O impacto econômico da COVID-19 sobre os recursos públicos coloca o pavimento de concreto entre as medidas anticíclicas a serem priorizadas no pós-pandemia. O alerta é do engenheiro civil Valter Frigieri, diretor de planejamento e mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Ele participou recentemente do seminário “Construção civil em tempos de Coronavírus” e disse que o programa Soluções para Cidades, da ABCP, é visto como uma alternativa viável para os governos municipais enfrentarem a crise. “No pós-pandemia, vemos uma tendência de valorização dos recursos públicos, até pela escassez de dinheiro. Com isso, tendem a crescer os projetos de urbanização baseados em soluções mais duradouras e baratas, com o pavimento de concreto”, diz.
O programa Soluções para Cidades passou a ser encampado pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) com o objetivo de levar as propostas ao ministério de Desenvolvimento Regional. Existe a expectativa de que o pavimento urbano de concreto se expanda nos municípios e se fortaleça no rol de obras públicas que vierem a ser financiadas pelo governo federal. “Acredito que no pós-pandemia o foco estará no investimento urbano”, avalia Valter Frigieri, que também entende que a construção habitacional sairá fortalecida após o momento atual. “O ficar em casa reforçou a percepção de que ter uma residência confortável e segura é importante. Além disso, entra agora a questão do home office, ou seja, a casa também virou local de trabalho e isso vai movimentar a construção e a reforma”, prevê.
Obras de infraestrutura não serão abandonadas no pós-pandemia
Todas as ações futuras levantadas por Frigieri no seminário vão ao encontro do que propõe a plataforma Soluções para Cidades, que pensa em respostas para temas como mobilidade, habitação, saneamento e espaços públicos. Para o diretor de planejamento e mercado da ABCP, o momento é de pegar todas as competências e fazer avançar os processos de qualificação urbana. Porém, ele destaca que as obras de infraestrutura não serão abandonadas no pós-pandemia. Muito pelo contrário. “A agenda de reformas vai fortalecer. O governo terá que acelerar privatizações. Isso coincide com a tendência de que as taxas de juros vão continuar muito baixas, o que cria um ambiente para empreender. São sinais que indicam potencial de investimento. Obviamente, esse cenário não será no curto prazo”, indica.
Para Valter Frigieri, a recuperação da construção civil, mesmo sem ter ficado paralisada no período de pandemia de Coronavírus, deverá ter uma recuperação em “U” (lenta e gradual) quando a economia retomar sua atividade. “Não acredito que rapidamente voltaremos ao ritmo de atividade anterior ao da pandemia. Mas como será o futuro? Avalio que a questão da construção sustentável deve ganhar força, porque depois dessa catástrofe sanitária virá o medo de uma catástrofe ambiental. Também haverá um comportamento mais colaborativo entre as empresas e os profissionais do setor. Por fim, acredito que existirá uma vigilância maior dos gastos públicos, o que favorecerá construções duradouras e com qualidade. Sem contar que o trinômio ciência, inovação e engenharia também sairá fortalecido no pós-pandemia”, comenta.
Assista ao vídeo do seminário “Construção civil em tempos de Coronavírus”
Entrevistado
Reportagem com base nas exposições dos debatedores do seminário “Construção civil em tempos de Coronavírus”. Entre eles, o diretor de planejamento e mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Valter Frigieri
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330