Construção sustentável deve atender custo-benefício
Empreendimento precisa vir integrado a um projeto bem detalhado, com base em conhecimento técnico e não apenas no desejo do cliente
Empreendimento precisa vir integrado a um projeto bem detalhado, com base em conhecimento técnico e não apenas no desejo do cliente
Por: Altair Santos
Um projeto de construção sustentável não pode perder o foco no custo-benefício para ser eficaz. Não adianta prever captação de água da chuva, se na região em que o empreendimento for construído não houver chuva suficiente. Também é incorreto prever captação fotovoltaica se não houver insolação adequada ou se a edificação recebe sombra de outros prédios. Para o consultor em sustentabilidade Marcelo Nudel é essencial fazer o gerenciamento de projetos sustentáveis. “Um projeto de construção sustentável precisa vir integrado a um plano de viabilidade, pois o cliente não tem conhecimento técnico para definir se vale a pena ou não empreender esse tipo de obra, sob o ponto de vista custo-benefício”, diz o arquiteto e urbanista.
Marcelo Nudel destaca ainda que projetos com esse perfil precisam ter metas de desempenho. Entre elas, não apenas captar água, mas prever a escassez de água, além de inserir o empreendimento na comunidade, ter planejamento pós-uso e antever a adequação climática do empreendimento. O arquiteto e urbanista cita também que projetos de construção sustentável estão se tornando cada vez mais comuns. “Em 2004, pensava-se que era modismo. Hoje é tendência mundial. Ela (construção sustentável) já está intrínseca à nova realidade de projetos e obras”, destaca. O especialista, porém, faz um alerta. “O pior que pode ocorrer para um projeto de construção sustentável é os empreendedores quererem ‘marquetizar’ a sustentabilidade. É o caminho para tudo dar errado”, assegura.
Parque olímpico: mau exemplo

Marcelo Nudel usou um exemplo para mostrar como a “marquetização” da construção sustentável pode ser prejudicial a um projeto. “O parque olímpico sofreu isso”, disse, referindo-se às construções erguidas no Rio de Janeiro para os Jogos de 2016. Havia a promessa de que as estruturas deixariam um legado para a cidade, e que parte seria desmontada para ser transformada em escolas. Com seis meses após o evento, equipamentos como piscinas já se deterioravam e o local passou a ser alvo de um jogo de empurra-empurra, entre prefeitura do Rio de Janeiro e o Governo Federal. “Se a mentalidade estiver errada, os objetivos não serão atingidos. O foco no marketing de sustentabilidade é efêmero”, afirma, destacando que o gerenciamento do projeto sustentável é tão importante quanto a obra em si.
Conhecido internacionalmente como “green project management”, o gerenciamento de projetos sustentáveis engloba cinco grandes grupos: pessoas, planeta, prosperidade, processos e produtos. Segundo Marcelo Nudel, esses pilares já estão consolidados em projetos que envolvem a construção de edifícios corporativos e hospitais. O arquiteto e urbanista destaca ainda que construções sustentáveis requerem equipes comprometidas, planos de gerenciamento e riscos, maturação dos processos inovadores, compromisso com a filosofia lean, mean, green (enxuto, eficaz e verde) e a incorporação dos conceitos sustentáveis, independentemente de a obra vir a buscar certificação. No Brasil, vigoram os seguintes selos: LEED, Aqua, Casa Azul (da Caixa), Qualiverde e DGNB.
Veja íntegra da palestra de Marcelo Nudel acessando este link!
Entrevistado
Arquiteto e urbanista Marcelo Nudel, com base em palestra no webseminário “Gerenciamento de projetos sustentáveis na construção civil”, da Construmanager
Contato
projetos@ca-2.com
Crédito Fotos: Divulgação/ Nacho Doce/Reuters
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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