A falta de políticas e estratégias de manutenção na construção civil é uma das principais causas de deterioração precoce do ambiente construído
A falta de políticas e estratégias de manutenção (preventiva e corretiva) na construção civil resulta em graves consequências, principalmente no que se refere aos riscos aos usuários finais das obras.
Na década de 60, mesmo utilizando alta tecnologia para a época, como o concreto pretendido, o projeto e a execução das obras não observavam, por exemplo, as disposições mais adequadas aos aspectos de manutenção e vida útil das edificações. Isso significa que, na época, não foram observadas algumas diretrizes para inspecionar e manter uma obra no seu dia-a-dia, dificultando o posterior trabalho de manutenção.
O conhecimento técnico sobre segurança em edificações tem se aperfeiçoado muito nos últimos anos, mas ainda persiste a falta de uma cultura que preveja no orçamento inicial os custos com manutenção.
Prova disso é que no Brasil, especialmente nas grandes cidades, os viadutos, pontes, marquises e até mesmo os terraços de prédios estão em péssimas condições. E, geralmente, não há qualquer acompanhamento ou manutenção dessas estruturas e o uso indevido agrava ainda mais esta situação.
Para assegurar a vida útil projetada, e garantir a funcionalidade da obra, deve fazer parte desde o início do projeto a indicação das medidas mínimas de inspeção e manutenção preventiva. Garantindo assim a durabilidade dos materiais e componentes da edificação.
A manutenção deve fazer parte de um processo amplo de gestão, que identifique, através de vistorias periódicas, as avarias existentes; diagnosticando-as e indicando as ações de prevenção e de recuperação necessárias, é o que afirma o engenheiro Afonso Vitório, autor da palestra A importância da manutenção para a sustentabilidade do espaço construído. Segundo o engenheiro, na elaboração de novos projetos devem ser previstas medidas com o objetivo de aumentar a durabilidade da estrutura e de dotá-las de disposições construtivas que permitam e facilitem as ações de recuperação e manutenção.
A ação das chuvas, a acidez do ar e a falta de limpeza, pintura e outros cuidados também contribuem para o surgimento de patologias que podem comprometer a estrutura.
Por tudo isso, é fundamental que órgãos governamentais, empresas e entidades de classe do setor da construção incorporem a prática da manutenção, abrangendo inspeções e programas de intervenção antes que os problemas ocorram. Afinal, alguns detalhes que muitas vezes passam despercebidos, como rachaduras, infiltrações e pequenas fissuras, podem constituir-se em uma ameaça real capaz de provocar graves acidentes.
Gastos com manutenção prejuízo à vista ou mais economia?
Quando finalmente percebe-se a necessidade da manutenção, a estrutura geralmente encontra-se em um estado bastante crítico. E quanto mais tempo se demora a tomar as providências, maiores são os custos finais.
Portanto, a prevenção continua sendo o modelo mais eficaz e econômico. A ausência de programas de manutenção gera inúmeros prejuízos, materiais e financeiros, para os setores públicos e privado e para a própria sociedade. O investimento em manutenção, sobretudo preventiva, gera uma economia significativa com gastos com patologias que se manifestariam caso não houvesse os cuidados necessários.
Referência:
Créditos: Caroline Veiga