Pesquisa CNT de Rodovias 2025 evidencia gargalos estruturais

No recorte estadual, o Paraná se destaca positivamente em relação à média nacional

A Pesquisa CNT de Rodovias 2025, divulgada em dezembro de 2025, confirma que a infraestrutura rodoviária brasileira ainda enfrenta desafios estruturais significativos, apesar de avanços pontuais observados nos últimos anos. O levantamento avaliou 114.197 quilômetros da malha rodoviária pavimentada do país, analisando critérios técnicos relacionados ao pavimento, à sinalização e à geometria das vias, elementos que compõem o indicador de estado geral das rodovias.

Segundo o levantamento nacional, financiado pelo SEST SENAT, 37,9% da malha avaliada (43.301 km) foi classificada como Ótima ou Boa em 2025, frente a 33,0% em 2024 (36.814 km), o que representa uma melhora de quase 5 pontos percentuais. Já a proporção de trechos em condição Ruim ou Péssima recuou de 26,6% (29.776 km) para 19,1% (21.804 km), queda de 7,5 pontos percentuais. A categoria Regular permaneceu praticamente estável, passando de 40,4% (45.263 km) para 43,0% (49.092 km). De acordo com o estudo, “a situação Regular de uma rodovia sinaliza um estágio inicial de deterioração que pode evoluir para estados mais críticos, como Ruim ou Péssimo, caso não haja intervenção”.

Para o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, as concessões realizadas em 2025 foram decisivas para melhorar a qualidade das rodovias brasileiras. “Elas trouxeram investimentos em manutenção e modernização, aumentando a segurança e o conforto dos usuários. Esse modelo complementa os esforços do poder público e garante vias melhores para o desenvolvimento do país”, afirma.

Pavimento segue como principal fator de impacto operacional

O pavimento permanece como o elemento de maior influência sobre o desempenho das rodovias. Segundo a CNT, mais da metade da extensão avaliada apresenta condições que variam entre regular e péssima, com ocorrência de defeitos como trincamentos, afundamentos e perda de aderência superficial. Essas manifestações patológicas elevam o custo operacional do transporte, aumentam o consumo de combustível e reduzem a vida útil dos veículos.

A pesquisa estima que a má qualidade do pavimento gera um aumento médio de 31,2% no custo operacional do transporte rodoviário no Brasil, além de provocar desperdício superior a 1,2 bilhão de litros de diesel por ano, com impacto direto nas emissões de gases de efeito estufa.

De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), dentre as estradas pavimentadas no Brasil, apenas 2 a 3% são pavimentadas em concreto.  “Esta técnica já existe há mais de 100 anos. Aqui no Brasil, somente nos últimos 10 – 15 anos que ele passou a ser usado em maior volume”, afirma Dejalma Frasson Junior, gerente da Regional Sul da ABCP.

Cabe ressaltar que o pavimento de concreto se destaca pela alta durabilidade e menor intercorrências de utilização – quando projetado e executado de maneira correta – ao comparar com os demais sistemas de pavimentação, principalmente ao flexível. Dentre os principais benefícios, destacam-se:

  • Vida útil significativamente maior que a do pavimento flexível;
  • Redução de custos com manutenções;
  • Diminuição das intervenções de manutenção, o que reduz congestionamentos e consumo de combustíveis;
  • Maior conforto térmico;
  • Desempenho técnico garante redução na distância de frenagem em até 40%, aumentando a segurança nas estradas;
  • Reciclável ao fim da vida útil e aliado a processos como o coprocessamento de resíduos.

Pavimento de concreto se torna alternativa sustentável para rodovias

Deficiências em sinalização e geometria ampliam riscos

Além do pavimento, a pesquisa aponta problemas recorrentes na sinalização viária, especialmente em rodovias sob gestão pública direta. Trechos sem faixas centrais ou laterais, placas desgastadas e sinalização mal posicionada comprometem a segurança operacional, sobretudo em rodovias de pista simples.

Já a geometria das vias segue como um gargalo histórico. A predominância de pistas simples, curvas com raio inadequado, ausência de acostamentos e falta de dispositivos de segurança contribuem para a elevação dos índices de acidentes. Em 2025, a CNT identificou 2.146 pontos críticos na malha rodoviária nacional, muitos deles associados diretamente a deficiências geométricas.

Concessões apresentam melhor desempenho técnico

Assim como em edições anteriores, a Pesquisa CNT de Rodovias 2025 mostra que rodovias concedidas à iniciativa privada apresentam desempenho técnico superior, com melhores índices de conservação, sinalização e segurança viária. Atualmente, 30.130 km da malha avaliada estão sob concessão, o equivalente a 26,4% do total pesquisado, enquanto os trechos sob gestão pública concentram os piores indicadores.

Para a CNT, a complementaridade entre investimentos públicos e privados é fundamental para garantir previsibilidade, manutenção contínua e modernização da infraestrutura rodoviária.

Desempenho no Paraná

Paraná apresenta desempenho acima da média, mas enfrenta desafios de geometria
Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN

No recorte estadual, o Paraná se destaca positivamente em relação à média nacional, mas ainda apresenta gargalos técnicos relevantes. A Pesquisa CNT de Rodovias 2025 avaliou 6.601 km no estado, correspondentes a 5,8% da extensão total analisada no país.

O estado geral das rodovias paranaenses mostra que 48,6% da malha foi classificada como ótima ou boa, enquanto 42,5% aparecem como regulares e apenas 8,9% como ruins ou péssimas, desempenho superior ao observado no cenário nacional.

O pavimento é um dos principais pontos fortes do estado: 50,2% da extensão avaliada apresenta condição ótima ou boa, reflexo de investimentos contínuos, especialmente em rodovias concedidas. Ainda assim, a elevada proporção de trechos classificados como regulares indica a necessidade de manutenção preventiva para evitar o avanço da degradação estrutural. Vale lembrar que, de acordo com o Governo do Estado, hoje são 755 quilômetros de rodovias com obras de pavimentação ou duplicação em concreto em diferentes fases de execução em todo o Paraná. O número representa um aumento de mais de 50% em apenas seis meses, no comparativo com os 500 quilômetros deste tipo de pavimento registrados em junho de 2025. O investimento total já é superior a R$ 3,3 bilhões.

Na sinalização, o Paraná também se destaca, com 70,6% da extensão classificada como ótima ou boa. Contudo, persistem falhas pontuais, como a ausência de faixa central em 2,9% dos trechos e de faixas laterais em 6,2%, fatores que impactam diretamente a segurança viária.

O principal desafio técnico no estado está relacionado à geometria das vias. Apenas 45,5% da extensão avaliada foi classificada como ótima ou boa, enquanto 27,8% aparecem como ruins ou péssimas. A predominância de pistas simples (77,2%) e a falta de acostamento em 44,9% dos trechos comprometem a fluidez do tráfego e elevam o risco de acidentes, sobretudo em corredores logísticos estratégicos.

Segundo a CNT, as condições do pavimento no Paraná geram um aumento médio de 24% no custo operacional do transporte, reforçando a importância de políticas contínuas de conservação, requalificação geométrica e ampliação de investimentos estruturantes.

Fontes

Vander Costa é presidente do Sistema Transporte.

Dejalma Frasson Junior é gerente da Regional Sul da ABCP.

Contatos

Assessoria de imprensa CNT: imprensa@cnt.org.br

Dejalma Frasson Junior: dejalma.frasson@abcp.org.br

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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