Placas hexagonais de concreto pavimentam ruas do futuro

Projetado na França, CUD se espalha pela Europa e chega ao Canadá, onde será integrado a um bairro inteligente
29 de janeiro de 2020

Placas hexagonais de concreto pavimentam ruas do futuro

Placas hexagonais de concreto pavimentam ruas do futuro 1024 683 Cimento Itambé
Placas de concreto podem agregar tecnologia, como iluminação e células que captam energia solar. Crédito: IFSTTAR

Placas de concreto podem agregar tecnologia, como iluminação e células que captam energia solar.
Crédito: IFSTTAR

Projetado por pesquisadores do IFSTTAR (Instituto Francês de Ciência e Tecnologia de Transporte, Planejamento e Redes), o CUD (do francês Les Chaussées Urbaines Démontables [Pavimentos Desmontáveis ​​Urbanos]) se espalha pela Europa e chega ao Canadá. A ideia é oferecer soluções para as ruas, quando elas precisam passar por manutenção ou serem abertas para o uso de serviços como água e esgoto, energia elétrica ou gás. “Propusemos um piso modular que pode ser instalado e removido indefinidamente para permitir que a cidade se adapte continuamente às mudanças”, explica o engenheiro Thierry Sedran, vice-chefe do Laboratório de Materiais Inovadores para Infraestruturas de Transporte do IFSTTAR.

Placas de concreto têm vida útil de 30 anos e podem ser colocadas e removidas quantas vezes forem necessárias para obras urbanas. Crédito: IFSTTAR

Placas de concreto têm vida útil de 30 anos e podem ser colocadas e removidas quantas vezes forem necessárias para obras urbanas.
Crédito: IFSTTAR

O CUD é formado por blocos pré-fabricados de concreto em formato hexagonal, que podem ser retirados e recolocados sem grandes operações de retrabalho. O IFSTTAR justifica o desenho hexagonal das peças por elas terem ângulos abertos. Com isso, minimiza o risco de quebras no concreto. Os blocos possuem 1 metro de diâmetro por 20 centímetros de espessura. “Nem todas as geometrias permitem pavimentar um espaço. Os blocos em forma de triângulo e quadrado concentram tensões e correm o risco de quebrar. Daí a ideia do hexágono, que permite ângulos mais abertos, o que minimiza o risco de quebra do pavimento”, diz Thierry Sedran.

A primeira cidade francesa a receber o pavimento desmontável urbano foi Nantes, há 12 anos. Nesse período, o IFSTTAR monitorou as ruas onde o CUD foi instalado. Mesmo com montagem e remontagem das vias, o instituto francês atesta a boa qualidade das peças de concreto. “A vida útil de um bloco hexagonal é de 30 anos, ou seja, um pavimento bastante competitivo se uma cidade pensar no longo prazo”, avalia o engenheiro Thierry Sedran.  Após perceber o bom desempenho das estruturas hexagonais em ruas urbanas de Nantes, a prefeitura de Paris também aderiu à ideia. Barcelona, na Espanha, as adotou recentemente. Agora chegou a vez de Toronto, no Canadá, usá-las na construção de um bairro inteligente.

Todas as vias do Quayside, em Toronto, vão usar invenção francesa

Quayside ficará às margens do lago Ontario, terá quase 5 hectares e será repleto de inovações tecnológicas. Crédito: Sidewalk Labs

Quayside ficará às margens do lago Ontario, terá quase 5 hectares e será repleto de inovações tecnológicas.
Crédito: Sidewalk Labs

A subsidiária do Google, a Sidewalk Labs, projeta desde 2017 a construção do Quayside, que sairá do papel em 2020. A ideia é que o bairro possa receber carros autônomos, calçadas rolantes, robôs que farão o gerenciamento dos resíduos sólidos e uma rede de sensores capaz de monitorar ruídos, tráfego e poluição. O projeto prevê coleta de dados em todo o bairro, para aprimorar sua gestão e mantê-lo dentro dos padrões de sustentabilidade. Por isso, as ruas terão alta tecnologia por baixo do pavimento, o que levou os idealizadores do Quayside a optar pela versatilidade do CUD.  

O bairro – pequeno para os padrões urbanos atuais – terá 48,6 mil m2 (pouco mais de 4 hectares e meio) e o investimento para construí-lo será de 3,9 bilhões de dólares. Com vocação residencial, o Quayside terá 2.600 moradias e promete gerar 3.900 empregos diretos durante a fase de construção, além de 9.000 indiretos. A previsão é que a execução se dê ao longo de 5 anos.

Veja vídeo sobre como são montadas e desmontadas as placas nas ruas

Entrevistado
Engenheiro Thierry Sedran, vice-chefe do Laboratório de Materiais Inovadores para Infraestruturas de Transporte do IFSTTAR

Contato
www.ifsttar.fr
www.twitter.com/Ifsttar
thierry.sedran@ifsttar.fr

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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