Como será a obra do Túnel Santos-Guarujá?
Construção tem previsão de R$ 6 bilhões de investimentos e leilão deve acontecer em agosto.
Em fevereiro de 2025, foi lançado o edital para a construção do Túnel Santos-Guarujá, que será o primeiro túnel submerso do país. Com aporte estimado em R$ 6 bilhões, o projeto é fruto de uma parceria entre os governos Federal e Estadual, coordenada pelo Ministério de Portos e Aeroportos.
Integrada ao Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a obra será a maior do programa e promete aumentar a eficiência e a segurança no tráfego entre os dois municípios. A concessionária vencedora da licitação ficará encarregada pela construção, operação e manutenção do túnel. O leilão está agendado para 1º de agosto deste ano.
Como será o túnel Santos-Guarujá?

Crédito: Governo de SP
Com 1,5 km de extensão, sendo 870 metros imersos, e 21 metros de profundidade, o túnel contará com três faixas de rolamento por sentido, incluindo uma faixa exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de acessos dedicados para pedestres e ciclistas. Atualmente, mais de 21 mil veículos passam diariamente pelas duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.
Atualmente, os usuários têm duas opções: a Rodovia Cônego Domênico Rangoni, com 40 km e 50 minutos de viagem, ou a balsa, que leva de 20 minutos a 2 horas, dependendo do tráfego, movimentação no porto e condições climáticas.
O trecho vai ligar o cais do Outeirinhos, no bairro Macuco, em Santos, ao distrito Vicente de Carvalho, em Guarujá.
Construção do túnel
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4HRv9LMAu7E
De acordo com Guillermo Ruperto Martin Cortes, professor de Engenharia Civil e Ambiental do Centro Universitário FMU, o túnel previsto será construído sobre o leito marinho através de trincheira. “Este modelo é similar ao construído pela Societé de Grand Travaux de Marseille sob a baía da Havana com mais de 1200 m de extensão, com 733 m imersos, a 12 m de profundidade entre os municípios Habana Vieja e Habana del Este”, compara Cortes.
No entanto, o solo da região de Santos, segundo Cortes, é considerado o segundo pior do mundo. “Portanto, a escavação terá que ser feita primeiro em trincheira a ser coberta por placas de concreto que vão suportar as seções de túnel após afundamento. Finalmente as seções de túnel serão protegidas por cobertura de pedras. A cidade e o porto de Santos se localizam em área costeira, seus solos apresentam características típicas de regiões litorâneas. A cidade se assenta sobre uma planície costeira formada por depósitos quaternários de origem marinha fluvial e camadas moles. De acordo com o perfil esquemático dos solos da região de Santos e segundo o informado sobre as características do projeto acima, o túnel vai passar pelas argilas marinhas moles”, explica o professor.
Cortes detalha o passo a passo:
- O primeiro passo para a construção é o acondicionamento do solo por meio de escavação de trincheira que será protegida por placas de concreto onde os futuros elementos do túnel vão se apoiar;
- Em doca seca serão construídas as seções ou elementos do túnel de concreto, que flutuando, serão transportados por rebocadores até o local cujo posicionamento será controlado por meios eletrônicos;
- Uma vez no local, os elementos do túnel serão fixados por pontes flutuantes, depois serão afundadas por injeção de água nas piscinas provisórias, guinchos hidráulicos aproximarão os elementos ou seções do túnel e uma vez juntos, proceder-se-á o nivelamento da seção usando macacos hidráulicos ancorados em uma das extremidades do elemento.
Ariston da Silva Melo Junior, professor de Engenharia Civil e Ambiental do Centro Universitário FMU, aponta que as técnicas construtivas utilizadas em projetos de túneis imersos levam em conta a preparação do leito do canal, tomando-se o cuidado com os aspectos ligados aos elementos pré-moldados que devem ser armazenados em local seco. “Na execução da obra, prepara-se o leito removendo materiais e níveis de sedimentos de modo a garantir uma base nivelada e sólida. Deve-se garantir a estabilização e ancoragem dos elementos do projeto de modo a não haver problemas quanto a fase de acabamento, como exemplo a instalação de revestimentos; iluminação e sistemas de segurança”, afirma.
Materiais utilizados
A escolha dos materiais deve atender critérios técnicos e econômicos, além das implicações com o macro e microclima, condições de exposição e índice de agressividade ambiental. De acordo com Melo Junior, esse ponto é importante e deve-se atentar quanto às especificidades dos materiais empregados, como o caso do concreto armado. Neste caso, o aço receberá traços de níquel e/ou cromo em proporção de 3%, atribuindo melhor resistência à corrosão, pontua.
Riscos e desafios técnicos

Crédito: Governo de SP
Melo Junior pontua que, por se tratar de construção de túneis imersos, deve-se levar em conta que há diversos riscos e desafios técnicos a serem enfrentados. “Entre eles: gestão das águas subterrâneas; condições geológicas do local; segurança dos funcionários encarregados da execução; além da problemática relacionada à necessidade de técnicas específicas para esse tipo de projeto para imersão e acoplagem dos elementos constituintes do túnel. Com relação aos fatores de risco ambiental deve-se atentar a possíveis alterações no ecossistema aquático do local; bem como a atividade ocasionar ruídos e vibrações que afetem o bioma local”, afirma.
Cortes, por sua vez, aponta que o impacto ambiental no solo marinho será temporal e estará restrito à seção ocupada pela construção, sendo que os materiais tradicionalmente utilizados na construção destas obras são considerados inertes ou não reagentes com o meio aquoso. “Após passado algum tempo, o habitat marinho deve retornar a sua forma antes da escavação das trincheiras como acontece atualmente com as plataformas de petróleo ou navios afundados intencionalmente ou não, realizando o papel de recifes artificiais para promover a vida marinha”, esclarece.
Sistemas
Como instalar os sistemas de ventilação, iluminação, combate a incêndios e evacuação de emergência? De acordo com Cortes, a exemplo do Eurotúnel, a ventilação é fornecida por dois sistemas interconectados entre si, forçada desde instalações nos dois extremos do túnel.
“Seguindo esse exemplo e os de muitos outros como o Túnel de Hokkaido, no Japão, a energia é fornecida por subestações em ambos os extremos da obra, além de sistemas de emergência para fornecer energia em caso de quedas imprevistas. Seções situadas a intervalos regulares devem contar com sistemas de extinção de incêndios, e também intercomunicação entre ambas as faixas do túnel para permitir a evacuação do pessoal ameaçado. Semelhante as rodovias, sistemas telefônicos de emergência devem ser instalados a intervalos regulares dentro do túnel”, informa Cortes.
Melo Junior destaca que é importante avaliar estes pontos. “Sem dúvidas, as medidas de segurança privam por ventilação chamada de ventilação longitudinal mecanizada; ventilação transversal e um sistema automatizado de controle. Na ventilação longitudinal mecanizada são utilizados jatos de ar para movimentar e remover a fumaça e gases tóxicos no interior do túnel. Enquanto a ventilação transversal ajuda na liberação de dióxido de carbono e gases sulfatados, eliminados do escapamento dos veículos. A iluminação utiliza sistemas de fitas LED para direcionar as saídas de evacuação. Com relação a possíveis incêndios internos é importante a instalação de hidrantes, extintores e mangueiras, alocados e distribuídos ao longo do túnel imerso. Tais medidas são tão importantes que no Brasil temos um conjunto de normas pré-estabelecidas que devem ser obrigatoriamente executadas nesse tipo de projeto. Como exemplo de normas temos: ABNT NBR 17027/2022 e a ABNT NBR 17175/2024”, conclui.
Entrevistados
Guillermo Ruperto Martin Cortes é professor de Engenharia Civil e Ambiental do Centro Universitário FMU.
Ariston da Silva Melo Junior é professor de Engenharia Civil e Ambiental do Centro Universitário FMU.
Contato
Diretoria da Escola de Engenharias da FMU – angela.ninomia@fmu.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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