Estrangeiros qualificam construção civil do Brasil
Engenheiros e arquitetos, principalmente de países como Portugal, Espanha, Itália e França, suprem gargalos de mão de obra do país.
Engenheiros e arquitetos, principalmente de países como Portugal, Espanha, Itália e França, suprem gargalos de mão de obra do país
Por: Altair Santos
O desempenho da construção civil brasileira contrasta com o de países como Portugal, Espanha, Itália e França. Por isso, engenheiros civis e arquitetos destas nacionalidades têm buscado intensamente o mercado de trabalho do outro lado do Atlântico. Mas não são só eles. Profissionais dos Estados Unidos também vislumbram oportunidades no Brasil. A prova é que dados do Ministério da Justiça mostram que, entre 2010 e 2011, o pedido de vistos permanentes para trabalho no país cresceu 37% – neste período, foram concedidos 2.692 autorizações. Calcula-se que 25% destes vistos tenham sido concedidos a engenheiros e arquitetos.
Os números crescem exponencialmente quando contabilizados os vistos temporários de trabalho, entre 2010 e 2011. Nestas condições, 1,460 milhão de pessoas entraram no país em busca de oportunidades. A estimativa é que 30% desse pessoal tenha vindo atuar na construção civil brasileira, independentemente da qualificação. Entre as nacionalidades que mais buscam vaga no Brasil estão, disparado, portugueses e espanhóis. “Da Espanha, temos recebido atualmente cem currículos por mês, com um percentual de 70% deles ligados a profissionais altamente qualificados, como engenheiros e arquitetos”, explica Maria Luisa Castelo Marin, diretora-executiva da Câmara Oficial Espanhola de Comércio.
Sob o aspecto de excelência profissional, a construção civil brasileira tem lucrado com essa entrada de estrangeiros no país. “Estive conversando recentemente com dirigentes do CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agricultura de São Paulo) e com headhunters de São Paulo, e a opinião deles é que os engenheiros europeus estão melhor preparados. A explicação é que o Brasil ficou três décadas sem movimentar sua engenharia, enquanto na Europa só agora é que a construção civil se ressente de investimentos. Então, os engenheiros europeus têm uma maior expertise, principalmente para áreas que o Brasil vai precisar, como exploração do pré-sal e construção de portos, aeroportos e estradas”, diz Maria Luisa Castelo Marin.
O levantamento mais recente, realizado pelo sistema Confea/CREA, aponta que há 820 mil profissionais de engenharia e arquitetura registrados nos conselhos regionais. Até 2020, segundo dados da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) o Brasil vai precisar ter 1,5 milhão de engenheiros em ação. Como as universidades do país têm capacidade de colocar no mercado apenas 48 mil por ano, estima-se que nesta década (2010-2020) possam ser importados pelo menos 300 mil profissionais da área. “É bom ressaltar que na Europa e nos Estados Unidos, os engenheiros civis estão mais ligados à construção pesada. A construção de imóveis é dominada por arquitetos. Por isso, os arquitetos europeus também têm encontrado bom mercado aqui”, lembra a diretora-executiva da Câmara Oficial Espanhola de Comércio.
Validação do diploma
Engenheiros e arquitetos oriundos de outros países precisam validar seus diplomas para exercer a profissão no Brasil. A homologação é feita através de uma instituição de ensino superior credenciada pelo Ministério da Educação. Somente as universidades federais têm essa prerrogativa. Normalmente, esse processo dura seis meses, pois precisa passar pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Obtida a validação, o profissional pode filiar-se ao conselho regional de sua região (CREA para engenheiros e CAU para arquitetos) e trabalhar sem empecilhos, podendo registrar ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), gerenciar obras e assinar projetos.
Entrevistada
Maria Luisa Castelo Marin, diretora executiva da Câmara Oficial Espanhola de Comércio
Currículo
– Graduada em Direito e assumiu a diretoria-executiva da organização em fevereiro
– Possui experiência em direção e liderança de grandes equipes, bem como em processos de ativação de empresas estrangeiras no Brasil
– A executiva já atuou como consultora da EPISE Talento y Resultados (Brasil), tendo participado de todo o processo de start up da empresa no país
– Também atuou anteriormente na Zurich Financial Services e Caudal Seguros na Espanha
Contato: comercial@camaraespanhola.org.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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