Monitoramento do “paciente”, tomografias, investigação das causas e remédios cada vez mais eficazes também são usados pelos engenheiros civis
Por: Altair Santos
Os métodos para diagnosticar patologias em construções perseguem os sistemas já usados na medicina. As tecnologias não invasivas têm sido levadas a este ramo da engenharia civil, assim como os estudos para entender as causas e poder prevenir que estruturas de concreto não fiquem “doentes”. “Hoje em dia, o monitoramento, as estruturas inteligentes à base de sensores e as tomografias do concreto têm sido usadas cada vez com mais frequência, não só para detectar as manifestações patológicas, mas também para preveni-las e para entender como é que elas surgem”, explica o professor e diretor da escola de engenharia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Luiz Carlos Pinto da Silva Filho.
Segundo o professor titular da Universidade Federal de Goiás, Enio José Pazini Figueiredo, os sistemas não invasivos para analisar estruturas de concreto começaram na Dinamarca e passaram a exigir dos profissionais que atuam na área especializações bem específicas. “Este é um segmento recente, mas evoluído. É também multidisciplinar e exige conhecimento”, diz. Assim como na medicina, cada patologia do concreto tem suas características e merece tratamento diferenciado. “Comparativamente, é como uma doença coronariana, que não pode ser tratada de forma semelhante a um câncer”, completa Luiz Carlos Pinto da Silva Filho. Por isso, existem hoje detecções eletromagnéticas de armaduras, ensaios de esclerometria, ensaios eletroquímicos e outras tecnologias para se prospectar patologias em estruturas.
O presidente da ALCONPAT Brasil, Bernardo Fonseca Tutikian, lembra que os avanços nas formas de se estudar e combater patologias do concreto coincidiram com o surgimento de importantes normas técnicas que foram publicadas ou revisadas a partir de 2010. “Esse crescimento, sem dúvida, está calcado na evolução e na aprovação de importantes normas que o país ganhou nos últimos quatro anos. A principal delas, a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) que pela primeira vez especificou vida útil com manutenção. Daí vieram, a norma de manual e uso de operação e manutenção (NBR 14037 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos), a norma para reformas (ABNT NBR 16280:2014 ) e mais uma série de normas que levaram ao aprimoramento do estudo das patologias”, destaca.
As comparações entre estudo das patologias do concreto e o campo da medicina se deram no 1º Congresso Brasileiro de Patologia das Construções (CBPAT) realizado de 21 a 23 de maio em Foz do Iguaçu. O tema também foi preconizado na palestra da engenheira e professora da UFRGS, Denise Dal Molin. Ela fez a abordagem ao falar sobre a vida útil das estruturas de concreto, de acordo com a NBR 15575. “Há muitos elementos que coincidem nestas duas áreas, que, a princípio, parecem antagônicas. Mas a engenharia está sempre atenta a outras ciências e, afinal, também tem como objetivo principal preservar vidas humanas”, afirmou.
Entrevistado
Engenheiro civil Bernardo Fonseca Tutikian, professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e presidente da ALCONPAT Brasil
Contato: bftutikian@unisinos.br
Crédito Foto: Divulgação/Cia. Cimento Itambé