Qualidade se mede pela capacidade de resistir à penetração de gases, que podem desencadear carbonatação e outras patologias na estrutura
Por: Altair Santos

Tintas de baixa qualidade descascam e podem contaminar blocos de concreto com fungos e bactérias
Pintar o concreto é a forma mais fácil de proteger a estrutura de agressividades do ambiente, de raios ultravioletas e de patologias como a carbonatação. Mas é preciso cuidado com a composição química da tinta. O produto precisa ter boa resistência para bloquear a entrada de gases no concreto. É importante também se precaver contra tintas que possam carregar fungos e bactérias. Neste item, elas devem seguir a norma técnica publicada em maio de 2016: a ABNT NBR 16445 – Tintas para construção civil – Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais – Detecção de bactérias redutoras de sulfato em tintas, vernizes e complementos.
A ABNT NBR 16445 deve ser aplicada em conjunto com a ABNT NBR 11702:2010, que foi revisada em 2011 e confirmada em 2014. Ela estabelece a classificação dos tipos de produtos empregados nas pinturas de edificações não-industriais. O objetivo básico destas normas é minimizar o risco de que tintas vendidas no mercado possam carregar bactérias redutoras de sulfato (BRS), as quais são muito danosas – principalmente, quando em contato direto com blocos de concreto ou com o concreto aparente. Em paredes ou pisos com esses materiais, o recomendável é que só sejam aplicadas demãos de tinta quando a argamassa ou o concreto tenham atingido 28 dias de cura.

Parede interna em concreto aparente só deve receber pintura se estiver livre de umidade
Segundo os membros do CB 164 – Comitê de Tintas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – é preciso também estar atento à meteorologia para manusear tintas. Sol em excesso, umidade e ventos fortes são fatores que influenciam no resultado final da pintura. Após um período chuvoso, por exemplo, é necessário aguardar pelo menos três dias de estiagem para que a umidade absorvida pela alvenaria evapore. No caso do concreto aparente, recomenda-se de cinco dias a uma semana de espera. Por outro lado, quando há forte incidência da luz solar, o solvente pode evaporar rapidamente e prejudicar a cura da tinta na parede.
Verniz requer cuidados especiais
No caso de tintas específicas para concreto, é recomendado realizar ensaio para ver se o produto é resistente à penetração de gases agressivos, principalmente se a opção são os vernizes. O motivo é que os vernizes se deterioram mais rapidamente que as tintas. Por isso, quanto mais ricos em resina maior a resistência à penetração de gases. As resinas, principalmente em revestimentos sobre o concreto, ajudam substancialmente na resistência à alcalinidade e aos raios ultravioletas. Mas o CB 164 faz a seguinte observação: recomenda-se que o concreto seja pintado e não envernizado, e que a tinta tenha garantia mínima de cinco anos e expectativa de vida de dez anos.
Se a opção for pelo verniz sobre concreto aparente, sugere-se que a pintura seja renovada de três em três anos. Se não houver a renovação neste período, muito provavelmente deixarão de exercer a função protetora, expondo a estrutura a fenômenos patológicos. Principalmente, se a espessura do recobrimento da armadura estiver abaixo do limite pedido pelas normas técnicas. Então, conclui-se: para envernizar concreto, o recobrimento deve ter ampla margem de segurança.

Verniz deteriora mais rápido que tintas, o que requer uma rotina de manutenção diferente
Entrevistado
CB 164 (Comitê de Tintas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Contato: cb164@abnt.org.br
Crédito Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330