Da escola até a obra, agregados merecem mais atenção

Materiais que se unem ao Cimento Portland para formar o concreto podem desencadear patologias graves em estruturas
28 de agosto de 2019

Da escola até a obra, agregados merecem mais atenção

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Eduardo Pereira no simpósio da UFPR: agregado não deve ser visto apenas como material de enchimento do concreto e precisa ser melhor estudado Crédito: SPPC/UFPR

Eduardo Pereira no simpósio da UFPR: agregado não deve ser visto apenas como material de enchimento do concreto e precisa ser melhor estudado
Crédito: SPPC/UFPR

No 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, evento que a Universidade Federal do Paraná (UFPR) promove anualmente, o professor-doutor Eduardo Pereira, da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), palestrou sobre o papel dos agregados na durabilidade do concreto de Cimento Portland. Mestre no assunto, ele alertou que, desde as primeiras aulas nas graduações de engenharia civil até a execução das obras, boa parte dos profissionais da construção civil dá pouca importância a esses materiais. “Dentro do contexto do concreto, a maioria vê o agregado apenas como material de enchimento, sem saber que ele pode ser o gerador de várias patologias”, diz.

O professor-doutor da UEPG começou questionando em sua palestra a importância dada aos estudos dos agregados nos cursos de graduação em engenharia civil. “Será que as disciplinas estão atualizadas sobre a importância desses materiais na qualidade do concreto? A avaliação é que não. Existe desatualização nas disciplinas e também na grade curricular. Em geral, as graduações dedicam de duas a quatro aulas para descrever sobre as propriedades físicas dos agregados”, ressalta. Eduardo Pereira destaca também que até a literatura passou a se preocupar com o assunto apenas recentemente. “Só a literatura atual, de pouco mais de 10 anos para cá, começou a dar importância ao agregado na mesma proporção dada ao cimento.”

Todo o conjunto de materiais usado na produção de concreto precisa ter importância similar

Para o professor-doutor, a mesma conclusão feita sobre o estudo dos agregados nas graduações de engenharia civil vale para a percepção do mercado sobre a qualidade desses materiais, e o impacto que eles causam na durabilidade do concreto com Cimento Portland. “A abordagem sobre agregados responde às necessidades do mercado? A percepção é que não. Cabe a nós, engenheiros civis, e demais profissionais envolvidos com a produção de concreto, estudar e compreender os agregados. Desde as características mineralógicas das rochas até a normalização. Tudo isso impacta no concreto usado nas obras. Por isso, precisamos evoluir esse conhecimento. Se pensar em durabilidade do concreto, todo o conjunto de materiais tem que ter importância similar”, alerta.

Eduardo Pereira entende que é preciso aprimorar a transferência de conhecimento científico para o mercado consumidor. “Existem engenheiros que passam a vida profissional trabalhando com agregados e, muitas vezes, não conhecem o material. Eu mesmo considerava o agregado como um material secundário. Com os estudos é que passei a dar protagonismo a eles. Isso se estende às patologias que podem desencadear. Um exemplo é que a maioria dos engenheiros de obras convencionais conhece muito pouco de RAA (reação álcali-agregado)”, destaca o professor da UEPG. 

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Novas perspectivas sobre o papel dos agregados na durabilidade do concreto de Cimento Portland”, do professor-doutor da UEPG, Eduardo Pereira, dentro do 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções

Contatos
sppc.ufpr.civil@gmail.com
eduardopereira@uepg.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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