Em aula para estudantes de graduação do curso de engenharia civil da Universidade de São Paulo (USP), o professor-doutor Vanderley Moacyr John explica didaticamente como o uso correto do cimento contribui para manter a demanda de obras, sem impactar o meio ambiente. “É importante conhecer que o cimento é um mundo. Saber explorá-lo traz não apenas ganhos financeiros como ambientais. Tudo parte das combinações das adições – essencialmente fíler de calcário, escórias de alto forno e pozolanas (a mais comum, cinzas da queima de carvão mineral das termelétricas) -, que geram uma variedade grande de tipos de cimento. O uso correto de cada tipo de cimento ajuda sobremaneira os esforços da indústria cimenteira a reduzir a emissão de CO2”, explica.
Segundo Vanderley John, o Brasil está na vanguarda da produção de cimento, em relação ao resto do mundo, por dois motivos: no país, todos os cimentos têm adição, que variam entre 5% e 65% da massa, e a indústria cimenteira nacional investiu em novos equipamentos, a partir de 2006, os quais a tornaram mais eficiente. “Além de usar fornos mais modernos, que consomem menos combustível para produzir clínquer, a indústria nacional também se reinventou em sua preocupação ambiental, adotando, por exemplo, filtros que sequestram o CO2 que sai das chaminés. Então, no Brasil, considerando os avanços na fabricação de cimento e as adições para produzir o material, são gerados 580 quilos de CO2 para cada tonelada de cimento. Sem esses avanços, seriam 860 quilos. Do ponto de vista ambiental, é um sucesso”, relata.
Cabe aos engenheiros civis e arquitetos entender de cimento e inovar
Na outra ponta, que envolve engenheiros civis e arquitetos, Vanderley John lembra que cabe aos profissionais saber fazer o uso do cimento certo em suas obras e também se concentrar em inovações que melhorem as técnicas construtivas, para também ajudar a reduzir a emissão de CO2. Afinal, como diz o professor-doutor da USP, não dá para pensar na vida moderna sem infraestrutura, e não dá para pensar em infraestrutura sem materiais cimentícios. “O cimento está na moda, pelo simples fato de que a humanidade não anda para trás. Há quem defenda aumentar o volume de construções em aço e madeira, mas esses materiais são limitados. Já o concreto é prático. Por isso, vai ser muito difícil a humanidade prescindir de um ligante inorgânico que possibilita moldar peças monolíticas em qualquer lugar do mundo. O futuro ainda pertence ao Cimento Portland”, assegura.
Atualmente, a média mundial de consumo de cimento no mundo está em torno de 500 kg/ano por habitante. Esse volume por habitante gera algo como 450 kg de CO2 por ano. Vanderley John lembra que quanto mais rico o país, mais matéria-prima por habitante é consumida. “Se a indústria cimenteira não estivesse fazendo nada, em 2050 ela responderia por 1/3 do CO2 antropogênico gerado no planeta. Mas, sim, ela está se movimentando para reduzir o impacto ambiental. Nos últimos anos, investiu globalmente 500 bilhões de dólares para capturar 20% do CO2 emitido”, recorda o professor. São avanços que melhoram o cimento e o tornam ainda insubstituível.
Acompanhe a vídeo-aula do professor-doutor Vanderley Moacyr John
Entrevistado
Reportagem com base em vídeo-aula do professor-doutor Vanderley Moacyr John, da Escola Politécnica da USP
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