Em 50 anos, 10 tipos de concreto vão dominar o mercado

Qualidade e desempenho seguem importantes, mas questões de sustentabilidade impõem novas exigências ao material
19 de fevereiro de 2020

Em 50 anos, 10 tipos de concreto vão dominar o mercado

Em 50 anos, 10 tipos de concreto vão dominar o mercado 150 150 Cimento Itambé

Segundo a Sociedade Americana de Engenheiros Civis, 10 tipos de concretos tendem a ganhar cada vez mais destaques nas obras. O estudo aponta que estarão em alta os seguintes materiais: concreto de alto desempenho; concreto inteligente; concreto autoadensável; concreto autolimpante; concreto de pós reativos; concreto translúcido; concreto permeável; concreto condutivo; concreto subaquático; e concreto projetado. Os motivos estão ligados ao que eles oferecem em termos de sustentabilidade, mas também quanto à qualidade e ao desempenho. Veja as principais características desses concretos especiais, e que vão se destacar nas próximas décadas:

Concreto de alto desempenho (CAD)
São concretos que incluem aditivos, sejam eles plastificantes, superplastificantes ou aditivos de alta capacidade de redução de água. Também podem receber adições minerais, como as superpozolanas, que propiciam microestruturas muito fechadas, praticamente impedindo a ação de agentes agressivos. O resultado é uma altíssima durabilidade, o que explica as vantagens do CAD em obras especiais, como pontes, viadutos e grandes estruturas. Esse concreto normalmente está atrelado a VUP (vida útil de projeto) superior a 100 anos.

Concreto inteligente
O termo está relacionado ao concreto de autocura. O material tem capacidade de se autoregenerar e bloquear a incidência de patologias. As pesquisas são cada vez mais intensas nessa área. Uma das mais famosas é a desenvolvida na Universidade Técnica de Delft, na Holanda, onde pesquisadores descobriram um tipo de bactéria – proveniente da Bacillus Subtilis – que promove o processo de autocura do concreto. O organismo, criado para proliferar exclusivamente no concreto, produz calcário e entra em ação quando em contato com a água, evitando a corrosão do material.

Concreto autoadensável

Inventado no Japão, por volta de 1983, o concreto autoadensável foi apontado como a principal inovação tecnológica do século passado, para a construção civil. No Brasil, chegou por volta do ano 2000. Havia muitos mitos em torno do material, que foram minimizados com uma norma técnica exclusiva, a ABNT NBR 15823 – Concreto autoadensável. Construções que usam a tecnologia de paredes de concreto, assim como a indústria de pré-fabricados, são as que mais se beneficiam do concreto autoadensável. Entre as principais características do material estão alta resistência ao fogo e melhoria dos desempenhos térmico e acústico. 

Concreto autolimpante
O material tem dióxido de titânio (TiO2) ou partículas de Anatásio entre seus agregados e,  quando exposto à luz solar, captura as partículas poluentes do ar que se depositam na superfície do concreto, promovendo a autolimpeza.

Concreto de pós reativos (CPR)

Concreto de pós reativos tem especificações bem superiores às de um concreto convencional. No Brasil, o material é pesquisado na Unisinos-RS. Crédito: Divulgação/ITT Performance-Unisinos

Concreto de pós reativos tem especificações bem superiores às de um concreto convencional. No Brasil, o material é pesquisado na Unisinos-RS.
Crédito: Divulgação/ITT Performance-Unisinos

O Concreto de pós reativos (CPR) surgiu nos anos 1990, na França. Suas especificações são bem superiores às de um concreto convencional, que atinge, em média, valores na faixa de 60 MPa (600 kgf/cm²). Já o CPR está numa faixa de resistência à compressão entre 180 MPa e 800 MPa (entre 2.000 kgf/cm² e 8.000 kgf/cm²). No Brasil, o concreto de pós reativos mais eficaz foi desenvolvido no Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (ITT Performance), vinculado à Unisinos-RS. O material conseguiu resistência à compressão de mais de 180 MPa e resistência à tração na flexão de 40 MPa.

Concreto translúcido
Criado em 2001, na Hungria, o concreto translúcido tem um processo de fabricação relativamente simples e sua resistência é igual à do concreto comum. São inseridas fibras ópticas no interior de uma fôrma e o bloco é concretado. Em seguida, ele passa por um processo de cura e é submerso em água. Mesmo produzido em escala industrial na Europa, o bloco de concreto translúcido ainda é muito caro se comparado com o de concreto convencional. No Brasil, os estudos se limitam aos laboratórios universitários e seu preço, por causa da importação, chega a ser 900% mais caro. Sob o ponto de vista estético, o concreto translúcido permite projetar detalhes diferenciados para fachadas e ambientes internos.

Concreto permeável

Concreto permeável é apontado como uma solução para regiões propensas a enchentes, por escoar rapidamente a água e evitar a impermeabilização do solo. Crédito: Nebrconcagg

Concreto permeável é apontado como uma solução para regiões propensas a enchentes, por escoar rapidamente a água e evitar a impermeabilização do solo.
Crédito: Nebrconcagg

Os Estados Unidos já testam o uso de concreto permeável em vias trafegadas por veículos leves e médios. O material é apontado como uma solução para regiões propensas a enchentes, por escoar rapidamente a água e evitar a impermeabilização do solo. O segredo do material é que os vazios devem variar entre 15% e 30%, no máximo. Abaixo do valor mínimo, a estrutura perde a capacidade de drenagem; acima, drenará rapidamente, mas perderá as propriedades essenciais para a durabilidade do concreto. Outra exigência para esse tipo de concreto é a uniformidade dos agregados. A precisão é importante para que ocorra uma drenagem eficaz.

Concreto condutivo
O concreto condutivo utiliza fibras de aço, combinadas com partículas de carbono, em concreto convencional. O objetivo é torná-lo eletricamente condutivo. As aparas de aço e as fibras de carbono conduzem a energia ao longo do material. Assim, o concreto é conectado a uma fonte elétrica e permite a circulação da corrente. Os experimentos evoluem desde 2008 e, finalmente, começam a ser testados. Na universidade de Nebrasca-Lincoln há um campo de provas. Também em Nebrasca-EUA, uma ponte com 45 metros de extensão foi pavimentada com o concreto condutivo para aquecer e provocar o degelo da neve. 

Concreto subaquático
O concreto subaquático é utilizado em estruturas imersas em água, como plataformas petrolíferas, barragens, tubulações, estruturas de contenção, estacas, paredes-diafragma, blocos de fundação de pontes e pilares de cais de portos. As características da composição variam de acordo com o ambiente ao qual o material será exposto. São utilizados aditivos adequados ao tipo de água e à agressividade que o concreto irá sofrer. Por conta dos agregados e dos aditivos, o material não se dispersa na água.

Concreto projetado

O concreto projetado é a tecnologia construtiva que mais cresce no mundo. Dados recentes mostram que o volume empregado em obras aumenta a uma taxa de 25% ao ano. Os países nórdicos, encabeçados pela Noruega, consomem 1/3 do concreto projetado produzido globalmente. Por duas razões: dispensa fôrmas e é fácil de aplicar. Além disso, cumpre função importante na construção de túneis, taludes, recuperação de estruturas e em obras arquitetônicas. O material requer rigor na composição e na execução. Caso contrário, pode desencadear patologias ou causar acidentes por causa do desplacamento da superfície em que foi aplicado.

 

Entrevistado
Reportagem com base em estudo da Sociedade Americana de Engenheiros Civis

Contato
ascelibrary@asce.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

19 de fevereiro de 2020

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