Compliance entra aos poucos na rotina da construção civil
Segundo pesquisa da KPMG, há uma longa jornada para alcançar a excelência, mas existem esforços significativos
No Brasil, práticas de compliance são relativamente novas dentro das empresas da cadeia produtiva da construção civil. Começaram a ser adotadas em 2015. Hoje, 73% das corporações do setor reconhecem a importância do compliance, mas poucas ainda aplicam. Segundo a terceira edição da pesquisa “Maturidade do Compliance no Brasil”, realizada pela consultoria KPMG, 80% das corporações nacionais ainda não possuem comitê de ética e compliance. Por outro lado, entre as empresas que decidiram praticar compliance, 83% têm o CEO à frente da gestão.
Para Emerson Melo, sócio da KPMG Brasil, e que coordenou a pesquisa, há ainda uma longa jornada para alcançar a excelência, mas existem esforços significativos, e que valem a pena para as empresas que já adotam tais práticas. “A função de compliance deve ser encarada como uma vantagem competitiva, pois fortalece a credibilidade e a confiança da empresa, além de estimular o comportamento e a conduta ética nos negócios. Também abre canais para investimentos, possibilitando que as organizações consigam taxas mais equilibradas de crédito e financiamento”, diz.
Já para as corporações que estudam ter um programa de compliance, Melo faz algumas recomendações, como a de que uma estrutura de governança, risco e compliance (GRC) deve ter autonomia e independência dentro da empresa. Outra medida é que haja um canal de denúncia independente, e que garanta confidencialidade, sigilo e proteção ao denunciante. “Essa última medida é bastante eficaz para a identificação mais ágil de potenciais desvios de conduta. Algumas empresas que adotaram esse tipo de ação conseguiram realizar ajustes mais rápidos de processos e controles internos e reduzir perdas”, conta.
Entre os executivos da construção, 47% ainda desconhecem programas de compliance
A pesquisa realizada pela KPMG Brasil ocorreu entre 2017 e 2018, com 50 empresas localizadas nas cinco regiões do país. Na opinião de Melo, entre as que possuem programa de compliance, as mais evoluídas estão no nível 2 e ainda distantes do nível 3, que seria o ideal em termos de governança corporativa. Para Emerson Melo, muito tem que ser feito ainda. “No setor da construção civil, 47% dos executivos das empresas ainda desconhecem programas de compliance. Já entre os que sabem do que se trata, 65% reconhecem que a governança corporativa e o compliance são essenciais dentro de uma companhia”, observa.
Na opinião do sócio da KPMG Brasil, as empresas devem iniciar essa transformação, independentemente do ambiente externo, tornando-se protagonistas deste movimento. “As companhias que começam o programa de compliance tornam-se mais competitividades em relação às empresas que ainda não implantaram essas práticas. Além disso, a repercussão de casos de corrupção, que levaram empresas conceituadíssimas a crises agudas, acelerou ainda mais a necessidade de aprimorar e transformar os modelos de governança e a conduta ética nos negócios e sociedade”, acrescenta.
Veja a íntegra da pesquisa Maturidade do Compliance no Brasil. Clique aqui.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra do economista Emerson Melo, sócio-líder da prática de compliance da KPMG no Brasil, durante a 10ª edição da M&T Expo 2018
Contato: info@mtexpo.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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