Equipamento facilita acessibilidade e não se limita mais a espaços urbanos e prédios públicos. Agora, ele substitui escadas em residências
Por: Altair Santos
As rampas não estão mais restritas a prédios públicos, hospitais, shopping centers e estacionamentos. A versatilidade tem feito o equipamento conquistar outros nichos. Entre eles, os projetos residenciais. Entre a nova geração de arquitetos, existe um grupo que enxerga nas rampas não apenas soluções para melhorar a mobilidade, mas a oportunidade de inovar no design. Nos Estados Unidos, esses profissionais passaram a colocá-las no lugar das escadas, para interligar casas com dois pavimentos.
A ideia replicou e chegou ao Brasil, onde o escritório MK27, de Marcio Kogan, concebeu a “Casa Rampa”, em 2015. O projeto foi todo pensado em função da rampa que liga os dois níveis da residência. A novidade, neste caso, é que o equipamento de mobilidade protagonizou o projeto, o que rendeu prêmios internacionais ao escritório. Após a conclusão da obra, Kogan disse ter se inspirado em dois ícones da arquitetura nacional, e mundial: Oscar Niemeyer e Vilanova Artigas.
Niemeyer, ao projetar os prédios de Brasília, não poupou em rampas. Os equipamentos mais emblemáticos estão no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Porém, é no interior do edifício onde a Presidência da República despacha que está a rampa que Niemeyer mais admira. Trata-se do equipamento em espiral que liga o hall de entrada do Palácio do Planalto ao segundo pavimento. Já Vilanova Artigas tem nas rampas da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP seu grande momento ao trabalhar com essa solução arquitetônica.
ABNT NBR 9050
Agora, na era da acessibilidade e da mobilidade urbana, as rampas tornaram-se elementos politicamente corretos. Na Dinamarca, um projeto para convencer casais jovens a terem filhos parte do princípio de que “quem casa, quer casa”. Assim, foi criado um programa habitacional que prioriza a venda de unidades para recém-casados, desde que eles se comprometam a ter filhos em um período máximo de cinco anos. Para facilitar a mobilidade com carrinhos de bebês, e oferecer segurança aos futuros moradores, os prédios foram todos concebidos com rampas em vez de escadas.
No Brasil, as rampas têm o amparo técnico da ABNT NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, que foi revisada e entrou em vigor em outubro de 2015. Foi a terceira vez que a norma técnica passou por atualização e, desta vez, ela define que projetos de prédios públicos são obrigados a possuir rampas, além de ressaltar critérios de sinalização e criar parâmetros para intervenções em bens tombados pelo patrimônio histórico.
A ABNT NBR 9050 também criou segurança técnica para que a indústria de pré-fabricados de concreto colocasse a produção de rampas em seu portfólio. Um item que não estava bem explicado nas edições anteriores da norma era o cálculo de inclinação. Isso levou à construção de rampas sem nenhum critério – algumas até oferecendo risco aos pedestres. O novo texto estabelece parâmetros bem abrangentes em relação a esses equipamentos, inclusive influenciando na escolha do revestimento. Agora, existe uma metodologia para construir rampas no Brasil.
Acesse aqui a edição revisada da ABNT NBR 9050!
Entrevistados
– Escritório de arquitetura MK27 (via assessoria de imprensa)
– Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (via assessoria de imprensa)
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Crédito Fotos: Divulgação/MK 27