Como trazer a sustentabilidade para a cadeia do concreto?
Para José Marques Filho, a abordagem deve englobar dimensões ambientais, sociais e econômicas
O aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2) devido à produção de concreto e o crescimento populacional global têm gerado discussões no setor. De acordo com dados do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), as mudanças climáticas têm ligações profundas com as atividades humanas, sendo que o setor de construção civil é bastante criticado por consumir muitos recursos naturais e gerar muitos resíduos. O dilema enfrentado pelos profissionais da área é complexo: por um lado, a sociedade cresce exponencialmente e demanda mais infraestrutura, incluindo moradia, transporte e energia; por outro, é imperativo reduzir as emissões de CO2 e adotar práticas mais responsáveis. Foi essa reflexão que o engenheiro José Marques Filho, professor do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), trouxe para a Concrete Show 2023, com a palestra “Abordagens de Sustentabilidade na Cadeia do Concreto”.
Para Filho, a abordagem de sustentabilidade na cadeia do concreto é multifacetada, englobando as dimensões ambientais, sociais e econômicas. “Hoje, nós do concreto, estamos falando pura e simplesmente de mudanças climáticas, o que é um erro, na minha opinião. Fala-se muito da emissão de gases e da pegada de carbono que permeiam toda a cadeia. No entanto, é preciso também olhar para a dimensão social, como a segurança no trabalho. Neste sentido, o concreto autoadensável é uma boa solução, uma vez que diminui peso, vibração e ruído. A capacitação dos trabalhadores para novas tecnologias é imperativa, assim como melhorar a comunidade local. A indústria da construção, um notável gerador de emprego e renda, deve conciliar esses aspectos. A economia é vital; as soluções não devem inflacionar o preço do cimento”, opina o professor.
Soluções holísticas para lidar com sustentabilidade na construção civil
Filho acredita que a indústria do cimento no Brasil é bastante avançada e é piloto em inovação. “É preciso um trabalho de ciclo de vida. A relevância dos métodos construtivos, análises estruturais e dosagem é tão crucial quanto o aprimoramento do cimento. Para alcançar isso, é necessária uma mentalidade de mudança. A eficácia da cadeia produtiva do concreto depende do uso de novos materiais, investigações apropriadas, processos construtivos otimizados e análises estruturais refinadas. Todo e qualquer projeto antes de ser começado tem que ter estudo de viabilidade sustentável”, afirma o engenheiro.
Dentre as tecnologias que já estão sendo usadas estão:
O concreto de alta resistência:
1. – uso de sílica e metacaulim;
– evolução dos aditivos;
– pode ser economicamente vantajoso.
2. Medidas dos impactos de todos os elos da cadeia de produção em termos de GEE.
3. Concreto autoadensável está se sedimentando.
4. Análises e ensaios de durabilidade evoluíram.
5. Levantamentos dos impactos de concreto dosado em central e on-site.
6. Sedimentação dos estudos de granulometria do esqueleto granular – empacotamento.
7. Estudos de aglomerantes com adições (LC3 – adições – quaternários).
8. Aplicação de agregado pulverizado.
9. Pesquisas com usos de resíduos.
Filho acredita que a sustentabilidade depende de todos os processos da cadeia de produção. “Esforços isolados podem não ser totalmente efetivos. Além disso, é preciso repensar a normalização brasileira. Qualidade, inovação e foco na sustentabilidade devem estar dentro de todos os processos da cadeia do concreto. As soluções devem estar orientadas para os parâmetros necessários e não simplesmente à resistência à compressão. Metodologias construtivas, análises estruturais, estudos de durabilidade e dosagem são tão importantes quanto as iniciativas de melhoria do cimento”, explica o professor.
Dentre as abordagens possíveis, o engenheiro menciona algumas possibilidades:
– Novos índices: CO2/MPa/idade; CO2/m2; CO2/m3; CO2/m2/idade; CO2/m3/idade. “Decisão e métodos de estudo utilizando índices que permitam avaliar a aderência da solução aos processos sustentáveis”, pontua.
– Utilização de concretos com alta resistência, uma vez que reduzem relação CO2/MPa/idade e diminuem o volume de concreto e formas. Além disso, otimizam benefícios do cimento, aumentam durabilidade e proporcionam melhor controle da qualidade de execução.
– Aplicação intensiva de agregado pulverizado, que gera nucleação de cristais, preenchimento de vazios e pode auxiliar nos parâmetros de concreto fresco. Ao utilizar técnicas de empacotamento, potencializa-se significativamente a resistência, tornando mais eficiente o cimento, diminuindo os índices que incluam emissões.
– Aplicação intensiva de adições com reações pozolânicas: sílica ativa, argila calcinada finamente moída etc.
– Durabilidade é um vetor óbvio da sustentabilidade.
Fonte:
José Marques Filho é engenheiro e professor do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Contato: jmarquesfilho@gmail.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
12/12/2024
Egito cria cidade futurista no deserto
Nas próximas três fases, o foco está em desenvolver um plano detalhado para a expansão da nova capital, orientando o crescimento da cidade e de sua zona industrial. Crédito: Dar…
12/12/2024
Itambé é a primeira cimenteira do Brasil certificada na ISO 50.001
Reunião, junto a Global Certification System, na qual a Cia. de Cimento Itambé recebeu a certificação. Crédito: Divulgação Em dezembro de 2024, o Parque Industrial da Cia. de…
12/12/2024
Entenda como as empresas do setor podem adotar as práticas de ESG e as desvantagens de ficar para trás
ESG abrange projeto eficiente de recursos, saúde e segurança da força de trabalho e impactos comunitários de novos empreendimentos. Crédito: Envato A sigla ESG (Environmental,…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.