Logística favorece concreto nos parques eólicos

27 de março de 2013

Logística favorece concreto nos parques eólicos

Logística favorece concreto nos parques eólicos 305 450 Cimento Itambé

Possibilidade de construir peças pré-fabricadas in loco permite que material seja competitivo diante das estruturas de aço

Por: Altair Santos

O Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council – GWEC) publicou em fevereiro de 2013 as estatísticas referentes ao mercado eólico mundial durante 2012. A indústria do setor cresceu quase 10% e aumentou a capacidade instalada em aproximadamente 19%. Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido bateram recorde de instalações, enquanto na América do Sul o Brasil manteve a liderança do mercado, elevando sua capacidade instalada para 2.500 MW (megawatts). Segundo a ABE Eólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) o país chegou a 108 parques eólicos, mas para expandi-los precisará romper a fronteira litorânea e explorar novas áreas no interior, encarando o desafio da logística. É diante desse cenário que as torres em concreto, para sustentar os aerogeradores, devem começar a ganhar mercado dos equipamentos feitos em aço.

Torres de concreto permitem que alcancem alturas superiores a 100 metros.

Como explica Flávio Fernandes Novaes, gerente de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e especialista em energia eólica, desde que o Brasil passou a ter uma política para captar a energia dos ventos, o que começou em 2009, a maioria absoluta das torres foi construída com estruturas de aço. Só que a necessidade de expandir os parques têm restringido esse tipo de tecnologia. “Dois fatores são limitantes para as torres tubulares de aço: as condições de acesso pelas rodovias e estradas, visto que quanto mais alta for a torre maiores e mais pesados serão os diâmetros dos segmentos, exigindo dezenas de carretas da fábrica até o local do parque, e as grandes flutuações no preço do aço no mercado. Por isso, as torres de concreto surgem como alternativas viáveis para a expansão dos parques eólicos”, afirma.

A vantagem das torres de concreto, ressalta o especialista, é que elas podem ser construídas no próprio local de implantação do parque eólico, a partir da instalação de pequenas concreteiras nos canteiros de obras. “Neste caso, o processo global de construção e montagem dos parques pode se mostrar mais barato e elimina grande parte da logística de transporte de componentes pelas rodovias, a despeito de demandar um período maior de construção e liberação das estruturas de concreto, haja vista a necessidade de se cumprir os tempos de cura ou de montagem dos módulos pré-fabricados para posterior posicionamento da carga sobre as mesmas”, alerta. Mesmo assim, as torres de concreto se mostram competitivas para alturas superiores a 100 metros – as estruturas de aço variam de 65 a 80 metros – ou para áreas que apresentem obstáculos de logística.

Transporte das peças de concreto é mais fácil, se comparado às de aço

Caso a caso

Independentemente da estrutura da torre que irá sustentar o aerogerador, seja aço ou concreto, os requisitos técnicos precisam ser previamente atendidos para suportar os esforços produzidos pelos equipamentos. “Ter o projeto certificado é condição obrigatória. No caso das torres em concreto, fatores como traço, taxa de armadura, resistência a torção e tração, além de tempo de cura, deverão ser pré-estabelecidos em estrita concordância com os fabricantes dos aerogeradores”, destaca Flávio Fernandes Novaes, seguro de que o cenário brasileiro do setor de energia eólica irá se tornar cada vez mais favorável à tecnologia de torres de concreto. “De toda forma, é sempre necessário estudar minuciosamente, caso a caso, qual será a solução mais vantajosa para um determinado projeto, avaliando as condições regionais do relevo, o acesso rodoviário, o custo do aço e a disponibilidade de mão de obra especializada para supervisão e construção das torres”, complementa.

 

Peças pré-fabricadas podem ser feitas in loco e armazenadas na área do parque eólico

Entrevistado
Flávio Fernandes Novaes, gerente de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais)
Currículo
– Flávio Fernandes Novaes atua há 30 anos no setor de energia elétrica, pela Cemig GT, e há 6 anos é gerente de engenharia eletromecânica de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas
– É responsável por liderar equipe de engenheiros e técnicos especializados para prospecção, estruturação e implantação de projetos de geração de energia elétrica, seja de fonte primária hidráulica, eólica, térmica ou biomassa
Contatos: www.cemig.com.br / flavio.novaes@hotmail.comffnovaes@cemig.com.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
VEJA TAMBÉM NO MASSA CINZENTA

MANTENHA-SE ATUALIZADO COM O MERCADO

Cadastre-se no Massa Cinzenta e receba o informativo semanal sobre o mercado da construção civil