Universidade do Colorado produz cimento sem carbono

Tecnologia promete revolucionar a indústria da construção civil
27 de julho de 2022

Universidade do Colorado produz cimento sem carbono

Universidade do Colorado produz cimento sem carbono 533 533 Cimento Itambé
Troca do cimento tradicional pelo material feito a partir de algas poderia reduzir duas gigatoneladas por ano de emissões de dióxido de carbono.
Crédito: Envato 

A indústria do cimento cada vez mais busca soluções para reduzir os impactos ambientais. Pensando nisso, uma pesquisa feita pela Universidade do Colorado desenvolveu um cimento Portland à base de calcário biogênico, isto é, com microalgas que ajudam a reduzir as emissões de CO₂.  

O projeto chamou atenção do Departamento de Energia dos Estados Unidos, que investiu US$ 3,2 milhões para aumentar o cultivo da alga utilizada no projeto, que é chamada cocolitóforo. 

Processo de produção

De acordo com os pesquisadores da Universidade do Colorado, este processo é, basicamente, uma industrialização da forma como os recifes de coral e o plâncton criam o calcário. 

“O que estamos fazendo é mudar a fonte de calcário. Ao invés de retirá-lo do solo, estamos cultivando-o usando algas”, afirmou Wil Srubar, líder do trabalho e diretor do Laboratório de Materiais Vivos da Universidade do Colorado. O trabalho acontece da seguinte forma: os cocolitóforos que florescem nos oceanos usam luz solar, água do mar e dióxido de carbono dissolvido para produzir carbonato de cálcio (calcário), que está contido em seus corpos e conchas – e eles produzem calcário muito mais rápido do que os recifes de coral em expansão.

De acordo com Srubar, se a transição total for feita, trocando as pedreiras pelo calcário cultivado usando cocolitóforos, será possível evitar duas gigatoneladas por ano de emissões de dióxido de carbono. Esse cálculo pressupõe o crescimento da construção urbana nas taxas atuais em todo o planeta – um ritmo acelerado que grupos da indústria da construção estimam ter triplicado nas últimas quatro décadas, adicionando o equivalente a uma cidade de Nova York a cada mês.

O financiamento federal concedido em julho de 2022 destina-se a enviar engenheiros da Universidade do Colorado para trabalhar em conjunto com colegas que coletam e cultivam algas na Universidade da Carolina do Norte, em Wilmington, e com cientistas de energia do Laboratório Nacional de Energia Renovável do DOE, em Golden.

As algas teriam que ser cultivadas em lagoas, e estas cobririam cerca de 2 milhões de acres no total para atender às necessidades da indústria de construção dos EUA, segundo Srubar. “Isso é cerca de 0,5% da terra do país. Os pesquisadores preveem lagoas dispersas para eficiência econômica na entrega de cimento. A partir de dois anos, os pesquisadores embarcarão no cultivo em larga escala dos organismos em instalações no Arizona”, disse o pesquisador.

Vantagens

Além de diminuir as emissões de CO₂, o que ajudaria a conter o aquecimento climático, a mudança para esta modalidade de produção de cimento também melhoraria, ligeiramente, o efeito de ilha de calor urbano que amplifica o aquecimento, uma vez que este tipo de cimento mais branco não absorveria tanto calor quanto o cinza.

Fonte
Wil Srubar é diretor do Laboratório de Materiais Vivos da Universidade do Colorado e tem PhD em Engenharia Civil pela Universidade de Stanford University

Contato
wsrubar@colorado.edu

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

27 de julho de 2022

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