Projetar com base no microclima minimiza patologias

28 de junho de 2017

Projetar com base no microclima minimiza patologias

Projetar com base no microclima minimiza patologias 600 313 Cimento Itambé

Quanto mais a obra levar em conta a ação de fenômenos como vento, chuva, insolação e frio maiores as chances de prolongar sua vida útil

Por: Altair Santos

Estações meteorológicas costumam passar o macroclima de uma região em um raio que se estende até 200 quilômetros. Na maioria das vezes, são essas variáveis que balizam os projetos. Está errado? Não, mas o ideal é que projetos – principalmente os estruturais e de fachada – levem em consideração o microclima em que a edificação será construída. É esse universo, em um raio inferior a um quilômetro, que fornecerá informações importantes para que a obra venha a evitar patologias causadas pela ação dos ventos, das chuvas, da insolação e do frio.

Maryangela Lima: não se pode pensar em vida útil da obra sem considerar o microclima que a envolve

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A partir de detalhes climáticos mais minuciosos é possível buscar soluções arquitetônicas menos vulneráveis a patologias, explica a professora-doutora em engenharia civil do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), Maryangela Lima. “O microclima impacta na precisão do modelo para o projeto. Ele permite medir a temperatura que incide na minha parede, aumentando a precisão. O microclima é o que realmente impacta na obra, e pode sofrer influências que vão desde um aglomerado de árvores até um aglomerado de construções”, resume.

A palestra de Maryangela Lima, que é especialista em estruturas e edificações, ocorreu no Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, promovido recentemente pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Em sua explanação, a engenheira civil do ITA explicou que o estudo do microclima em que a obra estará inserida influencia tanto na relação água-cimento, para a composição do concreto, quanto na especificação do cobrimento mínimo da armadura. “Tudo é definido pelos parâmetros ambientais que vão envolver as estruturas”, diz.

Parâmetros ambientais

Cidade de Roma, pelo Google Earth: Eurocode foi atualizado para considerar o microclima na Europa

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Os parâmetros ambientais englobam riscos como chuva ácida – comum, por exemplo, em determinadas regiões da cidade de São Paulo, onde o ph da água pode variar de 4.5 a 5 -, ventos, insolação e o fenômeno conhecido como chuva dirigida. Trata-se da chuva com vento, que incide na fachada da edificação. Esse parâmetro ambiental causa influência na posição do prédio dentro do terreno e impacta diretamente no projeto de revestimento. “Através do estudo do microclima, é possível definir se a obra está em uma área protegida ou de risco moderado, alto ou severo, em relação à chuva dirigida”, revela Maryangela Lima.

A engenheira do ITA afirma que, em tempos de sustentabilidade, não há como ignorar o impacto do microclima na durabilidade da obra. “Considerar o microclima é decisivo para que uma obra possa ser bem feita”, destaca, ressaltando que as normas técnicas brasileiras precisam estar atentas a isso. Maryangela Lima comenta que o Eurocode – conjuntos de normas que regem a construção civil na Europa – foi adaptado para levar em conta o microclima que envolve a obra, o que influencia na definição de vida útil de várias estruturas. “Na Europa, estruturas temporárias devem ser projetadas para durar, no mínimo, 5 anos. Já as substituíveis têm prazo mínimo de 25 anos. Edifícios e obras de arte (pontes, viadutos e túneis) devem se estender de 50 anos a 120 anos. Isso é projetar pensando em sustentabilidade”, finaliza.

Entrevistada
Maryangela Lima, professora-doutora em engenheira civil e especialista em estruturas e edificações da divisão de engenharia civil do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica)

Contato
magdlima@ita.br

Crédito Fotos: Cia de Cimento Itambé e Google Earth

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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