Brasil busca menor emissão de CO2 por tonelada de cimento
Metas devem ser alcançadas entre 2030 e 2050, como define o roadmap tecnológico lançado pelo SNIC e pela ABCP
O Brasil já é um dos países com menor emissão de CO2 por tonelada produzida de cimento. Na média global, a indústria cimenteira responde por 7% de todo o gás carbônico lançado na atmosfera. No país, esse percentual é de 2,6%, mas com o Roadmap Tecnológico do Cimento, assinado em abril de 2019 pelo SNIC (Sindicato Nacional da Indústria Cimenteira) e as empresas associadas, o objetivo é fazer com que o Brasil reduza ainda mais a emissão de CO2 por tonelada de cimento. “Por trás desse produto tão essencial, está uma indústria altamente complexa, intensiva em capital humano e financeiro e firmemente comprometida com a mitigação dos impactos ambientais, inerentes a operações desse porte”, afirma Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
As metas serão alcançadas em duas etapas: até 2030 e até 2050. Elas estão traçadas no Roadmap Tecnológico do Cimento, documento que define as diretrizes para que o setor possa reduzir a emissão de CO2 nas cimenteiras. Um dos primeiros passos resultou na publicação da nova norma técnica de Cimento Portland, a ABNT NBR 16697. Além disso, a indústria definiu 4 pilares para cumprir os objetivos:
- Dobrar a utilização de combustíveis alternativos.
- Melhorar em 15% a eficiência energética do processo de produção.
- Estimular a busca de novas tecnologias para aumentar a utilização de resíduos de outras indústrias, e reduzir a utilização de clínquer.
- Investir em tecnologias inovadoras, como a captura do próprio carbono emitido no processo fabril.
O Roadmap Tecnológico do Cimento começou a ser produzido em 2014, por um corpo técnico coordenado pelo professor e ex-ministro da educação (1991 e 1992) José Goldemberg. Organismos internacionais também se envolveram na elaboração do documento. Entre eles, a Agência Internacional de Energia (IEA), a Iniciativa de Sustentabilidade do Cimento (CSI) do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) e a Corporação Financeira Internacional (IFC) – membro do Banco Mundial. “As soluções são realistas e a transição da indústria do cimento sugerida neste mapeamento só pode ser alcançada mediante uma estrutura reguladora de apoio e investimentos efetivos e sustentados. O roteiro mapeia políticas públicas necessárias, avalia mecanismos de fomento e descreve desafios técnicos para alcançar os objetivos propostos”, completa Paulo Camillo Penna.
Previsão é de que o Brasil aumente a produção de cimento entre 60% e 120% até 2050
O documento divulgado pelo SNIC e pela ABCP projeta ainda que, até 2050, o Brasil deve aumentar a produção de cimento entre 60% e 120% na comparação a 2014, ano de mais alta demanda no país, quando foram produzidas 70,9 milhões de toneladas. Por outro lado, estima-se redução da razão clínquer/cimento de 67% em 2014 para 52% em 2050. Pela projeção, seria possível evitar a emissão cumulativa de 290 Mt (megatoneladas) de CO2, o que representaria 69% do potencial de redução do setor até 2050. O desafio para se atingir tais metas está no fato de que as diferentes alternativas de redução não se encontram distribuídas de forma homogênea pelo país, considerando as dimensões continentais do Brasil e suas diferenças regionais. “É fundamental entender que as diversas ações apontadas neste Roadmap, bem como seus potenciais de penetração e redução de CO2, não necessariamente poderão ser replicadas em todas as regiões brasileiras com a mesma intensidade”, conclui o relatório.
Leia a íntegra do Roadmap Tecnológico do Cimento
Assista vídeo sobre a produção de cimento no Brasil
Entrevistado
Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), com base no prefácio do Roadmap Tecnológico do Cimento
Contatos
secretaria@snic.org.br
dcc@abcp.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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