Expectativa da Anamaco é de que R$ 2,5 bilhões se destinem a compras de materiais, impactando positivamente no crescimento do setor
Por: Altair Santos
A liberação dos recursos que estavam retidos nas contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) faz o varejo de material de construção retomar o fôlego. Até o final de julho, o volume de dinheiro injetado na economia será de R$ 30,2 bilhões, dos quais R$ 2,5 bilhões devem ser destinados para reformas de casas e apartamentos dos que puderam sacar o dinheiro.

Expectativa do setor do varejo é de que contas inativas do FGTS sirvam de alavanca para o crescimento das vendas
Isso representa quase 8% do total de recursos contidos nas contas inativas do FGTS, o que é suficiente para levar a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) a rever seus números para 2017. A expectativa, segundo Marcos Gabriel Atchabahian, presidente do conselho deliberativo da Anamaco, é de que o setor do varejo possa encerrar o ano com crescimento de 3,5%.
Além dos recursos das contas inativas do FGTS que serão usados diretamente para a compra de material de construção, a Anamaco calcula que aqueles que quitarem suas dívidas com o dinheiro sacado do Fundo de Garantia também poderão ir atrás de crédito para viabilizar reformas. “Indiretamente, ao permitir que pessoas voltem a ter crédito na praça, as contas inativas do FGTS também ajudam o setor”, avalia Marcos Gabriel Atchabahian.
Dados da Anamaco revelam que de janeiro a maio de 2017, após longo período de retração, o movimento nas vendas de material de construção no varejo cresceu 6%. Se comparado ao mesmo período de 2016, o aumento é de 9%. São números que contrastam com os da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) para quem o período de 12 meses (maio de 2016 a maio de 2017) representou queda de 8,9% no volume de negócios.
O que difere os números otimistas da Anamaco dos pessimistas da ABRAMAT é que a primeira associação, por estar voltada ao varejo, consegue captar melhor os números do comércio formiguinha, que é aquele em que os consumidores adquirem pequenas quantidades de material de construção para viabilizar reformas ou consertos em seus lares. Já a ABRAMAT capta números das construtoras e do segmento industrial, os quais, de fato, seguem preferindo desovar seus estoques que lançar novos projetos.
Vendas aquecidas
O dinheiro liberado das contas inativas do FGTS não tem feito bem apenas ao segmento de material de construção. Desde abril, o setor do varejo tem registrado alta significativa, crescendo a taxas que se aproximam de 2%. De acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o setor de calçados e vestuário é o que mais tem lucrado com os recursos liberados do FGTS, absorvendo 40,1% destes recursos.
Em seguida, vem o segmento de supermercados e alimentos, com 28,5%; móveis e eletroeletrônicos, com 11,3%, material de construção, com 7,8%, artigos pessoais, com 7,5%; farmácia e perfumaria, com 4,4%, e materiais de escritório e comunicação, com 1,5%. No entanto, a própria CNC alerta que essa injeção de ânimo é paliativa. “Apesar de os recursos oriundos das contas inativas do FGTS estarem cumprindo papel relevante na reativação do consumo, só a volta da atividade econômica possibilitará crescimento sustentável”, diz o economista da CNC, Fábio Bentes.
Entrevistados
– Marcos Gabriel Atchabahian, presidente do conselho deliberativo da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção)
– Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC)
Contato
press@anamaco.com.br
cncdf@cnc.org.br
Crédito Fotos: Valter Campanato/Agência Brasil e Marcos Santos/USP Imagens