Ciência e tecnologia impulsionam de vacinas ao concreto
Presidente do IBRACON, Paulo Helene exalta imunizantes contra o COVID-19 e evolução do material construtivo
Na abertura da edição virtual do 62º Congresso Brasileiro do Concreto, o diretor-presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto), Paulo Helene, destacou que a pandemia de COVID-19 deixou claro para o mundo e para o Brasil o quanto é importante investir em ciência e tecnologia. “A velocidade com que se chegou às vacinas imunizantes da doença é a prova cabal de que ciência e tecnologia são vitais. Transportando isso para o nosso setor, a aplicação da ciência e tecnologia na produção de concreto também gera qualidade de vida”, diz.
Em sua palestra-aula, Paulo Helene ressalta que o concreto também requer investimento permanente em ciência e tecnologia. “Ele é o principal material com o que fazemos pontes, viadutos, portos, aeroportos, hospitais, escolas e habitações, que são bens que melhoram a vida das pessoas”, destaca. O professor-doutor também afirma que essa é a missão do IBRACON: incentivar a aplicação da ciência e da tecnologia no material. “Nosso novo desafio é fazer o Brasil avançar em direção às novas tecnologias do concreto”, completa.
O presidente do IBRACON lembra que os resultados da ciência e da tecnologia não vêm por passe de mágica. É necessário comprometimento de vários setores, além de investimento. Ele cita os exemplos de Estados Unidos e Canadá – berços das pesquisas sobre concreto de alto desempenho, entre o final dos anos 1980 e a década de 1990. Nos EUA, o pesquisador Surendra Shah comandou uma cooperação entre 5 universidades e esteve à frente do centro avançado de materiais à base de cimento. Os estudos permitiram que o concreto se tornasse soberano na construção de edifícios superaltos a partir de 1998, com o projeto da Petrona Towers, em Kuala Lumpur, na Malásia.
Já o Canadá é praticamente o precursor do concreto de ultra-alto desempenho, desenvolvido através de pesquisas lideradas por Pierre-Claude Aitcin e um grupo que envolveu 11 universidades, 15 instituições governamentais, 5 organismos setoriais da construção civil e 65 empresas. Entre 1989 e 1999, esse consórcio investiu 1 milhão e 400 mil dólares anualmente para produzir um concreto que permitisse obras esbeltas, porém com resistências superiores a 150 MPa e de longa durabilidade. “Percebe-se que o investimento em pesquisa e desenvolvimento do concreto gerou um novo conceito de construir”, afirma Paulo Helene.
Produção de cimento do Brasil em 2020 é destacada no Congresso Brasileiro do Concreto
Helene também ressaltou a pujança da indústria de cimento no Brasil, mesmo em tempos de pandemia. “Nossa indústria de cimento dá orgulho. Ela existe há praticamente 100 anos e hoje tem condições de produzir 100 milhões de toneladas anualmente. Em 2020, ela teve um desempenho fenomenal. A produção de cimento voltou ao patamar de 60 milhões de toneladas por ano, o que não acontecia desde 2015. Frise-se que foi um ano de pandemia”, completa. No ano passado, os 6 países que se destacaram na produção de cimento foram China (2,2 bilhões de toneladas), Índia (340 milhões), Vietnã (96 milhões), EUA (90 milhões), Indonésia (73 milhões) e Turquia (66 milhões).
O Brasil fechou 2020 na 8ª posição mundial, com 60,8 milhões de toneladas de cimento produzidas, ficando um pouco abaixo do Irã. Paulo Helene ressalta que o país tem potencial para ocupar a 3ª ou a 4ª posição no ranking, se atingir 100% da capacidade instalada de suas fábricas. “De qualquer maneira, foi uma vitória o setor ter conseguido crescer 10,9% no ano passado (segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento [SNIC])”, completa o presidente do IBRACON.
Se mantiver o ritmo de crescimento registrado no 1º semestre de 2021, o Brasil tende a fechar o ano com uma produção maior de cimento do que em 2020. Entre janeiro, fevereiro e março, o setor cresceu 19% na comparação com o 1º trimestre de 2020, atingindo 15,3 milhões de toneladas. “A construção civil deu exemplo no ano passado. Não só no aspecto de produtividade, mas também no quesito segurança perante a pandemia. Tivemos um baixíssimo nível de infectados e mortes entre os trabalhadores. Enquanto o país fechou 2020 com 1.359 mortes por milhão de habitantes, a construção teve somente 167 por milhão. Essa organização no combate à doença nos canteiros de obras também é resultado da ciência e da tecnologia”, conclui.
Assista à palestra-aula do professor-doutor Paulo Helene (entre 38min e 1h09min)
Entrevistado
Reportagem com base na palestra-aula do professor-doutor Paulo Helene, diretor-presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto), na abertura do 62º Congresso Brasileiro do Concreto
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Jornalista responsável:
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