Em 2007, os investimentos em infraestrutura no Brasil somaram R$ 21,90 bilhões. Em 2016, R$ 21,27 bilhões. Os números refletem o pior ciclo de expansão das obras de grande porte no país, segundo a mais recente edição da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), e que avalia dados até 2016. Comparativamente, em 2012 – auge da economia brasileira neste século -, o investimento em infraestrutura somou R$ 67,04 bilhões, mais que o triplo do verificado em 2016.
Outro dado apurado pela PAIC é que em 2016 o setor de construção civil deixou de movimentar R$ 55,3 bilhões, o que causou a falência de quatro mil empresas e a eliminação de 428.603 postos de trabalho. São números relacionados apenas às obras de infraestrutura. Comparando dados de 2015 com 2016, a queda atingiu 22,1%. Especialistas avaliam que o caminho para o crescimento passe pela chegada de novos protagonistas no setor e melhores práticas de governança e anticorrupção.
Segundo o gerente da pesquisa, José Carlos Guabyraba, “a retração das obras de infraestrutura no país deveu-se a problemas políticos, econômicos e empresariais, resultando em uma mudança estrutural no setor”. A conjuntura envolve o cerco da operação Lava Jato e o impacto que ela causou nas cinco maiores empreiteiras do país: Odebrecht, OAS, Camargo Correa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão. “Quando as construtoras de grande porte foram atingidas, não havia outras empresas prontas para ocupar o espaço”, avalia.
No ranking de obras, a infraestrutura caiu da primeira para a quarta colocação
O fim do ciclo de investimentos em eventos esportivos (Copa do Mundo e Olimpíadas) e em grandes hidrelétricas na bacia do rio Amazonas também impactou no Produto Interno Bruto (PIB) da construção. Consequentemente, a participação das obras de infraestrutura no PIB teve forte queda, passando de 41,3% para 29,5%. Com a desaceleração dos investimentos em obras públicas, o PIB da indústria da construção foi negativo em 5,2% no ano de 2016.
Entre produtos e serviços oferecidos pelas empresas, a construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais caiu da primeira para a quarta colocação, entre 2007 e 2016, segundo a pesquisa do IBGE. Com isso, as obras residenciais avançaram no ranking do PIB, passando da quinta para a primeira posição, entre 2007 e 2016.
De qualquer forma, o segmento voltado para construções habitacionais e prédios corporativos não conseguiu compensar a queda de obras de infraestrutura. Pelo contrário, também houve desaceleração, como registra a PAIC. “Em um contexto de instabilidade econômica começado em 2015, com aumento no desemprego e redução da renda, crédito mais escasso e caro, os agentes econômicos postergaram ou cancelaram os investimentos. Dessa forma, esse setor da construção refletiu queda real de 14,8% no valor das incorporações, obras e serviços voltados para edifícios residenciais e corporativos”, diz José Carlos Guabyraba.
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Entrevistado
Agência IBGE
Contato: comunica@ibge.gov.br