Obra sustentável não pratica “maquiagem verde”

Do inglês greenwashing, termo refere-se ao mau uso dos conceitos de sustentabilidade na construção civil e, por vezes, aceitos por certificações

Do inglês greenwashing, termo refere-se ao mau uso dos conceitos de sustentabilidade na construção civil e, por vezes, aceitos por certificações

Por: Altair Santos

É possível acreditar que todo empreendimento que se vende como uma “obra verde” tenha sido mesmo construído de acordo com os conceitos de sustentabilidade? Segundo a professora do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) Andrea Naguissa Yuba, nesta questão é necessário separar o joio do trigo. A especialista alerta que é preciso distinguir o que é, efetivamente, “prédio verde” do que é “maquiagem verde”. No 2º seminário nacional de construções sustentáveis, realizado no começo de novembro de 2013, em Passo Fundo-RS, Andrea Naguissa Yuba palestrou sobre o tema e foi didática em explicar quando um projeto se apropria de princípios sustentáveis e quando pratica “maquiagem verde”. Confira na entrevista a seguir:

Andrea Naguissa Yuba, da UFMS: maquiagem verde não gera equilíbrio ambiental nem faz bom uso dos recursos naturais

A senhora palestrou recentemente no 2º seminário nacional de construções sustentáveis sobre “maquiagem verde” e “apropriação de princípios sustentáveis”. O que vem a ser essas duas definições?
“Maquiagem verde” vem do inglês greenwashing e é um termo pejorativo,que ressalta o mau uso do termo sustentabilidade e cujos fins não se relacionam com os princípios do conceito. A apropriação real é a que deveria ser exercida.

Então, “maquiagem verde” e “apropriação de princípios sustentáveis” são antagônicas?
Sim, são antagônicas.

E quando uma empresa pode ser tachada de praticar “maquiagem verde”?
Uma empresa que faz “maquiagem verde” não está interessada na integridade ambiental, na inclusão social, na distribuição mais equilibrada de recursos, na participação pública e na valorização cultural. Deve, provavelmente, estar interessada no aumento da propaganda e dos lucros.

Hoje há uma enxurrada de certificações verdes e várias obras buscando essas certificações. Quando é possível perceber que uma construção realmente está comprometida com a sustentabilidade é quando trata-se de uma mera estratégia mercadológica?
A “enxurrada” de certificações de fato existe. E alerto que certificações também podem ser maquiagem. É preciso checar se são imparciais de fato e se os critérios utilizados são reconhecidos. Uma empresa comprometida com a sustentabilidade faz mais do que o mínimo necessário – cumprir a legislação, por exemplo. O seu porte determina o quanto ela pode avançar em relação aos princípios de sustentabilidade. Pediria que anexassem a essa entrevista o artigo dos autores Silva e Shimbo, sobre o assunto.

O que a senhora acha dessa profusão de certificações verdes que chegaram ao Brasil nos últimos anos?
A profusão de certificações mostra a necessidade de medir. Mas se não tivermos muitos avanços a medir, do que adiantará? Então, penso que a parte mais difícil, que é modificar os padrões e comportamentos, ainda não está sendo feita a contento.

Os profissionais que atuam na arquitetura e na engenharia civil estão conscientes quanto às práticas sustentáveis ou ainda é uma minoria que se preocupa com esse tema?
Ter ciência e ter consciência são coisas diferentes. Mas o profissional sozinho não faz sustentabilidade. Talvez seja essa a razão de não vermos tanto impacto nas edificações e nas cidades.

E quanto aos cursos de engenharia civil e arquitetura, eles já possuem disciplinas voltadas para a sustentabilidade ou ainda estão tentando se adaptar a esse novo momento?
Há disciplinas e cursos de pós-graduação que tratam do tema. Mas há empecilhos para transformar pesquisa em produto e de transformar ações isoladas em práticas generalizáveis.

O custo ainda é o grande empecilho para a profusão de conceitos sustentáveis nas obras?
Falar em custo de estratégias mais sustentáveis é injusto perante o índice de desperdícios que ainda são comuns nas obras.

Leia aqui artigo Proposição básica para princípios de sustentabilidade

 

Entrevistada
Andrea Naguissa Yuba, professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), graduada em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em engenharia civil pela UFRGS e doutorado em ciências da engenharia ambiental pela USP
Contato: arq.ccet@ufms.br

Créditos fotos: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Massa Cinzenta

Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.

Veja todos os Conteúdos

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS

Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32

Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40

Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.

Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI

O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.

descubra o cimento certo

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

descubra o cimento certo