Veja qual será o impacto da COVID-19 na vida urbana
Conceitos de sustentabilidade devem ganhar cada vez mais espaço nas cidades, prevê especialista
Para a engenheira civil e Ph.D em sustentabilidade Daniella Abreu, a pandemia de COVID-19 está mostrando as fragilidades da maioria das cidades brasileiras no que diz respeito a saneamento básico, acesso à energia, água limpa e moradia. Para ela, essas serão prioridades que farão com que a administração pública seja fortemente cobrada a partir de agora. No entender da especialista, a pandemia também vai exigir que as metrópoles se adaptem para permitir que as pessoas possam circular com menor risco de infecção. “Espero transformações bruscas nas cidades depois dessa pandemia. Uma tendência é que a digitalização substitua o excesso de contatos físicos”, avalia.
Daniella Abreu também vê mudanças que devem atingir a mobilidade urbana. “Deverão vir novas formas de se pensar o transporte coletivo, assim como os projetos residenciais e corporativos. Antes, predominavam os conceitos de coworking e coliving. No meu entender, isso deve desacelerar e quem investe nesses projetos terá que revisá-los. A busca do espaço privado voltou a ser prioridade”, diz. Quanto ao transporte coletivo, ela responde com uma constatação o que se verifica na China depois de o país ter sido o primeiro a ser atingido pela pandemia. “O país aumentou volume de venda de veículos, por conta do receio de aglomerações em transporte coletivo. É de se pensar que mudanças virão”, completa.
A engenheira civil, que recentemente participou de webnar promovido pela GBC Brasil, avalia que o pós-pandemia tende a acelerar processos construtivos. “Os hospitais de campanha mostram que é possível viabilizar obras com mais rapidez”, comenta. Daniella Abreu também entende que projetos compromissados com certificações sustentáveis poderão predominar de agora em diante. “A busca do Zero Energy, do bem-estar através de desempenho térmico e acústico, entre outras qualificações, são tendências que vão se consolidar nessa nova realidade, reforçando o tripé cidades inteligentes, construções sustentáveis e energias renováveis”, afirma.
Construtechs terão papel importante no desenvolvimento de novas soluções para as cidades
Outra percepção da especialista é que as construtechs – startups da construção civil – terão papel importante no desenvolvimento de novas soluções para o setor. O Brasil fechou 2019 com mais de 500 construtechs em atividade no país. A proliferação se deve por que elas têm foco em um dos pontos nevrálgicos da construção civil: a produtividade. Atualmente, essas empresas atuam em parceria com as construtoras tradicionais e se concentram em 12 áreas: gestão de canteiros de obra, aluguel de equipamentos, contratação de mão de obra, compra e venda de imóveis, orçamento de obras, compra e gestão de suprimentos, gestão do canteiro, gerenciamento de resíduos, segurança do trabalho, maquetes interativas e modelos 3D imersivos, reformas e decoração de interiores e prospecção de terrenos e lotes. “O momento é de reinvenção e as construtechs podem ajudar muito nesse processo”, finaliza Daniella Abreu.
Entrevistado
Reportagem com base no webnar “Cidades após o Coronavírus”, com a engenheira civil e Ph.D em sustentabilidade Daniella Abreu
Contato
contato@gbcbrasil.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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