UFMG consegue patente de cimento nanoestruturado

Apenas dois outros países possuem esse tipo de licença para produzir material semelhante: Estados Unidos e China
23 de outubro de 2019

UFMG consegue patente de cimento nanoestruturado

UFMG consegue patente de cimento nanoestruturado 1024 660 Cimento Itambé
Pesquisadores da UFMG conseguiram acrescentar nanotubos de carbono na produção de clínquer, matéria-prima para a fabricação do nanocimento Crédito: CTNano

Pesquisadores da UFMG conseguiram acrescentar nanotubos de carbono na produção de clínquer, matéria-prima para a fabricação do nanocimento
Crédito: CTNano

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) obteve recentemente, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a primeira patente nacional de cimento nanoestruturado. Apenas dois outros países possuem esse tipo de licença para produzir material semelhante: os Estados Unidos, desde 2015, e a China, desde 2016. A UFMG levou mais de uma década para obter a patente do produto, que se diferencia do Cimento Portland por receber nanotubos de carbono diretamente na matriz cimentícia, que é o clínquer

Um nanotubo de carbono equivale à bilionésima fração de um metro, ou seja, é 100 mil vezes mais fino que um fio de cabelo. Somente com microscópios que usam a nanotecnologia é possível visualizá-los. A UFMG possui esses equipamentos em seu Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano). Foi o que permitiu que os pesquisadores liderados pelo físico Luiz Orlando Ladeira e pelo engenheiro civil José Marcio Calixto desenvolvessem o clínquer nanoestruturado e, consequentemente, chegassem ao nanocimento.

O resultado prático do produto desenvolvido na UFMG é que ele melhora a resistência à compressão, mas principalmente a resistência à tração do concreto que utilize o nanocimento. “Hoje sabemos que a adição de 0,3% de nanotubos em compósitos cimentícios aumenta seu modo de tração em 60%. Ou seja, uma pitadinha muda essa propriedade”, resume Luiz Orlando Ladeira. Para o concreto armado, os pesquisadores estimam que será possível usar menos armaduras de aço em estruturas que utilizem cimento produzido a partir de nanoclínquer.

O professor Luiz Orlando Ladeira explica ainda que compósitos cimentícios que usem nanocimento são mais resistentes às fissuras. “O concreto produzido com cimento nanoestruturado não dispensa o uso do aço, mas diminui o seu consumo. Contudo, o ganho mais significativo é a resistência ao estresse térmico, em que processos de aumento e diminuição de temperatura geram fadiga mecânica, levando a fissurações”, comenta o coordenador do CTNano.

Próximo passo é atingir a produção do clínquer nanoestruturado em escala industrial

A patente obtida pela UFMG diz respeito ao modo como os nanotubos de carbono são adicionados na fabricação do clínquer. A tecnologia adotada evita que as nanofibras aglomerem, possibilitando que se dispersem por toda a matriz cimentícia. Outra vantagem da invenção é que o clínquer nanoestruturado obtido ao final do processo pode ser misturado ao processo industrial do Cimento Portland. “O clínquer nanoestruturado contém de 10% a 25% de nanotubos de carbono. Fazemos a diluição desse material no cimento comum, de modo que não é necessário passar todo o cimento pelo processo. Um quilograma desse material pode ser diluído entre 90 quilos a 100 quilos de cimento sem perder as propriedades”, afirma Ladeira.

Para José Marcio Calixto, todos os compósitos à base de Cimento Portland podem se beneficiar da inovação. “Ele é capaz de melhorar as propriedades da pasta de cimento, utilizada principalmente em poços de petróleo, bem como as das argamassas usadas em alvenarias e também nos revestimentos, além do concreto”, resume. O próximo passo, dizem os pesquisadores, é atingir a produção do clínquer nanoestruturado em escala industrial. Nos laboratórios da UFMG a produção já atinge a marca de um quilo de nanoclínquer por dia.

Saiba o que é a nanotecnologia

Entrevistados
Físico Luiz Orlando Ladeira e Engenheiro Civil José Marcio Calixto, pesquisadores do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano)

Contato: contato@ctnano.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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