Compliance entra aos poucos na rotina da construção civil

Segundo pesquisa da KPMG, há uma longa jornada para alcançar a excelência, mas existem esforços significativos
26 de dezembro de 2018

Compliance entra aos poucos na rotina da construção civil

Compliance entra aos poucos na rotina da construção civil 520 310 Cimento Itambé
Emerson Melo

Emerson Melo, da KPMG Brasil: Na construção civil, 47% dos executivos desconhecem programas de compliance. Crédito: Ofício da Imagem

No Brasil, práticas de compliance são relativamente novas dentro das empresas da cadeia produtiva da construção civil. Começaram a ser adotadas em 2015. Hoje, 73% das corporações do setor reconhecem a importância do compliance, mas poucas ainda aplicam. Segundo a terceira edição da pesquisa “Maturidade do Compliance no Brasil”, realizada pela consultoria KPMG, 80% das corporações nacionais ainda não possuem comitê de ética e compliance. Por outro lado, entre as empresas que decidiram praticar compliance, 83% têm o CEO à frente da gestão.

Para Emerson Melo, sócio da KPMG Brasil, e que coordenou a pesquisa, há ainda uma longa jornada para alcançar a excelência, mas existem esforços significativos, e que valem a pena para as empresas que já adotam tais práticas. “A função de compliance deve ser encarada como uma vantagem competitiva, pois fortalece a credibilidade e a confiança da empresa, além de estimular o comportamento e a conduta ética nos negócios. Também abre canais para investimentos, possibilitando que as organizações consigam taxas mais equilibradas de crédito e financiamento”, diz.

Já para as corporações que estudam ter um programa de compliance, Melo faz algumas recomendações, como a de que uma estrutura de governança, risco e compliance (GRC) deve ter autonomia e independência dentro da empresa. Outra medida é que haja um canal de denúncia independente, e que garanta confidencialidade, sigilo e proteção ao denunciante. “Essa última medida é bastante eficaz para a identificação mais ágil de potenciais desvios de conduta. Algumas empresas que adotaram esse tipo de ação conseguiram realizar ajustes mais rápidos de processos e controles internos e reduzir perdas”, conta.

Entre os executivos da construção, 47% ainda desconhecem programas de compliance

A pesquisa realizada pela KPMG Brasil ocorreu entre 2017 e 2018, com 50 empresas localizadas nas cinco regiões do país. Na opinião de Melo, entre as que possuem programa de compliance, as mais evoluídas estão no nível 2 e ainda distantes do nível 3, que seria o ideal em termos de governança corporativa. Para Emerson Melo, muito tem que ser feito ainda. “No setor da construção civil, 47% dos executivos das empresas ainda desconhecem programas de compliance. Já entre os que sabem do que se trata, 65% reconhecem que a governança corporativa e o compliance são essenciais dentro de uma companhia”, observa.

Na opinião do sócio da KPMG Brasil, as empresas devem iniciar essa transformação, independentemente do ambiente externo, tornando-se protagonistas deste movimento. “As companhias que começam o programa de compliance tornam-se mais competitividades em relação às empresas que ainda não implantaram essas práticas. Além disso, a repercussão de casos de corrupção, que levaram empresas conceituadíssimas a crises agudas, acelerou ainda mais a necessidade de aprimorar e transformar os modelos de governança e a conduta ética nos negócios e sociedade”, acrescenta.

Veja a íntegra da pesquisa Maturidade do Compliance no Brasil. Clique aqui.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra do economista Emerson Melo, sócio-líder da prática de compliance da KPMG no Brasil, durante a 10ª edição da M&T Expo 2018

Contato: info@mtexpo.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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