Transposição do rio São Francisco, hidrelétrica Belo Monte e linha 4 do metrô da cidade do Rio de Janeiro são alguns dos empreendimentos ameaçados
Por: Altair Santos
A expectativa de que o governo federal promova corte nos investimentos ao longo de 2015 tende a protelar por mais tempo a entrada em operação de obras de infraestrutura relevantes e urgentes ao país. Entre elas, estão a Transposição do Rio São Francisco, a hidrelétrica Belo Monte, a conclusão do segundo trecho da ferrovia Norte-Sul, o avanço da ferrovia Transnordestina e as obras relacionadas aos jogos olímpicos de 2016, das quais a mais importante é a linha 4 do metrô. A previsão é que boa parte destas construções, que deveriam ser entregues até o final de 2015, fique para 2016, 2017, 2018 ou 2019.

Transposição do rio São Francisco: prometida para 2012, tem sido adiada ano a ano e agora ficou para 2016
Um caso emblemático é o da Transposição do rio São Francisco. A obra já passou por quatro atrasos. Ao ser lançada em 2007, incluída entre os principais empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi prometida para 2010. Depois, para 2012 e adiada novamente para 2014. Agora, segundo o ministério da Integração Nacional, a previsão é de que o canal de irrigação comece a funcionar no primeiro semestre de 2016. “Estamos com 70% (na verdade, 68,7%) das obras executadas. Nossa previsão é entregarmos no início do ano que vem, em 2016”, prometeu o ministro Gilberto Occhi, ao ser empossado dia 3 de janeiro de 2015.
De acordo com o projeto original, a transposição inclui 477 quilômetros de obras lineares, quatro túneis, 14 aquedutos, 9 estações de bombeamento e 27 reservatórios. A obra envolve 1,3 milhão de m³ de concreto e beneficiará quatro estados: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. O custo inicial era de R$ 4,2 bilhões, mas já atingiu R$ 8,2 bilhões, com perspectivas de nova revisão orçamentária.
A hidrelétrica de Belo Monte é outro empreendimento com atraso. Suas primeiras turbinas deveriam entrar em funcionamento ainda em 2015, mas foram proteladas para 2016. Obra que mais consome concreto no país atualmente – o volume estimado é de 3.389.008 m³ -, a usina em construção no Pará enfrenta atualmente elevado aumento de custo, por causa dos percalços no cronograma. Orçada em R$ 25,8 bilhões, já ultrapassou os R$ 30 bilhões. Recentemente, o consórcio Norte Energia, que vai explorar a hidrelétrica, alertou que cada semestre de atraso nas obras deve acrescentar R$ 370 milhões no valor final do empreendimento. Pelo cronograma original, Belo Monte já está atrasada em mais de um ano.

Ferrovia Transnordestina: idealizada para escoar safra agrícola para os portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, obra sofre com adiamentos
Norte-Sul completa 30 anos
Nada se compara, no entanto, aos atrasos nas obras ferroviárias. O projeto da Norte-Sul, por exemplo, surgiu logo no começo do governo do presidente José Sarney, em 1985. A proposta era viabilizar uma estrada de ferro que ligasse o porto de Barcarena, no Pará, ao do Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Passados quase 30 anos, dos 3.893 quilômetros projetados, apenas 719 estão construídos e em operação. Trata-se do trecho entre Açailândia, no Maranhão, e Palmas, no Tocantins. Um novo percurso de 855 quilômetros (Palmas-TO a Anápolis-GO) está próximo de ser finalizado. Deveria entrar em operação em 2014, mas só deve ser liberado para o tráfego de trens em 2016.
Idem para a ferrovia Transnordestina. A obra com 1.753 quilômetros de extensão era para ter sido inaugurada em 2010. Estratégica, foi projetada para ligar a produção agrícola do interior do Piauí, do Ceará e de Pernambuco aos portos de Suape, no litoral pernambucano, e de Pecém, no litoral cearense. No entanto, o empreendimento encontra-se praticamente abandonado. A parte mais crítica está no Ceará, onde o avanço das obras foi de apenas 4%. Lançada em 2007, hoje nem a Agência Nacional de Transportes Terrestres faz previsão de quando a obra será concluída. O custo da Transnordestina, que estava orçado em R$ 3 bilhões, já passa de R$ 7,5 bilhões.
Menos problemática, a linha 4 do metrô da cidade do Rio de Janeiro avança, mas não no ritmo esperado. Considerado estratégico para os jogos olímpicos de 2016, o trecho de 16 quilômetros ligará Ipanema à Barra da Tijuca e seu orçamento já chega a R$ 8,5 bilhões. Ao iniciar seu segundo mandato, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, anunciou cortes e repassou custos da obra ao governo federal e à prefeitura do Rio de Janeiro. Resultado: programada para entrar em teste em 2015, a linha 4 do metrô carioca só começará a funcionar no final do primeiro semestre de 2016, na antevéspera da Olimpíada, que começa dia 5 de agosto.
Entrevistados
Ministério do Planejamento, ministério da Integração Nacional, Consórcio Construtor Rio Barra e Consórcio Construtor Linha 4 Sul (via assessoria de imprensa)

Usina Belo Monte: expectativa é de que seja concluída entre o 2º semestre de 2016 e o 1º semestre de 2017
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