Como a realidade virtual pode impactar a construção civil
Segundo o arquiteto Cauê Costa, evitar riscos e potencializar experiências são algumas das vantagens
Novas tecnologias surgem a todo o momento para revolucionar todos os segmentos da sociedade, e a construção civil, claro, também acaba sendo diretamente impactada por essas inovações.
Os treinamentos em realidade virtual (RV) têm potencial para beneficiar diversos setores da área, desde as primeiras etapas do projeto até o momento da venda. Segundo o arquiteto e urbanista Cauê Duarte Costa, as equipes podem se “encontrar” dentro do modelo tridimensional para discutir opções e decisões projetuais, além de potencializar a experiência vivida pelo público. “Com óculos de realidade virtual, a sensação passada para um cliente de realmente estar em uma sala ou dormitório, por exemplo, fica muito maior.”
Quando o assunto é a proteção dos profissionais, a tecnologia também pode ser fundamental. “A partir do momento que se tem um modelo tridimensional da obra ou da construção, é possível programar um treinamento similar à realidade. Situações de risco como quedas de altura e incêndios podem ser utilizadas para treinar os trabalhadores a praticar as medidas de segurança“, afirma.
“O treinamento de montagens de peças em locais complexos pode ser feito antes em realidade virtual, permitindo uma aproximação inicial ao objeto do trabalho”, explica Cauê, que é mestre em Design com o tema “Realidade virtual de baixo custo no ensino de Design de Interiores“.
Investimento
O ambiente de realidade virtual possibilita a geração de cenas e objetos que parecem reais, permitindo, assim, que os usuários se sintam imersos no universo proposto. Para isso ser viável, são necessários um computador com alto potencial gráfico e os óculos compatíveis com o sistema – gastos, em tese, não muito altos para uma empresa.
“Porém, para treinamentos, é possível que seja necessário utilizar mais de um conjunto, podendo elevar o custo. A produção e a programação dessas experiências também podem ter um custo mais elevado, pois são normalmente feitas para cada uma das soluções indicadas de uma obra ou projeto. Os benefícios para elas são os apresentados anteriormente: segurança em treinamentos, gerenciamento de projetos mais assertivos e marketing“, explica Cauê.
Segundo o arquiteto, a tecnologia ainda não é tão difundida no Brasil, apesar de haver cada vez mais empresas que investem no segmento e produzem esses ambientes digitais. “Eu acredito que a RV tem um potencial muito grande em situações específicas, como é o caso da construção civil. Os óculos de realidade virtual têm tido um investimento de pesquisa muito grande, com lançamentos mais baratos a cada ano e com uso mais simplificado. Produzir um ambiente em RV também tem ficado mais simples ao longo dos anos. Por isso, entendo que a médio e longo prazo a RV será uma realidade no meio.”
Em relação à adequação de faculdades e cursos especializados a essa nova realidade, Cauê acredita que eles ainda não estejam totalmente adaptados – de acordo com sua experiência com a pesquisa de mestrado, em 2019. “Porém, entendo que, mesmo sendo utilizada de forma inicial, a RV tem grande potencial de ser usada na graduação de forma cada vez maior.”
Fonte
Cauê Duarte Costa, arquiteto e urbanista
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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