Tecnologia acústica tenta romper o silêncio

27 de abril de 2009

Tecnologia acústica tenta romper o silêncio

Tecnologia acústica tenta romper o silêncio 150 150 Cimento Itambé

Brasil ainda enfrenta obstáculos para construir obras preparadas para absorver o som externo, mas norma que entrará em vigor em 2010 trará avanços

Edison Claro de Moraes: “A poluição sonora é democrática, pois atinge todos sem distinção, seja rico, seja pobre.”

Edison Claro de Moraes: “A poluição sonora é democrática, pois atinge todos sem distinção, seja rico, seja pobre.”

O dia 29 de abril é reconhecido mundialmente como o “Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído”. A data foi criada pela associação “League for the Hard of Hearing” e já é seguida por vários países. Nela, costuma-se fazer um minuto de silêncio para destacar o impacto do ruído na vida cotidiana.

No Brasil, um dos difusores do “Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído” é o consultor Edison Claro de Moraes, que avalia que só agora, no país, começou a cair a ficha sobre o tratamento acústico e térmico das obras. Segundo ele, porém, o caminho está só começando. “A tecnologia do silêncio já tem literatura vasta e bons materiais, mas ainda faltam profissionais com qualificação adequada para executá-la”, afirma.

A convicção dos especialistas em acústica é que o país dará um grande salto no assunto a partir de 12 de maio do ano que vem, quando entra em vigor a NBR 15575-1. A norma estabelece vários requisitos que uma edificação deve atender em termos de habitabilidade. Vigente, ela passará a ser um ponto de referência para construtores, fabricantes de materiais de construção e usuários.

Isso significa que as moradias terão de se adequar a padrões que hoje no Brasil são vistos mais rotineiramente nas edificações corporativas. “Esses prédios já seguem normas de sustentabilidade e tomam todos os cuidados do ponto de vista térmico/acústico. São obras de altíssimo padrão. Infelizmente, nas obras mais populares há exemplos raros. São mais exemplos acadêmicos. Alguém que foi lá e fez o projeto, mas não é uma coisa de iniciativa privada ou alguém que fez para comercializar. Infelizmente, a maioria das construtoras enxergam o isolamento acústico como despesa. Elas ainda não atentaram para isso como valor agregado, como marketing. Não existe este paradigma ainda”, avalia Edison Claro de Moraes.

Em estudo intitulado Conforto Acústico entre unidades habitacionais em edifícios residenciais de São Paulo, Brasil, as pesquisadoras Maria de Fátima Ferreira Neto, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), e Stelamaris Rolla Bertoli, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) avaliam que a NBR 15575-1 terá o desafio do clima do país para se impor e adequar as habitações brasileiras. “Os países com clima frio são, de certa forma, privilegiados com a questão do isolamento acústico. Isso porque, devido às baixas temperaturas, os ambientes necessitam de boa vedação térmica, favorecendo o isolamento acústico. Já em países como o Brasil, com clima quente e úmido, a adequação térmica muitas vezes exige que as janelas se mantenham abertas, o que dificulta a obtenção de alto valor de isolamento acústico”, justificam.

Independentemente dos desafios, a busca por qualidade de vida é que deverá ditar as mudanças acústicas nas habitações, como sugere Edison Claro de Moraes: “O desconforto acústico, gerado pela poluição sonora, é uma realidade. E ela é democrática, pois atinge todos sem distinção, seja rico, seja pobre. Está todo mundo exposto, e isso afeta a qualidade de vida. Está na hora de mudar isso e a nova norma dará um grande impulso para essa mudança”, conclui.

Fontes:
Edison Claro de Moraes: edison@atenuasom.com.br
Maria de Fátima Ferreira Neto: mffneto@hotmail.com
Stelamaris Rolla Bertoli: rolla@fec.unicamp.br

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação

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