Copa 2018 será a última sem estádios descartáveis
Inutilidade das instalações, após grandes eventos esportivos, leva engenharia a buscar soluções que permitam desmontar 100% das grandes estruturas
Inutilidade das instalações, após grandes eventos esportivos, leva engenharia a buscar soluções que permitam desmontar 100% das grandes estruturas
A Copa do Mundo de 2018 será a última sem estádios descartáveis. Uma das principais preocupações dos países que promovem eventos da magnitude de mundiais de futebol e jogos olímpicos é a inutilidade das instalações, após as competições. Desde Pequim 2008, o tema sustentabilidade é debatido pelos organizadores, mas pouco ainda foi feito. Londres 2012 conseguiu alguns avanços ao transferir a gestão de obras para a iniciativa privada, sem onerar o poder público. Mas na África do Sul (Copa do Mundo de 2010) e no Brasil (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016) muitas instalações ficaram ociosas e geraram prejuízos milionários.
O mesmo tende a acontecer na Rússia depois de 15 de julho, quando terminar a Copa no país. Atento ao problema, o Catar – sede da Copa de 2022 – anuncia que construirá “estádios descartáveis”. Ou seja, após o evento, suas estruturas serão desmontadas para que, nos terrenos, nasçam obras de maior utilidade à população local. O país busca não repetir os erros de outras nações que sediaram a Copa do Mundo recentemente, mas também se inspira na política adotada pela Coreia do Sul como país-sede dos jogos olímpicos de inverno, disputados em fevereiro de 2018.
O estádio pentagonal com 35 mil lugares, e construído ao custo de 60 milhões de dólares (cerca de 190 milhões de reais) na cidade de PyeongChang, foi construído para receber as cerimônias de abertura e encerramento dos jogos sul-coreanos. Utilizando estruturas de aço, a edificação começou a ser desmontada uma semana após o fim do evento. Apenas as fundações em concreto serão utilizadas para que, no local, seja construído um museu e outras instalações de lazer, conforme a concepção original do projeto. A ideia teve o apoio do COI (Comitê Olímpico Internacional), que, em recente relatório, se mostrou convencido de que grandes eventos acabam deixando “elefantes brancos” pelo caminho.
Estádio para 40 mil lugares vai dar lugar a um parque no Catar
A Fifa também se rendeu à realidade de que a Copa do Mundo gera muitos estádios que, após o evento, acabam se transformando em estruturas onerosas para as comunidades em que eles foram construídos. Por isso, autorizou o Catar a experimentar o conceito de “estádio descartável”. O Ras Abu Aboud, com capacidade para 40 mil lugares, vai utilizar estruturas de aço e compartimentos de contêineres para abrigar camarotes, cabines de imprensa e instalações como banheiros e áreas de alimentação. Ao final da Copa, a estrutura será desmontada e no local nascerá um parque às margens do porto de Doha.
A construção do estádio começa em 2019 e o prazo de conclusão é 2020 – dois anos antes do próximo evento da Fifa. Já a Rússia, que preferiu seguir o modelo de Copa adotado no Brasil, começou a calcular os prejuízos com instalações que ficarão inoperantes após o mundial. Dos 12 estádios russos, estima-se que seis se tornarão ociosos. O governo, tentando minimizar os prejuízos, decidiu processar as construtoras, sob a alegação de que elas atrasaram cronogramas e projetaram construções sem pensar na sustentabilidade. O pedido de indenização é ínfimo, perto do prejuízo estimado. O comitê organizador da Copa 2018 pede 51 milhões de dólares (perto de 155 milhões de reais), mas calcula perdas que devem ultrapassar 1 bilhão de dólares (aproximadamente 3,3 bilhões de reais).
Entrevistado
Reportagem com base em relatórios de sustentabilidade do COI e da Fifa (via assessorias de imprensa)
Contatos
pressoffice@olympic.org
info@loc2018.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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