Sustentabilidade e automação são destaques na World of Concrete
50ª edição foi marcada pela preocupação com emissões de CO₂ e trouxe tecnologias inteligentes ao setor
Entre os dias 21 e 23 de janeiro, aconteceu a 50ª edição do evento World of Concrete (WOC), em Las Vegas, nos Estados Unidos. A edição de 2024 reuniu quase 60.000 profissionais registrados de diversos setores da indústria para três dias de exposição e quatro dias de educação.
“Todo ano, a World of Concrete serve como o ponto de referência onde profissionais de concreto e alvenaria trocam conhecimentos e aprimoram habilidades que impulsionam os negócios para frente. Estamos orgulhosos de sediar o ponto de encontro global que fornece recursos para os trabalhadores do setor que estão construindo o futuro da América,” destacou Jackie James, Vice-Presidente da World of Concrete.
Sustentabilidade
Para Bernardo F. Tutikian, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e do itt Performance – Instituto Tecnológico de Desempenho da UNISINOS/RS, que participou da World of Concrete pela quarta vez, um dos pontos que mais chamou a atenção foi a questão da sustentabilidade e a mudança conceitual que o mercado global está seguindo. “A última edição da qual eu participei ocorreu antes da pandemia. Realmente, esta questão da sustentabilidade foi um dos grandes gritos da indústria – uma preocupação cada vez maior.
O evento apresentou várias tecnologias que buscam reduzir as emissões de gases da nossa indústria do concreto. Até tecnologias que não têm muita relação com isso, como é o caso, por exemplo, de uma empresa que estava fazendo um filler calcário reativo. Antigamente, sempre tinha uma ou outra empresa que apresentava um produto novo, no entanto, era mais por questões comerciais, financeiras, para viabilizar a produção, etc. Só que agora, o argumento utilizado vai muito mais para a linha da sustentabilidade. Esse certamente é um dos pilares, uma das tendências do mercado americano e mundial”, comenta Tutikian.
No evento, também foi possível perceber a preocupação em quantificar a quantidade de CO2 emitido e em mostrar reduções de CO2, como um diferencial competitivo.
“Nós também visitamos empresas, concreteiras e indústrias nos Estados Unidos. Fizemos um grupo que foi para várias cidades como Chicago, Detroit, Los Angeles e Las Vegas. Nestas visitas, vimos uma tecnologia muito interessante, que se trata da injeção de CO2 no estado fresco do concreto, para aprisionar este CO2. Tudo isso buscando, entre outras coisas, vender créditos de carbono para o mercado. Isso já está bem mais consolidado nos Estados unidos – apesar de que ainda está iniciando. Mas aqui no Brasil ainda está muito incipiente– agora é que estão surgindo as primeiras empresas interessadas no assunto”, relata Tutikian.
Indústria inteligente
De acordo com Tutikian, outro ponto é que se trata de uma indústria cada vez mais inteligente – com mais sensores, com mais equipamentos automatizados. “Vimos muitas empresas com sensores para colocar dentro do balão de concreto da concreteira, medir abatimento ao longo do trajeto, medir perda de abatimento, entre outras tantas características. Isso não é uma grande novidade, uma vez que já temos isso aqui no mercado brasileiro e até relativamente consolidado, apesar de poucas empresas usarem. Mas deu para ver muito essa busca em popularizar mais esta questão de ter sensores e um acompanhamento remoto do concreto para aumentar o controle sobre o material e, ao mesmo tempo, diminuir a necessidade de pessoas no processo”, aponta Tutikian.
De acordo com a organização do evento, os principais expositores anunciaram novos softwares, ferramentas e máquinas destinadas a aumentar a eficiência e a segurança, como novos modelos de bombas de concreto, ferramentas elétricas sem fio, bombas submersíveis e sensores de concreto.
Concreto arquitetônico
Com relação à questão de técnica, o que mais chamou a atenção de Tutikian foi o concreto arquitetônico. “É o concreto tanto estampado quanto lapidado. São duas famílias de concreto que empregamos muito pouco no Brasil. Eles estão sendo muito utilizados nos Estados Unidos. Havia um setor externo na feira de demonstrações e um pavilhão inteiro desta área que era destinado quase que totalmente ao concreto estampado, mostrando ali várias possibilidades e variações. E mostrando a facilidade de utilizar este concreto com ‘pouca tecnologia’”, afirma Tutikian.
Entrevistado:
Bernardo F. Tutikian é pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e do itt Performance – Instituto Tecnológico de Desempenho da UNISINOS/RS. Também é diretor de marketing do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). É ex-presidente da Associação Brasileira de Patologia das Construções (Alconpat Brasil).
Contato
BFTUTIKIAN@unisinos.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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