Espaço com 116 hectares propõe novo modelo habitacional. Ideia é gerar 100% da energia consumida e criar empregos para todos os moradores
Por: Altair Santos
Um extinto terminal ferroviário, usado para manobras de trens, dentro da cidade alemã de Heidelberg, está se transformando em um bairro perfeito. Na área de 116 hectares (1.160.000 m²) concentra-se a construção de um novo modelo de espaço habitacional. Além de ser capaz de gerar boa parte da energia consumida, o bairro tem a pretensão de ter taxa zero de desemprego. No local, são aceitas apenas startups. Para serem aprovadas, as empresas se submetem a um comitê da Universidade de Heidelberg, a mais antiga da Alemanha – fundada em 1364. A instituição avalia o perfil e o potencial de êxito dentro do Bahnstadt (nome do bairro). A prioridade são as empresas científicas de alta tecnologia.
O bairro também agrega estruturas para o dia a dia de seus habitantes: moradias, unidades comerciais, postos de saúde, escola de ensino fundamental, creches, áreas de recreação, espaços verdes, ciclovia e cinema. Atualmente, o Bahnstadt é o maior empregador de Heidelberg. São 12 mil postos de trabalho, dos quais 5 mil destes trabalhadores vão morar nos edifícios que começam a ficar prontos. A expectativa é de que todas as unidades sejam entregues no final do primeiro semestre de 2016. O projeto se propõe a estar 100% concluído em 2022. Para isso, não são medidos esforços nem recursos. Dois bilhões de euros (aproximadamente R$ 8 bilhões) são investidos na área.
A própria Universidade de Heidelberg desenvolveu os parâmetros para criar um selo de sustentabilidade, a fim de avaliar as unidades habitacionais. A construção usa blocos de concreto celular autoclavado e o projeto dos prédios, idealizado pelo escritório Fischer Architekten, explora grandes espaços envidraçados. O objetivo é cumprir com eficiência o desempenho térmico. No inverno, permitir a entrada de muita luz; no verão, proporcionar a difusão do calor. Por isso, os edifícios, com quatro pavimentos cada um, também possuem telhados verdes. Mas a principal característica das residências do Bahnstadt é que elas geram baixíssimas taxas de passivo ambiental, ou seja, reaproveitam até 70% dos resíduos para gerar energia.
Apartamentos custam R$ 1 milhão
Para o professor Wolfgang Feist, diretor do Instituto de Casas Sustentáveis da Alemanha, as residências de Bahnstadt se anteciparam às novas diretrizes de construção sustentável que entrarão em vigor na Europa a partir de 2021, através da Directiva Europeia Building Performance. “São casas com máxima eficiência energética, mas não é só isso: o bairro todo segue rigorosos conceitos de sustentabilidade”, diz Wolfgang Feist. De fato. O compromisso com a emissão zero do CO2 proíbe que veículos que utilizem combustíveis fósseis circulem nos 116 hectares do bairro. São permitidos bicicletas e veículos elétricos.
A iluminação pública também é inovadora. Os postes possuem lâmpadas de LED e elas são acionadas por uma central inteligente. Quando a iluminação natural fica abaixo de 30%, o sistema é acionado. Ao amanhecer, quando a iluminação natural chega a 30%, as lâmpadas se apagam automaticamente. Todo encanamento e cabeamento para operar distribuição de gás, internet e iluminação pública são subterrâneos. “Mesmo antes de estar totalmente pronto, já temos uma certeza: Bahnstadt funciona”, finaliza Wolfgang Feist. Para comprar um apartamento no bairro perfeito, basta ter 260 mil euros (cerca de R$ 1 milhão).
Veja aqui a área ocupada pelo Bahnstadt.
Entrevistados
Achim Fischer, relações públicas da cidade de Heidelberg
Parque Tecnológico de Heidelberg (via assessoria de comunicação)
Prefeitura de Heildelberg (via assessoria de comunicação)
Contatos
stadt@heidelberg.de
oeffentlichkeitsarbeit@heidelberg.de
www.technologiepark-heidelberg.de
Crédito Foto: Divulgação/Bahnstadt