Nova parceria na área de cimento elimina combustíveis fósseis na produção

Método utiliza eletrificação de calcinação de argila para reduzir emissões de CO₂ em 10%
25 de maio de 2022

Nova parceria na área de cimento elimina combustíveis fósseis na produção

Nova parceria na área de cimento elimina combustíveis fósseis na produção 1024 683 Cimento Itambé
ECoClay espera iniciar a construção da primeira instalação elétrica de calcinação de argila em grande escala até o final de 2025
Crédito: Envato

O uso de argila calcinada para substituir o clínquer tradicional à base de calcário na produção final de cimento é essencial para reduzir os danos ao meio ambiente. Para descarbonizar ainda mais a indústria de cimento, especialistas líderes da indústria formaram uma nova parceria chamada ECoClay. Com o objetivo de reduzir em até 50% as emissões de CO₂ da produção de cimento, os parceiros da ECoClay desenvolverão e comercializarão a tecnologia necessária para substituir os combustíveis fósseis na calcinação da argila, eletrificando totalmente o processo. Ao fazer isso, a parceria ECoClay espera reduzir as emissões de CO₂ em 10%.

Com base na pesquisa e em testes compartilhados sobre geração de calor elétrico de alta temperatura, soluções de armazenamento e integração de rede renovável, a parceria ECoClay construirá uma planta piloto no Centro de P&D da FLSmidth na Dinamarca. O consórcio procurará demonstrar como o processo ECoClay é superior aos processos de combustão convencionais, além de emissões significativamente menores de poluentes atmosféricos.

De acordo com o plano do projeto, os parceiros da ECoClay esperam poder iniciar a construção da primeira instalação elétrica de calcinação de argila em grande escala até o final de 2025.

Como funciona?

De acordo com John O’Donnell, CEO da Rondo Energy – uma das parceiras envolvidas na iniciativa-, a tecnologia captura eletricidade renovável intermitente e a armazena para entrega como calor contínuo em escala industrial de alta temperatura, oferecendo benefícios de ordem econômica, ambiental e social ao substituir os combustíveis. “A argila calcinada não tem emissões intrínsecas (processo mineral). Ao substituir a combustão de combustível que alimenta o processo de calcinação por eletricidade renovável, a parceria EcoClay proporcionará reduções de emissões rápidas, práticas e de baixo custo em grande escala. Com isso, poderá construir a base para o cimento zero”, explica O’Donnell.

“A produção de argilas calcinadas é uma excelente chamada para materializar as oportunidades que a eletrificação pode trazer à nossa indústria.”, explica Tomás Restrepo, vice-presidente de Pessoas e Transformação na Cementos Argos.

Redução de CO₂ no Brasil

O Brasil é atualmente uma das referências mundiais quando o assunto é a redução da quantidade de clínquer no cimento. O Roadmap Tecnológico do Cimento, publicado pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), prevê que, com a diminuição da razão clínquer/cimento de 67% em 2014 para 52% em 2050, seria possível evitar a emissão cumulativa de 290 Mt de CO2. Segundo o relatório, isto representa 69% do potencial de redução do setor até 2050. A expectativa de diminuição na disponibilidade de escórias siderúrgicas e cinzas volantes no longo prazo levará o setor a buscar outras soluções, como ampliar o uso de fíler calcário e argilas calcinadas.

Ainda de acordo com o Roadmap, o Brasil já possui razoável experiência no uso de argilas calcinadas, que possuem distribuição quase irrestrita em todo o território. “Seu uso isolado como adição já dispõe de uma base normativa. Sua fabricação, entretanto, implica menor potencial de mitigação de CO2, já que diferentemente das outras adições, a calcinação destas argilas irá demandar consumo de combustíveis e, consequentemente, CO2 resultante, embora cerca de um quarto das emissões do clínquer evitado. Adicionalmente, exige investimentos em maquinários e calcinação”, informa o relatório.

Assim, o relatório também aponta que a taxa média de substituição do clínquer deve ser menor que a do fíler calcário, mas pode ter seu uso estimulado em conjunto com o fíler calcário, mitigando seus efeitos indesejáveis na reologia do concreto. “Para tanto, uma nova base normativa deve ser criada, à semelhança do que já existe na Europa com outros materiais pozolânicos. Em menor escala e com potencial de crescimento difícil de prever, deve-se considerar as escórias ácidas e de aciaria. O incremento de seu uso em cimento vai depender de ações da indústria siderúrgica e da pressão da legislação ambiental, com investimentos para transformá-los em materiais utilizáveis pela indústria de cimento”, conclui o Roadmap Tecnológico do Cimento.

Fontes
EcoClay/FLSmidth

Roadmap Tecnológico do Cimento

Contatos
rwin@flsmidth.com
SNIC – Assessoria de imprensa – celso.souza@fsb.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

25 de maio de 2022

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