SIBRACIC reúne pesquisadores para discutir o futuro do concreto que se regenera e novidades sobre autocicatrização

Primeiro simpósio brasileiro sobre o tema trouxe inovações que aumentam a durabilidade e a sustentabilidade das estruturas

Uma pequena fissura no concreto pode parecer inofensiva, em primeiro momento. Mas, ao longo do tempo, essas pequenas aberturas facilitam a passagem de água e outros agentes agressivos, comprometendo a durabilidade das estruturas. Pensando neste tipo de manifestação patológica, a engenharia já desenvolve soluções capazes de tornar o concreto “inteligente”, ou seja, capaz de se regenerar.

Foi justamente para debater esses avanços que nasceu o I Simpósio Brasileiro de Autocicatrização do Concreto (SIBRACIC), realizado em Porto Alegre (RS) nos dias 22 e 23 de maio, reunindo pesquisadores, profissionais da construção e representantes de empresas. “O Brasil faz pesquisa de ponta. Não estamos atrás de outros países, mas é importante unir esforços para avançar mais rápido e criar normas técnicas que possibilitem a transferência tecnológica para o mercado”, afirmou Denise Dal Molin, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das organizadoras do evento.

De acordo com a professora Edna Possan, professora da UNILA e que também participou como palestrante do simpósio, a autocicatrização do concreto acontece quando microfissuras são fechadas por mecanismos naturais do próprio material ou por meio da adição de agentes externos. “Com esse processo, é possível melhorar a estanqueidade e estender a vida útil das estruturas sem a necessidade de intervenções externas”, explica.

As técnicas incluem desde o uso de adições minerais já conhecidas ao concreto, como cinza volante e escória de alto-forno, até a utilização de aditivos cristalizantes e soluções biotecnológicas. Um dos destaques do simpósio foi justamente a autocicatrização por bactérias. “Ela tem mostrado ser a mais eficaz entre todas as tecnologias existentes hoje”, reforça Edna.

Leia mais: https://www.cimentoitambe.com.br/concreto-biorreceptivo-tem-a-capacidade-de-preencher-fissuras-do-concreto/

As tecnologias de autocicatrização representam um avanço significativo para a sustentabilidade na construção civil
Crédito: Envato

Pesquisa nacional conectada ao que há de mais avançado no mundo
O evento trouxe ao Brasil nomes internacionais, como o professor Paulo Monteiro (Berkeley/EUA), que estuda a autocicatrização baseada em técnicas inspiradas no concreto romano, e o professor italiano Liberato Ferrara, integrante de um consórcio europeu sobre o tema.

A presença desses especialistas serviu para reforçar que o Brasil está no mesmo patamar das pesquisas globais. “Trouxemos quem está liderando grupos de pesquisa em várias instituições, e isso valorizou o evento. Convidamos palestrantes que tivessem uma visão mais ampla e integrada sobre os avanços em suas universidades”, detalha Denise.

Integração entre ciência e mercado
Um dos diferenciais do SIBRACIC foi promover o diálogo entre academia e setor produtivo. Cerca de 40% dos congressistas eram profissionais de empresas, muitas delas fornecedoras de aditivos cristalizantes. Para Edna Possan, essa interação foi estratégica. “Cada vez mais, essa interlocução entre ciência e mercado se faz necessária e é bastante promissora”.

A programação também incluiu a apresentação de mais de 40 artigos técnicos, todos em sessões orais, promovendo um ambiente de debate e troca de experiências. Houve ainda premiações para os melhores trabalhos.

Próximos passos para um concreto mais sustentável
Os pesquisadores destacaram que as tecnologias de autocicatrização representam um avanço significativo para a sustentabilidade na construção civil, reduzindo a necessidade de manutenção e o consumo de recursos.

No entanto, para que algumas dessas soluções, como as bactérias cicatrizantes, cheguem ao mercado, ainda são necessários investimentos em pesquisa e desenvolvimento. “É uma área interessante e que deixa muitas pessoas entusiasmadas quando se conhecem os resultados. Acreditamos que o SIBRACIC cumpriu seu papel de difundir esse conhecimento e mostrar o potencial da autocicatrização como um novo paradigma na construção civil”, conclui Denise.

Entrevistadas
Edna Possan é engenheira civil formada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e doutora em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e coordenadora do Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais (Ladema).  Atualmente é membro de diversos comitês de estudos de normas relacionadas a construção civil e presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac). Atua na área de patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente.

Denise Dal Molin é engenheira civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Engenharia Civil pela UFRGS e doutora em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é Professora Titular e pesquisadora (docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil: Construção e Infraestrutura) da UFRGS. Foi membro fundador da Associação Brasileira de Patologia das Construções (ALCONPAT Brasil). Atualmente é membro do núcleo docente estruturante do curso de engenharia civil e líder do Grupo de Pesquisa LAMTAC (Laboratório de Materiais e Tecnologia do Ambiente Construído) da UFRGS.

Contatos
epossan@gmail.com 
dmolin@ufrgs.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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