de estreitar laços e tornar o setor mais unido. “Este evento é um dos mais importantes do país e este ano batemos o recorde de público de todas as edições já realizadas, o que significa mais interesse da classe”, revela Holanda.

Programação do ENIC

Entre os temas mais abordados durante o evento, as palestras focaram as discussões em projetos como:
- Programa Minha Casa, Minha Vida
- Fonte de Recursos de financiamento
- Meio ambiente, infraestrutura e desenvolvimento urbano
- Urbanismo
- Legislação ambiental e licenciamento de empreendimentos
- Gestão de resíduos sólidos
- Eficiência energética das edificações
- Sistemas sustentáveis

Público

Participaram do 82º ENIC cerca de duas mil pessoas. Entre os inscritos nas palestras e apresentações de propostas somaram 1.320 pessoas, entre engenheiros e estudantes de universidades, que tiverem um espaço para divulgar projetos, também voltados para o apelo das construções mais sustentáveis, visando um planeta melhor.

Entrevistado: Marcos Holanda
- Engenheiro Civil formado em 1983 pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL);
- Fez mestrado em Engenharia de Estrutura na Universidade de São Paulo (USP);
- Foi Conselheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Alagoas (CREA);
- Atualmente, além de presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas – Sinduscon, gestão 2007/2011 é, também, vice- presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), gestão 2008/2011;
- Professor do Curso de Engenharia da Universidade Federal de Alagoas, e Presidente Diretor da Empresa Nacional de Engenharia e Construções Ltda. (ENENGI).
Email: presidente@sinduscon-al.com.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content


O 82º ENIC oferece propostas para a construção civil do país

Uma das questões levantadas durante o Encontro envolve recursos para crédito imobiliário

Por: Lilian Julio

Solenidade de abertura do 82º ENIC em Maceió, com a presença do presidente Lula, ministros e representantes do Sinduscon e CBIC de todo país

Entre os dias 09 e 11 de junho ocorreu na capital de Alagoas um dos maiores eventos da construção civil do país. É o Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC) realizado pela 82ª vez. O evento acontece uma vez por ano em capitais e cidades brasileiras reunindo engenheiros, empresários do setor e estudantes de arquitetura e engenharia.
O 82º ENIC foi promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon de Alagoas e recebeu no dia da abertura a presença do presidente Lula, que defendeu a importância do aquecimento do setor da construção para o desenvolvimento da economia do país.

Debates

Entre os temas que foram abordados durante o ENIC está o financiamento imobiliário. O esgotamento das fontes desses recursos foi o assunto principal na reunião da Comissão de Indústria Imobiliária (CII), no segundo dia do evento. De acordo com o presidente da Comissão, João Crestana, há uma necessidade urgente de se buscar alternativas para o crédito imobiliário. “As projeções mais recentes apontam uma futura escassez dos recursos da poupança e do fundo de garantia”, afirma Crestana.

A falta de financiamento também contribui para aumentar ainda mais o déficit habitacional no Brasil – que atualmente está em 7 milhões de moradias. “Essa carência de unidades habitacionais requer R$ 2 trilhões, enquanto o volume disponível de recursos das linhas de crédito para tal finalidade (poupança e FGTS) é de apenas R$ 465 bilhões”, adverte o diretor executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Natalino Gazonato. “Se continuar nesse ritmo os recursos irão acabar em dois anos”, afirma.

Marcos Holanda, presidente do Sinduscon-AL

Além dos temas envolvendo recursos, a 82ª edição do ENIC teve seu foco na sustentabilidade que, de acordo com o presidente do Sinduscon-AL Marcos Holanda, é o maior desafio para as empresas da construção civil. Para ele o ENIC serviu como incentivo para que práticas mais sustentáveis fossem apresentadas, buscando a conscientização do setor. “Pretendemos, a partir de agora, consolidar esse conceito sustentável até o final de 2010 para que no próximo ENIC, em junho do ano que vem, possamos mostrar o que já foi feito”, destaca Holanda.

O Programa de Construção Sustentável apresentado durante o ENIC engloba temas como água, mudanças climáticas, desenvolvimento humano, energia, resíduos, materiais e sistemas, meio ambiente, infraestrutura e desenvolvimento urbano. Outros tópicos, como poder de compra e inovação tecnológica, também foram abordados em discussões durante o evento.

Lançamento

Durante o evento a CBIC lançou o portal do Programa de Inovação Tecnológica (PIT), uma iniciativa que visa estudar, analisar e definir diretrizes para o desenvolvimento, difusão e avaliação de inovações tecnológicas da construção civil brasileira.

O PIT tem como principal objetivo transformar a inovação tecnológica em um caminho estratégico das empresas que buscam um diferencial competitivo.

Para o presidente do Sinduscon-AL o encontro é uma grande possibilidade de estreitar laços e tornar o setor mais unido. “Este evento é um dos mais importantes do país e este ano batemos o recorde de público de todas as edições já realizadas, o que significa mais interesse da classe”, revela Holanda.

Programação do ENIC

Entre os temas mais abordados durante o evento, as palestras focaram as discussões em projetos como:
- Programa Minha Casa, Minha Vida
- Fonte de Recursos de financiamento
- Meio ambiente, infraestrutura e desenvolvimento urbano
- Urbanismo
- Legislação ambiental e licenciamento de empreendimentos
- Gestão de resíduos sólidos
- Eficiência energética das edificações
- Sistemas sustentáveis

Público

Participaram do 82º ENIC cerca de duas mil pessoas. Entre os inscritos nas palestras e apresentações de propostas somaram 1.320 pessoas, entre engenheiros e estudantes de universidades, que tiverem um espaço para divulgar projetos, também voltados para o apelo das construções mais sustentáveis, visando um planeta melhor.

Entrevistado: Marcos Holanda
- Engenheiro Civil formado em 1983 pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL);
- Fez mestrado em Engenharia de Estrutura na Universidade de São Paulo (USP);
- Foi Conselheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Alagoas (CREA);
- Atualmente, além de presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas – Sinduscon, gestão 2007/2011 é, também, vice- presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), gestão 2008/2011;
- Professor do Curso de Engenharia da Universidade Federal de Alagoas, e Presidente Diretor da Empresa Nacional de Engenharia e Construções Ltda. (ENENGI).
Email: presidente@sinduscon-al.com.br

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NBR 7212 será revisada para acompanhar a evolução do Concreto Dosado em Central

Após 26 anos a NBR 7212 – Execução do Concreto Dosado em Central volta a ser discutida pela ABNT no âmbito do CB-18 – Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados

Por: Engª. Giovana Medeiros – Assessora Técnico Comercial Itambé

Concreto dosado em central

O concreto é um dos materiais da construção mais utilizados em nosso país e no mundo. A busca constante da qualidade, a necessidade da redução de custos e a racionalização dos canteiros de obras, fazem com que o concreto dosado em central seja cada vez mais utilizado.

Desta forma, podemos observar que, nos últimos anos, as concreteiras atingiram um alto nível de desenvolvimento, impulsionadas principalmente pela evolução na área de tecnologia de concreto e sistemas de automação.
 
Este crescimento tecnológico não foi acompanhado pela NBR 7212 e agora completando seus 26 anos, a norma será discutida pela Comissão de Estudos 18:300.10 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

O Engº Arcindo Maior, coordenador da Comissão de Estudos e consultor da Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Concretagem – ABESC, descreve abaixo a importância desta revisão:

1. Para o senhor, qual a importância da revisão da NBR 7212?
Entendo que essa revisão é muito importante, pois a versão em vigor é de dezembro de 1984 e, 26 anos é muito tempo.

2. Neste período de tempo a tecnologia do concreto, em sua opinião, mudou bastante em relação aos materiais componentes, equipamentos e controle de qualidade?
Tudo mudou muito: os aditivos, os equipamentos de dosagem, os caminhões betoneira, a possibilidade de fazer ajustes de forma rápida nos traços.

3. Quais os principais itens da NBR 7212 que o senhor acha imprescindível revisar?
Pontos que acho importante:
- Como pedimos o concreto;
- Quando aferimos os equipamentos;
- A análise estatística deveria ser reformulada.
Alem disso, é importante referenciar as normas que foram atualizadas e que influenciam a NBR 7212, tais como a qualidade da água. Também acredito que temos de revisar essa norma com base no que virá pela frente: muita tecnologia.

4. Neste período de 26 anos, o senhor acha que a conscientização dos usuários do concreto mudou no sentido do recebimento, aplicação e outros cuidados que se deve ter com o mesmo?
Acho que sim. Felizmente os usuários de hoje são mais exigentes, o que é bom para as empresas associadas da ABESC.

A Comissão de Estudos que revisará esta Norma foi instalada no dia 09 de junho passado e tem como coordenador Arcindo A. Vaquero y Mayor e secretário Luiz Henrique Sartori.

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