Construção civil deve ganhar fôlego em 2026
Programa Reforma Brasil e investimentos em infraestrutura sustentam as perspectivas do setor
Após um ano de desaceleração em 2025, a construção civil entra em 2026 com perspectivas mais favoráveis, embora ainda cercadas de riscos. A avaliação é da economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/ Ibre, que destaca a combinação de condicionantes positivas e negativas no cenário para o próximo ano. Em um cenário-base (nem pessimista, nem otimista), o FGV/Ibre estima que o PIB da construção deva crescer 2,7% em 2026.
“O ponto de partida para 2026 é um cenário mais equilibrado. Temos fatores que pressionam negativamente, como juros ainda elevados e incertezas globais, mas também um conjunto de vetores positivos que podem sustentar uma retomada mais consistente da atividade”, afirma.
Riscos permanecem no radar
Entre os fatores de risco, Ana Maria aponta a desaceleração do consumo observada ao longo de 2025, o ambiente fiscal doméstico, as incertezas geopolíticas e a manutenção de taxas de juros em patamar elevado por boa parte do ano. “Surpresas negativas no cenário internacional se tornaram recorrentes e continuam interferindo nas decisões de investimento”, ressalta.
Apesar disso, a economista observa sinais de inflexão no ciclo monetário. A expectativa de início do processo de queda dos juros ao longo de 2026, ainda que gradual, é considerada relevante para o setor, especialmente para a retomada das obras das famílias.

Crédito: Envato
Expectativas melhoram, apesar do pessimismo moderado
As sondagens do FGV Ibre mostram que, embora consumidores e empresários ainda permaneçam em um patamar moderadamente pessimista, a construção civil apresenta expectativas mais favoráveis do que outros setores da economia. Em novembro de 2025, o indicador de expectativa do setor permaneceu acima do nível observado no conjunto da indústria e dos serviços.
“Houve melhora nas expectativas de demanda e, com isso, também nas intenções de contratação para os próximos meses, especialmente nos segmentos de infraestrutura e serviços especializados”, explica Ana Maria Castelo.
Infraestrutura segue como principal motor
Um dos pilares do crescimento em 2026 deve continuar sendo a infraestrutura. Projeções da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) indicam que os investimentos no setor podem atingir R$ 300 bilhões, estabelecendo um novo recorde histórico.
Segundo Ana Maria, esse desempenho é sustentado por um ciclo de projetos já contratados, além de novos leilões previstos. “Grande parte desses investimentos é puxada pelo setor privado, o que reduz a dependência do orçamento público e dá mais previsibilidade ao ciclo”, afirma.
Reforma Casa Brasil pode impulsionar atividade e emprego
Outro destaque para 2026 é o Programa Reforma Casa Brasil, que prevê R$ 40 bilhões em crédito facilitado e assistência técnica para reformas e melhorias habitacionais. Caso o montante seja integralmente executado em um único ano, o impacto potencial sobre o PIB da construção é estimado em R$ 17,7 bilhões, o equivalente a 4,9% do PIB setorial de 2024.
Além disso, o programa pode gerar cerca de 84 mil empregos formais e 250 mil postos no setor informal, atingindo tanto a autoconstrução quanto empresas prestadoras de serviços. “É um programa com capacidade de transbordamento para os dois lados do PIB da construção, ampliando emprego e renda”, destaca a economista.
Famílias voltam ao centro do crescimento
A principal diferença entre 2025 e 2026, segundo a FGV, está no comportamento das famílias. Após um ano de estabilidade, provocado pela postergação de obras e reformas diante dos juros elevados, a expectativa é de retomada.
“No cenário-base, projetamos crescimento de 2,7% do PIB da construção em 2026, com desempenho das empresas em linha com 2025, mas com uma recuperação importante da demanda das famílias”, afirma Ana Maria Castelo. A estimativa considera avanço de cerca de 2,6% no consumo das famílias, após estagnação no ano anterior.
A FGV trabalha ainda com um cenário pessimista, de crescimento de 1,3%, e um cenário otimista, de 3,4%, a depender principalmente do ritmo de queda dos juros e da efetivação dos programas de crédito.
Escassez de mão de obra segue como desafio
Apesar da perspectiva de crescimento, a economista alerta para um gargalo estrutural que deve se intensificar: a escassez de mão de obra qualificada. A sondagem da FGV Ibre mostra que a limitação relacionada ao mercado de trabalho segue como uma das principais restrições ao avanço dos negócios no setor.
“Se a atividade voltar a acelerar, a pressão sobre o mercado de trabalho será ainda maior. Esse é o grande desafio para sustentar o crescimento nos próximos anos”, avalia.
Um ano de transição
Para Ana Maria Castelo, 2026 deve ser um ano de transição para a construção civil. “Há condições mais favoráveis do que em 2025, mas o setor ainda opera em um ambiente complexo. A retomada dependerá muito do comportamento das famílias, do custo do crédito e da capacidade das empresas de lidar com a escassez de mão de obra”, comenta.
A reforma tributária é apontada como um dos fatores que podem ajudar a mitigar a escassez de mão de obra no setor, ao estimular a industrialização da construção. Em 2026, no entanto, o novo modelo ainda estará em fase de transição.
“Neste primeiro ano, será apenas uma amostra do que virá pela frente. Trata-se de um período de adaptação que, ainda assim, favorece claramente a industrialização. A indústria da construção tem consciência de que não há outro caminho senão o aumento da produtividade, diante da falta de mão de obra”, afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.
Segundo ele, estudos do setor indicam que a idade média do trabalhador da construção civil gira em torno de 40 a 41 anos e não vem sendo renovada. “Há um esforço para tornar o trabalho nos canteiros mais atrativo, mas será indispensável ampliar os investimentos em modulação e industrialização para sustentar a produtividade nos próximos anos. A reforma tributária contribui para esse processo, embora seus principais efeitos devam se materializar no médio prazo”, conclui.
Fontes
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Eduardo Zaidan é vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.
Contato
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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