Reconhecida mundialmente, iraquiana morreu em 31 de março, mas deixou 36 obras com sua assinatura para serem construídas em 21 países
Por: Altair Santos
Dia 31 de março, morreu vítima de infarto, em Miami-EUA, talvez a mais renomada arquiteta do século 21: a iraquiana Zaha Hadid. Com exceção dos países da América Latina, há projetos dela em boa parte do mundo – do Azerbaijão a Hong Kong; do Líbano à Alemanha. Especialista em trabalhar com o concreto, Zaha Hadid era conhecida como a “arquiteta de todas as obras”.
Seu portfólio inclui de casas a prédios, de hospitais a museus, de bases militares a equipamentos esportivos, de pontes a objetos de decoração. Seu primeiro projeto premiado foi uma estação para bombeiros na Alemanha, em 1993. Desde então, Zaha Hadid ganhou todos os grandes troféus da arquitetura: Mies van der Rohe, Prêmio Pritzker (primeira mulher a ganhá-lo) e Praemium Imperiale.
A arquiteta foi também a primeira mulher a receber a medalha de ouro do Instituto Real de Arquitetos Britânicos, em reconhecimento por sua obra. Nascida em Bagdá, e graduada em matemática pela Universidade de Beirute, ela enveredou para a arquitetura após passar pela Associação Arquitetônica de Londres. Em 1979, Hadid abriu seu próprio escritório: o Zaha Hadid Architects.
Autora do projeto do parque aquático das Olimpíadas de Londres, em 2012, a arquiteta foi consultada sobre a possibilidade de projetar equipamentos para a Rio 2016. No entanto, o valor cobrado inviabilizou sua contratação. O escritório Zaha Hadid é considerado o que elabora os projetos mais caros do mundo. Contratada para pensar a infraestrutura dos Jogos de Tóquio, em 2020, também foi descartado pelo governo japonês. Só o estádio olímpico foi orçado em US$ 2 bilhões (R$ 8 bilhões).
Quatro obras ficarão prontas em 2016
Em 2015, o escritório da arquiteta envolveu-se em uma polêmica. Um bloco de concreto pesando aproximadamente 80 quilos desprendeu da fachada do prédio que abriga a biblioteca de economia da Universidade de Viena, na Áustria, e que leva a assinatura de Zaha Hadid. Por ter ocorrido de madrugada, quando o edifício e seu entorno estavam vazios, não houve nenhum vítima.
O desastre, porém, não foi suficiente para abalar o prestígio da arquiteta. Após a sua morte, aos 65 anos, Zaha Hadid deixa 36 obras com sua assinatura, e que ainda estão em construção em 21 países. Quatro deles serão concluídos em 2016: o terminal marítimo Salerno, na Itália (já inaugurado); a Port House, na Antuérpia, na Bélgica; Centro de Estudos e Pesquisas do Petróleo em Riade, na Arábia Saudita; e a Galeria de Matemática no Museu de Ciência de Londres, na Inglaterra.
O escritório Zahad Hadid não será desativado. Seguirá projetando e assumiu o compromisso de manter o legado da arquiteta. Após sua morte, o corpo de profissionais que atuava com ela divulgou uma nota em que reforça o comprometimento: “Zaha é o DNA de Zaha Hadid Architects. Ela continuará a nos guiar e a inspirar todos os dias, e trabalharemos do modo como Zaha nos ensinou: com curiosidade, integridade, paixão e determinação”.
Entrevistado
Zaha Hadid Architects (via assessoria de comunicação)
Contato: press@zaha-hadid.com
- Estação Vitra, na Alemanha: um posto do corpo de bombeiros que rendeu o primeiro prêmio internacional
- Instituto Issam Fares, no Líbano: Brás em todo mundo, exceto na América Latina
- Terminal de Salerno, na Itália: primeira obra pronta pós-morte
- Biblioteca do curso de economia da Universidade de Viena: obra polêmica da Zaha Hadid
Créditos Fotos: Divulgação/Zaha Hadid Architects