Drones-robôs vão ajudar na restauração do Cristo Redentor
Perto dos 90 anos, monumento terá focos de patologias do concreto minuciosamente mapeados pelos equipamentos
A estátua do Cristo Redentor, que em 2021 completa 90 anos, será restaurada com o auxílio da alta tecnologia em favor da engenharia civil. A equipe multidisciplinar que atuará no mapeamento das patologias que afetam a estrutura de concreto armado contará com drones-robôs para detectar danos na obra. Câmeras de alta resolução dos equipamentos têm condições de entregar um amplo diagnóstico aos engenheiros de estruturas, geólogos e arquitetos que estarão envolvidos no restauro da estátua.
Ao todo, 40 profissionais atuarão no retrofit, que precisa ficar pronto antes de 12 de outubro de 2021, quando o Cristo Redentor completará 90 anos. A equipe multidisciplinar conta com pesquisadores de três universidades: UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Também terá o apoio técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Para um diagnóstico minucioso das condições da estrutura do Cristo Redentor, os profissionais envolvidos decidiram que o mapeamento feito pelos drones será realizado em dias chuvosos. “Os detalhes das patologias do concreto presentes no monumento se tornam mais visíveis com a umidade. Dessa forma, todo o levantamento fotográfico será realizado somente em dias chuvosos por drones de alta performance”, explica a arquiteta Cristina Ventura. Nas primeiras investigações, foram detectadas corrosões de armadura no dedo médio direito, na cabeça, na base e no lado esquerdo do corpo da estátua.
Processo de construção da estátua foi semelhante ao de um edifício de 10 pavimentos
A utilização de drones para inspecionar estruturas em lugares pouco acessíveis já é corriqueira em pontes, principalmente as que cortam rios ou vales profundos. No entanto, será a primeira vez que a tecnologia estará à disposição para estudar um monumento. No caso do Cristo Redentor, os robôs poderão indicar também o quanto as descargas atmosféricas danificam a estátua. Com base nas informações, será instalado um sistema de proteção contra relâmpagos. Em média, o Cristo Redentor é atingido por seis raios ao longo de um ano, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O projeto do monumento foi concebido pelo engenheiro civil e arquiteto Heitor da Silva Costa e a execução ficou a cargo do engenheiro civil Heitor Levy, que comandou um canteiro de obras com quase 1.000 trabalhadores. A construção se estendeu de 1926 a 1931. Ao contrário do que se imagina, a estátua não é um maciço de concreto armado. O processo de construção foi semelhante ao de um edifício de 10 pavimentos. Só que em vez de uma fachada com paredes e janelas, ele recebeu a moldura que dá forma ao Cristo Redentor.
A estátua inovou não apenas pela localização em que foi construída, no topo do Corcovado, mas por ter concepções aerodinâmicas inéditas. O monumento foi construído com uma pequena inclinação de 5 graus para frente, próximo da cabeça, para resistir melhor à velocidade do vento, que pode atingir 100 km/h. Com o mesmo propósito, os braços foram projetados com leves inclinações – um é mais comprido que o outro em 60 centímetros. São detalhes que fazem do Cristo Redentor uma complexa obra da engenharia brasileira.
Entrevistado
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e Santuário Cristo Redentor (via assessoria de imprensa)
Contato
jornalismo@arquidiocese.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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