Infraestrutura sustentável faz Brasil atrair investidores

21 de setembro de 2017

Infraestrutura sustentável faz Brasil atrair investidores

Infraestrutura sustentável faz Brasil atrair investidores 477 599 Cimento Itambé

No longo prazo, parcerias com o BID devem trazer 10 bilhões de reais ao país, principalmente em projetos para a região amazônica

Por: Altair Santos

O Brasil assumiu o compromisso internacional de, até 2025, reduzir em 37% as emissões de CO2 – em relação aos níveis de 2005 -, além de restaurar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e aumentar para 45% a parcela dos recursos renováveis em sua matriz energética. Para atingir essas metas, terá de investir maciçamente em infraestrutura sustentável, principalmente em áreas como saneamento, transporte e energia.

Marilene Ramos, diretora do BNDES: sozinho, Brasil não consegue viabilizar infraestrutura sustentável

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Para apontar soluções que levem ao cumprimento destas metas foi promovida recentemente a conferência Infrainvest – Infraestrutura Sustentável para o Brasil. No encontro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para um aporte inicial de R$ 2,8 bilhões (US$ 900 milhões) em projetos de energia sustentável – usinas eólicas e fotovoltaicas.

No longo prazo, a parceria pode chegar a 10 bilhões de reais, se forem viabilizados os projetos em aterros sanitários e saneamento básico, além de hidrovias, ferrovias e rodovias verdes. Participante do debate, que reuniu ainda dirigentes do BID e representantes de organismos internacionais voltados à sustentabilidade, a diretora do BNDES, Marilene Ramos, destacou que o mundo precisa ajudar o Brasil a investir em infraestrutura sustentável, sobretudo no que se refere à região amazônica.

A engenheira civil, que também é professora da Escola Brasileira de Administração Pública e Empresas da FGV, lembrou que o país não consegue sequer dar conta de investir em infraestrutura convencional. “O Brasil precisaria investir 5% do PIB em infraestrutura, mas a média histórica é de, no máximo, 2,5%. Porém, esse investimento só vem caindo, pois no aperto fiscal o primeiro setor a sofrer cortes é o de infraestrutura”, destaca.

País não dá conta sozinho
Sobre a geração de infraestrutura na Amazônia, Marilene Ramos lembrou que se não houver investimento internacional, o Brasil seguirá apostando em projetos do século passado, que desencadeiam mais desmatamento. “Cito o exemplo da BR-163, que é a principal ligação do setor produtivo do Centro-Oeste com os portos do Pará. No período de chuvas, a estrada se transforma em um atoleiro, que gera perdas de 150 milhões de reais ao país a cada dez dias, pois os caminhões não conseguem atravessá-la e a produção de grãos apodrece nas carrocerias. O que fazer ali: asfaltar ou construir uma ferrovia?”, questionou.

A diretora do BNDES prosseguiu com seu raciocínio: “Se não houver investimento em infraestrutura sustentável na região, o que custa caro, o Brasil, com seus recursos próprios, provavelmente optará por asfaltar a BR-163, o que vai gerar concentração urbana em volta da estrada e mais desmatamento. A melhor solução é uma ferrovia, mas que custa 15 bilhões de reais. Então, os investidores internacionais precisam acordar para o problema e ver que o Brasil não consegue fazer isso sozinho. Coloca-se sobre os ombros do país a obrigação de preservar a floresta, mas que ele não tem condições de operacionalizar apenas com recursos próprios”, destacou.

Veja a íntegra da conferência Infrainvest – Infraestrutura Sustentável para o Brasil:

Entrevistado
Reportagem com base nos debates ocorridos na conferência Infrainvest – Infraestrutura Sustentável para o Brasil

Contato
assessoria.fgv@insightnet.com.br

Crédito Foto: FGV-RJ

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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