Novas tecnologias modernizam norma-chave da construção civil
NBR 6122, que trata de projetos e execuções de fundações, sofreu importantes alterações em relação à edição anterior, de 1996, trazendo mais segurança para as obras.
NBR 6122, que trata de projetos e execuções de fundações, sofreu importantes alterações em relação à edição anterior, de 1996, trazendo mais segurança para as obras
Por: Altair Santos
Desde outubro de 2010, as equipes de estrutura e de fundação estão atuando em conformidade com a versão atualizada da norma ABNT NBR 6122 – Projeto e execução de fundações. Influenciada pelas novas tecnologias que desembarcaram na construção civil, a norma sofreu profundas modificações em relação à original, de 1996. Além de trazer novo conceito aos projetos, ela agrega também maior segurança às obras.
É o que revela o engenheiro civil e professor da Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Jaime Domingos Marzionna, que coordenou a comissão revisora da NBR 6122. Por sete anos, uma das normas-chave da construção civil passou por criteriosa avaliação até que o texto final fosse colocado em vigor pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Na entrevista a seguir, Marzionna revela o que há de novo na nova NBR 6122. Confira:
As novas tecnologias construtivas é que levaram à revisão da NBR 6122?
As novas tecnologias construtivas de fundações realmente levaram à revisão da norma NBR 6122, mas não apenas elas. As novas metodologias e conceitos introduzidos no projeto das fundações também conduziram à necessidade de revisão da NBR 6122. Portanto, a versão de 1996 da NBR 6122 estava desatualizada, tanto no que se refere ao projeto quanto ao de execução das fundações.
Em relação à versão anterior, de 1996, o que mudou?
A NBR 6122:2010 é uma norma totalmente nova, a começar pela sua estruturação. A norma atual está dividida em projeto e execução dos vários tipos de fundação. Foram também introduzidas mudanças importantes na parte de projeto, com a introdução da possibilidade de cálculo das fundações com coeficiente de segurança global ou com coeficientes de segurança parciais. Outra novidade foi a introdução do conceito de região representativa do terreno. Isso permite um projeto mais otimizado das fundações, em determinadas situações em que se tenha um melhor conhecimento do subsolo local. Merece destaque também a fixação das situações onde é obrigatório o acompanhamento do comportamento das estruturas com, no mínimo, monitoramento de recalques e a fixação de critérios claros para a verificação do desempenho das fundações em estacas, através da realização de provas de carga estáticas ou de ensaios de carregamento dinâmico.
A NBR 6122 vale para todo tipo de construção, incluindo obras em pré-moldado?
Sim, a norma NBR 6122 contempla o projeto e execução de fundações para qualquer tipo de edificação, não importando de qual material é constituída a superestrutura.
Em termos de prova de carga, a norma muda a forma de avaliação?
A norma NBR 6122:2010 fixa, claramente, as condições em que é obrigatória a realização de provas de carga estáticas ou de ensaios de carregamento dinâmico de estacas para comprovação do desempenho destes elementos de fundação. Estabelece também a possibilidade de se executar provas de carga antes do desenvolvimento do projeto ou no início da execução da obra, com a vantagem de redução do coeficiente de segurança.
Para revisar a norma, quanto tempo levou e quantas pessoas integraram a equipe?
A revisão da norma NBR 6122 teve início no dia 26 de maio de 2003, com a realização de um evento público no SindusCon de São Paulo, onde foi escolhida uma comissão revisora. Essa comissão era formada por um coordenador, um secretário, representantes da cadeia produtiva (projeto e execução), um representante dos consumidores (construtoras) e um membro neutro que era o representante da sociedade. Essa comissão tinha a função de elaborar o novo texto da norma, colocá-lo em discussão, atender e responder a todos os questionamentos levantados por toda a sociedade. O trabalho de desenvolvimento do novo texto da NBR 6122 não ficou restrito aos membros da comissão. Outras subcomissões foram formadas e vários outros colegas colaboraram com o desenvolvimento e aprimoramento do texto atual através de sugestões. Os trabalhos da comissão revisora encerraram-se em 15 de dezembro de 2009, quando foi realizada a última reunião da comissão, com a finalização do texto, que foi então encaminhado a consulta pública pela ABNT, o que ocorreu em março de 2010. Ao todo foram realizadas 143 reuniões da comissão revisora, o que resultou em pelo menos 215 horas de reunião.
A revisão da NBR 6122 se baseou em alguma norma internacional?
A norma NBR 6122 não seguiu nenhuma norma internacional específica. No entanto, vale registrar que a comissão revisora estudou com detalhes a norma europeia (EUROCODE) e em alguns pontos a NBR 6122 utilizou conceitos ali empregados.
Entrevistado
Jaime Domingos Marzionna, coordenador da comissão revisora da NBR 6122
Currículo
– Engenheiro Civil pela Politécnica da Universidade de São Paulo – 1974
– Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo -1979
– Professor Assistente da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo desde 1975
– Foi Secretário Executivo, Vice-Presidente e Presidente do Núcleo São Paulo da ABMS
(Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica)
– Foi Vice-Presidente da ABEG (Associação Brasileira de Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica)
– Iniciou sua carreira profissional atuando na área de projeto de obras civis de grandes projetistas, como Promon e Themag, desenvolvendo projetos de grande porte tais como metrôs e barragens.
– Em 1988 criou a Engeos Engenharia, onde até hoje atua na área de projetos geotécnicos e de consultoria.
– Foi o Coordenador da Comissão Revisora da Norma Brasileira NBR-6122 – “Projeto e Execução de Fundações”.
Contato: jaime@engeos.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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