Congresso Brasileiro do Concreto discute sustentabilidade do concreto

Evento teve o tema “Sustentabilidade do Concreto em Defesa do Planeta” e celebrou o Jubileu de Ouro do IBRACON
27 de outubro de 2022

Congresso Brasileiro do Concreto discute sustentabilidade do concreto

Congresso Brasileiro do Concreto discute sustentabilidade do concreto 1024 576 Cimento Itambé
Seminários focaram em apresentar soluções tecnológicas para mitigar emissões de carbono. Crédito: Ibracon

O Congresso Brasileiro do Concreto – edição Jubileu de Ouro foi realizado entre os dias 11 e 14 de outubro, em Brasília (DF). O evento trouxe como tema principal a “Sustentabilidade do Concreto em Defesa do Planeta” e celebrou os 50 anos do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), associação de profissionais e empresas que incentiva e propaga o conhecimento científico e tecnológico sobre o concreto.

O presidente do IBRACON, professor Paulo Helene, apontou que, ao mesmo tempo em que a produção e consumo de concreto por um país é um importante indutor de seu desenvolvimento econômico e social, é importante dialogar para encontrar as melhores soluções para mitigar as questões ambientais decorrentes da produção deste material de construção. 

Crédito: Ibracon

“O Brasil possui a indústria de cimento mais ecoeficiente do planeta, que, a partir de uma matriz energética limpa e aliada ao conhecimento técnico-científico e importantes iniciativas da engenharia nacional serão capazes de produzir o concreto mais sustentável do planeta”, declarou Helene.

Dentro deste contexto, o evento contou com a assinatura de dois importantes acordos de cooperação com duas entidades voltadas ao tema da sustentabilidade no ambiente construído. No contexto nacional, com o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), representado no ato do acordo pelo presidente, professor Vahan Agopyan. No contexto internacional, com o GLOBE – Consenso Global sobre o Ambiente Construído, representado por seu presidente, professor Michael Faber.

Tecnologia para mitigar emissões de carbono

Crédito: Ibracon

Durante o congresso, alguns seminários focaram em apresentar soluções tecnológicas para mitigar emissões de carbono – especialmente naquelas provenientes do concreto. Além disso, discutiram-se estratégias para aumento da durabilidade das estruturas e na redução das intervenções de manutenção.

Uma das soluções apresentadas foi a plataforma em desenvolvimento de indicadores para a análise do ciclo de vida (ACV). Durante o evento o presidente da Federação Internacional do Concreto Estrutural (fib), Akio Kasuga, falou sobre como diferentes aspectos da sustentabilidade estão sendo incorporados no Código Modelo fib 2020, a ser lançado no ano que vem, destacando principalmente as diretrizes relacionadas com a durabilidade do concreto e circularidade das estruturas de concreto (demolição e reuso).

Outra técnica mostrada durante o evento foi relacionada a aplicações de um concreto estrutural com “zero cimento”, isto é, cimento sem clínquer, componente responsável pelo grosso das emissões de dióxido de carbono. Quem apresentou este tema foi o vice-presidente da Sumitomo Mitsui, uma das mais importantes construtoras asiáticas, o engenheiro Kasuga. O profissional ainda falou sobre elementos pré-moldados sem armadura convencional, com fibras e protensão, com custo de duas a quatro vezes menor de manutenção, para aplicações em pontes. 

Ainda dentro do tema de redução de emissões, o presidente da União Internacional dos Laboratórios e Especialistas em Materiais Construtivos e Sistemas Estruturais (RILEM), Ravindra Gettu, abordou o concreto feito com o cimento ternário. De acordo com Gettu, este material substitui o clínquer por materiais cimentícios suplementares (cinzas volantes, escórias de alto forno e fíler calcário), como forma de reduzir as emissões de carbono.

“As adições promovem uma microestrutura menos porosa do concreto, dificultando a difusão de cloretos do ambiente para dentro das peças, o que prolonga o tempo para que esses cloretos atinjam as armaduras no interior das peças. Consequentemente, aumenta sua durabilidade, apesar de promoverem maior carbonatação, o que também favorece à captação e retenção dos gases de efeito estufa”, afirma.

O presidente do Instituto Americano do Concreto (ACI), Charles Nmai, defendeu também o uso de cimentos compostos para reduzir a pegada de carbono das estruturas de concreto, mas sobretudo decisões de dosagens do concreto baseadas no custo do ciclo de vida, ao invés do custo inicial, bem como em requisitos de desempenho, ao invés de especificações prescritivas.

Crédito: Ibracon

Segundo ele, as tecnologias para sustentabilidade estão disponíveis – agregados reciclados e combinação de vários aglomerantes – citando o One World Trade Center e o 432 Park Ave, em Nova York, como exemplos.

Pavimento de concreto

O pavimento rígido também foi tema durante o Congresso Brasileiro do Concreto. Durante o evento, ocorreu inclusive a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) para a realização de estudos sobre métodos de dimensionamento de pavimentos de concreto para rodovias. 

Durante o Seminário de Infraestrutura, foi discutida também a previsão de investimentos para os setores de transporte rodoviário, ferroviário, portuário e aeroportuário, além dos investimentos em obras de saneamento e energia, para os próximos anos.

Obras de saneamento

O Seminário Concreto aplicado ao Saneamento Básico enfatizou a necessidade da melhora da qualidade e durabilidade das obras por meio de práticas recomendadas e normalização para projeto e execução de obras de concreto para saneamento. Durante a apresentação, discutiram-se os fatores que podem causar a deterioração precoce das obras do setor, além de soluções para manifestações patológicas.

“Precisamos de práticas recomendadas para que os investimentos em obras de saneamento tenham durabilidade, para que as obras entregues hoje não necessitem ser recuperadas em 2033 – que é o prazo final do novo Marco Legal do Saneamento.”, afirmou a gestora de qualidade da SABESP, a engenheira Silvia Benites.

Fontes

Paulo Helene é presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). Ele também é engenheiro civil, professor titular da Universidade de São Paulo e diretor da PhD Engenharia

Ravindra Gettu é presidente da União Internacional dos Laboratórios e Especialista em Materiais Construtivos e Sistemas Estruturais (RILEM)

Charles Nmai é presidente do Instituto Americano do Concreto (ACI).

Silvia Benites é engenheira e gestora de qualidade da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP)


Contatos
IBRACON – paulo.helene@concretophd.com.br

RILEM – assistant@rilem.org

Instituto Americano do Concreto (ACI) – jose.carrasco@concrete.org

SABESP – comunicacao_sabesp@sabesp.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

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